Acabei encarando a Maitê bem mais do que eu queria e ela percebeu. Num certo momento, ela tentou pegar na minha mão durante o exame. Vendo aquela agulha enorme entrando em sua barriga, não tive opções. Recusar seria muito cruel.
Seu sorriso iluminou toda a sala. Sua felicidade, apenas por estar de mãos dadas comigo, era genuína. Era impossível não sonhar com uma realidade alternativa, onde éramos um casal feliz. Onde a traição e o abuso não haviam acontecido. Onde poderíamos estar simplesmente no exame pré-natal de nosso filho tão amado e aguardado.
Terminada a coleta do material, surpreendi Maitê novamente:
— O que acha de almoçarmos juntos? Tem tempo que não conversamos.
Ela aceitou imediatamente, mas parecia desconfiada:
— Tem certeza mesmo que quer estar tanto tempo assim perto de mim? Achei que não suportava mais a minha presença.
Fui mais honesto do que eu queria:
— Não vou mentir, pois ainda estou bastante machucado. Até entendo a reviravolta que a história deu, começo a ter mais clareza sobre o que você precisou suportar, mas não consigo parar de me sentir assim. Apesar disto, também não consigo deixar de me importar com você. Ainda mais agora, com essa situação da gravidez.
Maitê se calou, estava sorrindo, e eu achei melhor não dizer mais nada também. Entramos no carro e eu dirigi até o restaurante mais próximo que eu me lembrava. Entramos calados no estabelecimento, nos sentamos e logo fomos atendidos. Assim que o garçom nos deu alguma privacidade, Maitê voltou a falar, me pegando de surpresa com sua pergunta:
— Você seguiu em frente, né? É Olivia o nome dela?
Fiquei sem reação. Maitê, tentando se explicar, disse:
— Me desculpe. Não tenho o direito de cobrar nada de você. Eu só espero que ela consiga fazer o que eu não consegui. Espero que ela lhe faça feliz e nunca o machuque como eu o machuquei. É isso. Eu só quero saber se você está feliz.
Por sorte, meu telefone vibrou e era uma chamada importante. Pedi licença à Maitê e atendi:
— Dr. Mathias, quais as novidades?
Ele não enrolou, indo direto ao assunto:
— Será amanhã cedo a assinatura do acordo com o seu pai. Espero você no escritório às nove da manhã, ok?
Concordei e ele continuou:
— Temos outras coisas importantes a resolver também. Você consegue vir ao escritório ainda hoje?
Era a chance perfeita para fugir da conversa com a Maitê e eu respondi:
— Consigo chegar no final da tarde. Tudo bem?
— Excelente! Fico no aguardo. Até mais tarde.
Nós nos despedimos e eu dei uma desculpa qualquer para a Maitê, pedindo ao garçom para embrulhar a comida para viagem. Ela percebeu minha fuga da conversa que estávamos tendo, mas se resignou, não tocando mais no assunto.
Em menos de meia hora estávamos de volta à casa da minha mãe. Antes de sair do carro, ela me surpreendeu com um abraço que eu não tive tempo para rejeitar e disse:
— Obrigada por tudo. Por continuar cuidando de mim e se importando comigo. Eu sei que não mereço. Eu prometo que, independentemente de estar carregando o nosso filho, eu jamais trairei a sua confiança de novo. Mesmo separados, sendo sua ex, eu jamais o decepcionarei outra vez.
Ela nem me deu chance de responder, me dando um beijo carinhoso na bochecha e já saindo apressada do carro, não sem antes pegar a comida no banco de trás e entrando em casa. Minha verdadeira vontade era de retribuir aquele beijo, dizer que tudo ficaria bem e as coisas iriam se acertar, mas logo a mágoa tomou conta de mim novamente, ditando o meu comportamento e me impedindo de reagir.
Apenas acelerei o carro, voltando a rodar e, poucas horas depois, após uma viagem tranquila, mas em que meus pensamentos me bombardearam o tempo todo com sentimentos nostálgicos, cheguei à capital e ao escritório do Dr. Mathias. Além dele, Marcel, o gigante investigador, também estava à minha espera.
Assim que a Dra. Ester se juntou a nós, ele não perdeu tempo com rodeios desnecessários:
— Temos sua mãe e a Maitê em uma conferência virtual com a gente. Podemos começar?
A imagem das duas, na sala de casa, apareceu na imensa tela da sala de reuniões. Minha mãe sorria para mim. Maitê estava bastante tensa, tentando disfarçar seu nervosismo.
Marcel entregou à Dra. Ester alguns documentos e ela começou a falar:
— Em apenas três dias, nosso investigador, o Marcel, conseguiu informações novas e surpreendentes para o nosso caso. A Srta. Maitê não é a única vítima do Sr. Angelo. Temos testemunhos de pelo menos outras três mulheres, ex-funcionárias dele, alegando que também foram assediadas e depois chantageadas. Todas concordaram em se juntar a nós no processo contra ele.
A Doutora bebeu um gole de água e prosseguiu:
— Durante a manhã de hoje, todas deram seu depoimento às autoridades e nosso caso ganhou uma base ainda mais forte e inquestionável.
O Dr. Mathias tomou a palavra:
— O Marcel também descobriu que o Sr. Angelo está de malas prontas para deixar o país. A polícia já tem tudo o que é necessário para um pedido de busca e apreensão e só falta a assinatura do juiz responsável para que as diligências sejam feitas. Como o Sr. Eugênio vai retirar o processo após chegar a um acordo com o Rafael, informação que nós repassamos a ele para que baixasse a guarda, o Angelo agora deve estar se achando livre de qualquer consequência.
A Dra. Ester voltou a falar:
— Tudo será muito rápido a partir de agora. Como ele é um homem de recursos, o risco de fuga é enorme. Teremos notícias muito em breve. Não esperamos nada a menos do que uma prisão preventiva.
Minha mãe parecia satisfeita com o que ouvia. Eu também estava. Maitê, com os olhos marejados, parecia bastante aliviada. Sua reação me transmitia veracidade. Eu começava a ter menos raiva e mágoa por ela. Em compensação, o ódio e o nojo pelo meu pai, cresceu substancialmente.
Após o fim daquela reunião, os advogados me deram diversas orientações sobre a reunião para a assinatura do acordo com o meu pai na manhã seguinte. Estava tudo preparado e eu voltei para o meu apartamento na capital.
Logo após o banho, Olivia me ligou. Ela estava bastante triste:
— Desculpe não ter dado notícias antes. A situação do meu pai piorou. Ele acabou sendo internado novamente para exames. Terei que passar a noite aqui no hospital com ele.
Ela parecia esgotada. Tentei ser solidário:
— Eu já estou aqui na capital. Em qual hospital vocês estão? Já comeu alguma coisa? Vou aí ficar com você e pego comida no caminho.
Ela me informou o endereço e o hospital ficava a um bairro de distância. Passei no drive thru de uma famosa marca de fast food e peguei o combo preferido dela, chegando ao hospital em pouco tempo.
Ao me ver, ela veio correndo me abraçar:
— Você veio mesmo. Obrigada.
— Eu disse que viria. Como está o seu pai? Alguma notícia? – Entreguei o lanche para ela.
Caminhamos um pouco pelo parque em frente ao hospital e logo nos sentamos para que ela comesse. Ela estava pessimista:
— Eu estou muito preocupada, Rafa. Os pulmões do meu pai estão bastante comprometidos. Os médicos acham que ele tem doença pulmonar obstrutiva crônica, causada pelo cigarro. E junto com a hipertensão, o caso fica ainda mais grave. Ele está respirando muito mal e, dependendo do resultado dos exames …
Ela largou o sanduíche e começou a chorar. Eu a abracei, tentando confortá-la:
— Ei, calma! Vamos aguardar o resultado dos exames. De repente, as coisas podem não ser tão graves assim.
Ela me abraçou fortemente, tentando controlar o choro sem sucesso. Deixei que ela colocasse tudo para fora. Entre soluços, ela disse:
— Eu não tenho mais ninguém com quem contar nesse mundo, Rafa. Meu pai é a minha única família …
Tentei animá-la, falando o que o me veio à mente:
— Família não é só sangue. Você tem a Vanessa, o Carlos … e principalmente, a mim. Eu estou aqui. Estou ao seu lado.
Ela foi brutalmente honesta:
— Você está aqui agora. Mas por quanto tempo? Você pode ser pai muito em breve. Não dá para competir com esse tipo de coisa.
Minha reação, ou melhor, a falta dela, disse tudo o que ela precisava saber, confirmando sua fala. Tentei me recuperar rapidamente, não a desapontar num momento tão sensível:
— Não é bem assim. Nós já conversamos sobre isso. E agora nem é o momento para pensar em tal coisa. Vamos nos preocupar apenas com o seu pai. O resto pode esperar.
Foi uma noite longa e desconfortável, que veio acompanhada de péssimas notícias durante a madrugada. Após um infarto nem um pouco inesperado, o pai da Olívia foi enviado para a UTI. Ela estava inconsolável.
Achei melhor pedir ajuda, ligando para o Carlos e a Vanessa. No comecinho da manhã os dois chegaram. Mesmo a contragosto, não querendo sair do lado da Olívia naquele momento, eu precisava me preparar para a reunião com o meu pai. Me despedi de todos e dei um beijo carinhoso e um abraço apertado na Olívia:
— Tenha fé. Eu acredito que o seu pai vai sair dessa. Eu volto mais tarde. Tente se manter positiva. E, no que precisar, não hesite em me ligar. Virei até você o mais rápido que puder.
Cheguei em casa sem demora, tomei banho e me arrumei. Fiz o desjejum em uma padaria próxima e para combater o sono e o cansaço pela noite sem dormir, tomei uma lata de energético e alguns comprimidos de cafeína. Meu corpo ficou energizado. Eu parecia estar ligado em duzentos e vinte volts.
Na hora combinada, eu estava devidamente sentado na sala de reuniões do escritório do Dr. Mathias. Apenas eu e ele, aguardando a chegada do meu pai.
Diferente das outras vezes, pois ele sempre aparentava arrogância e superioridade, naquela manhã ele estava bastante quieto e meio deprimido até. Entrou calado na sala e já fez sinal para o seu advogado tomar a frente da reunião.
A assinatura do acordo foi rápida e em nenhum momento meu pai usou o seu tom provocativo costumeiro. Ele só fez uma pergunta:
— Não tenho problemas em passar tudo para você, mas os cinquenta milhões são para a sua mãe. Por que essa parte foi modificada?
Fui honesto, até um pouco debochado:
— Ela não quer. Simples assim. Ela não quer nada que venha de você, não importam as circunstâncias.
Ele não conseguiu se controlar, voltando ao seu personagem original:
— Infelizmente, para ela, não existiria você sem a minha participação. Gostando ou não, estamos ligados para sempre.
Pensei em responder, mas ele se levantou apressado, em direção a porta. Ele ainda disse:
— Se um dia precisar de mim, saiba que eu não guardo mágoas de nenhum de vocês. Eu sou o seu pai, queira você ou não. Já avisei na empresa que a partir de hoje, você é o chefe. – Ele se virou nos calcanhares, apressou seu advogado e saiu.
“Cara de pau! Como assim ele não guarda mágoas de nenhum de nós? Quem esse sujeito pensa que é? Algum injustiçado? Um coitado que teve seus bens usurpados por vilões maquiavélicos? Só rindo mesmo." Pensei e realmente dei risada pela situação e pela piada contada pelo sem noção do meu pai.
Conversei um pouco com o Dr. Mathias e ele me surpreendeu com uma nova sugestão:
— Por que você e o Eugênio não avaliam a possibilidade de uma fusão das empresas? Eu acho que você, principalmente, teria muito a ganhar tendo ele como mentor. E o mais importante, pelo tamanho de cada empresa, você manteria o controle acionário. Meus especialistas concordam que esse é o melhor passo a ser dado para o futuro do negócio.
Não respondi nada naquele momento, mas prometi que iria pensar com seriedade na proposta. Ele ainda disse:
— O Eugênio parece aberto à possibilidade. Ele gostou do que explicamos. Vou lhe enviar o relatório dos meus especialistas e você pode avaliar e tomar a decisão com calma.
Me despedi de todos e, antes de sair, a Dra. Ester veio falar comigo:
— O seu processo está concluído, obrigado por confiar na nossa equipe. Agora faremos o nosso melhor pela Srta. Maitê. Como o Dr. Mathias já disse, será um enorme prazer tê-lo como cliente em definitivo de agora em diante. E fique tranquilo, cuidaremos muito bem do seu primo. Ele deve começar já na próxima semana, assim que terminar de fechar o escritório na cidade natal de vocês.
Agradeci e finalmente saí do escritório, entrando no meu carro. A primeira coisa que fiz foi ligar para a Olívia e perguntar se ela precisava de mim. A situação do pai dela estava estável, mas na mesma, sem novidades. Ela me informaria se qualquer mudança ocorresse e como estava com o Carlos e a Vanessa, no momento, eu poderia me concentrar nos meus próprios problemas.
Não demorei a chegar na “minha empresa” e fui recebido com cortesia. A primeira mudança que fiz foi chamar minha antiga secretária e trazê-la para o meu novo escritório. Ela estava radiante em me ver, me parabenizando e muito agradecida pela promoção inesperada.
A secretária do meu pai não gostou nem um pouco da novidade, mas se resignou, já que foi apenas remanejada, sem cortes no salário.
A primeira grande crise se apresentou imediatamente. Seis funcionários de cargos importantes, todos muito leais ao meu pai, se demitiram naquela mesma manhã. Aquele era um problema sério, já que todos eram encarregados em suas áreas. Seria difícil manter a engrenagem funcionando sem eles.
Por sorte, ou destino, o Sr. Eugênio veio me visitar, me parabenizar por tomar posse da empresa e sondar se eu manteria a palavra sobre o nosso acordo. Assim como o Dr. Mathias sugeriu, ele se colocou à minha disposição e com alguns telefonemas, trouxe gente da sua equipe para ocupar as posições abandonadas.
Eu agradeci de coração, mas precisei perguntar:
— Isso não vai desfalcar a sua produção? Eu não quero atrapalhar.
Ele riu, me dando dois tapinhas nas costas:
— Se você mantiver sua palavra e nosso acordo for confirmado, eles estariam entrando em férias coletivas mesmo. Esqueceu que vamos modificar e modernizar a planta da fábrica?
Eu não sou o meu pai e para demonstrar a minha gratidão, peguei o contrato do nosso acordo na minha maleta e o assinei na frente dele. Ele sorria para mim, satisfeito com a minha ação.
De qualquer forma, após superarmos aquela crise inicial, ele mostrou definitivamente a que veio, falando sem rodeios:
— O Mathias também lhe falou sobre a tal fusão? Ele me mostrou um relatório muito interessante …
Eu ainda não tinha muito a falar sobre o assunto, mas fui honesto:
— Ele até falou, mas eu ainda não tive como ler o tal relatório ou me aprofundar no assunto. Mas confesso que estou bastante interessado e curioso. Se o Senhor me der alguns dias para avaliar, podemos voltar ao assunto.
Fomos interrompidos pela minha secretária:
— Sr. Rafael, sua mãe está aqui.
Eu jamais poderia imaginar tal surpresa. Respondi meio eufórico:
— Deixe-a entrar.
Segundos depois, minha mãe e meu padrasto adentraram a minha sala. Depois dos abraços e do carinho, os apresentei ao Sr. Eugênio. Ele e o Cirilo se deram muito bem e engataram uma conversa animada. Minha mãe veio falar comigo:
— Eu chamei a Maitê também, mas ela preferiu ficar em casa. Disse que estava enjoada.
Minha mãe não demorou muito para me colocar contra a parede:
— Seja honesto comigo, filho, você não sente mais nada pela sua ex-noiva? Não existe nenhuma chance de vocês reatarem? Eu não gostaria de ver o meu neto crescendo numa família separada. Eu sei o quanto você sofreu por ter crescido assim.
Eu não esperava por aquela pergunta. E sinceramente, não tinha a mínima ideia do que responder. Minha mãe entendeu a minha indecisão e achou melhor diminuir a pressão. Ela já tinha alcançado o seu objetivo e sabia muito bem como lidar comigo.
Achei melhor mudar de assunto:
— No momento, mãe, essa empresa está um caos e precisa da minha total atenção. E também, uma boa amiga está passando por sérios problemas, com o pai internado e precisa do meu apoio …
De boba, minha mãe não tem nada:
— E essa boa amiga seria a tal Olívia? É por causa dela que os seus sentimentos estão tão divididos?
Novamente, ela acertou em cheio e eu não tinha uma resposta para dar. Ela sabia como tirar qualquer coisa de mim. Dona Celeste pegou na minha mão e acariciou a minha cabeça, enquanto falava:
— Não tome nenhuma decisão precipitada. O resultado do exame vai sair e eu tenho certeza de que ele será um divisor de águas na sua vida. Sossegue o seu coração e deixe as coisas acontecerem naturalmente. A resposta virá e eu sei que você irá tomar a melhor decisão para a sua vida. Eu acredito em você, sei muito bem o tipo de homem que eu criei.
Ela se despediu, dizendo que não veio só me ver, que também tinha outros compromissos na capital. Antes de sair da minha sala, ela disse baixinho, só para eu ouvir, apontando para o Sr. Eugênio:
— Eu gosto dele. Ele tem uma energia positiva, agradável. – Ela piscou o olho esquerdo para mim.
Ela, Cirilo e o Sr. Eugênio já iam saindo juntos, quando minha secretária bateu na porta e colocou só a cabeça para dentro da sala:
— Sr. Rafael, ligue a televisão. É importante.
Fiz o que ela sugeriu, mas estava passando um programa de culinária. Ela pegou o controle e ligou no canal correto. Um repórter estava ao vivo:
“A polícia ainda não deu mais detalhes. O que temos até agora é o seguinte: o empresário Angelo Albuquerque está sendo alvo de uma operação de busca e apreensão. Os agentes envolvidos confirmam a ordem de prisão preventiva e o investigado já se encontra em poder das autoridades”.
Minha mãe estava atônita. Não sabendo se ria ou chorava. Ela falava sozinha:
— Bem-feito! É isso o que você merece, seu canalha.
O Sr. Eugênio não conseguia esconder sua satisfação:
— Até que enfim. Justiça.
Eu não sabia muito bem o que sentir. Os sentimentos se misturavam dentro de mim. A tristeza por ter um pai tão ruim era o maior deles.
Para completar, meu telefone vibrou. Era o Carlos:
— Rafa, o pai da Olívia acabou de falecer. Sei que você está ocupado, mas …
— Já estou a caminho. E Carlos, você pode cuidar da burocracia? A Olívia é filha única, sem outros familiares, como você bem sabe …
Ele não hesitou:
— Claro, primo. Deixa comigo. Te esperamos aqui.
Continua ...