Algumas pessoas acreditam que eu deveria ter espancado, torturado e assassinado o amante da minha esposa, fazendo o pagar pelo que fez. Mas, eu vejo a situação de uma forma bem diferente. Imagine que você tem vinte e poucos anos, e tem a oportunidade de comer a mulher mais gostosa da sua vida. Você se importaria se ela fosse casada com um cara que você nem conhece? A maioria das pessoas cairia de cabeça sem pensar duas vezes. Não foi Gabriel que jurou no altar perante a Deus que estaria comigo na pobreza e na doença.
Apesar de não responsabilizar o menino, meu instinto mais primitivo encontrava prazer na sua palidez e no suor que escorria pela testa enquanto ele entrava e se acomodava no banco do passageiro do meu carro. Convencido de que eu estava ali para assassiná-lo, ele observava atentamente. Tirei proveito de sua suspeita, mantendo a mão sempre no bolso da jaqueta, o que gerou um suspense sobre se eu estaria armado ou não.
“Então Gabriel, eu sei de tudo que você fez nos últimos meses. Você é bem jovem, nessa idade eu também fiz as minhas loucuras, sabe? Mas, acho importante a gente sempre se preocupar com a carreira e nossa imagem. Não seria nada bom para você se as pessoas descobrissem que você está fazendo no escritório com minha mulher.”
Sentia-me como um vilão de James Bond, articulando cada palavra lentamente para adicionar um toque de mistério à minha fala. Com o celular em mãos, eu mostrava o vídeo das câmeras de segurança de seu trabalho, provando que minhas ameaças eram legítimas.
“Mas, assim pode ficar tranquilo, por enquanto só eu sei disso, e sou ótimo com segredos. Um dia, e esse dia pode nunca chegar, eu pedirei a você um serviço em troca. Acho que vai ser o melhor para você me ajudar.”
Como uma criança assustada que era, Gabriel não conseguia falar. Empático com a sua situação, apenas exigi que ele balançasse a cabeça confirmando que havia entendido e concordado com os termos do nosso acordo. Ele o fez. Então, eu abri a porta do carro e disse que ele tinha permissão para sair, e ele fugiu do meu carro o mais rápido que conseguiu.
Dia 31 de Outubro. Achei poético que me livraria da minha esposa justamente no dia das Bruxas. Dava quase pena de Bianca nos últimos tempos. Ela estava desolada, em um período curto de tempo tinha perdido a mãe, e agora foi dispensada pelo seu amante. Viu? O menino era esperto e tinha um bom coração, só precisava de um empurrãozinho na direção certa.
Eu me divertia espionando a troca de mensagens entre os dois. Depois da nossa conversa, Gabriel informou que achava melhor os dois não se encontrarem mais, e a reação da minha esposa foi similar à de uma adolescente psicótica. Bianca enviou duzentas mensagens para o rapaz, sem receber nenhuma resposta.
Ela não reagiu nada bem ao término, mal sabia que em breve, estaria de fato solteira. Agora que não tinha mais nenhuma opção, Bianca achou prudente se dedicar mais ao nosso casamento. Como um animal no cio, ela me buscava a todo momento, e eu a evitava, já que não fazia sentido para mim, me envolver com um ser tão patético.
Mas, aquele dia foi diferente. Eu tinha acordado com bom humor, depois de receber a mensagem do meu advogado dizendo que tudo estava preparado para o divórcio. Bianca logo ao acordar já tentava iniciar uma relação comigo, movida pela sua carência infinita. E eu pensei: “Por que não?” Podía ser uma despedida pelos velhos tempos
“Acordou animadinha, heim amor? Que tal a gente dar uma apimentadinha na brincadeira.”
Eu sentia nojo das palavras que saíam da minha boca. Mas, faltava só algumas horas e a farsa terminaria. Bianca sorriu ao ouvir aquilo, feliz que eu finalmente estava correspondendo a ela. Eu peguei a nossa caixa de acessórios, deprimido que as boas lembranças que eu tinha das nossas folias, agora foram substituídas pela raiva da traição. Fui tirando um a um as fantasias, lubrificantes, vibradores, brinquedos, todos eles tinham uma história própria para contar, até que eu encontrei o que estava buscando. Um dos itens mais comuns em sex-shop, as algemas seriam muito úteis para nossa despedida.
Separei o máximo que pude os braços da minha esposa e a algemei na cabeceira da cama. Ela inclinou seu tronco para me beijar, mas se desequilibrou com o tapa que eu dei na cara dela. Bianca deve ter ficado com uma sensação de déjà-vu, todos os homens da vida dela estavam fissurados em bater na carinha de safada dela.
“Aíííí! Assim não amor, vamos ser mais carinhosinhos hoje.”
Era tarde demais para isso. Eu era possuído pelas lembranças dela bêbada me humilhando na frente da minha família, rindo de mim com o Gabriel e sendo tratada como uma cadela em todas as transas dos dois. Não, meu amor, vai ser impossível nossa despedida ter o tom que você gostaria.
Jogando todo meu peso em cima dela, sem carinho nenhum, penetrei-a de uma só vez. Bianca exibia um leve temor, provavelmente refletindo o ar psicótico que eu ostentava. Segurei seu pescoço com bem mais força do que eu tenho coragem de admitir, enquanto tapas voavam na direção do rosto dela acompanhando o balançar do meu corpo. Os olhos dela arregalaram e os dentes cerraram de dor, enquanto sua buceta comprimia com cada tapa, buscando uma improvável reviravolta naquele contexto.
“ME ARREGAÇA ENTÃO SEU FILHO DA PUTA!”
E minha truculência teve um efeito catalisador, revelando a verdadeira natureza de Bianca. Fico feliz que pelo menos uma vez na vida podíamos estar os dois no mesmo quarto sem usar máscaras. Como um marido dedicado, atendi os pedidos da minha esposa. Com o corpo, prendi as pernas dela no tronco dela, tornando aquela bundinha branca um alvo fácil. E, pela última vez, eu contemplei a perfeição daquelas curvas.
Tantas coisas que eu queria fazer, mas nos restava tão pouco tempo. Então foquei nas principais da minha “bucket list”. Primeiro, precisava ouvir o som que o bumbum dela. A palma da minha mão acertou em cheio, e eu fiquei assistindo aquela escultura balançar e ficar vermelha, ao som estalado do meu tapa e o grito de Bianca. O momento tinha sido perfeito, já podia riscar isso da minha lista.
Lubrifiquei o meu sexo, me preparando para riscar o segundo item da lista. Guiei meu pênis no anûs da minha futura ex-esposa, delicadamente, não porque eu me importava com a dor que ela sentiria, mas, porque eu queria aproveitar ao máximo a sensação de desbravar aquela região pela última vez. Meu pau estava inteiro dentro da bunda dela, e finalmente tudo estava exatamente da forma que eu queria.
“Acho que você não vai gostar tanto dessa transa, como as que você tinha com o Gabriel, mas eu vou me divertir.”
A expressão de terror na cara de Bianca não deixava mentir, ela estava chocada com a revelação que eu sabia dos adultérios. Eu só garanti que ela estava bem imobilizada, e continuei a aproveitar enquanto sodomizava ela. Minha esposa demorou um tempo para processar o que estava acontecendo, mas quando finalmente a sua ficha caiu, ela começou a se debater debaixo de mim, tentando terminar a relação sexual para discutir o que eu acabara de dizer. “Calma, meu amor, faltava muito pouco, eu estou prestes a acabar”, eu pensei.
No quarto virou um rodeio, e eu era um peão que enrabava uma vaca furiosa. Naquela hora, eu incorporava um toureador espanhol, tornando a luta dela totalmente inútil. Eu seria laureado como um herói no final de tudo, resistir apenas tornava tudo um mais prazeroso para mim.
Foram oito anos com muitos momentos bons, não posso negar, mas depois de tudo, eu estava completamente pronto para o adeus. Montei em cima de Bianca, e apesar dos gritos e protestos dela, me masturbei até ejacular no seu rosto e no seu peito. Que visão maravilhosa. Quase me arrependi da minha decisão de separar, vendo a última vez a carinha dela de safada toda melada, Bianca realmente seria uma mulher difícil de esquecer.
Bianca gritava, exigia que liberasse suas algemas. Eu, com toda calma do mundo, fui tomar banho esperando ela se acalmar, e na volta, pedi que ela não falasse nada, pois eu explicaria tudo que iria acontecer agora que estamos divorciados.
"Cláusula de adultério". Essa foi a sugestão do meu advogado ao redigirmos o acordo pré-nupcial com Bianca, e, inicialmente, pareceu-me ridícula. Naquela época, planejávamos ter filhos e, como nossos patrimônios pré-casamento eram bastante semelhantes, optamos por uma comunhão total de bens.
Essa cláusula, porém, alterava drasticamente a distribuição dos bens em caso de infidelidade comprovada: o cônjuge adúltero ficaria com apenas 20% dos bens do casal. Meu advogado era um senhor bem velho, e que aparentemente possuía o dom da premonição. Ele encontrou Bianca apenas uma vez, e afirmou que estava me prestando o maior favor da minha vida ao incluir essa cláusula no acordo.
Eu expus a Bianca todas as evidências que eu tinha. Sabendo do risco a reputação dela caso travassemos uma batalha legal, ficaria fácil fazer ela assinar o acordo com as condições que eu pedi. A cereja do bolo foi expor as mensagens que troquei com seu amante havia aceitado ser minha testemunha, caso fosse necessário.
Eu tinha tanto material, conversas, vídeos, e embora a maior parte deles não pudesse ser usado numa corte, Bianca sabia que eu não tinha nada a perder. Eu ainda acho que meu coração foi mole demais por deixar ela com 20%, com o pânico que ela demonstrava, eu poderia ter a deixado sem nada.
Depois que eu me separei, não tenho muitas notícias de Bianca ou de Gabriel. A única coisa que eu soube é que por causa de uma denúncia da segurança do prédio os dois foram demitidos. Para mim tanto faz como eles iriam viver a vida deles depois do meu divórcio, aquele capítulo era uma página virada da minha história. Depois de tudo, eu era dono do meu destino, comandante da minha alma.