Enquanto a tempestade rugia lá fora, Iara e Helena se encontravam envoltas em um turbilhão de emoções conflitantes. O beijo que haviam compartilhado era como um raio de luz em meio à escuridão da noite, uma chama ardente que ameaçava consumir tudo em seu caminho. No entanto, mesmo enquanto seus corações clamavam por mais, suas mentes estavam repletas de dúvidas e incertezas.Helena sentiu que não podia mais esconder a verdade de Iara. O peso dos segredos que havia carregado consigo era sufocante, e ela sabia que chegara a hora de revelar sua verdadeira identidade.
Com o coração pesado, Helena se aproximou de Iara, buscando coragem para compartilhar a verdade que havia mantido oculta por tanto tempo. Ela podia sentir o olhar atento da jovem índia sobre si, uma mistura de curiosidade e apreensão refletida em seus olhos escuros.
"Iara", começou Helena, sua voz soando firme, mas carregada de emoção. "Há algo que você precisa saber sobre mim. Meu verdadeiro nome não é Henrique, mas sim Helena."
Iara ergueu as sobrancelhas em surpresa, surpresa com a revelação de Helena. Mas ela já havia suspeitado pois ao ver Helena saindo do riacho notou que sua aparência era menos masculina do que o costumeiro. Mas para ela isso não importava já que para sua tribo os relacionamentos não se tratavam de gênero e sim de sentimento.
Iara olhou nos olhos de Helena, vendo a sinceridade e a vulnerabilidade em seu olhar. Ela podia sentir a angústia que Helena carregava consigo, o peso dos segredos que havia mantido escondidos por tanto tempo. E apesar da surpresa inicial, uma sensação de compaixão e empatia cresceu dentro de Iara, fazendo com que ela se aproximasse de Helena com gentileza.
"Helena...", começou Iara, sua voz suave e reconfortante. "Seu nome não importa para mim. O que importa é a pessoa que você é, mesmo com máscaras que você usa, você tem sido confiável, e isso é o que realmente importa."
Helena olhou para Iara, seus olhos brilhando com gratidão e alívio. Ela nunca esperava encontrar compaixão e aceitação tão rapidamente, especialmente depois de manter sua verdadeira identidade oculta por tanto tempo. "Obrigada, Iara", murmurou ela, suas palavras carregadas de emoção. "Eu... Eu estava com medo de revelar quem eu realmente sou, mas agora vejo que não preciso mais me esconder de você."
Iara se aproximou de Helena e tirou seu chapéu, deixando que os longos cabelos de Helena amarrados em um coque ficassem visíveis, ela desfez o coque e se sentou no colo de Helena e a beijou demonstrando todo o sentimento que havia sido despertado. A chuva ainda caía lá fora, mas dentro daquela caverna a temperatura aumentava.
Helena segurou Iara pela cintura e conduziu seus corpos ao encontro, esse contato fez com que o beijo ficasse mais fogoso e a respiração de ambas mais pesada. O novo contato fez uma onda de choque passar pelos seus corpos, e apenas por instinto, Iara começou a despir Helena. E pelo mesmo instinto Helena segurou as mãos de Iara.
"Iara, eu preciso ir com calma, te dizer a minha verdade não é o mesmo que te mostrar o que está escondido debaixo dessas roupas. Preciso de mais tempo para me acostumar com tudo isso, inclusive me acostumar a ter sentimentos por uma mulher”, sua voz estava carregada de vontade e ao mesmo tempo embriagada de tensão.
“Tudo bem Helena, sei que não é simples lidar com a verdade de uma vez. Meu povo não se importa com por quem existem os sentimentos e sim se eles existem. Esperarei seu tempo”, Iara sabia por relatos de alguns de sua tribo que exploravam a mata que os invasores brancos costumam não gostar de quem era diferente, matando ou fazendo-os escravos. Mesmo com Helena sendo branca suas atitudes não correspondiam aos do seu povo, o que fez com que Iara confiasse nela.
Ambas trocaram olhares cúmplices e se beijaram novamente, a tempestade lá fora havia passado e o entardecer já estava visível, Iara precisava voltar para sua tribo, enfrentar os desafios que viriam pela frente, tanto dentro de sua tribo quanto fora dela, especialmente considerando o que Helena acabara de compartilhar.