Capítulo 1: A Tentação
Os corredores da academia estavam repletos de ecos das respirações pesadas e do som rítmico dos pesos se chocando contra o chão acolchoado. O jovem Alan, de cabelos negros como a noite e olhos ardentes de desejo, fazia um desvio a cada treino, passando sempre pelo mesmo corredor onde Helena, a loira provocante, exercitava-se. Ela emanava um perfume doce e avassalador que, misturado ao suor, criava uma fragrância inebriante que fazia Alan delirar.
Seu treinamento seguia um ritmo constante e premeditado. Executava uma série de exercícios e, a cada pausa, caçava Helena com o olhar. Era um ritual que ele praticava meticulosamente desde que a vira pela primeira vez, meses atrás. Desde então, a atração que sentia por aquela mulher havia crescido, transformando-se em uma obsessão. Alan, que costumava treinar às 19 horas, agora ajustava seu horário para as 20 horas, apenas para coincidir com o dela.
Helena era uma mulher de reputação ilibada. Católica devota, mãe de dois filhos, uma figura que deveria inspirar respeito e distância. Alan sabia disso porque conhecia seu filho Otaviano, um rapaz estudioso e reservado que estava em intercâmbio. Apesar de conhecê-lo, Alan nunca teve muita consideração por Otaviano. Se soubesse que ele era filho daquela mulher, talvez teria sido um amigo mais atencioso.
Quando chegava em casa, Alan se entregava a um ritual secreto. Sentava-se à mesa do seu quarto, ligava o computador e começava sua peregrinação digital pelas redes sociais de Helena. Fizera uma pasta exclusiva para ela, onde armazenava cada foto, cada story, cada fragmento de sua vida que pudesse capturar. Observava cada detalhe: as roupas que ela usava, as cores de suas roupas, o cabelo cuidadosamente arranjado, a maquiagem que realçava sua beleza natural e até a cor de suas unhas.
Uma noite, ao deslizar pelo feed do Instagram, um novo story apareceu. Helena, a bela Helena, fazendo uma dancinha boba, estava no auge de seus trinta e poucos anos, irradiando uma prosperidade e vigor que poucas mulheres podiam ostentar. Seu corpo esguio e gracioso, erguido sobre quadris amplos e firmes, fruto da maternidade, era uma visão hipnotizante. Seus olhos, negros e profundos, tinham um brilho enigmático. A pele clara, com um tom rosa pálido, exalava uma vivacidade encantadora. Seus lábios vermelhos, sedutores como a maçã do Éden, eram irresistíveis.
No story, Helena vestia um cetim preto justo, brilhando como se estivesse molhado, moldando-se perfeitamente ao seu corpo. O tecido, ousadamente colado em sua pele branca, deixava pouco a mostra mas muito para a imaginação. Cada movimento dela, cada oscilação de seu corpo, era uma dança lenta e hipnótica que encantava Alan, paralisando-o diante da tela. Ele sentiu seu corpo reagir àquela visão, um desejo avassalador crescendo dentro de si.
A foto seguinte mostrou o pai de Otaviano, Luiz, jantando com Helena. Luiz, um homem sortudo, pensou Alan com um resquício de inveja e ressentimento. Não guardou essa foto na pasta infame; seu santuário era dedicado exclusivamente a Helena. Compartilhava esse refúgio secreto com seu amigo Clebão, outro admirador de Helena. Clebão, em uma de suas muitas fofocas, contara a Alan que a vira em Guarapari, usando um fio dental minúsculo. Alan, embora cético quanto à veracidade dessa história, não podia evitar imaginar aquela cena.
Depois de homenagear Helena, limpou o pau com sua meia, jogou o pano debaixo na cama, fechou os olhos e adormeceu.