Olá. Primeiramente, este aqui não é exatamente um conto erótico. Pode ser considerado uma junção de 2 nanocontos minimamente sensuais (desde que você repare bem…). Estou postando apenas como uma forma de trazer certa leveza ao site. E também porque cheguei naquela fase de não querer me levar a sério o tempo todo...
Os textos não são meus, mas de um jornalista e escritor cujo trabalho eu sigo a mais de 15 anos chamado José Roberto Torero (pesquisem, o cara tem trabalhos interessantes em diversas áreas), a quem pedi autorização para repostar com apenas minúsculas alterações.
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[1510]
Querido diário, ontem, no fim da tarde, caminhando pela praia (ah, que crepúsculo!), encontrei um náufrago boiando entre as pedras, como se fosse um caramuru, aquela moreia que se contorce no meio das rochas.
Pois bem, fui socorrer o sujeito e, para minha surpresa, tratava-se de um estrangeiro. Como estava desacordado, sem poder falar, não pude saber se era francês ou português. E, como estava de calças, não sabia se era judeu ou cristão.
Com esforço puxei-o para fora das ondas. Depois que tirei as algas do seu rosto, vi que era bonito. Devia ter uns 18 anos.
Pressionei seu peito para tirar um pouco da água e fiz respiração boca-a-boca. Justo nessa hora, meu belo adormecido acordou.
Por um longo momento, ele ficou mudo, como se não acreditasse que estava vivo.
Tentei dizer-lhe que eu era filha de Taparica, o morubixaba dos tupinambás, e que meu nome era Guaibimpirá, mas ele podia me chamar pelo meu apelido, Paraguaçu, que quer dizer mar grande, porque eu adoro o mar. Infelizmente, ele é ignorante e não me compreendeu.
Porém, se era ignorante, não há como negar que seja educado, porque pôs-se de joelhos e, em agradecimento por eu ter lhe salvado a vida, começou a beijar meus pés.
Achei um gesto bonito, mas há formas melhores de se dizer obrigado. Então deitei na areia, segurei sua cabeça entre minhas mãos e mostrei-lhe onde deveria me beijar. Foi bom. Dei-lhe nota sete e meio. Vou pedir a papai que não o comamos.
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[1513]
– Quer dizer que você não se importaria se eu tivesse outra esposa? – pergunta Caramuru.
– Claro que não. Você acha que eu sou o quê? Uma timbira? Uma selvagem? Gosto muito da ideia. Outra mulher me fará companhia e eu serei casada com um homem mais importante. Quer que eu te ajude a escolher uma? Tem a Moema, ela é ótima.
– Puxa, isso nunca aconteceria nas terras de onde eu vim. Lá, as mulheres querem que os homens sejam só delas.
– Homens são chatos. É melhor dividir.
– E você pode ter vários maridos?
– Só se eu fosse da tribo dos xokléng (* Olho nessa tribo… Os hábitos sexuais eram/são interessantíssimos) – responde Paraguaçu, olhando para um grupo de palmeiras, pensativa. Mas não sei se quero isso... De noite, poderia ser bom. Mas, de dia..., por Tupã!
– E..., hã..., bem..., se eu casar com outra, poderemos brincar os três juntos na rede?
– Claro. Ainda mais se for Moema. Ela é linda e tem a pele mais macia da aldeia. Mas não sei se é forte o bastante.
– A rede ou Moema?
– Você – responde Paraguaçu, enquanto saltita em direção a Moema.
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