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Eu acabara de mandar mensagem para Tina, enquanto esperava Olívia terminar o expediente. Além de todos os meus problemas, nada é tão ruim que não possa piorar.
Olívia logo apareceu caminhando em direção ao meu carro. Eu estava com saudade dela, mas algo me dizia que as coisas estavam prestes a mudar. Ela caminhava cabisbaixa, sem olhar para mim, me negando aquele sorriso tão bonito que eu admirava. Fiquei bastante preocupado:
— O que aconteceu? Você está bem?
Ainda sem me olhar nos olhos, ela me puxou para um banco mais reservado, na praça em frente ao prédio da sua empresa. Olívia estava triste, bem tensa. Ela não enrolou:
— Eu achei que conseguiria, que seria fácil, mas eu me enganei. Me desculpe, Rafa, mas eu não estou conseguindo separar as coisas.
Eu não estava entendendo nada. Olívia deixou uma lágrima escorrer:
— Eu estou gostando de você, cara …
— Mas eu também gosto muito de você. – Disse no embalo, sem entender o que ela realmente queria expressar.
Finalmente me encarando, ela foi dura:
— Precisamos parar com isso, antes que eu me envolva ainda mais e seja tarde para voltar atrás …
Me afobei, a interrompendo:
— Parar? Por quê? Não combinamos que iríamos curtir, sem cobranças ou rótulos?
Ela foi honesta, me deixando sem reação:
— Exatamente por isso. Eu achei que dava conta, mas estou perdidamente apaixonada por você, e em tão pouco tempo. Você é o sonho de qualquer mulher. Não tem como não se apegar, não querer mais … me desculpe, mas sua vida está muito complicada no momento, eu seria apenas mais um estorvo. Sei que você precisa se preocupar com coisas mais importantes …
Tentei protestar:
— Que é isso, Olívia? Eu consigo separar as coisas, não misturar …
Ela falou em tom definitivo:
— Mas eu não, Rafa. Com Carlos e Nessa é só brincadeira, amizade, sexo gostoso e sem sentimentos românticos. Com você não, com você é diferente. Toda aquela paixão de adolescente voltou, eu não paro de pensar em você, não consigo tirá-lo dos meus pensamentos …
Olívia se levantou, me deu um beijo carinhoso no rosto e disse:
— Por favor, tente entender o meu lado. Eu não quero desviar a sua atenção e sei que não é o momento certo para nós. Resolva os seus problemas, decida sua vida. Se estiver escrito que devemos ficar juntos, se esse for nosso destino, as coisas se encaminharão naturalmente. Adeus, Rafa. Obrigada pelos dias incríveis.
Ela saiu caminhando, sem olhar para trás.
Porra! Outra derrota. Após dias de sorte, a realidade me bombardeava novamente. O pior é que eu estava realmente gostando da Olívia. Dizer que a amo seria demais, pois mesmo com a traição da Maitê, ninguém esquece um grande amor do dia para a noite, mas era bem provável que, com o tempo, o sentimento por Olívia evoluísse.
Foram dois dias ruins, meio que na fossa, fugindo da minha mãe e interrompidos pela chegada do pessoal da Dra. Ester para recolher a documentação do processo. Carlos finalmente abriu espaço na agenda para ir atrás da Maitê. Com a mudança de mãos do processo, ele usaria o dinheiro que eu dei para viajar até a cidade em que Maitê estava. Ele já tinha conversado com ela por mensagem e estava tudo certo para a sua visita.
Mais um dia de espera. Eu estava aflito e ansioso. Aqueles três dias de tristeza e solidão me fizeram entender o quanto eu sentia falta da Olívia, mas ela tinha razão. Não era justo arrastá-la para os meus problemas, ela não merecia.
Ao mesmo tempo, eu tentava entender o vídeo da Maitê: “Quem era aquela mulher irritante ao fundo? Será que aquele filho que ela espera é realmente meu? Será que ela está mesmo grávida ou tudo não passa de uma tentativa de golpe? Se ela tinha dúvidas da paternidade, ela transou com o desgraçado que eu chamava de pai sem proteção e talvez eu devesse fazer um exame completo para ISTs”.
Após uma péssima noite de sono, fui acordado por Carlos, que retornou na manhã seguinte. Ao invés de me chamar até o escritório, ele veio tomar café da manhã com a gente. Uma exigência da minha mãe que eu não consegui contrariar. Ela estava tão ansiosa quanto eu.
Enquanto preparava um copo de achocolatado, ele nos surpreendeu:
— Esqueci de dizer, eu gravei toda a conversa. Preferem ver na televisão ou no meu notebook? Se preparem, pois será bem tenso. Ela disse que foi completamente honesta e eu acredito.
Dona Celeste respondeu por nós dois:
— Já que é possível, na televisão, lógico. Minha vista agradece. É tão sério assim?
Antes de responder a minha mãe, Carlos me perguntou:
— Eu falei com a Nessa ontem, ela me disse que você e a Olívia não estão mais saindo juntos. O que aconteceu?
Enquanto tomávamos o café da manhã, contei a ele a minha versão do “término” com a Olívia. A princípio, ele nada disse, mas após refletir, enquanto conectava sua câmera profissional ao televisor, ele disse:
— Melhor assim. Você está mesmo enrolado. Pode não parecer, mas a Olívia é uma romântica. Ela é carente e se apega muito fácil. Ela está completamente apaixonada por você, não é justo brincar com os sentimentos dela.
Tentei me defender:
— Mas eu não brinquei. Foi ela que sugeriu esse negócio de curtir sem compromisso.
— Eu sei disso, relaxa. Sei que você não tem e nunca teve a intenção de usá-la como rebote. Ela fez o certo, se distanciando. Acredito que, na verdade, ela está mais à espera, lhe dando tempo para resolver suas questões e ver como você vai reagir sem ela por perto.
Carlos terminou a configuração da câmera na televisão e nos fez sinal para nos sentarmos. Minha mãe estava mais calma do que eu esperava. Acredito que ela já tinha conhecimento de alguma coisa que nós iriamos assistir. Ela mesmo confessou que falou com a Maitê.
Carlos soltou o vídeo:
— Minha casa, minhas regras. É claro que eu vou participar desta conversa. Com quem vocês pensam que estão falando? Se não está satisfeita, a porta da rua é a serventia da casa.
Era aquela mesma voz irritante do vídeo que Maitê mandou para mim. Carlos posicionou a câmera, mas só Maitê aparecia na imagem. Ele disse:
— Se for do seu interesse, podemos ir para outro lugar. Eu estou aqui como advogado do Rafael, falando em nome dele.
Maitê parecia encurralada, sem opções:
— Está tudo bem. Eu mereço tudo o que estou passando. Podemos falar aqui mesmo. Eu não tenho para onde ir, aceito as consequências do que eu fiz.
Maitê estava tão mal quanto no vídeo do celular. Apenas disfarçou as olheiras com um pouco de maquiagem barata. Minha mãe não gostou do que viu:
— Nossa, como ela está magra. Isso não vai fazer bem ao bebê. Pode ser o seu filho dentro dela, precisamos ajudá-la.
Eu também senti um pouco de pena da Maitê, mas não quis dar o braço a torcer. O vídeo continuou e Carlos fez a primeira pergunta:
— A traição é um fato, mas no vídeo que você enviou, disse que houve um assédio inicial do Sr. Angelo. Você quer contar? Seria bom para o Rafael entender como tudo aconteceu. Se o filho for mesmo dele …
Maitê falou com convicção, interrompendo Carlos:
— É claro que é dele, eu já disse. Eu sou a mãe, tenho certeza disso.
Carlos estava calmo:
— Você mesmo disse que não tinha certeza. O que mudou agora?
Ela respondia demonstrando certeza:
— A data da concepção. — Ela entregou um papel ao Carlos. — Eu transei apenas uma vez sem proteção com … as datas não batem. Só pode ser do Rafa.
Carlos conferiu o papel e voltou a questionar:
— Então, como começou a sua relação com o Sr. Angelo?
Maite abaixou a cabeça, tentando secar as lágrimas que começavam a escorrer por suas bochechas:
— No começo ele fazia parecer algo natural, apenas situações comuns … ele criava a situação para se mostrar. Uma toalha caindo, um descuido com a porta do banheiro aberta, uma roçada despretensiosa … situações do meu passado que disparavam gatilhos e eu …
— Você não ouse espalhar essas mentiras. Eu acabo com você, sua piranha.
Ela foi brutalmente interrompida e ameaçada pela mulher da voz irritante, que praticamente a arrastou da frente da câmera. Pude ouvir uma porta bater e gritos abafados ao fundo. Carlos até tentou ajudar, mas a própria Maitê fez sinal para ele não se envolver.
Minha mãe estava atônita:
— Acho que eu perdi algumas coisas aqui? Espalhar mentiras? O que essa mulher que não aparece quis dizer? O que ela está fazendo com uma mulher grávida é um absurdo.
Carlos me encarou preocupado, pesando o que queira dizer:
— Tia, eu acho que essa garota foi abusada na infância e está sendo, agora de novo. Trabalhei em casos assim como estagiário. O nível de submissão que ela tem para essa mulher é absurdo. É a madrasta dela.
Eu não sabia o que dizer. Quando estávamos juntos, Maitê jamais falava do passado. Só de ouvir uma menção ao pai, ela tremia. Tudo começava a fazer muito sentido.
O vídeo de Carlos não tinha cortes ou edições. Ele adiantou a gravação e levou uns vinte minutos para Maitê voltar a se sentar. Seus olhos emanavam tensão e medo. Carlos deu tempo para ela continuar, sem pressionar.
— Quanto mais à vontade ficávamos com a Tina, mas chances de estar sozinho comigo ele conseguia criar. Tina e Rafa são muito parecidos, se deram bem rapidamente e nem percebiam quando eu saía e o Angelo me seguia. Eles estavam tão entretidos em suas conversas, que simplesmente não desconfiavam.
Apesar de inexperiente como advogado, Carlos era um perito em mulheres, sabendo acalmá-las e deixá-las bastante à vontade. Com seu charme natural, ele fazia Maitê responder as suas perguntas:
— Como eu disse, Angelo criava situações. Se me via ir ao banheiro, ele dava um jeito de me encontrar no meio do caminho, de falar comigo a sós, se insinuando com brincadeiras, com seu jeito sedutor. No começo, eu levava na esportiva, pois ele é um homem agradável e divertido, mas quando me dei conta de suas reais intenções, já era tarde.
Ela olhou diretamente para a câmera:
— Rafa, eu sinto muito, de verdade. Me desculpe. Fui fraca, me deixei envolver …
Carlos era esperto:
— Aproveita e explica melhor como tudo começou. Até agora você só enrolou, sem dizer muita coisa.
Maitê criou coragem:
— Tudo começou na primeira viagem a trabalho do Rafa. Era feriado e eu fui passar o dia com a Tina e o Angelo. No meio desse dia, Tina precisou sair às pressas, o pai dela precisava de ajuda e ficamos eu e o Angelo na casa. Como ela disse que não iria demorar, achei que não tinha nada demais. Rafa sabia que eu estava lá e nunca passaria pela minha cabeça o que estava prestes a acontecer.
Maitê respirou fundo, sabendo que não podia mais enrolar:
— Ele vinha há quase dois meses se insinuando e quando estávamos na piscina, numa atitude muito ousada, ele simplesmente me agarrou. Eu tentei afastá-lo, disse que ele estava passando dos limites, mas ele não cedeu, me calando com um beijo. Suas mãos já alisavam o meu corpo … Eu simplesmente travei, incapaz de reagir, sem acreditar que aquilo estava acontecendo …
Maitê chorava copiosamente, sem conseguir falar e aquela mulher irritante voltou a vomitar suas grosserias:
— Eu duvido disso. Tenho certeza de que você correspondeu, é bem óbvio para mim. Você não presta. Olha o que seu pai está passando por sua causa.
Carlos precisou falar grosso com a mulher:
— A senhora não está ajudando em nada, muito pelo contrário. Eu estou aqui para ajudar, representando meu primo, e essa sua atitude está me deixando constrangido.
A mulher era abusada:
— Dinheiro que é bom, até agora nada. Acha que é fácil sustentar uma mulher grávida? Eu não sou dona de pensão pra ficar cuidando de buchuda desempregada e sem ter onde cair morta.
Carlos se cansou:
— Isso não está dando certo, acho melhor voltar outra hora, ou nos encontrarmos em outro lugar …
Reagindo, Maitê pediu:
— Não! Por favor, vamos continuar. Eu aguento, melhor terminar com isso logo.
Enquanto Carlos adiantava o vídeo, o tempo exato em que Maitê levava para se recuperar, minha mãe disse:
— O que será que essa mulher insuportável quis dizer com: “olha o que seu pai está passando por sua causa”. O que aconteceu com o pai dela?
Carlos respondeu:
— Isso eu não consegui descobrir. Ainda pretendo pesquisar. Acho que em breve terei essa resposta.
Voltamos à gravação e com o choro sobre controle, Maitê voltou a falar:
— Ele me colocou sentada na borda da piscina e fez o que quis comigo. Sei que vocês não vão acreditar, e eu nem espero que acreditem, pois minha própria família não acredita em mim, mas foi assim que aconteceu. Eu não tinha forças para reagir, não conseguia falar ou sentir qualquer coisa, muito menos me livrar daquela situação.
Carlos perguntou:
— E quando tudo isso começou?
Maitê não correu, ela estava disposta a contar tudo:
— Mais ou menos dois meses antes do Rafa nos flagrar.
Carlos ameaçou falar, mas Maitê não deixou:
— Na semana seguinte, quando o Rafa viajou, no horário do almoço, ele apareceu em nossa casa, com a desculpa de vistoriar o aquecedor do gás, dizendo que a empresa entrou em contato, mas ele fez tudo de novo, me agarrando e não me dando chance de fugir ou me livrar do seu ataque …
Carlos não interrompeu, mesmo que ela esperasse. Sem opção, ela colocou logo tudo pra fora:
— Era tão surreal, eu me sentia tão indefesa, que simplesmente apaguei. Acho que meu cérebro desligou para me proteger.
Carlos finalmente a questionou:
— E por que você não contou ao Rafa ou não procurou a Polícia? Como acreditar nessa versão?
Maitê nos surpreendeu:
— Porque ... eu gostei. Infelizmente, eu gostei e me sinto muito culpada por ter gostado. Essa velha desgraçada tem razão, eu não presto, não mereço nada de bom. Minha vida é ficar ao lado dessa desgraçada que um dia eu chamei de mãe. Rafa está muito melhor sem mim.
Novamente, ela foi mais rápida do que Carlos:
— Mas a criança não tem culpa, ela merece um bom pai. E ela tem um, pois é de Rafa, eu tenho certeza.
Eu não tinha mais estômago para assistir aquele vídeo. Mesmo que Maitê estivesse falando a verdade, o simples fato dela confessar que gostou, era o suficiente para mim. Quem gosta de ser agredida? Quem sente tesão quando algo assim acontece?
Me levantei, saindo da sala. Minha mãe continuou assistindo ao vídeo, mas Carlos veio atrás de mim:
— Rafa, você já ouviu falar em síndrome de Estocolmo?
Que porra de pergunta era aquela? Carlos estava arrumando uma justificativa para as ações da Maitê? Respondi, pra ver como aquilo ia terminar:
— Acho que vi em uma série. A refém se apaixona pelo sequestrador, algo assim.
Carlos explicou:
— Isso também, mas no caso da Maitê, que é um caso que me parece ser de reincidência …
Não entendi:
— Reincidência? O que você quer dizer?
Carlos se zangou com a minha ignorância:
— Tu ainda não entendeu o que aconteceu com a Maitê? Eu tenho quase certeza de que ela foi abusada pelo próprio pai. Se você continuar assistindo ao vídeo, vai entender. O jeito que aquela mulher a recrimina, como ela a maltrata e está sempre na ofensiva, deixa isso muito claro para mim.
Ele respirou fundo e se acalmou:
— Um segundo abuso, pelo que parece ser o caso, costuma ter esse efeito. A pessoa começa a se culpar, achar que merece, e até para se proteger, facilita a ação do agressor.
Minha mãe veio até nós:
— Desculpa filho, sei que você não vai gostar do que tenho a dizer, mas eu vou buscar a Maitê. Eu não vou deixar a gestação de um possível neto meu se desenvolver naquele ambiente.
Ela se virou para o Carlos:
— Você me leva até ela? Será que já podemos fazer o tal DNA na gestação que você disse ser possível?
Eu não estava acreditando naquilo:
— A senhora está falando sério? Vai trazer ela pra onde? Aqui pra casa?
Minha mãe não cedeu:
— E pra onde mais poderia ser?
Nem pensei direito, apenas disse:
— Então, eu estou saindo, faça como quiser.
Ela tentou me segurar, mas Carlos interveio:
— Deixa, tia. Ele pode ficar lá em casa, o vô vai gostar. Eu entendo a senhora, mas também entendo o Rafa. Vai ser melhor para todos. E eu concordo com a senhora, aquela garota precisa de ajuda. Pelo menos até termos certeza de que o filho é mesmo do Rafa.
Saí sem rumo, dirigindo sem destino definido. Parei numa adega e comprei uma garrafa de whisky e algumas latas de cerveja. Dirigi até um parque famoso da cidade, onde os jovens costumam ir durante a noite. Ali mesmo, protegido dentro do meu carro, comecei a beber. Ainda era de manhã, mal havia passado das dez horas e eu já me encontrava naquele estado deplorável, quase depressivo novamente.
Bebi metade da garrafa de whisky e as cinco latas de cerveja. Como bebi rapidamente, sem dar tempo para o fígado processar adequadamente o álcool, acabei apagando por causa da embriaguez. Acordei com batidas fortes no vidro da porta do carro. Dois policiais me deram sinal para abrir. Já estava anoitecendo.
— Dia difícil, cidadão? Identificação e documento do veículo, por favor. Está em posse de alguma substância ilegal?
Levei alguns segundos para me recompor e abri a porta. Um dos policiais já estava de arma em mãos, apontando para mim.
— Calma, oficial. Eu apenas estava dormindo. Não tenho nada a esconder. Podem revistar o carro se assim desejarem.
Com movimentos calmos, sempre mostrando o que estava fazendo, peguei os documentos solicitados e os entreguei a eles.
Após conferirem as informações, e depois de um belo sermão pelas bebidas, levei uma multa por infração grave e cinco pontos na habilitação. É claro que não passei no teste do bafômetro e como o carro tinha seguro, não me preocupei, sendo obrigado a pedir um carro de aplicativo.
Só havia uma única mensagem no meu celular. Era do Carlos:
“Estou levando a tia Celeste até a Maitê. Devemos voltar de madrugada. Cirilo está ciente e o vô também já sabe que você vai lá pra casa. Não faça nenhuma bobagem até eu voltar”.
Assim que cheguei em casa, pedi ao Cirilo para buscar meu carro e paguei o deslocamento dele até o local. Enquanto ele me fazia aquele favor, arrumei as roupas na mochila e assim que ele chegou, voltando a dirigir o meu carro, parti para a casa do meu avô.
Mal cheguei e as más notícias pareciam não ter fim naquele dia. Enquanto estacionava, com meu avô em pé na varanda, me esperando, recebi uma mensagem de áudio da Tina:
“Seu pai foi notificado do processo, está furioso. Nós brigamos feio e eu acabei falando que sabia da traição, sobre a gravidez da Maitê … enfim, terminamos. Me desculpe, não consegui me segurar. Suportei por tempo demais. De qualquer forma, agora que você agiu, que ele já foi notificado, eu não preciso mais me submeter ou ser sua espiã. Boa sorte no processo e não esqueça dos amigos. Qualquer hora volto para visitar. Beijo”.
Puta que pariu! O que mais poderia dar errado? É claro que outra mensagem chegou, só que da Vanessa:
“Rafa, você está ocupado? Pode vir aqui em casa? Precisamos falar sobre a Olívia. É importante”.
Puta que pariu de novo … Desgraça pouca é bobagem. Acho que eu perguntei para Deus: “Será que tem como piorar???” E ele aceitou como um desafio.
Continua ...