O HERÓI QUE ME AMAVA - CAP 3: NEXUS

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1675 palavras
Data: 03/06/2024 03:50:21

NARRADOR: OTTA

Não tem coisa pior que aula de fundamentos da sociologia. Eu não consigo ficar com os olhos abertos. Sempre foi assim, não fui feito para ler coisas difíceis. Enquanto o professor explicava sobre alguns autores que defendem a família brasileira (saco!), fiquei rabiscando esquetes para o meu canal.

O queridinho da turma, Léo Muller, se enturmou logo de cara. O Raul achava que era ciúmes da minha parte, mas só eu sabia a raiva que sentia desse pivete. Coloquei toda a minha fúria para criar algo bem interessante. Joguei alguns papéis fora, achei as ideias ridículas.

De alguma forma, o Léo conseguia tirar toda minha concentração. Eu não queria pensar neste ridículo. Como ele ousava, bloquear o meu conteúdo por causa de um detalhe técnico. Afinal, eu não era o único que odiava os super-heróis, existiam várias páginas que eram contra os heróis, inclusive, uma manifestação famosa chamada de Marcha Contra os Heróis.

Sou um cara legal, nunca tive inimizades, juro. Quer dizer, na terceira série, a Joana Villar roubou a minha máscara de carnaval, e até hoje, depois de 7 anos, a gente não se falava, aquela vaca ainda me devia uma máscara de carnaval.

A dispensa do professor soou como harpas angelicais nos meus ouvidos. Não aguentava mais, sério mesmo, os meus colegas de classe babando o ovo do Léo Müller. Tá, ele era bonito, eu entendo, e também famosinho, mas eu tinha milhares de seguidores, e nem por isso, usava minha fama para ter vantagens no âmbito educacional.

— A gente podia fazer alguma coisa lá em casa. — sugeriu Raul, ao avisar que seus pais estavam viajando.

— Olha, festinha, eu quero. — brincou Cláudio, sentando e organizando os alimentos.

— Eu topo também, preciso desestressar. Esse garoto tá acabando com a minha alegria estudantil. — falei ao mastigar com força meu sanduíche de atum.

— Tá dando muito ibope para esse cara. Ele não queria que você publicasse o vídeo, tudo bem, agora supera. — aconselhou Raul, limpando meu rosto que estava sujo com creme de atum.

Sério. Tinha os melhores amigos do mundo. Eles conseguiam me tirar de qualquer fossa em tempo recorde. Na aula de roteiro, tivemos que fazer um trabalho de criação baseado em canções famosas. Consegui formar dupla com o Raul, e Cláudio ficou com o Léo. Caramba, perdi completamente a concentração.

Cláudio olhou para nós, fiquei com pena dele, seus olhos ficaram inquietos. Raul soltou um riso abafado e tentou chamar a minha atenção. Meu coração batia a mil por hora. Eu não gostava do Léo, mas porque esses sentimentos conflitantes dentro de mim? Sério, Santo Antônio? Affz.

— Ei. — Raul chamou a minha atenção estalando os dedos. — Se você secar mais, o Léo vai desidratar.

— Você também? — perguntei para Raul, achando que ele e Santo Antônio estavam com um complô contra mim.

— Calma, Otta. Vamos focar no trabalho? — pediu Raul, olhando algumas anotações.

De repente, a porta abriu e uma das alunas mais bonitas do curso de cinema entrou na sala. Ela se chamava Brunessa e foi transferida de outra universidade. Ela era alta, siliconada e com um bumbum que daria inveja a Kim Kardashian. Os seus cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo perfeito.

— Brunessa, — o professor disse, quase que suspirando. — Você pode ficar na equipe do Sr. Leonardo.

— Ótimo. — murmurou Cláudio, olhando para nós e pedindo socorro.

Como as pessoas podem ser folgadas, né? Brunessa só faltou se atirar para cima de Léo. Ele, por outro lado, não protestou as investidas. Será que eles esqueceram que estavam em uma universidade? Procurem um quarto.

Para o trabalho, Raul e eu escolhemos a canção "A Lua que eu te dei", da Ivete Sangalo. Escolhemos um casal protagonista queer. Lemos a primeira parte do diálogo e fomos aplaudidos pelos outros alunos. Claro, que parte da ideia foi minha, modéstia parte, eu sou ótimo com criação de roteiros.

Nem fiquei impressionado quando a equipe do Cláudio escolheu uma música parecida como fonte de inspiração, "A Lenda", do duo Sandy e Júnior. A pior parte? Léo e Brunessa fizeram uma parte da apresentação como se fossem os personagens apaixonados. Quase vomitei. Nem preciso dizer que todos adoraram e aplaudiram a performance dos dois.

— Ele deve estar adorando toda essa atenção. — pensei, cruzando os braços.

NARRADOR: LEONARDO

— Eu odeio essa atenção. — pensei, depois de fazer par com a Brunessa, que quase comeu o meu rosto em um beijo técnico.

Desde sempre, evitei ser visto pelas pessoas. No início, o papai pedia para não utilizar meus poderes na frente de ninguém. Já imaginou uma criança ter que fingir ser alguém que não era? Por fim, acabei aceitando e me especializei na arte do fingimento. Fingia tão bem, que não possuía dificuldades em me enturmar.

Sabe a parte irônica? Hoje em dia, eu ganhava a vida nas passarelas e fazendo fotos, ou seja, as pessoas precisam me ver. A moda apareceu na minha vida de maneira orgânica e rendeu uma boa grana, porém, não sou bom com a questão do reconhecimento. Eu sei, sou um otário hipócrita.

A ideia de fazer cinema foi do Murillo. Ele achou melhor eu estar por dentro de tudo que abrangia o universo do audiovisual. Ainda mais agora que os meus clientes estavam ficando mais exigentes.

Agora, junte tudo isso com a energia que vem do Otta. Acho que ele não superou a proibição do vídeo. O meu colega não parava de me encarar e sua frequência cardíaca vivia oscilando. Eu não queria me meter em problemas, muito menos conquistar inimizades. O que eu posso fazer para compensá-lo sobre a entrevista?

Com o fim das aulas, o Otta voltou sua atenção para o seu grupinho. Infelizmente, um dos meus poderes não era uma audição perfeita. Se eu tivesse pelo menos com o meu mini espião, uma escuta no formado de mosquito, que a mamãe construiu no ano passado.

— Ei, Claúdio. — me aproximo deles, usando a única carta que tenho em mãos. — Parabéns, pela ideia do roteiro, irmão. — o cumprimentei.

— Ah, obrigado. — Cláudio disse, fazendo uma careta engraçada.

— Ele que sugeriu a música? — Otta questionou, cruzando os braços.

— Sim. O cara conhece muito de produção musical. — comentei feliz.

— Nossa, Cláudio, seu gosto musical tá diferente, hein. Bem meninos, eu tenho um livro para devolver na biblioteca, com licença. — Otta anunciou saindo da sala.

Não foi dessa vez. Me despedi dos outros e segui para o estacionamento. Ao subir na minha moto, senti que algo não estava certo. Olhei em volta e percebi uma palpitação diferente vindo da ponte que ligava a biblioteca às salas de aula. A barra estava limpa, mas corri para um banheiro próximo e coloquei o traje reserva, que era uma peça mais tática, quase militar.

Percorri os corredores da faculdade e a sensação de perigo só aumentava. Os alunos me olhavam de maneira estranha, alguns filmavam de seus celulares, porém, a mamãe desenvolveu uma tecnologia que dava um bug em câmeras e afins.

Na faculdade, existia uma ponte que ligava dois prédios. De longe, eu enxerguei uma bolsa jogada no chão. O Otta atravessou a porta de vidro da biblioteca e não escutou o meu aviso. Ele, como qualquer outro jovem, estava imerso em seus fones de ouvido. Respirei fundo, peguei uma lixeira e cobri a mochila para diminuir o estrago.

Corri na direção do Otta e o abracei. Um grande estrondo nos jogou longe, perdi os sentidos por alguns segundos, mas o Otta parecia bem, mas ficou desacordado.

Como assim? Colocaram uma bomba em um dos principais pontos da universidade.

— Ei, acorda. — pedi, dando leves tapas em seu rosto. — Ei, garoto.

— Hum. — Otta gemeu, então, abriu os olhos. — O que aconteceu? Quem é você?

— Me chamo Ícaro. — digo, um sintetizador posicionando no meu dente ajuda na modulação da voz, ou seja, não tem risco de me reconhecerem. — Foi um prazer salvar a sua vida.

— Eu, eu. — se levantando com dificuldade. — Eu não pedi para ser salvo. — o Otto reclamou me fazendo revirar os olhos.

— Ok. — me despedi e pulei da ponte destruída, deixando o Otta ilhado.

NARRADOR: OTTA

— Ei, Ícaro! — gritei, porque estava preso entre dois pilares da ponte. — Ei! Droga.

Uma equipe do Corpo de Bombeiros me resgata da ponte. Nunca fui tão humilhado na vida. O motivo? A minha calça rasgou quando estava descendo as escadas de metal. Maldito, Icaro. O que será que ele estava fazendo na faculdade, justamente quando uma bomba explode?

Eu falava, mas ninguém me escutava. Onde havia héroi, havia problema. A partir de hoje, vou dedicar a minha vida a descobrir quem era esse tal de Ícaro, ou eu não me chamava Otaviano Lourenço.

NARRADOR: NEXUS

Então, existia um herói na universidade? Eu sabia. Esses idiotas sempre conseguiam se passar por pessoas comuns. A bomba foi só o primeiro passo, mas eu precisava ter paciência. Eu tinha que esperar o momento certo para atacar. Os heróis precisavam ser destruídos.

Você deve estar se perguntando qual o meu nome? Bem, eu me chamo, Nexus, a destruidora de heróis. Nos últimos anos, estive no escuro esperando um momento para subir à superfície. Aproveitei o anonimato para evoluir a minha tecnologia, porque sei que os heróis contavam com o melhor que os governos podem desenvolver.

Atualmente, contava com uma base móvel na cidade de São Paulo. Um lugar que daria inveja a qualquer cientista do mundo. Reuni uma equipe poderosa e que colocava toda a sua paixão nos meus planos.

A nossa missão era devolver a ordem para o país. Nos livrar desses seres repulsivos e comandar o mundo. Primeiro o Brasil, depois o mundo.

— Senhora. — Abade, um dos meus fiéis escudeiros chamou por mim.

— O plano saiu de forma brilhante, Abade. Você está de parabéns. Já descobrimos um super na universidade. — afirmei, andando até o painel de controle.

— Nexus. — Ludovic, um outro servo se aproximou e me entregou uma chave. — Está tudo pronto para o início da fase 1.

— Escutem, meus filhos queridos. Eles vão pagar. Eles vão pagar por tudo. — rindo alto e levantando a chave. — Ou não me chamo Nexus, a destruidora.

— Amém, mãe! — gritaram Abade e Ludovic juntos.

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Comentários

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oi cara, vc é minha inspiração , estou começando a escrever a pouco tempo, acompanhei suas historias todas , parabéns , li e reli e chorei um monte de vezes com a historia do Felipe e Guilherme, a história de nós três espero que sempre continue , se quiser da uma olhada se gosta do meu , claro não é igual o seu, vc é minha inspiração, e me inspirou a começar a escrever

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