Meu desejo (Capítulo I)

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 5040 palavras
Data: 25/06/2024 19:01:36
Assuntos: Gay

— Oi moça, eu comprei minha passagem pelo site quero só saber se você pode imprimir para mim — falei todo animado.

— Claro, tem um documento por favor?

— Aqui, a passagem é para Sobral, estou indo ver meu namorado — não me contenho e acabo falando para a atendente do guichê assim como fiz com o Uber que me trouxe para a rodoviária e assim como o uber ela me lança um sorriso gentil de quem não dá a mínima.

— Aqui está seu Caio, o senhor deseja a passagem de volta logo também?

— Não, eu tiro lá obrigado, e por favor, só Caio.

Conheci o Heitor meu namorado pelo Tinder acredita, demos match e ele falou comigo, passamos a noite inteiro conversando e no dia seguinte e no seguinte também, quando vi já acordava esperando seu bom dia, Heitor é mais velho e trabalha como programador, além de ser muito inteligente ele é tão gentil e me trata maravilhosamente bem, só tem um defeito ele mora 244 km de mim e trabalha muito, mesmo sendo home office ele não pode viajar muito e eu não tenho o capital para fazer viagens com frequência.

Mesmo assim ele veio me ver algumas vezes, nos conhecemos logo quando tinha acabado de me mudar para uma cidade do Piauí que foi onde passei para residência de enfermagem e para mim que moro longe de familia e meus amigos de infância quando ele vem é uma alegria só, ele sempre aluga uma pousada para gente ficar já que aqui eu divido ap com uma amiga do trabalho e aproveitamos para ir a praia, turistar pela região, Heitor ganha muito bem e sempre faz questão de pagar por tudo mesmo quando eu reluto em aceitar ele dá um jeito e justo por isso que comecei a juntar dinheiro para ir vê-lo.

Comprei a passagem e consegui uma folga de sexta até segunda, assim teria o fim de semana inteiro com ele, estou tão empolgado que nem consigo acreditar que finalmente o dia da viagem havia chegado, seria a primeira vez que eu iria visitá-lo, Heitor mora só e ficou mais do que feliz com a notícia quando lhe falei que tinha comprado a passagem e conseguido as folgas, ele disse que vai me apresentar para todos os amigos dele e finalmente vou conhecer minha cunhada de quem ele fala sempre. Para lhe fazer uma surpresa eu comprei uma cueca jockstrap, ele disse que tem tessão então eu comprei e vou usando ela para assim que ficarmos a sós e ele tirar minha roupa vai ficar louquinho, só é um pouco estranho ficar com a bunda de fora e um pouco desconfortável, mas vai valer a pena.

O ônibus chega e meu coração se agita, entro no ônibus, tomei meu assento, do meu lado vai uma mulher com um bebê de colo, estou viajando quinta a noite assim vou chegar de madrugada lá e ele vai está na rodoviária me esperando, quando me preparo para dormir o bebê da mulher ao meu lado abre o berreiro, essa pequena criatura chora, grita e esperneia e não tem nada que essa mulher consiga fazer para acalmar esse menino, o ônibus atrasa e para piorar estou sem sinal para conseguir avisar ao Heitor, minha viagem não está feliz como planejei, ainda bem que quando estiver lá com ele esse esforço vai ter valido a pena.

Era pra ter chegado 01:50 mais ou menos, com o atraso fui chegar quase 03:00, meu celular descarregou, saí feito um doido do ônibus quase correndo para encontrar com Heitor que a essa hora deve está puto da vida comigo por não ter dado sinal de vida, começo a procurar, porém não o encontro, ele deve ter achado que dei um bolo, mas ele teria procurado o guichê para saber do ônibus, vou até a agência da empresa que vim e por sorte tem uma tomada que posso usar, conecto meu celular, dou um tempo para ele pegar um por cento de carga e ligo, ele trava um pouco com as mensagens, só que aí que tá não tem mensagens do Heitor, ele também não visualizou minha última mensagem, na realidade sendo justo com ele ela nem chegou no seu celular, começo a ficar preocupado, tento ligar para ele, mas a operadora informa que está fora de área.

Fico me perguntando se aconteceu alguma coisa, estou preocupado, as cinco da manhã estou cansado com fome e não tem nenhuma lanchonete aberta, estou precisando urgente de um banho e para piorar essa medida cueca está me deixando muito, mais muito desconfortável, finalmente meu celular vibra e vejo uma mensagem do Heitor, em seguida ele me liga.

— Minha vida me perdoe, eu esqueci que você vinha hoje — Ele estava muito preocupado pela sua voz.

— Poxa amor, já estava muito preocupado com você, onde você está, já tá vindo me pegar.

— Eu não vou poder te buscar vida, eu não estou em Sobral, na verdade acabei de chegar em Fortaleza, meu chefe veio de São Paulo para dar um treinamento para gente.

— Oi, como assim Heitor, eu tô aqui, o que eu faço agora?

— Amor, me perdoa, eu realmente ando trabalhando tanto que esqueci que você vinha, era para ter te avisado antes, ai eu tô me sentindo muito culpado agora — ele estava arrasado pelo telefone.

— E agora, quando você volta?

— Só na quarta.

— E o que eu faço, pode pedir sua irmã para me buscar, para que eu possa pelo menos tomar um banho e dormir um pouco antes de voltar para casa? — Precisava disso pelo menos.

— Vida, ela não sabe que estou namorando, eu ia contar quando você estivesse ai, ai eu sinto muito, olha vou te ressarcir o que você pagou pela passagem — ele já foi me perguntando quanto tinha gastado.

— Relaxa, não quero seu dinheiro, eu vou antecipar minha passagem e voltar para casa, tá tudo bem — falei derrotado pelo cansaço e pelo estresse.

— Vida, como posso te recompensar?

— Olha amor você vacilou feio comigo, mas tudo bem, eu entendo seu chefe chamou não dava para fazer muita coisa.

— Você é perfeito, eu te amo.

— Também amo você — encerramos a ligação e agora não sei se choro ou se grito de ódio.

— Moça, bom dia, pode antecipar minha passagem para o próximo ônibus de volta, por favor? — Falei com a moça do guichê com bem menos empolgação agora — é que vim ver meu namorado, mas ele precisou viajar, então não tem o que fazer aqui. — ela me olhou com uma cara de quem não precisava dos detalhes da minha mudança.

— Olha Caio o mais perto que eu vou ter pra você é de 13:08.

— Da tarde!

— Sim — ela falou ignorando meu piti.

— Nossa, moça não tem nenhum mais cedo?

— Infelizmente não.

— Tudo bem, pode mudar.

— Tem preferência de assento?

— Tem janela? — Falei me enchendo de esperança.

— Não senhor, infelizmente.

Não tive escolha, tive que pagar para banhar no banheiro da rodoviária, depois comprei um misto quente e um copo de café em uma das lanchonetes que tinha aperto, Sobral é muito quente, porra, olha que a cidade que eu moro é quente, mas aqui é outro nivel, para piorar descobri que esqueci a porra da sacola das minhas cuecas, ou seja ainda estou com a desgraça da cueca que não cobre minha bunda, as horas pareceram se recusar a passar, foi uma verdadeira tortura, só perto do almoço foi que tive uma ideia de esperar dentro da agencia que tinha ar condicionado — ai eu mereci por ser desatento — o almoço na rodoviaria me custou um rim, mas pelo menos o ônibus não atrasou e fui um dos primeiros a embarcar, minha cadeira é a ultima no corredor que eu detesto, essa viagem deu tudo errado.

Me sento e começo a pegar um cobertor e minha minha máscara para dormir, as vantagens de se ter menos de um metro e setenta é que posso me deitar na cadeira, as pessoas estão subindo pouco a pouco e se arrumando em seus lugares, eu coloquei minha mascara e me cobri estou caindo de sono, depois de um breve cochilo sinto alguém e cutucando, provavelmente a pessoa que vai sentar ao meu lado, sem nem tirar a máscara eu jogo minhas pernas por cima do apoio do braço dando espaço para que passe para o seu lugar privilegiado da janela e volto a dormir depois de ouvir uma voz lá longe agradecendo.

Quanto o sinto o ônibus para sinto um perfume gostoso e sinto que estou até confortável, e é aí que me dou conta de que dormi no ombro do estranho que estava viajando no meu lado, levanto bem rapido do susto, tirando minha mascara, o cara é moreno, tem uma barba linda completa, deve ser ter minha idade ou ser um pouco mais velho, ele é mais alto que eu mesmo sentado da pra perceber um pouco nossa diferença de altura, mas o pior que mais me chama atenção é que babei na camisa social branca dele, porra estou completamente vermelho de vergonha agora, peço desculpas e praticamente saio correndo de dentro desse onibus, só consigo pensar no vexame que passei.

Pego meu celular e trato de ligar para minha amiga com quem divido aluguel, afinal tenho que avisar que estou voltando para casa mais cedo, vai que ela levou o namorado para dormir lá, ligo para ela no whats e ela atende, são quase seis da tarde de uma sexta feira e eu deveria está com meu namorado agora, ao inves disso estou cansado, desconfortavel e pra variar dormi no ombro de um estranho e ainda babei na camisa branca dele.

— Lua tó de volta.

— O que aconteceu? — Ela pergunta preocupada então explico meu drama.

— E para piorar estou com a porra da jockstrap me apertando e com minha bunda toda de fora — só depois de falar é que me dou conta de que falei um pouco alto e justo o cara que estava no meu lado no ônibus está do meu lado olhando para o seu celular, muito provavelmente esperando um uber.

— Nossa que babaca.

— Não ele teve que trabalhar e não conseguiu me avisar, mas pelo menos conheci a rodoviária, olha só que maravilha — falei de forma irônica.

— Tá, vem para casa que hoje a gente vai sair para beber.

— Não, não quero beber não, Lua, agora eu só quero jantar e dormir — vejo que o estranho deu uma risada discreta quando falei que queria dormir.

— Tá, então já estou saindo até amanhã — minha amiga fala.

— Até — me despeço dela e em seguida viro para o estranho — olha me perdoi por ter dormido no seu ombro é que eu estou muito cansado, se quiser posso lavar sua camisa.

— Não precisa, pode relaxar — sua voz é firme e olhando de perto e no claro sua beleza vai além, ele tem um corpo de quem frequenta academia com toda certeza.

— Mas você pode me pagar um jantar, ainda não comi nada e nem vai ter nada preparado em casa.

— Ah sério? — Fiquei meio confuso.

— Você disse que quer me compensar por ter usado meu ombro — ele fala se divertindo com meu constrangimento.

— Tá, onde você quer jantar, não sei se a gente tem o costume de comer no mesmo lugar — digo observando suas roupas, ele está usando coisas boas e caras e seu telefone é um iphone pelo que reparei, desse novos, sei porque a Lua é obcecada por Iphone e nem ela tem esse modelo dele ainda.

— Qualquer lugar serve — ele responde simpático.

Levo ele para comer num lugar que eu adoro onde vende uns pratos feitos, aqui eles chamam de arrumadinho, mas no Ceará onde eu cresci chamamos de pratinho, acho que cada lugar dá seu nome, gosto desse lugar porque fica perto de onde moro e também porque é barato, o estranho é educado e tem uma presença imponente, ele é um homem que chama atenção desde o grave de sua voz até sua beleza.

— Então Caio, o que foi fazer em Sobral?

— Como sabe meu nome?

— Eu ouvi a moça do guichê lhe chamando — ele fala.

— Fui visitar meu namorado, mas ele precisou fazer uma viagem e aí eu meio que fiz uma viagem à toa.

— Ele não sabia que você estava indo para lá?

— Sabia sim, quer dizer, ele esqueceu na verdade, mas e você?

— Fui para um velório.

— Meus pêsames — me apressei em dizer.

— Tudo bem, era minha vó, nossa família já esperava ela já vinha doente a muitos anos, no fim foi bom que tenha feito a passagem.

— Eu sei e você mora aqui?

— Sim, moro aqui por causa do trabalho e você? — Ele pergunta.

— Também — falei — você não me falou seu nome.

— Bento.

— Nossa que diferente, mas é um nome bonito.

— Obrigado Caio.

Ele me pediu para convidá-lo para jantar, mas fez questão de pagar a conta, com a promessa de que na próxima me deixaria pagar, não tenho muitos amigos aqui, talvez Bento possa ser uma boa aquisição de amizade, ele é muito zeloso, mesmo falando para ele que não precisava ele fez questão de por uma parada extra no uber dele e me deixou em casa, nos despedimos e ele se foi, só depois que o carro partiu foi que me lembrei que não tinha pegado o contato dele e nem ele tinha pego o meu.

Minha amiga já tinha saído como disse que faria, então só avisei ao Heitor que tinha chegado em casa, tomei um banho e fui dormir, quando deitei a cabeça no travesseiro me lembrei do Bento e da vergonha que fiquei, mas ele me pareceu um cara legal, ele tem trinta e cinco anos, nem parece, mora só e é de fora como eu, uma pena não ter me lembrado de pegar o contato dele, nossa que vacilo o meu, depois de remoer isso por um tempo na cama finalmente peguei no sono.

Mesmo tendo dormido cedo virei a noite roncando na minha cama, na manhã seguinte quando acordei minha amiga não estava em casa, devia ter ido dormir na casa do boy dela, estou lotado em uma UBS que é um centro de atendimento, o famoso posto de saúde, hoje estou de folga e domingo normalmente não trabalho, então tinha um fim de semana inteiro livre, o que seria ótimo se eu estivesse em Sobral com Heitor, por falar nele, ele me mandou bom dia e se desculpar de novo por ter me feito viajar de graça, mas minha raiva passou quando vi sua foto no auditório do hotel que está tendo o treinamento, ele fica muito lindo de camisa xadrez e o crachá da empresa no pescoço, ele é muito nerd.

Quando Lua chegou já foi perto da hora do almoço, estou fazendo a faxina na casa, ela já entra numa correria só, indo para o quarto, vou atrás dela para saber o motivo de toda aquela alegria, minha amiga tira a roupa ficando só de calcinha na minha frente, Lua e eu somos quase irmãos nudez nunca foi um problema pra gente.

— Corre, bixa se arruma que a gente vai para praia.

— Que praia amiga, te falei tô lisa mana, mandei o resto do meu dinheiro para mamãe e estourei meu cartão indo conhecer a rodoviária de Sobral — falei ainda ressentido.

— Amigo seus irmãos são uns encostados, a senhora se mata de trabalhar aqui para ficar só com o suficiente para o aluguel e para comida, sério Caio eles tem que arrumar um emprego.

— A Carla trabalha, mas tem os filhos dela e o Carlos está fazendo pré vestibular e não vou pedir pro Cauã arrumar um emprego né bixa, o menino ainda tem que terminar os estudos.

— Enfim não vou nem começar, vai se trocar que a gente vai para praia, vai que eu to mandando viado.

— Não vou ser bancado pelo seu boy Lua sinto muito — falei reticente.

— Quem vai te bancar é a patroa aqui a dona da lancha, agora vai que ele já está no carro com o Luis esperando a gente.

— O Luis Henrique? Você quer que eu vá para praia com vocês, seu namorado e o melhor amigo homofobico dele? — Odeio esse cara.

— Ele não é homofobico bixa, um pouco babaca sim, mas deixa disso, vamos, você merece sair desse apartamento.

— Tá bom, que saco — vou reclamando, mas vou por um sunga um uma roupa folgada, coloco meus óculos escuros e coloco uma muda de roupa junto com uma toalha na mochila.

— Tem protetor amigo?

— Tenho — coloco o protetor também na bolsa, mando uma mensagem para o Heitor falando que estou indo para a praia e saímos.

Luis é muito inconveniente, mas me esforço para ignorá-lo, principalmente quando ele começa a falar de uma conquista recente dele onde a garota não sabia escrever e cometia muitos erros de português, um babaca, mas como ele é filhinho de papai e malhadinho da academia as meninas ainda sim ficam com ele, vai entender, o pior é que nas piras dele Luís jura que eu quero pegá-lo, mas sinceramente não pegaria ele nem se ele fosse o último cara da face da terra, morro batendo punheta, mas não me deito com ele, cara chato. Vamos para o coqueiro na barraca da Empório Beach que eu amo, as coisas são caras, mas vale a pena o atendimento é bom e o lugar é ótimo para tirar fotos.

Assim que chegamos Lua me aluga para fazer seu book de noventa fotos, mas me vingo depois a fazendo tirar as minhas fotos, o namorado dela já está acostumado, só pede uma cerveja e fica de papo com o melhor amigo idiota dele, eu sou louco por praia, pareço um peixe, depois de tirar as fotos aproveito para entrar no mar, minha amiga fica na barraca junto com os caras e eu vou só mesmo, depois de mergulhar um pouco é que lembro que não passei meu protetor então volto para a barraca, Lourenço que é o boy magia da Lua está pedindo um peixe para gente almoçar já olho torto para a Lua, não quero que o namorado dela pague minha conta, não acho certo, ela me lança um sorriso amarelo sabendo que vai ouvi quando chegarmos em casa,peço para ela passar o protetor nas minhas costas.

— Ei pow mesmo o Caio sendo viado não sei seu eu deixaria minha mulher passar o protetor nele não — Luis fala me fazendo revirar os olhos.

— Relaxa pow, preciso ter ciúmes não, Caio é mais mulher que a Lua — e os dois começam a rir, respiro fundo enquanto Lua lhes lança um olhar de recriminação.

— Desculpa amor, é só uma piada, afinal o Caio nem gosta de mulher, você iria preferir que eu tivesse ciúmes dele? — Pronto, por isso que não gosto de sair com eles, minha amiga agora começaria uma DR com o boy dela por minha causa.

— Relaxa amiga, foi só uma piada — me forcei para evitar um estresse.

— Tá, só que não teve graça, Caio é um homem gente, se gay não muda o sexo dele não — minha amiga dar seu último lacre neles e Luis muda de assunto.

— Vou ao banheiro — falei levantando da mesa e saindo de perto deles para respirar um pouco, odeio certos comentários sobre mim, ainda mais vindo de pessoas que não dou a menor confiança. Vou até o balcão para pedir uma água, perdi até a vontade de beber.

— Oi uma água sem gás, por favor.

— Olha só quem trocou a jockstrap por uma sunga, parece que está mais confortável agora — Bento brinca quando se aproxima de mim, ele está quando uma bermuda tactel que valoriza seu volume e uma camiseta verde, um óculos escuro que combina com seu rosto perfeito, sua barba completa me atrai demais.

— Pois é, nunca vai esquecer isso né?

— O que de você dormindo no meu ombro ou de falar perto de mim que estava com a bunda toda de fora — ele rir provocante, sua voz grave reverbera dentro de mim, se eu não namorasse já estava escalando nesse monumento parado na minha frente.

— Então, veio almoçar na praia

— É, meus amigos queria vim e eu estava sem fazer nada em casa — ele fala casualmente.

— E você está com seus amigos?

— Sim, estão ali — aponto para nossa mesa.

— Toma uma cerveja comigo? — Ele pergunta me pegando de surpresa, olho para minha garrafa d’água e faço que sim com a cabeça — Duas heinekens por favor.

— Mais vai me deixar pagar — falei.

— Ah agora é tarde, já pedi na minha conta — ele fala.

Ficamos jogando conversa fora um pouco enquanto tomamos nossa cerveja, ele fala que caiu no sono assim que chegou em casa, o mesmo que aconteceu comigo, ele me pergunta sobre minha família e lhe falo um pouco, meu pai morreu quando eu era bem jovem, eu tenho uma irmão mais velha Carla que casou e separou hoje mora com nossa mãe junto dos meus três sobrinhos, depois vem eu, meu irmão Carlos e o caçula Cauã, Bento também tem dois irmãos, Bernardo e Derick, ele disse que o pai dele é português e que vive em Portugal com a mãe, seus irmãos e o restante da família vivem em Sobral que era onde ele vivia até conseguir emprego aqui.

A cerveja acaba, mas antes de conseguir pedir outra Lua vem me chamar para almoçar, bem a tempo dos amigos dele virem chamar ele também, me perco na sua barba e no seu sorriso e mais uma vez nos distanciamos sem que eu consiga seu contato e nem tenha a oportunidade de lhe passar o meu, depois fico com vergonha de ir até a mesa dele para pedir seu número, mas quais as chances da gente se encontrar assim? Caio você namora, se comporta, falo para mim mesmo.

— Amigo quem era o gato?

— É o Bento, eu conheci ele no ônibus, eu meio que dormi no ombro dele.

— Ah ele é estranho?

— Sim.

— Nossa, se essa viagem fosse mais longa você teria dormido em cima dele né — ela fala me provocando.

— Vai pra igreja sua puta me respeite, eu namoro.

— Ai não mana, seu boy e nada é a mesma coisa, como que pode ele esquecer que você ia para lá sendo que vocês se veem uma vez a cada dois meses praticamente? — Ela fala isso no momento em que estamos sentando na mesa.

— Ah ele tá te traindo, certeza — Luís se mete com um comentário desnecessário.

— Ele está trabalhando e ele já veio me ver algumas vezes, só que dessa vez ele realmente precisou ir pra esse treinamento.

— E tu caiu nessa.

— Cala a boca Luis, nem todo mundo é canalha que nem você — minha amiga o cortou, não que fosse necessário, pois confio no Heitor, na verdade é em mim que não to podendo confiar, não sei o que me dá mais Bento é tem um sex appeal muito forte, ele é tão homem que mexe comigo só de está perto, imagino que ele deve meter com força, ele tem o peito cabeludo consigo ver pela camiseta, quero me perder nos pelos do seu peito e sentir seu cheiro de macho, puta que pariu, preciso ficar longe desse cara para o bem do meu namoro.

Voltamos para casa e minha amiga só trocar de roupa, deixa umas roupas e põe outras na bolsa e vai dormir na casa do boy, ela me chamou para tomar umas no cajuina bar que é um bar lindo e perfeito que tem na cidade, mas estou cansado e definitivamente não estou a afim de aturar o boy dela e nem os amigos escrotos dele, como não fui ela disse que iria com o namorado para o Flama que é um pub de macho hetero escrotissimo, eu odeio aquele lugar, fui uma vez para nunca mais.

Aproveito para organizar meu quarto e deixar as coisas prontas para o trabalho na segunda, a noite estou pensando em pedir um lanche, vejo os estores da Lua ela está se arrumando para ir para o Flama, no grupo que temos umas amigas do trabalho elas estão combinando de ir para lá mesmo, eu não faço nem questão, mas à medida que as horas passam vou ficando entediado, mais não tenho companhia e seu eu aparecer no cajuína e a Lua saber que fui para lá ela arranca meu pinto fora, então me arrumo de forma bem casual, colo uma bermuda moleton e uma camisa básica preta grande que tenho, pego minha carteira e celular e sigo para o Nasc Pub, um bar de rock bem discreto e ótimo que fica quase do lado do nosso apartamento, Lua odeio o lugar nunca vai saber que estive lá.

Assim que chego compro três fichas para jogar sinuca e compro uma cerveja que é o que meu cartão ainda tem como passar, mando quase todo o meu salário para casa para ajudar nas contas, normalmente não sobra muito, mas vou juntando para quando tiver vontade de jogar uma sinuca e tomar só uma gelada mesmo, o bar está quase vazio estou jogando sozinho, bom que consigo praticar, meu pai me ensinou a jogar quando era vivo o que me fez criar uma memória afetiva em relação ao jogo.

Estou na terceira ficha quando vejo Bento chegar com seus amigos, um sorriso enorme se abre quando ele me ver, seus amigos passam por mim indo para uma mesa, mas ele fica em pé perto de mim.

— Três encontros por acaso, já posso pedir música? — Ele fala me arrancando uma risada espontânea.

— Música eu não sei mais meu número pode sim — falei ao mesmo tempo me recriminar mentalmente por flertar com ele mesmo não sendo solteiro.

— Verdade, pensei que você estava fugindo de me passar seu contato por algum motivo.

— Não, foi só falta de atenção mesmo.

Trocamos telefones, ele compra mais umas fichas e parece esquecer dos amigos, até parece que marcamos esses encontro na mesa de sinuca, além das fichas ele me paga outro cerveja, quero negar, mas não estou fazendo nada de errado então não tem problema beber um pouco às custas dele, já que ele insiste em não me deixar pagar, ele joga muito bem, mesmo assim ganhei duas partidas seguidas, a bebida começa a me deixar meio solto e as coisas ficam mais quentes quando ele se aproxima de mim e se põem em cima de mim segurando minhas mãos, posso sentir seu cheiro me deixando de pau duro, suas mãos grandes cobrem as minhas com facilidade, seu corpo quase colado ao meu me fazendo pensar em coisas que não deveria.

— Aqui olha, deixa eu te ajudar com essa jogada.

— Eu estou ganhando, tenho certeza que preciso de ajuda — falei deixando meu rosto a centímetros do dele, posso ver seus olhos faiscando de tanto desejo.

— Estou deixando você ganhar — ele fala abrindo um largo sorriso.

— O que, a vai meter essa — falei quando ele tomou distância de mim.

— É a verdade — ele insiste.

— Pois vamos apostar.

— Quais os termos — ele fala interessado.

— Se eu vencer você me deixa pagar a conta das bebidas que tomamos hoje — falei confiante.

— E se eu vencer? — Ele fala mordendo o lábio inferior.

— Você escolhe seu prêmio.

— Gostei, vamos começar então.

Joguei sério e quase ganhei, porém ao final do jogo ele me surpreende encaçapando suas últimas três bolas em três jogadas perfeitas, o safado sabe mesmo jogar, ele sorriu para mim quando me viu em choque e vai além ele pisca para mim, estou rindo do jeito dele, Bento é safado e muito sedutor ao mesmo tempo em que é engraçado e divertido, uma combinação não muito boa para mim que estou lutando para me lembrar que tenho namorado, ele paga a conta e diz que minha prenda será aceita uma carona para casa.

— Tudo bem de acordo.

Bento se despede dos amigos e juntos saímos do bar, imaginei que ele fosse pedir um uber, mas ele puxou a chave do seu carro do bolso, não entendo muito de carros, mais reconheço seu carro ele tem um uno branco, é um carro bem apertado que contrasta com ele que é um homem grande.

— Um carro pequeno para um homem grande — falei tirando onda.

— Eu gosto dele e tive que vender o outro então estou temporariamente com esse.

— Você tinha dois carros? — Falei surpreso.

— Não, eu tinha outro maior, mas tive que vender, então comprei esse que me pareceu simpatico e na real não me arrependi não ele é bem mais barato de manter — diz ele sorrindo.

— Entendi, eu não tenho carteira, não gosto de dirigir.

— Mas você sabe? — Me pergunta.

— Sei, mas como te falei não gosto, sou desatento demais para está atrás de um volante — falei lembrando do fiasco que foi meu irmão mais novo tentando me ensinar a dirigir.

Ele liga a rádio, mas nem me concentro no que está tocando, sua presença monopoliza facilmente minha atenção, quando chegamo na minha casa agradeço pela carona e pela bebida, ele se aproxima um pouco e não resisto em um momento de fraqueza avanço e beijo sua boca também, o gosto do cerveja se misturando com um sabor mentolado me levam para o céu, seu beijo tem paixão, vida, meu pau está duro só de sentir sua língua roçando na minha, meu corpo vai para cima do dele e quando percebo ele afastou o banco e deitou um pouco para me receber em seu colo, sinto a dureza de seu membro contra minha bunda, o aperto do carro é um fator que limita muito nossa pegação, por outro lado estou adorando o contato entre nossos corpos, suas mãos ágeis vem tirando minha camisa quando em um lapso de consciência eu falo.

— Tenho namorado, não posso fazer isso.

— Foi mal, não devia — ele se explica.

— Relaxa você não me forçou, só que não é certo melhor pararmos.

Eu desço de cima dele nos despedimos em meio ao tesão e ao constrangimento e corro para dentro de casa só pensando no que acabei de fazer com Bento em seu carro minúsculo, minha amiga não está em casa graças a deus, aproveito para tomar um banho gelado para ver se esse fogo que se acendeu em mim se apaga, mas só consigo relaxar mesmo quando finalizo o que começamos em uma punheta deliciosa de baixo do chuveiro.

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Comentários

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Essa história promete, acho que vou gostar. E já vou logo dizendo que não acredito em relacionamento a distância, ou abre a relação ou termina.

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moço? tu é da minha cidade? kkkkkkkkkkkkkk tomei um susto aqui reconhecendo o nome dos lugares aliás gosto dos teus contos sou fã deles continua

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Rafa não dá sossego aos leitores! Hahaha assim que é bom!

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a cara, já gostei do caio e do bento, mas como todos os contos, ven dor e sofrimento por aí kkk

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[EU, O ROMÂNTICO]: Esses encontros orquestrados pelo destino indicam uma grande história de amor pela frente.

[RAFA, O SÁDICO]: Calma veado, calma... o sofrimento e as lágrimas ainda nem começaram...

Enfim, "e la nave va".

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Ahh, e esses mineiros engajados em comentários, hein? Tava fazendo falta, Alguem_Mineiro 😉

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Hahahahah descreveu perfeitamente o Rafa, e me fez rir bastante, é eu achando que ele focar só em uma história, o cara vai lá é começa uma nova história.

Parece que essa promete, e tem cara de ser curta com poucos capítulos.

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