No outro dia, fui para o banho, já havia percebido, que pelo menos este ano era aprender, para começar o novo ano na nova escola minimamente de igualdade com todas as meninas.
Saindo do banho, passei um creme no corpo, o cheiro me elevou o espírito, fui de toalha presa nos seios até o armário, abri a porta onde ainda tinha minhas roupas de menino, meu olhos desviaram para toalha, balancei a cabeça negativamente, fechei a porta. Abri a outra, com as roupas de menina, tirei uma calça justa, uma camiseta baby look, peguei um conjunto de calcinha e sutiã brancos, fui até a porta do quarto e tranquei.
Fui colocando a calcinha, prendi meu pênis e outras partes como a menina falou, mas sem usar a calcinha especial, daí vesti o sutiã, ajustei as tiras para meu busto, definitivamente tinha que cuidar deles, percebi que cada roupa nova era necessário ajustar, tentei vestir a calça, foi só quando desequilibrei e caí na cama que percebi que deitado era mais fácil, deu certo. Passei um perfume antes de colocar a camisa, o mesmo com o desodorante. Vesti a blusa pequena, acima do umbigo. Calcei meia soquete rosa e o tênis branco. No banheiro, parei um tempo me olhando, buscando traços masculinos e femininos, tinha ambos, primeiro passei um batom, isso já mudou, ai fui no quarto peguei uma tiara, não deu certo, vi que talvez um rabo de cavalo resolvesse, fiz, meio sem muito jeito. afinou muito meu rosto, peguei o lápis de olho, no celular revi o tutorial de antes e tentei fazer igual, ou pelo menos minimamente igual, para mim já era uma conquista, novo olhar no espelho, dei um passo para trás, não foi suficiente, voltei ao quarto para me olhar por inteiro no espelho, reflexo me deixava confuso, voltei ao WC.
Realmente batom e lápis, mudaram um pouco mais, passei o rímel, esse quase morri de ódio, quase 10 minutos para cada olho, que saco mentalmente pensei, fui na minha mesa onde tinha ficado um estojo e achei o brinco pingente, a gargantilha combinando e coloquei as pulseiras, fui pegar o smartphone para tirar uma foto mas mentalmente pensei, essa capa não combinou, era uma capa de celular do exército, dada pelo meu pai, voltei ao WC, sai para o quarto, pois no espelho grande era diferente, agora do quarto estes detalhes deram um novo olhar, tinha um corpo e os adereços visíveis, 1% ou 2% de mim ainda davam traços masculinos, parei, olhei, olhei e olhei.
Voltei pro armário, junto com algumas coisas da farmácia que ela trouxe, achei o que precisava, um tubo branco de esmalte, tinha também um vermelho e outro rosa, achei o branco mais legal, ainda não achava necessário o rosa, ou o vermelho, era minha mente ainda lutando com aquelas coisas que aprendi com papai não serem de homens, nossa que trabalho teria para desconstruir alguns anos de doutrina machista.
Sentei em meu computador, não quis arriscar mesmo por que eu tinha tempo suficiente, então assisti 3 tutoriais de esmaltes, o que mais gostei, coloquei fone de ouvido, velocidade ultra baixa e fiz com calma, uma mão, depois a outra, nova ida ao espelho, agora sim, 0,01% podia ser ainda de um menino. Esperei o tempo que o tutorial disse e fiquei por um tempo me olhando, me aproximava e me afastava do grande espelho de corpo inteiro do armário. Realmente, com um pouco ainda de mais cuidado, ninguém iria perceber o menino que eu sabia que ainda existia ali, abaixo de toda aquela maquiagem, roupas e bijus. Abri a porta, ouvi mamãe no chuveiro do seu quarto, entrei, sentei-me em sua cama, de pernas cruzadas, mãos destacadas do esmalte mexendo no celular, uns minutos depois ela saiu distraída, derruba a toalha ao me ver ali sentada, bom era minha primeira vez vendo mamãe completamente pelada, acho que cada uma de nós tinha um turbilhão de coisas passando pela cabeça, na minha, vi os seios, ok, tirando o tamanho, até que eram parecidos com os meus, sua cintura, impossível comparar, ela era linda, pernas até pareciam iguais, mas meu olhar parou em um detalhe, fixei o olhar ali, em sua vagina toda depilada, me impressionou pelo volume e forma, ela passado aquele instante que nem sei se demorou 1 segundo ou 1 minutos, mas num gesto rápido ela recolheu a toalha e cobriu a sua frente, parcialmente os seios, como não tirava o olho em direção da vagina, tragou de cobrir completamente esta parte.
- FILHAAAAAAAAA, quer me matar de susto, não esperava te encontrar aqui, muito menos assim, é impressão, tô sonhando ou pelo visto temos mudanças?
- Então mamãe, não adianta eu adiar ou tentar qualquer outro plano, acredito que até o fim do ano, terei que aprender tudo sobre ser mulher e aí já no ano que vem, preocupar-me só com os estudos e tentar passar todo ano sem maiores problemas, e daí, no final, iniciamos os protocolos e vamos ver o que nos reserva, ou se tocamos a vida como esta está, ou se meu Eu masculino aflora, ou dá sinais de vida, por que tá difícil.
Mamãe moveu-se sem falar nada, vestiu um roupão e com ele colocou, de forma discreta, a calcinha e o sutiã e começou a conversar comigo, perguntando o que eu tinha em mente.
Eu comecei a falar tudo o que vinha na minha mente, ela foi ouvindo, e eu estava tão eufórica que não vi ela vestir-se, após um momento que ofegante parei de falar ela disse se podíamos juntas montar as estratégias de treinamento, da mudança de menino para menina, pediu para eu ir escrevendo no celular, achei melhor gravar a fala e depois escrevia, assim até ficou mais fácil e rápido, fui gravando no celular tudo, aí já havia batido a fome, descemos, minha primeira aula foi de alimentação, mamãe reduziu minha dose de pão, doces, pois ela também tinha lido nestes últimos dois dias que junto com o crescimento dos seios viriam as celulites e demais gordurinhas por retenção de líquidos que as mulheres odeiam, de uma forma que foi com ela que seria natural, mas comigo por causa dos hormônios e tudo iriam ser mais acentuados.
Fui para meu quarto, reescrevi tudo e sabendo que ela queria algo palpável, imprimi e entreguei em suas mãos. Após ela ler e reler, falou:
- Bom filha, que legal, temos atividades para 2 semanas, mas estamos esquecendo uma coisa.
Eu reli tudo, olhei para ela, e tá faltando o que Mãe?
- Interação social, não adianta treinarmos aqui, você terá que conviver com meninas socialmente, principalmente na escola, e saiba que é muita informação que duas mulheres juntas podem produzir, eu mesma fico tonta com minhas amigas, você terá que saber lidar com este universo de informações.
- Mas estamos sem aula, e agora?
- Bom, até para cuidarmos da saúde, acho que podemos fazer academia, ou dança de salão, aí você escolhe.
- Academia acho que expõe demais, ainda não estou confiante, dança, nós duas né, mas e como faço com os meninos que vierem dançar?
- Filha nas danças estas de academia, vamos numa turma só de mulheres e eu serei tua fiel parceira, tudo bem? Se existirem homens, ou são gays ou suas mulheres levam eles na rédea curta.
- Ah mãe, obrigada, sendo assim aceito, mas aonde isso, aqui no bairro?
- Não, aqui não, definitivamente.
- Por que?
- Confie em mim, vamos nem que seja do outro lado da cidade, mas aqui, seu pai tem muitos amigos na academia, isso chegaria muito rápido até ele, além de que a biscate que está com ele é professora nas duas academias do bairro, uma lá do shopping, então, quero distância.
- Bom, outro problemas é roupas né, não adianta adiarmos, serei 24hs menina, acho que isso requer um arsenal maior de possibilidades né?
- Vixi, criamos um monstro, já está pensando como mulher, mas quer saber, vamos sim, deixa só eu trocar para uma roupa que combine com a sua, afinal não vou sair mulambenta com uma filha assim tão linda né.
O elogio me fez pensar.