O HERÓI QUE ME AMAVA - CAP 1: ENCONTROS

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 2388 palavras
Data: 28/05/2024 04:16:14

OI, GENTE. ADIVINHA QUEM VOLTOU? ISSO MESMO. EUZINHO. SABE O QUE EU PERCEBI? ESTOU NA CASA DOS CONTOS DESDE 2012. O PRIMEIRO ROMANCE QUE ESCREVI FOI 'A HISTÓRIA DE NÓS TRÊS', NA ÉPOCA, EU USAVA O NOME O CODINOME 'MY WAY'. ENFIM, DE LÁ PRA CÁ, SE FORAM MAIS DE 10 ANOS. ESTOU FELIZ QUE JÁ ESCREVI MAIS DE 17 HISTÓRIAS PARA ESSA PLATAFORMA. E ESPERO ESCREVER MAIS. EU CONTO MUITO COM O VOTO DE VOCÊS, OS COMENTÁRIOS DE VOCÊS E O APOIO DE VOCÊS EM MAIS ESSA HISTÓRIA. SEGUE A SINOPOSE:

"O Herói que me Amava" narra a história de Otávio Lourenço, um jovem de 19 anos que vive em um universo onde super-heróis são reais. Otávio carrega consigo uma aversão profunda aos super-humanos devido a um trauma do passado. No entanto, o destino o une com Leonardo Müller, um modelo de sucesso que guarda um segredo crucial: ele é um super-humano e faz parte de uma equipe de heróis composta por sua família.

A trama mescla romance, ação, comédia e intensas cenas de confronto. Enquanto Otávio e Leonardo tentam se entender em meio a segredos e perigos ocultos, eles são levados a confrontar suas próprias crenças e superar desafios que ameaçam suas vidas e a estabilidade do mundo em que vivem.

Ao longo da história, os protagonistas enfrentam dilemas morais, descobrem o verdadeiro significado da coragem e aprendem a confiar um no outro enquanto lutam para sobreviver em um mundo repleto de perigos e segredos. "O Herói que me Amava" é uma história emocionante que cativa o leitor desde a primeira página, levando-o a uma jornada de autodescoberta, aventura e romance.

NARRADOR: OTTA

A última coisa que eu lembro foi da minha mãe gritando por mim. Entre tiros e explosões, tive o vislumbre da minha família. Estavam desesperados, por sorte, ou na verdade, azar, alguém conseguiu me empurrar da ponte. Juntos, caímos dentro de um rio.

Não lembro quem era a pessoa, mas agradeço até hoje. Dentro da água, vi um clarão vindo de cima. Não pensei em nada, apenas nadei em direção à margem.

A ponte da Esperança era um dos maiores símbolos da cidade de São Paulo. Em segundos, a destruição se fez presente. Carros engavetados, pessoas correndo desesperadas e um monstro de fogo.

De repente, um faixo de luz brilha no céu e a ponte desmorona. Eu era apenas uma criança, não deveria passar por aquele tipo de sofrimento. Em um único dia, perdi meus pais e irmã. Tio Ronaldo gritava em desespero, chamando pela minha tia e primos.

Alguém me abraçou, de início tentei fugir, mas era apenas o tio Ronaldo. Ele estava irreconhecível, pois uma labareda do monstro o atingiu.

Realmente, aquele dia foi o pior da minha vida. Ficamos olhando para os pedaços da ponte, que se desprenderam e cairam no rio. No fundo, eu tinha esperança de que a minha família ainda estivesse viva.

Não demorou muito para o socorro chegar. Tio Ronaldo havia cortado a perna e batido a cabeça, além de ter parte do braço queimado. Eu tinha apenas uma queimadura superficial no braço, acho que o meu coração é que estava dilacerado.

Na televisão, pude ver o motivo da ponte ter desabado. Aniquilação, um lunático e assassino, escapou da prisão, mas foi detido pelo Super Grupo, um tipo de organização de super-heróis. De quem era a culpa? Do Aniquilação? Dos heróis? Ou da minha família? Afinal, estávamos no lugar errado, na hora errada.

Agora, no mundo todo, a única pessoa que eu podia contar era o Tio Ronaldo. E confesso que ele fez um bom trabalho, mesmo tentando ocupar a mente com outras coisas. A gente ganhou uma indenização do Governo, mas aquele dinheiro não traria nossos familiares de volta, né?

Em vez de chorar e lamentar, Tio Ronaldo levantou as mangas e investiu parte do dinheiro em uma franquia de restaurantes. Graças a Deus, ele nunca me deixou faltar nada, quer dizer, em alguns momentos, eu me sentia sozinho, entretanto, graças a Malu, a secretária que ele contratou, eu tinha alguém para conversar.

— Boa noite, Otta. — falou meu tio entrando cheio de sacolas.

— A lista da Mallu estava grande? — perguntei o ajudando.

— Como você pode ver. — ele disse mostrando as sacolas. — Ei, eu trouxe aquele sushi que você adora, viu.

— A gente pode comer junto, se o senhor quiser.

— Filho, hoje não dá. Estou com várias planilhas para fazer. Desculpa, viu. Ah, pode guardar essas compras, por favor. — colocando tudo no balcão.

Eu não culpava o meu tio por tentar amenizar a dor de perder a esposa e os filhos. Eu mesmo, por exemplo, não conseguia evitar o fato de não ter mais meus pais comigo. Todas as noites eu olhava os vídeos e fotos da minha família. E todas as noites eu morria um pouquinho.

Minha rotina não era tão corrida, quer dizer, na faculdade, eu fazia o melhor que podia, mas a única matéria que eu gostava era projetos, ou seja, sempre me lascava. É um dos contras de estar no segundo período de Cinema.

Para espantar o espírito da solidão, decidi abrir um canal no YouTube, e não é que deu certo? Hoje, conto com mais de 2 milhões de seguidores e o número só cresce. Até descolei uma agente para cuidar das minhas redes sociais, a Dora Alice, isso mesmo, o nome dela é Dora Alice.

No meu canal chamado "Otta na Área", falava sobre um pouco de tudo, música, comportamento, livros e, até mesmo, umas esquetes que pegavam no pé dos heróis. Esses caras eram um fenômeno no Brasil, e para não sair como o "vilão" da história, tipo, fazia protestos disfarçados de humor.

Esse foi um dos motivos de eu decidir ingressar no curso de Cinema. Queria explorar mais o audiovisual e quem sabe no futuro gravar um filme sobre os verdadeiros vilões da cidade, os super-heróis.

Na faculdade, sou meio que uma celebridade, tá bom, estou mais para uma subcelebridade, no mesmo nível de um ex-bbb que sai na primeira semana, sabe. Tenho alguns amigos, mas os meus melhores amigos são o Raul e o Cláudio.

Tive um rolo com o Raul, só que achamos melhor ficar apenas na amizade, vez ou outra, nós temos um revival, ainda mais quando bebemos.

No primeiro dia de aula, a gente decidiu não ir. Eu queria comprar uns equipamentos de gravação novos, então, fomos ao shopping center. Raul fazia um sucesso considerável. Todos, homens e mulheres, olhavam para ele. Quem não gostava muito disso era Cláudio, que tinha um crush nele. Inclusive, ficou muito chateado quando descobriu que nós tínhamos um lance.

Adorava pesquisar novos equipamentos eletrônicos de gravação. Como meu canal estava monetizando bem, quis trocar a maioria dos materiais do meu estúdio. Graças a Deus, que os meus amigos foram comigo, eu não daria conta de tantas sacolas. Achei engraçado, o Cláudio, carregando três sacolas gigantes, de nós, ele é o mais baixinho.

— Migles, cuidado. Não vai quebrar minha ring light. — pedi abrindo caminho para Cláudio.

— Claro, senhor. Sempre sou cuidadoso. — ele reforçou piscando para mim.

De repente, a gente se viu em um show que estava acontecendo na praça de alimentação do shopping. Ficou difícil de andar e acabamos desistindo de enfrentar a multidão. Cláudio se informou com as adolescentes que gritavam em exaustão, mas nada conseguiu. Já Raul teve mais sorte e descobriu o motivo de tanto alvoroço.

— Um evento do Léo Müller! — falou Raul, quase gritando devido ao barulho excessivo das pessoas.

— Léo quem? — questionei.

— Ele é um boy magia que é modelo. — explicou Cláudio, deixando as sacolas no chão.

Jamais enfrentaríamos aquele "mar" de adolescentes desesperadas. Elas gritavam, choravam, e sério, nada estava acontecendo para tal comportamento. Como havia acabado de comprar o meu equipamento, tive a ideia de gerar conteúdo para o meu canal. Enquanto a gente esperava pelo início do evento, tirei a câmera e instalei o microfone da melhor maneira que pude.

NARRADOR: LEONARDO

A minha vida é um aglomerado de acontecimentos aleatórios. Sou filho de dois heróis que dedicavam o seu tempo para cuidar da cidade. Confesso que os ajudo em algumas missões, assim como a minha irmã mais velha. Não somos um exemplo de família, mas nos damos bem, na maior parte do tempo. Sempre me senti diferente dos outros, e não, não estou falando dos meus poderes. É algo muito maior.

Naquela tarde, eu faria o lançamento do meu primeiro perfume em um shopping da cidade. A organização preparou um camarim improvisado, mal coube a minha equipe, mas aquilo era importante para a minha carreira artística. O meu agente entrou animado demais, ele trouxe algumas amostras do perfume, e cara que aroma agradável, escolhi os ingredientes certos.

— Você vai arrasar. Soube que tem até um youtuber na plateia. — ele avisou batendo palmas.

— Sério, quem? — perguntei, enquanto passava o perfume.

— Ele se chama Otta Lourenço. Se quiser, podemos conseguir uma entrevista. Que tal?

— Não sei, Murillo. Você precisa avaliar se o conteúdo dele é legal, sabe? Muitos youtubers acabam cancelados em algum momento. — alertei, colocando o perfume sob a mesa.

Entrevista. Mais uma para conta. Em apenas dois anos de carreira, já participei de umas duas mil entrevistas, no início achava demais, mas com o tempo, percebi que era a maior furada. A ideia que tive? Em todo o lançamento de produto ou desfile, eu fazia apenas uma coletiva de imprensa. Assim, evitava responder a mesma pergunta umas 40 vezes. Claro, que existiam as exceções, raras, porém, existem.

Murillo, o meu agente, adorava uma entrevista, principalmente, quando o assunto podia bombar nas redes sociais. O conheci através de uma amiga, e ele guarda dois grandes segredos meus, por isso, estamos juntos até hoje. Ah, e também porque eu salvei a vida dele umas cinco vezes.

Comecei a ensaiar o meu discurso, sou péssimo com palavras, o Murillo é responsável por tudo o que eu falo, até mesmo em apresentações formais, sigo um roteiro para não correr o risco de falar alguma baboseira. Só que dessa vez, ele caprichou. Haviam ali, pelo menos, umas cinco palavras que eu não conhecia. Eu as risquei para não gaguejar na hora do pronunciamento.

Fiquei tão concentrado, que não percebi um grupo de garotos entrando no camarim. Murillo chamou a minha atenção, quando levantei a cabeça, o meu coração parou por alguns segundos. Eu o vi pela primeira vez. Ele era perfeito. Sem graça, Murillo, estalou os dedos, como se eu fosse um cachorro e me apresentou ao Otaviano Lourenço.

Que garoto lindo, Jesus. Eu, dificilmente, ficava sem jeito na frente dos outros, mas ele me pegou de jeito. A gente conversou um pouco, enquanto, seus amigos preparavam os equipamentos, notei que eram novos, ainda estavam dentro da caixa, até mesmo, o cartão de memória. Eu ia estrear eles. No fundo, fiquei lisonjeado.

Otta, de 19 anos, bonito, cabelos loiros, algumas sardas no rosto e um porte físico invejável. Seus óculos eram amarelos, uma cor chamativa, igual ao seu sorriso. A gente fez uma pré-entrevista, mais para se conhecer do que outra coisa. Ele anotou tudo no celular, quase pedi o número dele, mas alguém atrapalhou.

— Com licença. Preciso verificar se está tudo sob controle. — ele pediu me deixando sozinho.

— Estou animado com essa entrevista! — gritou Murillo me dando um tapinha na costa, e logo em seguida, arrumando meu cabelo.

— Espero que sim. Vai ajudar bastante na divulgação do perfume. — comentei. — Você viu se ele reparou em mim? — perguntei.

— Sossega esse faixo, garoto. Você está trabalhando. — Murillo me repreendeu, antes de revirar os olhos.

Não demorou muito e Otta voltou. Ele escrevia alguma coisa no celular, provavelmente, alguma pergunta que seria feita. Seu cabelo refletia a luz do sol, aquilo me acalmava. Antes da entrevista começar, Otta, arrumou os cabelos e mudou a posição dos óculos. Alguém começou uma contagem regressiva e o garoto se transformou. Se antes ele estava fofo, agora parecia outra pessoa, no bom sentido, é claro. Super seguro e profissional, fiquei impressionado.

Otta começou fazendo um pequeno histórico da minha vida. Em seguida, mostrou o frasco do perfume, até espirrou para sentir o cheiro. Não sei se ele gostou de fato, mas atuou bem, eu mesmo compraria o meu próprio perfume após conferir a reação do Otta. Sério, fazia tempo que uma entrevista era tão legal. Nem notei o tempo passar, segundo a produção foram 15 minutos de entrevista.

— Obrigado, Otta. — agradeci pegando em sua mão e sorrindo freneticamente, acho que o assustei.

— Sem problemas. Vou publicar hoje mesmo, tinha planejado uma live, mas eu faço no sábado. — ele explicou, mais uma vez anotando algo em seu celular.

— Tudo bem. Vou assistir, curtir e compartilhar, como você mesmo falou. — comentei, tentando procurar outros assuntos para chamar a atenção dele.

Dois garotos se aproximaram, se chamavam Cláudio e Raul. Eles pediram para tirar uma foto, e eu, prontamente, aceitei. Em seguida, pedi para o meu fotógrafo registrar uma minha e do Otto. Não fui besta, e pedi o @ dele. A nossa conversa foi cortada, o evento começaria de fato.

Uma gritaria, quase fico surdo. O carinho dos fãs era a melhor parte do meu trabalho, nunca reclamado, mas às vezes, eles passam do limite. Cheguei no palco, fiz o meu discurso e mostrei o perfume. Me preparei para a sessão de autógrafos com alguns fãs que ganharam um sorteio do Centro de Compras.

Flash, gritos e calor. De repente, senti uma coisa estranha. Isso acontecia quando alguém perto de mim precisa de ajuda. Geralmente, escutava o pensamento da outra pessoa. Naquele caso, era uma garota. Ela usa uma faixa "Te amo, Léo" na cabeça. Os seus batimentos estavam ficando acelerados e irregulares. Deixei o perfume de lado, desci para o meio da plateia e seguro a tal moça. Era um ataque de pânico, quase certeza. Com apenas uma mão, subi ao palco e a produção a levou para os paramédicos.

Os fãs ficaram boquiabertos. Droga, o Murillo me fuzilou com os olhos. Um minuto de silêncio constrangedor, até que a plateia explodiu em palmas e gritos. Eu acenei na direção deles, quase surtando de tão preocupado, mas em nenhum momento deixei transparecer nervosismo.

— Puta merda, Leo. — murmurou Murillo ao meu lado, figindo que me passava alguma informação importante. — Espero que seus pais não tenham visto isso.

— Relaxa. O que demais pode acontecer? — questionei. E esse, meus amigos, foi o meu maio erro.

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