Falta para cartão - Elaine

Um conto erótico de Fabio N.M
Categoria: Heterossexual
Contém 5548 palavras
Data: 27/06/2024 00:11:11

Este conto é paralelo ao conto anterior, porém com uma perspectiva diferente, portanto, tanto faz ler esse agora e o anterior depois ou vice-versa.

*****

Quando o árbitro apitou o fim da partida, um silêncio sepulcral e a frustração generalizada tomou conta da nossa torcida. Muitos olhavam para o campo incrédulos, desesperançosos. Algumas garotas que estavam gritando ao meu lado o jogo inteiro agora pareciam desoladas. Os torcedores deixavam seus lugares em silêncio e se retiravam do estádio. Eu não poderia me dar esse direito. Como mãe, era meu dever ser forte e levantar o rosto do meu filho que deu tudo de si naquele jogo.

Meu filho, Caio, era um rapaz lindo, de 20 anos, cabelos negros como os meus e olhos castanhos claros como os do pai. Jogava desde pequeno e perseguia o sonho de jogar em um time grande do estadual e meu papel como mãe era apoiá-lo, principalmente após uma derrota que ameaçava tirar seu time do Campeonato Regional Sub 20. Desci até a beira do campo e fui falar com ele.

— Como você está, querido?

— Nada bem, mãe — disse ele me abraçando — Se não avançarmos pra próxima fase eu não sei o que vai ser da nossa carreira.

— Vai dar tudo certo, ainda tem mais um jogo e você e seu time vão se esforçar, vão treinar mais e vão se manter na disputa. Só não podem se abater e jogar a toalha.

— Acho que o Tiago também está precisando de um apoio.

Tiago era amigo de infância do Caio e morava conosco há cerca de um ano e meio, desde que veio jogar nas categorias de base. Ele e meu filho compartilhavam o mesmo sonho e a ideia de serem eliminados do campeonato na primeira fase era devastadora. O vimos desolado no meio do campo.

— Depois que vocês saírem do vestiário, vamos a uma lanchonete pra esfriar a cabeça e desviar o foco dessa preocupação toda.

— Vai ser uma boa — disse após um longo suspiro.

— Espero vocês no estacionamento.

Ele voltou para o campo, indo em direção ao amigo enquanto eu caminhava em direção ao estacionamento. No trajeto, observei com estranheza um dos jogadores do time adversário que comemorava com seus colegas. Tinha um porte atlético maior e mais forte, barba rasa e corte de cabelo estilo surfista. Parecia muito mais velho para o limite máximo de idade se fosse comparar com Caio ou o Tiago. Não havia nenhuma surpresa em ter sido dele o gol que os levaram à vitória.

Meu celular tocou novamente. Era difícil dizer quantas vezes haviam sido só naquela quinta-feira, no mínimo uma dúzia de vezes, mas diferente do habitual, não era de nenhuma das lojas de cosméticos, das quais sou Diretora de Marketing, nem dos fornecedores.

— Oi, meu amor! — falei ao atender

— Oi, princesa — disse Valter, meu marido — Só liguei pra dizer que já estou na estrada. Devo estar em casa daqui a pouco.

— Vou levar os meninos pra uma lanchonete. É provável que você chegue em casa antes de nós. Me manda mensagem quando você chegar.

— Mando sim. E por falar nos meninos, como foi o jogo?

— Ah, amor! Terrível, eles perderam de 1 x 0 e correm o risco de serem eliminados. Estou levando eles para lanchar para ver se levanta o astral deles.

— Você é a melhor! — ele fez uma pausa — Não deixem eles se abaterem com isso. O próximo jogo é decisivo.

— Você vai conseguir estar aqui no próximo jogo?

— Infelizmente não. Tenho que estar segunda-feira de manhã em Araçatuba.

Valter era Gerente Financeiro de uma rede de lojas de roupas e calçados. Estávamos casados há 22 anos, mas foram nos últimos 2 anos, desde a sua promoção, que a rotina de viagens começou. Isso o deixava esgotado e já há alguns meses que ele me confidencializou que planejava deixar o cargo e trabalhar em casa como Contador.

— Pelo menos teremos a sexta e o sábado para aproveitar.

— E essa noite? Não vai rolar?

— Ah, você ainda está com esse gás todo?!

— Mas é claro.

— Então vou estar prontinha pra você — falei, já sentindo meu corpo reagir.

Apesar dos seus 46 anos, Valter não deixava a desejar na cama. Se havia alguma vantagem em suas viagens para o nosso casamento era que ele sempre voltava com mais vontade.

— E como você vai estar essa noite? — perguntou o safado.

— O que acha daquela lingerie que você me deu no meu aniversário?

— Perfeito!

— E o que vai fazer comigo?

— Vou…

Não prestei atenção em mais nada quando ouvi as portas do carro se abrindo e os meninos entrando de repente enquanto falavam sobre o jogo. De forma impensada acabei desligando o telefone na cara do Valter.

— Está tudo bem? — perguntou Caio, vendo-me trêmula.

— Sim é que eu me assustei com vocês entrando assim de repente.

Enviei uma mensagem para o Valter explicando o motivo de ter desligado do nada e cortado o clima gostoso que estava rolando. Sua resposta foi uma figurinha de gargalhada.

*****

Na lanchonete, o assunto continuava sendo o fatídico jogo e o desânimo era palpável. Mas eu estava ali para dar apoio moral e não deixar que isso os abatesse.

Conjecturavam as razões para o péssimo jogo daquela tarde, mas eu tinha minhas próprias suspeitas.

— Eu ainda acho que aquele atacante está usando identidade falsa pra mentir a idade — falei — a cara dele não mente, deve ter uns 25 por aí.

— Eu te falei que não era só eu que achava isso — disse Caio voltando-se para Tiago.

Pelo visto não era coisa da minha cabeça.

— Mesmo se for isso, ele não ganhou o jogo sozinho — disse Tiago ainda desacreditado — nosso time também não foi lá essas coisas.

Já era hora de levantarem a cabeça.

— Ah, foi sim! Vocês chegaram com um ataque forte. O outro time que ficou o tempo todo na retranca e conseguiram prender o jogo. Vocês só deram o vacilo no contra-ataque que acabaram levando um gol.

— Se não fosse isso seria mais um empate — insistiu Tiago.

— Se não fosse isso vocês teriam garra para buscar o gol até o último minuto.

Nesse momento, outra mensagem de Valter chegou em meu celular.

— Meu pai? — perguntou Caio.

— Sim, avisando que já chegou em casa.

Terminamos aquela tarde um pouco mais motivados e unânimes em acreditar que poderíamos vencer o próximo jogo.

*****

Ao chegar em casa, me lancei aos braços de Valter, que me envolveu em seus braços e me beijou de forma intensa. Estávamos ansiosos para o que aconteceria mais tarde.

— Está com fome? — perguntei após descolar meus lábios dos dele.

— Eu estava indo assaltar a geladeira quando vocês chegaram.

— Deixa que eu te preparo algo para comer.

Fiz um arroz com calabresa na pressão. Para quem tiver interesse na receita é só refogar uma colher de óleo, meia cebola cebola picada, alho e a linguiça em rodelas na panela de pressão; misturar molho de tomate, sal e água quente, tampar a panela e deixar no fogo alto até pegar pressão. Depois é só deixar mais 3 minutos em fogo baixo e desligar.

— O cheiro está ótimo — comentou Valter, sentando à mesa.

Eu sorri de orelha a orelha.

Servi o jantar e comemos sozinhos enquanto conversávamos nos atualizando sobre os dias um do outro, nos insinuando e nos provocando até o fim, quando ele me puxou para nosso quarto e em desespero começou a me beijar no pescoço e acariciar meu corpo. Senti o arrepio como se todas as funções eróticas do meu corpo estivessem sendo ativadas. Seus dedos entrelaçando meu meus cabelos pela nuca me faziam revirar os olhos. Nos lábios se esfregavam em um beijo intenso e nosso sangue fervilhava de paixão.

Fomos para cama, e Valter deitou-se por cima, mantendo seus lábios percorrendo os meus e alternando para meu pescoço. Seu membro me penetrava até o fundo, alargando minhas paredes vaginais e intensificando as estocadas. Com minhas pernas o abracei, mantendo-o em cima de mim e comprimindo seu pau dentro de mim.

Ele não demorou a despejar seu gozo em jatos fortes e carregados, mas eu ainda precisava gozar.

Fiquei por cima, e com destreza, encaixei seu membro novamente em mim. Suas mãos afagavam meus seios com luxúria e desejo. Me inclinei para que sua boca me chupasse, sua língua serpenteasse em minhas aréolas e seus lábios mordiscassem meus bicos rígidos.

Comecei a cavalgar sentindo-o dentro de mim, estimulando cada nervo do meu corpo, me induzindo a ir cada vez mais rápido e mais intensamente. Contendo meus gemidos para não ser ouvida gozei plena e saciada. Com os cabelos desgrenhados cobrindo nossos rostos e ocultando nosso beijo de cumplicidade. Passamos mais um tempo, abraçados, trocando afagos e gracejos até cairmos no sono.

*****

No sábado, eu acompanhava o treino dos meninos para o próximo jogo. O mesmo grupo de garotas da quinta-feira também estava por lá, mas comecei a suspeitar que suas intenções não eram nem tanto o jogo de futebol, mas os jogadores. Riam e cochichavam entre si e gritavam o nome dos jogadores, incentivando-os.

Admito que me deu uma pontada de ciúmes quando gritavam por Caio e Tiago. Caio era meu menininho e sei que um dia ele teria que arrumar uma boa garota e me abandonar, digo, se casar e ter sua própria família. Eu só não entendia o porquê de sentir ciúmes também de Tiago que era apenas o amigo do meu filho e nada mais. Talvez esse tempo em que ele tenha passado morando conosco tenha criado algum laço entre nós que eu não entendia muito bem. Eu não tinha razões para me importar com o assédio das meninas em cima dele, mas ali estava eu, incomodada.

Ao final do treino, esperei no estacionamento até que apareceram acompanhados de duas das garotas da torcida. Meu sangue ferveu. Caio se aproximou todo carinhoso, mas com segundas intenções.

— Mãe, eu e Tiago combinamos de sair com as meninas depois do treino. Poderia deixar a gente numa sorveteria que tem aqui perto?

Medi as duas de cima a baixo e meu alerta de piriguete começou a apitar, mas nunca fui mulher de barraco e ali não era hora e nem lugar para iniciar um sermão. Todos entraram no carro e precisei disfarçar minhas contrariedade.

Durante o trajeto, era tanta melação que ouvia das duas que considerei seriamente mandá-las saírem do carro.

— Vocês arrasaram no treino hoje — comentou a loirinha que se recostava o tempo todo atrás da minha poltrona para com Caio.

— Esperamos vencer o jogo de amanhã e afastar o fantasma da eliminação do nosso time — respondeu ele.

— Eu sei que vocês vão conseguir — comentou a outra que não desgrudava de Tiago.

— Estaremos lá na torcida amanhã — garantiu a garota atrás de mim — afinal de contas, por trás de todo grande time sempre tem uma grande torcida.

— Se tivermos esse incentivo em cada jogo, a conquista do campeonato é certa — disse Tiago.

— E vamos dar todo incentivo que precisam — disse a loira bem descarada.

— Opa, opa! Calma lá — interrompi — Vocês ainda estão falando de futebol, né?

— De certa forma — disse Caio olhando para a vadiazinha e dando uma piscada para ela.

Cheguei em frente a tal sorveteria e os quatro saíram do carro.

Senti meu coração sendo esmagado quando vi elas se jogando nos braços dos meninos como as putas oferecidas que eram. Saí com o carro e minha alma gritava por dentro.

Caio era meu filho e eu não poderia permitir que umazinha qualquer o iludisse, e o Tiago… bem, ele merece alguém melhor do que uma Maria Chuteira que só se interessa pelo status de jogador prodígio. Eu o conhecia desde criança e sabia o garoto maravilhoso que ele sempre foi fora de campo.

Eles chegaram por volta das 22h, depois de terem deixado as meninas em casa, rindo e cochichando entre si. Foram para o quarto sem sequer falar comigo ou o Valter.

— Onde você os levou? — perguntou meu marido.

— A uma sorveteria próxima do estádio.

Valter levou as mãos ao rosto. E me olhou balançando a cabeça em sinal de reprovação.

— O que é que tem de mais? — indaguei.

— Não é possível que você tenha sido tão ingênua. Você se lembra do que tem na rua de trás daquela sorveteria?

Só então pude ligar os pontos. Caio e Tiago foram para o motel com aquelas vagabundas. Meu coração disparou e meu sangue ferveu. Eu ia imediatamente falar com eles, mas Valter me deteve.

— Se acalma. Gritar com eles agora não vai adiantar nada. Amanhã terei uma conversa séria com o Caio.

— Só com o Caio? Mas e o Tiago?

— Tiago não é nosso filho. O que ele escolhe fazer não é da nossa conta.

— Claro que é. Ele mora com a gente.

— Se ele tivesse trazido alguém aqui pra casa, então teríamos algum direito de reclamar, mas ele não fez isso.

— Mas…

— Preocupe-se com o Caio. Ele é o nosso filho e não foi essa a educação e o comportamento que ensinamos a ele. Sempre falei com ele que se envolver com a pessoa errada é dor de cabeça para o resto da vida.

A tensão de meus membros foi se desfazendo e a respiração acelerada foi voltando ao normal, mas não totalmente. Valter estava certo que devíamos chamar atenção do Caio e que Tiago já era maior de idade e, desde que não trouxesse alguma mulher para nossa casa, não tínhamos o direito de dizer o que ele deveria ou não fazer da sua vida. Mas me incomodava, e por alguma razão ver Tiago com outra mulher fazia meu coração apertar.

*****

No domingo à tarde, Valter havia acabado de chegar em casa depois de ter deixado os meninos do estádio.

— Conversou com eles? — perguntei.

— Conversei em particular com o Caio. Não quis dar um sermão na frente do amigo dele.

Nem preciso dizer que não fiquei satisfeita com a atitude seletiva do Valter, mas não poderia, e nem deveria, ficar tão preocupada assim com Tiago.

— Ele pelo menos te ouviu?

— Mais do que isso. Ele admitiu que tinha sido ele que convidou as meninas e as chamou para o motel. O Tiago só foi se dar conta depois que você os deixou na sorveteria — Valter deixou-se cair no sofá como se estivesse carregando um peso nas costas — Falei que enquanto ele vivesse debaixo da nossa tutela é dever dele nos obedecer, que se ele quisesse arrumar uma vagabunda pra sugar o dinheiro dele, que arrumasse um emprego e caçasse um rumo.

Meu coração de mãe queria gritar com Valter, mas ele não estava errado. Se meu filho engravidasse aquela Maria Chuteira, sobraria pra nós pagar pensão alimentícia. Conhecendo meu marido, ele preferiria colocar Caio para trabalhar no que quer que fosse para criar juízo e arcasse com sua responsabilidade. Na pior das hipóteses, seria a garota engravidar de outro cara e afirmar que o filho fosse do Caio e exigisse alimentos gravídicos sem sequer ter a obrigação de comprovar a paternidade.

— Espero que ele tenha se tocado — falei.

— Eu também.

Mais tarde, fomos ao estádio acompanhar o jogo.

Uma partida apertada desde o primeiro tempo. Um gol para cada lado e o relógio impiedoso parecia mais rápido que o normal. O cansaço estava estampado no rosto dos jogadores, mas nosso time jogava pela vitória. Um empate como aquele significava a eliminação. A torcida vibrava a cada drible, a cada investida, e prendia a respiração a cada ameaça.

Os minutos finais foram de completa tensão, que levava nossas emoções ao limite. Uma cobrança de escanteio do time adversário, a bola indo em direção aos jogadores que disputavam cada pequeno desvio na trajetória da bola. O goleiro afastou o perigo com um chute para o meio de campo, onde Tiago dominou a bola. A torcida inteira ficou de pé gritando o seu nome, mas em uma dividida a bola voltou a se tornar uma ameaça até conseguirmos avançar pela lateral para o lado adversário. O lançamento foi feito, mas a zaga afastou. A bola caiu nos pés de Caio, que viu Tiago avançando e resolveu lançar novamente. Com um chute de voleio, Tiago marcou o gol que fez a torcida explodir em gritos de comemoração.

Em meio à euforia, poucos puderam perceber a confusão que se formava no campo. Caio tentou apartar a briga, mas foi derrubado por um soco. Valter, que tentava entender o que estava acontecendo, viu o que aconteceu e começou a pular as cadeiras, empurrar torcedores e qualquer um que estivesse na sua frente, avançando em direção ao campo. Segui o caminho aberto por ele na multidão, mas quando chegamos ao gramado, o agressor já estava em cima de Tiago e os árbitros tirando-o de cima.

Caio tentou ajudá-lo a se levantar, mas sua expressão de dor indicou que algo sério havia acontecido. Enquanto o árbitro principal distribuía cartões, uma equipe de socorro entrava em campo com uma maca. Aquilo parecia um pesadelo. A partida foi encerrada, mas ao invés da alegria da vitória, apenas a tensão inundava o campo.

— Caio, o que aconteceu? — perguntou Valter antes que Caio, que vinha em nossa direção, pudesse recuperar o fôlego.

— Um cara acertou o joelho do Tiago e ele não consegue ficar de pé. Estão levando ele para o pronto-socorro agora. O Paulo, o agente dele, está acompanhando.

— Entrem no carro. Nós vamos pra lá também.

As notícias não poderiam ser piores. Tiago havia rompido um ligamento e precisaria fazer cirurgia. O que significava que ele não voltaria para o campo de futebol tão cedo. Isso foi um baque para nós e para o time.

*****

Eu estava de saída quando vi Tiago na sala, sentado no sofá com a perna esticada sobre a mesinha de centro e o joelho imobilizado por uma joelheira de compressão. Com um olhar abatido direcionado para o nada permanecia quieto. Provavelmente ainda sem acreditar no que estava acontecendo e vendo sua carreira no futebol escorrer como areia entre os dedos.

— Ei, Tiago, como você está? — perguntei.

— Estou bem, na medida do possível — disse, endireitando-se no sofá.

— Vou na farmácia comprar os medicamentos que o médico te receitou. Quer que eu traga alguma coisa da rua pra você?

— Não precisa, eu só tenho que agradecer pelo cuidado que estão tendo comigo.

Me sentei ao seu lado e lhe fiz um cafuné para tentar animá-lo.

— É o mínimo que podemos fazer pelo nosso craque.

Nesse momento percebi um volume crescente em sua bermuda, como se algo vivo estivesse nascendo ali e parecia enorme. Meu coração disparou e recolhi minha mão na hora.

— Ops! Acho que apertei algum botão errado, hahahaha — disse com um sorriso sem graça e com o rosto queimando como brasa.

Relutamos em olhar diretamente um para o outro diante daquele constrangimento, mas a reação do meu corpo era anormal e a vontade de olhar de novo aquele volume me consumia, mas eu precisava manter a compostura e a razão.

— Me desculpe por isso, eu… — disse ele gaguejando.

— Tudo bem, só coloque uma almofada por cima antes que alguém apareça.

Nossos olhares se cruzaram, mas pareciam dois ímãs com pólos iguais se repelindo. Me levantei rapidamente e saí apressada antes que perdesse completamente o juízo. Corri para o carro e bati a porta, buscando desesperadamente me isolar do que tinha acabado de acontecer, mas era impossível, o problema estava dentro de mim. Me recusei a admitir a realidade, que eu havia ficado excitada, um limite que eu não poderia ter cruzado.

As semanas seguintes foram um teste de autocontrole.

Liguei para uma cliente que era fisioterapeuta, uma das melhores na área, e combinamos algumas seções para Tiago. Com Caio focado no futebol e Valter viajando constantemente, fiquei encarregada de levá-lo às seções.

Era impossível me livrar da imagem que sempre voltava à minha mente, daquele volume em sua bermuda e da sensação proibida que aquilo me despertou. Meu corpo era tomado de calor todas as vezes que o ajudava a entrar e sair do carro, quando ele precisava se apoiar em mim, e o cheiro amadeirado do seu perfume que atiçavam ainda mais meus sentidos. Eu me sentia cada vez mais próxima e íntima a ele.

As coisas se tornaram ainda mais perigosas um dia quando voltávamos para casa. Falávamos sobre assuntos aleatórios e a descontração me fez baixar a guarda.

— Era uma reunião importante e eu não podia em hipótese nenhuma chegar atrasada, eu estava em desespero.

— Hahaha, e o Valter na linha — disse após uma gargalhada.

— Sério! Eu estava falando com o Valter ao telefone e desesperada procurando o bendito celular.

— Hahahaha

— Valter, com toda a serenidade, falou: “Amor,você está com ele na mão falando comigo”. Eu devo estar ficando velha mesmo.

— Que nada. Você ainda é jovem, linda, chama a atenção por onde passa. Esse tipo de coisa acontece com qualquer um.

Minha atenção foi capturada pelo seu elogio.

— Você acha que eu ainda chamo a atenção de alguém? — perguntei, mesmo sabendo que eu me cuidava justamente para me manter impecável para o trabalho, mas é diferente quanto o elogio não é de clientes ou colaboradores.

— Pelo menos a minha atenção você chama.

Aquela resposta mexeu comigo. Não sei explicar. Eu estava acostumada a receber elogios de outros homens, mas nunca tive qualquer intimidade com eles, porém com Tiago era algo novo, eu já tinha intimidade com ele, eu estava despojada de todas as barreiras sociais. Me vi em uma partida de futebol sem goleiro e com a bola rolando na pequena área.

A cena do sofá me voltou à mente e por alguns milésimos de segundo olhei para o mesmo local, ciente de que o que ele dizia era uma verdade. Eu despertava algo nele.

— Isso eu pude perceber — falei.

— Eh,... sobre o que aconteceu aquele dia…

— Não precisa se explicar. Você é homem e sua reação foi natural. Fui eu que passei dos limites.

Sua mão pousou sobre a minha na manopla de câmbio, quente e aconchegante, transmitindo segurança e conforto. Meus dedos se abriram e os seus se entrelaçaram me enchendo de êxtase e adrenalina. Aquela cumplicidade perigosa estava mexendo com a minha cabeça.

— Você não ultrapassou nenhum limite, Elaine — disse ele com tom terno e acolhedor — Fui eu que não soube ser grato pelo que você tem feito por mim e não controlei meus próprios instintos.

Era um absurdo o que ele estava dizendo. Em momento algum vi aquilo como ingratidão ou coisa parecida, mas era consequência de uma intimidade que eu acabei lhe dando.

— Isso não se controla, querido.

— Não é de hoje que sinto isso por você.

Aquela revelação me pegou desprevenida. Sua mão segurou mais firme a minha, e ele me fitou com uma ternura que nunca tinha visto ou reparado. Esse tempo todo ele sentia alguma coisa por mim, mesmo sabendo que eu era casada. Mesmo me vendo com Valter e convivendo com Caio, ele escondia esse sentimento que agora estava vindo à tona.

O semáforo ficou amarelo e logo parei em frente à faixa de pedestres. Eu teria alguns segundos para colocar meus pensamentos em ordem. O ar dentro do carro parecia mais rarefeito e eu me sentia entrelaçada em um sentimento que não deveria ter. Seu olhar magnético me atraía e seus lábios me convidavam a experimentá-los.

Meu corpo inteiro estremeceu ao vê-lo inclinando-se em minha direção. Ele me queria, ele me desejava e isso me atraía. Meus olhos se fecharam e senti meu corpo ser puxado por aquele redemoinho de paixão.

A sirene de uma ambulância foi o gongo que me salvou. Recobrei momentaneamente o juízo e voltei com as duas mãos para o volante, olhando fixamente para a rua, temendo olhar novamente para Tiago e me perder em confusão. A luz verde acendeu e voltamos para casa em meio a um silêncio desconfortável.

*****

Desde aquele dia as coisas ficaram estranhas entre Tiago e eu. Evitávamos contato visual prolongado e cada conversa era cuidadosamente conduzida para não deixar transparecer qualquer sentimento intrometido. Isso não amenizava, pelo contrário. Fazia meu coração entrar em ebulição toda vez que estávamos no mesmo ambiente.

Nos preparamos para sair. Naquele domingo seria a grande final do campeonato e Caio tinha passado o dia todo com os garotos do time. Valter estava viajando e só estávamos Tiago e eu em casa. A todo custo eu evitava estar no mesmo ambiente que ele e era uma preocupação minha não parecer estar fugindo a todo instante.

Aproveitando que ele estava no banho, corri para levar suas roupas secas para o quarto a fim de sair antes de trombar com ele, mas parecia que o universo conspirava contra mim. Ouvi a porta se fechando e atrás de mim estava ele, apenas de toalha, com os cabelos molhados e olhar que me desmontava.

— Eu, eu… — as palavras pareciam presas na minha garganta — suas roupas limpas.

Eu precisava reunir todas as forças para sair dali, mas ele me deteve facilmente me segurando pelo braço.

— Eu estraguei tudo — disse com a voz embargada.

— Não foi só você, Tiago — falei, com medo de olhar diretamente para ele.

— Tentei resistir por muito tempo.

— Quanto tempo?

— Desde que cheguei e a vi na mesa da cozinha concentrada no seu laptop. Usava um blazer cinza claro e uma blusa rosa — ele se lembrava de cada detalhe — Seu sorriso se abriu ao me ver.

— Fiquei feliz por ver que aquele coleguinha do Caio havia se tornado um rapaz tão… — eu queria dizer o quanto ele era lindo.

— Não sou mais um menininho, Elaine.

— Eu deveria ter me dado conta disso.

Olhei para ele e seus olhos já estavam fixos em mim. Meu corpo inteiro se incendiava e estremecia de desejo e pavor.

Com um movimento rápido, ele desfez o nó da toalha, segurando-a com a ponta dos dedos. Eu olhava para tudo à minha volta buscando algo para me concentrar que não fosse seu corpo lindo como uma escultura. Tentei pedir que se cobrisse, mas já era tarde, a toalha já estava em seus pés e seu membro grande e ereto estava há poucos centímetros de mim. Nem um “a” saia da minha garganta.

De forma atrevida, Tiago segurou minha mão e a levou até seu pau. Aquele calor ardente tomava meu corpo induzia meus dedos a se fecharem envolvendo aquela monstruosidade pulsante cheio de veias.

Ele me puxou para mais perto e aproximou seus lábios dos meus. Finalmente o beijo aconteceu e senti meu corpo amolecer. Eu estava definitivamente rendida àquele desejo, com a excitação escorrendo entre minhas pernas. Minhas mãos subiam pelo seu peito até envolver seu pescoço e segurá-lo pela nuca, mantendo nossas bocas unidas e nossas línguas entrelaçadas.

Suas mãos abriam lentamente minha blusa, me deixando mais exposta e vulnerável. Fui levada até a cama onde ele dormia e tive a calça arrancada. Com beijos desesperados me cobriu as pernas até a virilha atiçando um fogo que já estava incontrolável. Segurei sua cabeça, mantendo ali e fui brindada com a mais bela chupada que já tinha levado em toda minha vida, com direito a língua sendo penetrada e o grelo sendo deliciosamente torturado.

Tiago se ergueu entre minhas pernas e senti seu membro na entrada. Eu já havia perdido completamente o juízo a ponto de agarrá-lo e mantê-lo firme até sentir ele entrando. Meu corpo se contorceu ao sentir minha boceta sendo arrombada

Suas estocadas me dilaceravam e os gemidos de prazer eram inevitáveis. Me agarrava onde podia e abafava meus gritos com o travesseiro, enquanto era empalada por aquela delícia de pau. Explodi em um gozo incontrolável a ponto de tirá-lo de uma vez de dentro de mim ou eu sofreria um ataque cardíaco.

Em espasmos, meu corpo foi se recuperando. Aquilo tinha sido inacreditável, uma viagem ao paraíso.

Ele se espremeu entre mim e a parede na cama de solteiro e me envolveu em seus braços. Ergueu levemente minha perna e me penetrou novamente. A luxúria havia me dominado e eu havia me entregado completamente ao melhor amigo do meu filho que me fodia de forma maravilhosa e naquele momento eu não pensava em mais nada além de ser dele. Múltiplos orgasmos eu atingia até ele finalmente despejar uma carga abundante de porra dentro de mim.

Nossa aventura libidinosa nos fez atrasar e perder praticamente todo o primeiro tempo do jogo, mas rapidamente nos misturamos à empolgação da torcida que comemorava o placar de 2 x 1 para nosso time.

Durante a ofensiva, a torcida gritava e vibrava torcendo por mais um gol, mas Tiago aproveitava para deslizar duas mãos pela minha cintura e beijar meu pescoço. Em certo momento ele até ousava enfiar a mão entre minhas pernas e apertar minha coxa me causando arrepios.

O jogo seguia após o intervalo sem muitas ofensivas ou chutes a gol. Seguramos o resultado até o fim e a comemoração foi estrondosa ao som do apito final, uma verdadeira festa na arquibancada com fogos, fumaça colorida e bandeiras tremulando e gritos de “é campeão”.

*****

Desliguei o telefone e a casa parecia ainda mais silenciosa e sombria. Os meninos já dormiam enquanto eu perambulava pelo quarto com um nó formado na garganta sem saber o que fazer ou como processar aquela notícia que acabara de receber. Eu olhava para o lado vazio onde Valter costuma dormir quando está em casa. O sentimento de culpa esmagava meu peito ao ponto de não conseguir conter as lágrimas. Eu estava dilacerada por dentro, me sentindo suja como uma puta barata. Eu havia quebrado a aliança de um casamento sólido e feliz em troca de uma aventura movida pelos mais primitivos desejos. Eu poderia simplesmente dar um basta e jurar para mim mesma que isso jamais se repetiria, levando o segredo da traição para o túmulo, mas já não havia mais garantias de que eu poderia manter esse juramento. O caos estava consolidado e era só o começo.

Desci até a cozinha e me sentei à mesa, sem acender as luzes, a escuridão seria minha melhor companhia para a bagunça que estava em minha cabeça. Me servi de um copo de whisky. Virei-o de uma vez e me servi de mais uma dose. Valter chegaria em casa e eu não sabia se seria capaz de olhar em seus olhos e fingir que nada tinha acontecido. Repassava inúmeras vezes as possibilidades de ser descoberta e o que seria da minha vida depois disso. Valter me odiaria, Caio me odiaria. Eu perderia a todos que amo. Seria tão mais fácil se Tiago simplesmente fosse embora e nunca mais voltasse, que eu nunca mais precisasse olhar para ele e me sentir… dele. Por que ele tinha que se sentir atraído por mim? Por que eu cedi? Definitivamente eu não tinha o sangue frio de olhar meu marido nos olhos e fingir.

O silêncio foi interrompido por passos vindos do portal da cozinha. Meu coração disparou e um misto de angústia e desejo conflitavam dentro de mim.

— Eu, eu só vim… — dizia Tiago aproximando-se como se não quisesse interromper.

— Me acompanha? — Precisávamos ter aquela conversa e não poderia esperar.

Ele se sentou à minha frente e, enchendo o copo que havia usado, lhe servi uma dose de whisky.

— Precisamos resolver nossa situação — falei.

— Já resolvi — disse decidido — Vou embora essa semana, o quanto antes melhor.

Era tudo o que eu mais queria, mas eu sabia que não ia acontecer. A angústia aumentava e meus olhos não podiam conter as lágrimas.

— Sinto muito que as coisas tenham seguido por esse caminho.

— Não foi sua culpa — disse ele segurando minhas mãos.

— Foi… foi sim. Eu permiti, eu… eu deixei acontecer.

— Eu não queria forçar nada, por favor, me perdoe.

— Você não me forçou, Tiago. Eu também quis. Fui uma vagabunda!

— Não! — protestou ele inclinando-se perigosamente na minha direção — Você não foi nada disso! Você é uma mulher maravilhosa, independente, segura de si.

— Fui fraca. Não tive domínio próprio. Me deixei levar pelos meus desejos, eu perdi a razão — declarei com a voz trêmula.

Sua mão acalentadora deslizou levemente pelo meu rosto molhado de lágrimas e se deteve sob meu queixo, forçando-me a olhar para ele.

— Eu dei o primeiro passo na direção errada e te arrastei pra isso. Desde que eu cheguei aqui, eu a desejei. Ficava com ciúmes de você com o Valter, mas eu guardava isso a sete chaves dentro do meu peito e doía a ponto de achar que não iria aguentar. Eu sabia que estava errado, que eu estava traindo a família que me acolheu. Depois daquele dia voltando da fisioterapia, eu já não tinha domínio sobre mim. Eu queria retribuir à você aquela paixão que eu sentia. E foi maravilhoso, foi intenso. Coloquei todo meu corpo e minha energia em te dar o maior prazer que eu poderia.

— E você conseguiu — falei deixando escapar um sorriso ao lembrar do que ele havia me feito sentir — Fazia tempo que eu não gozava daquela forma.

— Não precisa mais chorar pelo que aconteceu. Logo eu vou embora.

O olhei tentando parecer controlada, mas o turbilhão de emoções não me permitia expressar o que realmente deveria sentir.

— Não era por isso que eu estava chorando… digo, não só por isso.

— Então?...

— O Paulo me ligou há algumas horas. Ele conseguiu fechar um contrato para você e o Caio em um time grande para o Campeonato Estadual no ano que vem — respirei fundo e me servi de mais uma dose de whisky — Isso significa que você vai ficar por aqui por mais algum tempo.

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Comentários

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Cara,que história envolvente,bem narrada e excitante! Não está claro que haverá continuação,mas nem precisa. O conto já deu o recado. Excelente!

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Excelente.

Sempre gosto de ler os dois lados da história, e você transmitiu de field exemplar a visão da mulher.

Só nos deixa ainda mais ansiosos para saber a continuação dessa trama.

Parabéns, adorei mesmo

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