Trident de Melancia [07] ~ Vilões

Um conto erótico de CELO
Categoria: Gay
Contém 9497 palavras
Data: 01/04/2024 18:01:07

Aquele dia as conversas entre Luis e Mateus correu sobre o passado de cada um, ambos contavam suas dores, seus temores e seus traumas de infância, não rolou pegação, alguns beijos amenos, carinhos no rosto, e olhares intensos que denunciavam a cumplicidade de cada um, eram em fim um casal, compartilhavam segredos antes guardados até da própria família, o amor os dominava de forma a deixá-los sensíveis demais às dores do outro.

Naquela tarde Mateus resolveu cabular aula na faculdade era sexta-feira, e o dia com Luis mesmo tendo começado lindo, havia caminhado por um passado tenebroso dos dois, Mateus ainda custava a acreditar que poderia existir alguém tão ruim quanto Leonardo, temia pelo namorado, dois dias o separavam do fatídico encontro com o meio irmão que tanto lhe causou dor e sofrimento, temia que ele entrasse em paranoia, tivesse uma recaída e sofresse como na infância.

Luis permaneceu em casa, aquele dia a tia aplicaria provas e o havia dispensado do dever diário de acompanhá-la ate a faculdade, seu coração estava vibrante, sentia como se um peso que carregava há anos sairá definitivamente de sua alma, poder compartilhar algo que o perturbou tanto de certa forma o aliviava.

No início da noite assim que Emília saiu, Laís e Raul chegaram juntos do trabalho, os dois sorriam, traziam consigo duas garrafas de vinho e comida pronta, comprada em algum dos restaurantes chiques que Laís fazia questão de frequentar, a alegria no rosto dos dois de certa forma impregnou em Luis que assistia a tudo do sofá.

Raul: Vamos filhão, ta na hora de comer, hoje é dia de comemoração...

Luis: Opa formou então... Mas vamos comemorar o que paizão?

Raul e Luis em poucas oportunidades tinham um relacionamento de pai e filho, mesmo com todas as desavenças entre os dois, Luis sabia que o velho rabugento gostava dele como a um filho, e Luis mesmo amando seu pai, conhecia apenas Raul como referência paterna e também gostava dele, nos raros momentos de felicidade em casa era assim que ambos se tratavam o que deixava Laís feliz e satisfeita, amava demais o filho, e amava demais o marido, mas amava mais ainda os dois juntos e se tratando bem.

Raul: Menino tu nem imagina. Lembra aquele caso do vereador ***** em que tenho trabalhado a mais de dois anos, que vinha me consumindo ao extremo.

Luis: Hô se lembro, tu tava mais azedo que limão nos últimos dias, por causa daquela nova denuncia de desvio de verbas do SUS...

Raul: Pois é, ai é que ta a questão da minha felicidade, hoje foi a última audiência, provei a inocência do camarada lá, saiu livre de todas as acusações, inclusive a de suborno da PF.

Luis: Nossa parabéns... Isso sim é razão de comemorar, então quer dizer que tu vai botar a mão na bolada toda?

Raul: Claro meu querido, nossa família está alguns zeros mais rica, e estou pensando em comprar um apartamento novo, ainda mais agora com a chegada do seu irmão né?

Luis: É né...

Tudo era bom demais até aquele momento, a palavra irmão ainda machucava, a hipótese de um apartamento novo e maior até animava Luis, talvez assim não tivesse que ver Leo a todo o instante, já que no atual AP teria que dividir o seu quarto com o antigo opressor.

Laís: Não vai me perguntar por que estou feliz bebê?

Luis: Imaginei que seria devido ao sucesso do Raul...

Laís: Também... Mas acontece que hoje fechei contrato com uma marca importante de cosméticos do centro-oeste, uma campanha publicitária milionária, e a senhora aqui será a encarregada chefe...

Luis: Parabéns mamãe, nossa que bom, os dois super bem encaminhados, assim vamos virar classe A rapidinho...

Raul: Agora vamos deixar de lenga lenga e vamos comer... To morrendo de fome... Vamos ver se esse fettuccine a carbonara e tão bom assim como você diz Laís.

O jantar correu bem, os três riam entre si, ver o sucesso dos pais alegrava e entristecia Luis, ficava alegre por vê-los se saindo bem nas suas carreiras profissionais, e triste por que sabia que ele jamais encontraria algo que desempenhasse com amor e afinco como os dois.

Após brindarem pela última vez com um dos vinhos que Raul trouxera. Luis ainda com uma taça na mão foi para seu quarto, no meio do jantar lembrara-se de seu amigo virtual, tinha que agradecê-lo por tê-lo aconselhado tão bem. Logou no MSN, torcendo para encontrar Cello online, mas decepcionou-se quando percebeu que o amigo não estava ali, chegou a pensar que ele o havia deletado. Seu status estava marcado como offline, não havia mais ninguém no MSN com quem desejasse falar naquele momento, sua tia Emília havia lhe deixado algumas provas a serem digitadas, e o que lhe restou a fazer foi isso, digitar e digitar.

Já se passavam da meia noite, quando uma janelinha do MSN subiu: Julio Marcello acabou de entrar.

Luis ficou feliz ao ver que o amigo aparecerá, queria puxar conversar, mais temia que Cello o tivesse esquecido, para sua surpresa, foi o amigo que imaginando ele offline deixou a seguinte mensagem:

“Oi amigo, creio que já tenha me deletado, mas ainda tenho esperanças de sermos bons amigos, qualquer coisa que precisar, seja pra desabafar ou mesmo pra uma conversa a toa, to aki, saudades. Cello”

Luis mais que rapidamente escreveu:

Luis: Fala campeão, to aqui parceiro, boa noite.

Cello: Opa, se fazendo de morto no MSN mano, me pegou de surpresa... A conversa seguiu com amenidades, um contando do seu dia ao outro, Luis agradecerá Marcello por tê-lo ajudado, e seguiram falando, assunto era o que não faltava. Os dois falavam de música, de televisão, cinema. E novamente um se via no outro, ambos gostavam de rock, programas humorísticos e filmes de terror, Luis ouviu a tia entrando em casa, mas não deu bola, continuou com o papo, gostava a cada segundo mais ainda de Cello, os dois já pareciam amigos de infância.

Cello: Luizão mano eu tenho que te falar uma coisa...

Luiz: Fala Celinho, diz aê!

Cello: Seguinte, to com duas cortesias aqui pra uma balada incrível, só que to sem companhia, tu não topa ir comigo amanhã não mano?

Luis: Sei não mano, teria que falar com o Mateus antes, ele pode não gostar.

Cello: Bobagem mano, nois é truta, parceiragem mesmo, ta comigo ta com

Deus... Vai me deixar na mão?

Luis: Pode crê maninho, tamo junto vamo bota pra ferver essa night, como a gente faz fera?

Cello: Tipo mano to a pé e moro longe pacas de você, então faz assim a gente se encontra amanhã a noite as dez no Terminal Bandeiras pode ser?

Luis: Beleza mano, vou de carro te pego lá então, agora deixa eu sair aqui mano, tenho que digitar umas provas pra minha tia.

Cello: Beleza mano vou sair também, to cansado pra carai, tive uma prova de fudê hj.. Até amanhã.

Luis: Até mano.

Luis terminou a sua digitação, desligou o computador e foi tomar banho, demorou o tempo habitual que levava ali, escovou os dentes, secou os cabelos e saiu ainda de toalha para o quarto, ao entrar seu celular gritava em cima da cama, mas chegou atrasado e a ligação havia sido encerrada. No visor notou onze ligações perdidas de Mateus, assustado não pensou duas vezes em retornar a ligação. A primeira chamada não foi atendida e seguiu para a caixa de mensagem, a segunda foi rejeitada no primeiro toque, e a terceira foi atendida.

Voz: O que tu quer filha da puta ligando uma hora dessas?

Luis: Epa, calma ae fera, quero falar com o Mateus, liguei pra ele e não pra ti otário...

Voz: Vai à merda viado, o Mateus ta ocupado, não pode falar agora, e é melhor não insistir para o teu bem...

Luis: Tá me ameaçando seu merdinha, fique sabendo que não tenho medo de ti, seu enrustido e só paro de ligar quando falar com o meu amigo...

Mateus: Porra, tu não ouviu o que meu irmão disse Luis, to ocupado Mané!

Luis: Se tava ocupado não me ligasse, e se vai fazer ceninha pra parecer machão pro teu irmão é melhor eu desligar...

Mateus: Desliga logo então porra, aff... Dois idiotas na minha vida eu não mereço...

Luis: Por que você ta chorando Mateus, me conta o que aconteceu cara, por favor...

Irmão de Mateus: Fera tu é idiota mesmo né, não o ouviu dizer que não quer falar contigo, vai pro caralho a quatro, meu irmão ta aqui ocupado porra, ta chorando de tanto tesão que ta sentindo, imagina viado, ele ta comendo uma piriguete das mais gostosas...

Luis ainda ouviu a risada do irmão de Mateus antes de desligar, aquilo não poderia ser verdade, Mateus o estava traindo com uma mulher qualquer, e o irmão ainda via tudo. Sua cabeça rodava aquilo não poderia ser verdade, era muita humilhação.

Sua cabeça criava justificativas, mas nenhuma parecia encaixar, pensava que Mateus o ligara para dizer que após a conversa da tarde perceberá que não gostava dele e que preferia mulher, o imaginava sendo forçado a ficar com a garota, mas tudo caia por terra, ninguém força um homem a ter ereção, ninguém.

A ideia mais plausível era que Mateus não gostasse dele de verdade, que era um canalha que só queria sexo, e já que não havia conseguido isso a noite, tinha procurado uma mulher na rua, que lhe desse o que Luis ainda não estava preparado.

Aquela noite demorou a passar, Luis se revirava na cama, as lágrimas caiam de seus olhos, mesmo ele não as querendo, seu peito doía, Mateus era seu primeiro amor, mas era também sua primeira decepção.

Quando Luis adormeceu já amanhecia, mas seu sono foi interrompido pelo toque de seu celular, a musica que tocava era Banda Fatale – O outro lado era o toque selecionado exclusivamente para Mateus. Naquele instante Luis odiou aquela musica, que antes tanto adorava, pensou em não atender, mas se viu obrigado, sabia que o garoto não desistiria ate ouvi-lo.

Luis: Fala!

Mateus: Amo... amoorrrrrr...

Luis: Você ta bêbado Mateus?

Mateus: To... Sai pra comemorar meu... niver... com... com... meu... irmão...

Luis: Eu percebi... Mateus só me diz uma coisa, o que teu irmão disse sobre você estar com uma mulher é verdade?

Mateus: (chorando)...

Luis: Porra, para de chorar e me responda!

Mateus: É ver... dade...

Luis desligou o telefone, era tudo o que precisava ouvir. Mateus o traiu, e isso bastava, não queria saber de justificativas, não queria saber de mais nada, só queria dormir e esquecer, mas como esquecer alguém que tanto amou e amava?

Aquele dia parecia um sonho, ou melhor, um pesadelo, a primeira paixão, o primeiro amor, nunca sentirá aquilo que sentia em seu peito, Mateus tinha sido o primeiro em tudo, o primeiro amor, o primeiro beijo gay, o primeiro a ser chamado de amor, o primeiro homem a sentir seus lábios, e o primeiro a despertar tanto desprezo e ódio, já era meio dia quando Luis percebeu que se era essa a vida que Mateus queria, era essa que lhe daria, se ele realmente queria curtir sua juventude transando com garotas e iludindo garotos que seja, mas esse garoto a ser iludido não seria Luis, não mesmo.

Sabia que o melhor a se fazer era realmente viver, mostrar a ele que não o machucou que não tinha todo esse poder, a festa que iria com Cello era a fuga certa, era o primeiro passo para se livrar daquela grande dor que lhe domava o coração que antes corria a galopes rápidos e alegres.

Luis saiu da cama, não havia razão para ali continuar, admitia e até gostava daquela dorzinha que lhe caia, era como um lembrete que não devia se apaixonar novamente. Estava disposto a esquecer de seu ex-amor.

Ligou o computador e procurou a música mais idiota e mais deprimente que conhecia (detalhe aqui vocês devem rir) e escolheu aquela que parecia sua história naquele instante. Borboleta – Xuxa.

Era uma vez o azul do céu que pinta o papel e molha no mar era assim que Luis via seu amor por Mateus, o azul do céu, o azul do amor, o azul do amor gay... Era uma vez uma menininha, uma princesinha querendo voar... Ele era essa menininha, ele queria voar, sempre procurou algo que o impulsionasse a lutar por alguma coisa que lhe fosse cara, Mateus era essa coisa, era o seu desejo de voar... Ela mistura o céu com sonho e fantasia... Mateus era o céu lindo e calmo, o amor à fantasia, o desejo, misturá-los se tornou explosivo... Ela imaginou que se transformaria em borboleta... Seu medo maior, amar um homem e ser ridicularizado, ser motivo de chacota, ser o que não era... Viajaria o mundo e não se cansaria e pousaria aonde houvesse alegria... Sua alegria era Mateus com ele e por ele, enfrentaria toda a dor, todos os obstáculos...

A borboleta E asa ela ganhou, pra longe ela voou, foi colorindo tudo onde passou... E asa ela ganhou, pra longe ela voou, foi colorindo tudo onde passou...

Mateus lhe dera tudo que sonhara, o permitiu voar, coloriu sua vida, ele era borboleta, e transformou a lagarta Luis em uma bela e festiva borboleta...

Como aquela música diminuía, Luis sentia as batidas de seu coração diminuir, era como se não houvesse nada ali dentro, estava oco, seco. E como desejava ser mesmo uma borboleta e voar pra longe, pra longe daquela tristeza, pra longe da certeza que tinha de que jamais seria feliz novamente. Por que o seu céu azul, as suas duas esmeraldas haviam perdido o brilho, já não lhe parecia tão caro, já não lhe era o seu sonho...

Aquele dia Luis passou regado a muita música melosa e triste, mas nenhuma tão ridícula e infame como Borboleta, o incrível é que mesmo se sentindo triste, se sentindo traído, não conseguia chorar, por mais força que fizesse nenhuma lágrima derramou por Mateus, e aos poucos percebia que sofrer não lhe levaria a lugar algum, como num lampejo que veio a mente, Luis se tocou finalmente que ficar em casa não era solução, catou carteira, chaves e o principal cartão de credito e foi pra rua, queria se divertir, queria ficar bonito, queria mudar de visual.

Seu destino Shopping, como aquele lugar lhe trazia calma, ver aquelas pessoas presas em seu mundinho particular, não conhecer ninguém, toda aquela correria aquilo lhe trazia paz de espírito, e o que lhe deixava alegre era gastar, não tinha como hábito sair às compras, até por que vivia da mesada da mãe, mas aquele momento merecia uma repaginada, entrou na loja que mais gostava de todo o shopping e ali comprou calças, camisetas, meias, cuecas e se sentiu feliz, em outra comprou tênis, sapatos, cintos e se sentiu alegre. Em uma terceira entrou e comprou perfume, desodorante, furou a orelha e se sentiu magnífico.

Por último entrou em um salão de beleza, pela primeira vez entrava em um ambiente como aquele e não pretendia apenas cortar o cabelo, se sentou em uma das cadeiras e logo o cabeleireiro mais afeminado do salão veio o atender.

Joca: Meuuuuuuu Deuuuuuusss... O grande Luis finalmente se sentou na minha cadeira, Minha Nossa Senhora das tesouras me segura que o mundo vai acabar. O que te trouxe aqui garotão mais pedaço de mau caminho que conheço na vida?

Luis: Menos né Joca, eu resolvi aceitar seu convite, tai minha cabeça é tua faça o teu melhor...

Joca: Antes tarde do que nuncaa... Pode deixar meu bofe tudão, vou aaarraaasaar com você garotão, e pode confiar na bee aqui você será o bofe mais totoso da cidade.

Joca era conhecido, frequentava a casa de Luis era o cabeleireiro particular de Laís e Emília, e sempre pressionava Luis para deixá-lo colocar ordem naquilo que ele chamava de cabelo, foram os trinta minutos mais agonizantes de Luis, suas madeixas caiam no seu colo, temia que quando Joca terminasse, um moicano gigante estivesse em sua cabeça, mas ao contrario quando se virou e pode finalmente se olhar no espelho não se reconheceu, quem era aquele gato ali, um simples corte de cabelo repicado, um pouco desarrumado e Luis se transformou, suas sobrancelhas grossas destacavam no rosto e seus olhos brilhavam diferente, estava agora sim deslumbrante.

Luis agradeceu a Joca pelo belo trabalho e resolveu voltar pra casa, ainda não havia almoçado e no relógio marcava seis da tarde, teria pouco tempo para se arrumar e sair, a festa agora sim prometia belo daquela forma conquistaria uma meia dúzia de gurias e pelo menos um leke e quem sabe um desses, lhe fizesse esquecer o incomodo Mateus.

Como raio sete horas chegou, Luis estava arrumado, lindo, usava seu Nike shox vermelho novinho, uma calça cargo azul cheia de bolsos e correntes, uma camiseta CK branca que deixava seu rosto quase transparente, uma correntinha de prata com o pingente de São Miguel também em prata, seu perfume favorito, um relógio estilo Power ranger e um sorriso que dificilmente estivesse ali, se não fosse sua nova ideia de felicidade.

Finalmente pegou seu carro e saiu, pretendia encontrar o amigo no terminal Bandeiras um dos maiores da capital, principal ligação com quase todos os bairros da capital, Aparecida e outros municípios, seria difícil encontrar uma pessoa que só havia visto ainda por foto.

Mas as quinze pras dez, Luis já estava no terminal, estava apreensivo, temia por não encontrar o garoto, e se aquela foto não fosse dele, e se ele fosse um velho tarado, um terrorista?

Luis estava com seus pensamentos a mil, quando uma mão pousou em seu ombro, no impulso socou o dono daquela mão que se não fosse esperto teria saído de olho roxo.

Cello: Calma fera, que isso... Ta com medo de mim ou tu é assim mesmo brutão?

Luis: Celinho é tu?

Cello: Não maluco é a rainha da Inglaterra.

Luis: Nossa tu ta diferente...

Cello: Olha quem fala. Cadê todos os músculos que tinha naquelas fotos que tu me mostrou hein, vai dizer que se esqueceu de usar a bombinha e enchê-los?

Luis: Ah foi mal, aquelas fotos são antigas, foram editadas por um amigo nerd, ele me tornou saradão, o sonho de qualquer garota, me rendeu muito Streep tese na cam sabia?

Cello: Aff... Tu tem certeza que é gay mano?

Luis: Nem sei mano, nem sei... Mas me conta e você também era fotoshop?

Cello: Nada mano aquilo lá era na época das vacas magras quando morava sozinho e tinha como almoço, janta e café da manhã somente lamen agora moro com vovó né, como tu acha que eu ficaria hein? Ta na cara que engordaria, e outra não to gordinho, isso aqui é excesso de gostosura.

Luis: Também não diria que tu és gordinho, ta mais pra um fofo.

Os dois entraram no carro, e seguiram para a tal balada, estavam eufóricos, pareciam amigos de infância, como era divertido estar na companhia de Luis, nossas conversas eram sobre tudo, não havia silêncio, um não permitia ao outro se calar, falávamos ao mesmo tempo, as vezes coisas sem pé nem cabeça.

Pretendíamos passar em um bar qualquer para um esquenta, mas preferimos seguir direto pra casa de show, a fila já estava enorme e quase chegava a esquina, Cello mostrou onde guardar o carro e seguiu abrindo caminho entre o pessoal que ali estavam, alguns falavam mas ele não lhes dava atenção, outros só encaravam, olhavam feio, e tinham como resposta apenas a ignorância por parte do garoto.

Na entrada apenas mostrou sua carteira de identidade e os seguranças deixaram os dois passar, Luis quis saber de onde o garoto tirava tal influência para passar na frente de mais de duzentas pessoas, mas nada perguntou, queria curtir, queria estrear o novo visual.

Naquela noite, não havia bebida que Luis não desejasse, bebeu todas, e ainda bebeu mais um pouco, Marcello não ficava atrás bebia e se jogava na pista de dança, Luis o achava dado de mais, dançava no meio de todos, se jogava e nem se importava como dançava, muito menos se parecia um boneco de pano todo desengonçado.

Por incrível que pareça nenhuma mulher ou homem chegou aos dois garotos, ambos viam olhares direcionados mais a Luis do que a Marcello, mas este nem se importava, gritava que o que importava era estar ali ao lado do amigo, se divertindo, bebendo e dançando.

Já eram cinco da manhã a boate estava no auge de sua noite, havia milhares de pessoas se esfregando, mãos deslizando pelos corpos suados dos jovens dançarinos, uma boca procurou a outra, as mãos seguiram para o cabelo e logo para a nuca, as do outro desceu direto pelas costas, apertava-lhe a bunda, como era bom aquele beijo, como era quente, rápido, gostoso.

Era como se ambos matassem o desejo reprimido, era como se aquelas bocas já se conhecessem há tempos, os corpos suados grudados, dançavam ao ritmo das musicas de David Guetta e desciam juntos beijando até o chão.

Como aquilo parecia perfeito, um completava o outro, um era o encaixe do quebra cabeça do outro, o encaixe perfeito, tornou-se um beijo calmo, pleno cheio de ternura, e suspiros aquilo se tornaria outra coisa fácil, o desejo do corpo era evidente, não havia como esconder a excitação.

Marcello parou o beijo e olhando para Luis sorrindo disse:

Cello: Lu desculpa tenho que ir, serio depois disso não rola ficar aqui... Você me entende né?

Luis: Capaz de não entender né... Vai lá mano... To de boa curti a gata ai, de boa!

Recapitulando: Marcello dançava junto a Luis, ambos muito bêbados, Marcello já não se segurava quieto, dançava, rebolava e descia até o chão, em uma dessas descidas, quando subia novamente uma garota loira, meio bonita, um pouco cheinha, mas bonita assim mesmo, se aproximou do garoto e começou a dançar a sua frente, tocava um funk na hora, não me lembro, mas acho que era creu, os dois se esfregavam a tal ponto que pareciam se fundir, Luis de longe só olhava e sorria, o amigo era descarado, não se importava com o que os outros pensariam, só queria se divertir, a musica seguinte era uma baladinha romântica que o DJ fez questão de deixar rolar sem mixagem, era quase fim de festa, era a hora de se formar casais, e Cello entendeu o recado, olho no olho, boca na boca, e rolou o beijo, os amassos e a promessa de uma noite quente de sexo.

Cello: Não vai ficar zangado de te deixar sozinho mano?

Luis: Jamais maninho, pega a tua guria ai e aproveita a noite...

Cello: Tu sabe que sou bi né?

Luis: Tipo deu pra perceber né, quase engoliu a guria lá.

Marcello se despediu de Luis, e em um táxi entrou com a garota, Luis ficou ali ainda um pouco encostado em um carro diante da boate, olhando os que entravam ou que saiam da casa, todos muito bêbados, havia muita pegação, casais por todo o lado, e aquilo lhe deu uma certa tristeza, queria seu amor ali curtindo com ele, era doloroso lembrar que havia sido traído por Mateus.

De certa forma lembrar-se de Mateus curou toda a sua bebedeira, entrou no carro e lúcido como jamais esteve dirigiu de volta pra casa, conhecer Marcello havia sido muito divertido, a muito não aproveitava uma noite de sábado como aquela, mas não podia prender o amigo a ele, não enquanto estivesse naquela fossa, Cello era bissexual, sabia que nada rolaria entre os dois, naquela boate não encontraria fácil um cara para lhe dar carinho, uma garota como aquela era de fato uma sorte, um presente para a diversão.

Estava feliz e ao mesmo tempo triste, queria poder ser livre como Cello, queria arrancar aquele amor de dentro de seu peito, mas jamais conseguiria, Mateus dominava todo o seu existir, se respirava sentia o seu cheiro se comia ou bebia sentia seu gosto se fechava os olhos o via a sua frente, dormir naquela cama era impossível o cheiro de Mateus estava impregnado ali, definitivamente não podia esquecer Mateus e também não queria, aquela noitada foi à resposta pras suas duvidas, ele ate poderia sair se divertir, mas no final era a lembrança de Mateus que lhe faria companhia.

Domingo se foi e segunda-feira se apresentou, Luis acordou cedo com o barulho de sua família, naquele dia Raul e Laís não iriam trabalhar preparavam a recepção de Leonardo, e a visão dos dois felizes organizando decoração, faixa, balões enojava Luis, ainda não acreditava que aquele monstro voltaria a viver no mesmo ambiente que ele, e muito menos que sua mãe aceitará tão fácil àquela idéia bizarra.

O dia foi longo, Luis não tinha ânimo para ajudar os pais, ficou o dia todo no quarto trancado, não queria ver a hora que o ex-irmão chegasse, não mesmo, mas parecia que algo o ajudava, as horas passaram e nada de Leo, a noite se pronunciava, e Luis já se preparava para levar sua tia pra faculdade, aquele dia fazia questão de ajudá-la, queria ver Mateus, queria mostrar pra ele que ainda estava vivo, que ainda estava belo, que sua ausência não machucava. Até poderia enganá-lo, mas a si próprio não conseguia por mais força que fizesse não conseguia não se sentir triste com o ex-namorado.

Emília: Nossa até que enfim saiu desse quarto calanguinho, achei que tivesse morto lá dentro, até dei uma farejada na porta pra ver se já fedia, pra poder chamar o limpa fossa, mas parece que ta tudo bem, ta gatinho o neném da tia... cortou o bebelo...

Laís: Luuuuuissss que diabos é isso na sua orelha?

Luis: Tava demorando... Não ta vendo não... Ta cega por acaso... Isso é um brinco coroa...

Laís não disse nada, nem mesmo Emília ou Raul, a forma como Luis respondeu a mãe calou a todos, pela primeira vez o garoto havia sido grosso com ela. Emília cortou as brincadeiras e o chamou para irem trabalhar e assim fizeram.

Naquele dia as aulas haviam sido trocadas, e a aula que Emília teria com a turma de Mateus era a segunda aula antes do intervalo, Luis estava na turma de Letras não prestava atenção no que a tia dizia, nem olhava para as alunas, com seu fone de ouvido na orelha sentou-se nos fundos e apenas observava a tia que com um gesto de cabeça dizia que deveria passar para o próximo slide e como um autômato ele executava sua função.

Não pensava em Mateus, na verdade não pensava em nada, apenas agia, como um robô programado.

Quarenta e cinco minutos após a aula de português chegará a hora de enfrentar o garoto dos olhos de esmeralda, aula de Gestão Educacional, um porre de aula, mas fazer o que seu dever era acompanhar a tia, quando entrou na sala, logo viu Jana e Laila sentadas próximas à porta, as duas sorriram para ele, e ele sorriu de volta, ali não poderiam conversar tinha que ser profissional.

Mateus estava logo atrás, cinco cadeiras após Jana. Conversava com Manuela, velha conhecida de Luis, Manu era filha de uma das antigas professoras de direito de Luis, e já havia frequentado sua casa, mas não possuíam amizade. Acreditava que Mateus também não, mas como sempre se surpreendia com o garoto, lá estava ele conversando animadamente com Manu, a garota olhou para Luis e deu um aceno para ele, tipo um tchau, Mateus se resignou a olhar Luis e abaixar a cabeça, seu olhar era de tristeza, e Luis chegou a ter pena dele.

A aula seguiu normalmente, exceto porque as atenções não estavam em Emília, a turma de Manu, e a própria turma de Luis o olhavam incessantemente e alguns davam risadas camufladas.

Finalmente a aula havia terminado, o intervalo começava Luis guardou rapidamente o notebook da tia, e entregou-lhe a mochila, Laila e Janaína o esperavam na porta.

Jana: Amooreee... Que saudade de ti meu gatinho albino!

Luis: Oxi meu amor, também tava louco pra te ver, to precisando tanto ver tuas palhaçadas, preciso dar risadas...

Jana: Ai, agora magoou, então sou uma palhaça e só sirvo pra te fazer rir?

Luis: Meu anjo tu é tudo pra mim gatinha, te adoro mesmo sendo uma palhacinha. (E abraçou a amiga, Laila somente observava e sorria).

Laila: Ei ei. Também quero um abraço assim Luh, eu tava mais com saudade de ti do que ela...

Luis: Nossa desse jeito vou sumir mais vezes, quero ver vocês duas chorando por mim...

Mateus e Manuela se aproximavam do grupo, ele com as mãos no bolso e olhar baixo, evitava olhar nos olhos de Luis, parecia estar tímido, com vergonha sei lá. Ela estava alegre, sorria pra todos mostrando seus dentes lindos, pequenos e branquíssimos.

Manu: Oiê personas...

Jana e Lai: Oi amoreee...

Luis: Ué são amigas agora?

Manu: Ta atrasado gatinho nós somos as meninas super poderosas da facu, você sumiu e elas precisavam te substituir ai me pegaram pra via crucis...

Luis: Então é assim que estavam com saudades, colocando uma garota no meu lugar?

Jana: Ai não seja melodramático garoto, quem manda sumir, no primeiro dia sentimos falta, no segundo saudade, no terceiro já tínhamos te velado e chorado, no quarto era dia de festa porra não íamos sozinhas o Mateus também nem nos dava moral então catamos essa loca pra amiga, nossa nem creio que passamos tanto tempo juntas e não havíamos nos tocado que ela e igualzinha a nós.

Manu: Igualzinha, doida, sem juízo e promiscua!

Todos caíram na risada, menos Mateus que permanecia calado de cabeça baixa, parece que ninguém havia notado isso, nem mesmo Luis, as amigas tinham o poder de fazê-lo esquecer dos problemas. Os cinco desceram para os bares próximos a faculdade, como de costume beberiam ali o resto da noite,

Luis já não acompanharia a tia, que agora apenas aplicaria exercícios e as meninas não assistiam às aulas de um professor com o qual haviam brigado.

A noite prometia, estavam sentados em uma mesa dessas de bar, havia juntado uma a mais por que agora eram cinco no grupo, Luis em uma ponta entre Laila e Manu, Jana no meio e Mateus na outra ponta, sentara-se ali de propósito pensava Luis, queria obrigá-lo a vê-lo.

Manu: Luis tu é tudo de bom garoto, nunca te imaginei dançando, tu ontem mostraste pra mim que é o cara... Meninas tinham que ver o cara ai dançando com um carinha lá, nossa os dois desciam até o chão, (risos) me caguei de rir vendo os dois, o pior é que dançam bem os dois...

Jana: Cachorro! E ainda diz que sentiu nossa falta, quem é esse viado ai que você colocou no nosso lugar?

Luis: Nem sabia que tu tava lá Manu, não te vi, deveria ter ido onde estávamos, adoraria ter dançado com você (risos), mas o “viado” Jana chama-se Marcello, é um puta de um amigo, muito louco o cara, me diverti ontem como nunca me diverti antes com um cara... (aquela frase era direcionada a uma pessoa, claro, era uma indireta mais que direta).

Jana: Ai quero conhecê-lo... Louco assim ta feito nóis dá uns pega, e ele é bonito?

Luis: E eu sou de achar cara bonito, menina, mas ele é um cara boa pinta, é alto, mais que eu, tem olhos verdes claro, é moreno bem clarinho e tem cabelos cacheados...

Jana: Não esse ai eu já conheço, é o Mateus quero saber é do bofe escândalo que tava contigo ontem...

Luis: (risos) mas é dele que to falando... Bem que ele lembra o outro ai, mais o Cello é mais legal pode apostar... O problema é que ele é meio fofinho, mas não é gordo, só precisa de alguém que o ponha nos eixos.

Mais uma na cara de Mateus o garoto nada falava, e as meninas pareciam hipnotizadas por Luis, o ignoravam completamente.

Luis: (tirando do bolso algo e oferecendo para as meninas) Gente aceitam Trident de Melancia...

Mateus levantou-se da mesa, disse um licença baixinho que mal foi ouvido por Luis e saiu caminhando apressado ainda de cabeça baixa, Luis pensou que ele iria ao banheiro, mas ao vê-lo sair do bar e atravessar a rua, percebeu que ele fugia e não lhe restou duvidas tinha que segui-lo.

Luis: Gente calma aê, eu vou ver o que aquele mané tem...

Luis andou apressado, tinha visto Mateus indo em direção ao estacionamento, andou um pouco e o encontrou em um canto, o celular na orelha falava com alguém, dava pra ouvir soluços e choro entre as palavras que não foram entendidas por Luis.

Mateus estava encostado a um carro de cabeça baixa, ali era escuro, era justamente a mesma vaga que Luis um dia havia estacionado o carro e ficado com Mateus.

Luis: Aff... (Mateus olhou assustado e ao ver Luis abaixou a cabeça e colocou as mãos nos bolsos) não acredito que você ta se fazendo de vítima moleque, tu apronta e ainda fica ai nessa deprê?

Mateus: Sabe quando dizem que chifre trocado não dói? Pois é essa frase deveria se aplicar aqui, mas confesso, não dá, não consigo não sofrer por isso...

Luis: Chifre trocado? Do que você ta falando menino?

Mateus: (agora olhando para Luis, estava protegido pelas sombras, não se via seu rosto) não se faça de desentendido, já saquei tudo, você pra se vingar de mim saiu sábado com o esse Marcello... É o mesmo que te consolou aquele dia não é... É o tal do Cello?

Luis: É ele sim. Mas não estou entendendo o que tem a ver o Cello com isso tudo?

Mateus: Você é sínico, você saiu com esse Cello ai e ficou com ele não foi, fez isso pra me atingir... Chifre trocado não é?

Luis: Tu é louco meu? Serio de onde tirou isso... aff... Coisa mais sem lógica o leke lá é meu amigo, nunca rolou nada com a gente, estávamos em uma balada hétero, você acha que eu seria maluco de ficar com um cara em uma balada onde poderia encontrar algum conhecido?

Mateus: Pode até não ter ficado lá, mas e depois, quando foram embora, não há como provar que não ficou com ele... Aposto que você ficou com ele daquela outra vez que briguei contigo por telefone...

Luis: Meu Deus, você é louco, paranoico, eu conheci o garoto pessoalmente no sábado, antes só o havia visto por fotos Mané... Já saquei seu joguinho, ta caçando culpa em mim, mesmo sabendo que não tenho pra poder dizer que estamos iguais, quites, e tentar me fazer aceitar o fato que você me traiu que você ficou com uma garota logo após sair da minha casa, da minha cama...

Mateus: Se você soubesse o que me levou a fazer aquilo, jamais me culparia. Você acha que eu gostei de ter feito aquilo, acha mesmo que gostei de ter te traído?

Luis: Meu filho não me venha com conversas sem nexo, você não foi obrigado, isso você não pode dizer, ninguém obriga um homem a ter uma ereção, como se justifica o fato de ter ficado de pau duro, de ter metido numa puta qualquer e gozado nela, hein me conta seu viado mentiroso?

Mateus: Vai a merda Luis. Não acredito que eu ainda pensei em te pedir perdão até de joelhos, some da minha vida, vai atrás do Celinhoo lá certeza que ele deve ser melhor do que eu e não vai te trair...

Mateus saiu correndo, chorava o tempo todo, Luis estava irritadíssimo, não conseguia mais chorar, sua expressão era de ódio, de raiva, Mateus passara dos limites querer enganá-lo com aquela história de vítima era o fim da picada.

Luis correu atrás do garoto e o alcançou próximo à entrada do estacionamento, o menino não corria apenas andava de cabeça baixa e devagar, parecia que queria passar despercebido pelas pessoas ali presentes. Luis o pegou pelo braço e o virou a força.

Luis: Me fala seu merda... Me fala olhando nos olhos que você não sentiu prazer com a prostituta com quem se deitou...

Mateus: Me solta Luis... Me solta seu louco... Você esta machucando meu braço...

Luis: Anda responde... Fala desgraçado...

Mateus: Me solta, por favor... (já chorando)

Fernando: Solta ele maluco, não ta o ouvindo pedir?

Luis se virou pra ver quem era o louco que se intrometia, e se deparou com um armário, um rapaz de uns vinte e seis anos, alto, muito alto, grande, enorme. Músculos saltados na camiseta apertada, uma cara de mal adornada por uma barba por fazer, e um olhar de poucos amigos, um olhar verde esmeralda.

Luis: E quem é você pra mandar em mim fdp, é o namoradinho dele por acaso?

Fernando: Namoradinho o escambau, e já disse pra soltar o Mateus cara, ou tu solta o meu irmão ou lhe parto a cara viado...

Luis: Irmão? Então finalmente conheço o troglodita que se acha dono do irmão!

Fernando: (olhando para Mateus que chorava de rosto baixo) Mateus quem é esse manezão cheio de onda, o que ele te fez, me conta seu molenga!

Mateus: Nando... É o Luis... Meu amigo, ele não me fez nada, me leva embora...

Nando: Luis? Então você é o viado do telefone, tu quase atrapalhaste a foda de estréia do maninho ai maluco, porra tu é chato pra caralho hein! Para de perseguir meu maninho. Parece viado, meu irmão é macho seu porra loca, ele não ta afim de ti viado, vai pra rodovia caçar um caminhoneiro carente ai que queira meter nesse buraco negro que tu chama de cu!

Luis: Vai à merda seu enrustido, tu que não passa de um viadinho de academia que deve adorar pegar ferro e meter no rabo!

Nando: Olha isso aqui doido, ou tu cala a boca e deixa meu irmão em paz e eu também ou tu vai conhecer a força dele (mostrando os bíceps)

Luis: Típico desses enrustidos mostrar os músculos como prova de força, sabe o que dizem de bombados, músculos grandes, pintinho ó (fazendo sinais com os dedos de pequeno)

Nando: Porra tu agora me deixou grilado, vai conhecer a força do Fernandão!

Fernando partiu com tudo para cima de Luis, o outro nem viu a placa do caminhão, apenas se sentiu atropelado e caindo no chão, Nando o atingiu em cheio, um soco certeiro no olho direito, e Luis foi à lona, caiu sentado no meio do estacionamento, algumas pessoas que estavam próximas pararam e ficaram apenas olhando, nenhuma se manifestou, Luis estava no chão aturdido, sua cabeça doía muito, não pensou em revidar, não tinha forças pra isso, Mateus apenas olhava a cena com a mão na boca, como se tivesse levado um susto, nem ele esperava por aquela atitude de Fernando.

Nando: Agora seu baitola, vê se fica longe do meu irmão... Ou eu acabo com sua raça...

Luis: Vai a merda bicha burra...

Nando: Desgraçado!

Nando chutou Luis, acertando em cheio as costelas do rapaz que em um espasmo de dor, sangrava pela boca, mas Fernando não estava satisfeito, ainda chutou o rapaz mais duas vezes, Luis agora deitado tentava apenas proteger a cabeça, não tinha forças pra dizer nada, nem mesmo pra chorar, Mateus acompanhava a tudo calado, seu choro constante havia cessado e agora apenas olhava toda a cena como se visse um filme na televisão, os seguranças do campus chegaram e separaram a briga, prometeram chamar a polícia, e Nando mais rápido o possível, saiu bufando e puxando o irmão que nada dizia ou fazia a não ser acompanhá-lo.

Luis olhava do chão seu namorado ir embora, não acreditava que Mateus era tão passivo assim quando o assunto era o irmão, ou aquilo era medo ou era simplesmente o garoto não se importava com Luis, ninguém que ame outra pessoa a deixaria passar por tudo aquilo.

Manuela e as outras garotas ao saberem de uma briga correram para o estacionamento, assim como metade do campus acadêmico que não estava em aula. Ao se aproximarem da aglomeração em volta de Luis e o verem ali, entraram em choque, o garoto sangrava, seu olho estava inchado, havia um pequeno corte no supercílio, de sua boca saia grande quantidade de sangue.

Laila: Luis, meu Deus quem fez isso com você? (Já chorando)

Luis: Não importa... Por favor, me ajuda a chegar até meu carro...

Manu e Jana não diziam nada apenas observavam de longe o péssimo estado em que se encontrava o amigo. Laila o ajudou a se levantar, as pessoas ainda apontavam e cochichavam sobre a briga, algumas riam do estado em que Luis se encontrava.

Manu: Vai tudo a merda, seus abutres por que não vão cheirar o cu um do outro, bando de a toa, ajudar não dá né, mas ridicularizar uma pessoa covardemente atacada isso pode né.

Cara: O vadia culpa o amiguinho dele, não fui eu que bati nele...

Manu: O que quer dizer com isso seu bosta?

Cara: Se toca baranga, foi o irmão do cabeludinho que fez isso com ele, parece que esse viado ai tava pegando o baixinho lá...

Manu: Vai à merda seu bosta, olha o que tu fala que meu amigo ali é advogado e pode te processar por calunia sacou?

Manu correu até o carro, onde Luis teimava em dirigir, sempre fora esperta acima dos demais. Como um raio atingi uma arvore em dias de chuva, suas idéias foram eletrificadas com uma certeza, aquilo tudo era culpa sua, Mateus havia se chateado desde o inicio da aula, quando ela contou sobre Luis e o garoto na boate, e agora ele havia saído chorando, tava na cara, Mateus gostava de Luis.

Luis estava no carro brigando com Laila queria por tudo ir embora dirigindo, mas no seu estado deplorável seria uma péssima ideia, Laila não dirigia, Jana estava inerte, parecia fugir daquilo, não queria colaborar com aquele ato de selvageria, abominava qualquer tipo de violência, e não ajudaria nem mesmo o amigo, pois sabia que ele buscaria vingança se saísse dali.

Manu: Xá comigo que levo o molenga ai, moro perto mesmo aproveito e pego carona com o detonado...

Laila: Eu vou junto!

Manu: Amigaa se toca tu mora do outro lado da cidade, e depois como vai voltar pra casa? Vai Luis sai daí... Anda porra... Tu queres ou não ir embora...

Luis saiu do carro e entrou pelo lado do passageiro, Manu apenas acenou para as amigas e levou o garoto até o pronto socorro mais próximo, mesmo a contragosto de Luis, ali ele foi atendido e recebeu pontos e curativos, pelo menos nada sério havia sido atingido, exceto sua honra.

O caminho pra casa foi em silêncio Luis tentava achar algo que o fizesse odiar Mateus, mas não encontrava resposta, tudo no garoto o encantava, tudo o inebriava, chorava baixinho não queria que a nova amiga o visse naquele estado.

Já no prédio de Luis, Manuela o acompanhava até em casa, queria se certificar de que o rapaz ficaria bem e que não sairia à procura de vingança ou fizesse qualquer outro tipo de besteira, mas isso passava longe da cabeça de Luis, ele não pensava em se vingar, ou mesmo de se auto flagelar, estava ciente de que o culpado de tudo era Mateus e apenas queria distância do garoto problema.

Luis: Meu Deus... Minha tia eu não avisei que voltaria pra casa, ela ficou na faculdade, tenho que voltar pra buscá-la...

Manu: Não se preocupa enquanto estava sendo atendido, telefonei para a Janaína e pedi que avisasse que você já tinha vindo.

Luis nada disse apenas procurava entender por que da garota o estar ajudando com tanto afinco, os dois já tiveram oportunidades de se conhecerem e ambos não a aproveitaram, mas agora a garota não só o ajudava, mas era realmente sua amiga.

Já diante do apartamento Luis ouvia risadas, e uma voz de homem desconhecida, no seu interior a certeza de que aquela voz era de Leo, aniquilava qualquer força que ainda restará.

Destrancou a porta, e como um raio seguiu direto para o quarto, Raul, Laís e Leo estavam na sala conversando apenas olharam para o vulto que passou por ali sem entender nada, Manuela estava parada na porta não sabia o que fazer, mas como sua marca registrada era o descaramento já foi entrando e dizendo.

Manu: Boa noite família do Luis!

Laís: Boa noite... Você quem é?

Manu: Eu... Eu... Sou a namorada do Luis, prazer Manuela...

Laís: Tu me parece conhecida...

Manu: Tia sou filha da Karina que foi professora do Luis... O senhor lembra de mim né tio Raul?

Raul: Lembro sim menina, tua mãe já trabalhou comigo!

Manu: Pois é... Deixa eu ir atrás daquele outro ali...

Leo: Espera. O que era aquilo no rosto do Luis?

Manu: E quem é você garoto observador?

Leo: Sou o irmão mais velho dele...

Manu: Então cunhadinho, meu namo se meteu numa briga ai com um cara que deu em cima de mim e levou a pior... Mas deixa eu ir lá cuidar do meu gatinho...

Manu era ótima atriz, Laís apenas observou, o comentário só veio após a ausência de Manu, estava indignada, o filho até ali jamais falará de namorada e agora tudo indicava que os dois já ficavam desde a época do curso de Direito, e o pior estava se metendo em brigas, ele que esperasse no dia seguinte ouviria umas boas.

No quarto, Manu observava o amigo deitado na cama, ainda levava os sapatos e calça jeans.

Manu: Luh me conta, essa briga foi culpa minha não foi?

Luis se levantou assustado, não entedia o porquê da pergunta, apenas olhava desconfiado para a amiga que sorria.

Manu: Não precisa confirmar se não quiser, mas você e o Mateus são namorados não é? Se não namoram um gosta do outro, e tudo isso foi por ciúmes do Mateus por causa do garoto da balada não é...

Luis: Que isso Manu, ta louca, eu sou homem, gosto de mulher, a briga foi por que o irmão do Mateus havia me ofendido outro dia por telefone e eu fui tirar satisfações, aquele covarde me agrediu na covardia...

Aquilo era uma meia verdade, mas Manu não engoliu aquela história, apenas sorriu para o amigo, caminhou até ele e lhe beijou a testa.

Manu: Olha eu agora sou tua amiga, se quiser desabafar pode contar comigo, prometo nunca contar a ninguém, não precisa ter vergonha tenho vários amigos gays, agora fica bem ta, descansa e amanhã a gente se fala... Vou deixar meu numero e meu MSN aqui qualquer coisa me procura...

Luis: Obrigado Manu, pode deixar que ligo sim...

Manu saiu do quarto do rapaz, e quando passou pela sala ainda disse.

Manu: Família linda vou indo nessa, o garotão lá precisa descansar, outro dia fico mais tempo e a senhora minha sogrinha me prepara um café... Beijinhos a todos.

Alguns minutos após a saída triunfal de Manuela, a campainha toca, incrível como aquele porteiro estava desleixado, deixava qualquer um subir sem avisar.

Foi Leo quem atendeu a porta.

Leo: Pois não?

Laila: Oi, o Luis está?

Leo: Esta sim, quem gostaria?

Laila: Laila a namorada dele, posso entrar?

Leo: Pode sim! (risos irônicos)

Raul: Quem é Leo?

Leo: É a Laila namorada do Luis...

Raul: O que? Outra?

Laila: Outra?! Que outra?

Leo: Não é nada, não de bola pro meu pai, pode entrar, tu sabe onde é o quarto dele?

Laila: Sei sim, já vim aqui antes, obrigada!

Laila entrou no quarto de Luis, o garoto estava deitado como da última vez, de barriga pra baixo, Laila se aproximou como antes, sentou-se na cama e colocou-se a afagar os cabelos lisos do rapaz, este por sua vez apenas recebia os toques acreditando ser sua mãe, mas a garota foi mais ousada e lhe mordeu a orelha, como assim, sua mãe não lhe dava mordidinhas na orelha, virou o rosto pra ver quem era e se deparou com o sorriso de Laila.

Luis: Laila... O que você ta fazendo aqui?

Laila: Vim cuidar de você meu amor... Você pode dizer que não me quer, que me vê apenas como amiga, mas o sentimento que tenho por você não me deixaria dormir sabendo que esta precisando de carinho.

Luis não disse nada, a carência era grande demais, e diante de uma declaração como aquela, não lhe restou duvidas do que fazer. Estirou a mão para Laila que prontamente a pegou, Luis se sentou e buscou os lábios da garota, foi quente, foi apimentado, foi uma transa hétero que me poupo de narrar os detalhes ou se quer imaginá-los, essa é uma parte que gostaria de pular, mas infelizmente ela é parte essencial de todo o conto, apenas saibam que a transa foi prazerosa para os dois.

Luis estava deitado com os braços atrás da cabeça, Laila acariciava seu peito, enquanto beijava seu pescoço, a felicidade da garota era enorme, mas como tudo na vida tem dois lados, como nada é bonito e bom pra sempre aquela felicidade estava com os segundos contados, era necessário apenas uma deixa da garota, para que Luis mostrasse seu pior lado, o lado cruel, o lado frio, o lado vingativo.

Laila: Amor, isso quer dizer que estamos namorando?

Luis: Aff... Deixa de ser burra garota, eu namorar com você?

Laila se surpreendeu com o rapaz, ate ali ele havia sido o mais gentil e carinhoso possível, havia demonstrado que gostava dele, e havia dito isso também, enquanto a penetrava, não cansou de dizer eu te amo, como você é gostosa, e agora estava ali a ofendendo.

Laila: Eu não estou entendendo...

Luis: Eu que não entendo você garota, eu lhe disse muito bem que só poderíamos ser amigos, mas você não se contentou com apenas isso, como boa bisca que é, precisava me usar, precisava me ter. Pois então, te dei o que queria, agora vaza vagabunda, tu não tem mais nada pra fazer aqui, amiga minha tu não é mais, e muito menos namorada, quando quiser uma fudida novamente te procuro...

Laila: Por favor, diz que você ta brincando, não faz isso comigo, eu te amo, te amo garoto...

Luis: Sai do meu quarto sua puta, não quero te ver nem pintada de ouro, some daqui agora!

Laila chorava como jamais pensou que choraria Luis a humilhou como jamais havia sido humilhada, vestiu-se às pressas e saiu ainda chorando, Leo e Raul ainda estavam na sala e viram a garota passar correndo em direção à porta, ficaram surpresos, pois a garota ainda estava sem a parte de cima da roupa, com os seios de fora.

No quarto Luis se lembrava do que havia feito, sentiu pena da garota, mas enquanto ela não se decepcionasse com ele, não deixaria de gostar, e isso era um problema principalmente por que ele já amava outra pessoa, por outro lado achava que tinha feito o certo, ela era super amiga de Mateus e lhe contava tudo que acontecia, não demoraria para ele saber, e agora sim ele poderia dizer que chifre trocado não dói, jamais quis se vingar, mas a chance lhe surgiu e ele apenas aproveitou. Pode ter sido sacanagem, pode ter sido crueldade, mas naquele momento com toda a raiva que sentia da vida, nada lhe pareceu mais certo a se fazer.

Mas essa atitude traria um preço alto a se pagar, logo ele descobriria que ferir assim alguém não passaria impune, e sua vida se tornara um caos...

Luis estava em seu quarto, deitado em sua cama olhava o teto e imaginava o que aconteceria dali em diante, sua vida antes tão amena e calma agora estava uma tempestade só, seus pensamentos estavam a mil, mas um choque de medo o atingiu em cheio.

Batidas em sua porta, alertavam que mais uma pessoa não convidada pedia para entrar em seu quarto, chegou a pensar que era Mateus, mas suas duvidas tiveram sua resposta tão breve como um piscar de olhos, ouviu seu nome ser pronunciado pela voz que jamais pensou que ouviria novamente, Leonardo o chamava e pedia para entrar, não queria responder, não queria vê-lo, e muito menos falar com ele, a porta estava destrancada, então não lhe restou alternativa a não ser fingir que dormia, e assim o fez.

Leo: Luis... A porta estava aberta e eu fui entrando... Você quer mesmo me convencer que dorme... Olha mano tu pode tentar fugir dessa conversa, mas uma hora ou outra teremos que resolver nossa situação... Ta na hora de enterrar o passado...

Luis fingia dormir, não se importava se o ex-irmão acreditava ou não, apenas não queria vê-lo ou falar com ele, já tinha problemas demais para um fantasma do passado retornar para atormentá-lo, era muita ousadia de Leo achar que seria assim tão fácil esquecer o passado, ele não sofreu nada comparado a Luis, talvez tenha causado dor ou apenas certo incomodo a surra de cinto, mas o trauma e a visão do que ele fez a Luis ainda estava bem vivo.

Luis sabia que não conseguiria fugir de Leo, sabia também que teria que se explicar no dia seguinte, e não tinha a mínima ideia do que dizer sobre a tal briga, poderia ate mentir e dizer que era por causa de Manuela, mas sua mãe o conhecia bem e sabia que ele não era capaz de sustentar uma mentira por mais do que dez minutos, havia também a historia de uma namorada e uma amante em seu quarto, sem mencionar que os gemidos que tanto ele como Laila deram no quarto deveriam ter sido escutados do quarto dos pais.

Sem saída de qual caminho tomar, encontrou a saída mais simples, evitar qualquer questionamento, evitar um enfrentamento, iria fugir.

Um cara daquela idade não poderia assim simplesmente fugir, iria então sair de férias, era isso, a melhor ideia que teve até então, iria visitar o pai no interior, regressar a cidade onde sofreu tanto nas mãos de Leo, chegou a se queixar do pai ter vindo do sul para morar novamente em Goiás.

Um tempo longe de tudo e de todos seria a solução, usaria esse tempo para colocar as idéias no lugar e se firmar diante dos últimos acontecimentos.

Levantou-se, juntou algumas roupas, material de higiene particular, carteira e saiu pé ante pé, desejava com todas as suas forças não encontrar Leonardo na sala, e por sorte este não estava ali, ficou em duvida onde o rapaz estaria, já que não estava no quarto dormindo, não estava na sala e nem na cozinha.

Menos mal, seria um a menos a se ver naquela noite. Na cozinha escreveu um bilhete dizendo à mãe que iria visitar o pai, que estava com saudade e também que precisava de tempo para colocar as idéias no lugar, pediu desculpas por não se despedir antes de ir, e por abandonar a tia em relação à faculdade, por fim colocou o bilhete na geladeira e saiu.

Estava finalmente longe de casa, a caminho do interior, a cada quilometro percorrido se sentia livre, era como se deixasse para trás qualquer dúvida, qualquer dor que carregasse, seguia em frente sempre, a cidade de seu pai estava a cem quilômetros da capital, sabia que se fosse rápido chegaria ainda de madrugada, então resolveu pernoitar em uma das cidades do caminho e seguir viagem de manhã.

Ali mesmo no carro estacionado na área aberta de um posto de gasolina adormeceu, durante o sono, teve alguns pesadelos todos com Leo e Nando, os dois estavam vestidos de vilões conhecidos da infância de Luis, Leo era esqueleto de He-Man e Nando era curinga de Batman, o diferencial era seus corpos fortes nas vestimentas apertadas, era ate um pouco cômico, se Luis não se visse pendurado pelas pernas sobre uma máquina de moer pedras, os dois vilões riam do desespero de Luis e apontavam para a platéia que assistia a tudo alegremente, em um canto via Mateus de cabeça baixa, segurando uma tesoura que servia para cortar a corda que o prendia soltando diretamente no centro da moenda.

Bem no centro da platéia estava Laila vestida de Mulher Gato, estava linda de negro e ria como se estivesse vendo a mais engraçada comedia de todos os tempos.

Mateus chorava, mais obedecia as ordens do irmão e se preparava para cortar a corda quando Luis acordou com a buzina de um caminhão que estacionava ao seu lado, agradeceu a Deus pela indelicadeza do caminhoneiro, e viu os estragos daquela noite turbulenta, estava todo molhado de suor, com dor no pescoço pela posição em que dormiu no banco traseiro e o forro da poltrona do motorista furada, possivelmente provocado pelos chutes que deve ter dado ali.

Luis saiu, procurou o banheiro lavou o rosto, comprou dois pães de queijo na lanchonete e seguiu dirigindo até a casa de seu pai, foram meia hora de caminho e avistou a entrada de sua cidade, era uma sensação nostálgica retornar aquele lugar, mas se sentia protegido longe de seus vilões que buscavam destruí-lo a todo custo.

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