Poker dos Cornos

Da série Poker dos Cornos
Um conto erótico de Lucas
Categoria: Heterossexual
Contém 1619 palavras
Data: 28/06/2024 22:18:07

Não sei nem se vale a pena me descrever antes de contar a minha história. Basicamente, eu sou um cara tão comum que devem existir uns milhares de caras como eu pelo Brasil. Mas, de qualquer forma, aí vai. Me chamo Lucas, tenho 35 anos e trabalho como vendedor de seguros. Sou um cara de estatura mediana, com cabelos castanhos e olhos da mesma cor. Como disse, uma descrição bastante comum.

Entre namoro e casamento, já são oito anos que eu estou com a minha esposa, Amanda. Eu acho ela bem atraente, embora com todo esse tempo em um relacionamento sério, ela se descuidou um pouco. Ela não tem mais o shape perfeito ou a carinha de menininha de quando a conheci, mas mesmo assim, eu não acredito que algum homem que dormisse com ela, sairia insatisfeito, achando que fez um mau negócio.

Ela é dois anos mais nova e só alguns centímetros mais baixa que eu. Seus cabelos já foram de muitas cores, cortes e comprimentos, mas hoje, eles são bem escuros e curto, em um corte chanel. Ela tem sobrancelhas espessas e bem definidas, que destacam seus olhos castanhos profundos e expressivos. O olhar da minha esposa é tão intenso que quase sempre transmite uma sensação de confiança e determinação.

Confiança e determinação eram exatamente o que me faltava, principalmente depois de um probleminha que eu tive com minha esposa. A maioria desses contos eróticos são de pessoas que contam vantagem sobre o sexo mais quente da vida deles, ou como conseguiram conquistar uma mulher deslumbrante. A minha história começa de forma um pouco diferente: eu brochei.

E sempre quem brocha tem sempre alguma desculpa do tipo – “Ah, eu tinha bebido”, “Eu não tinha dormido nada na noite anterior” ou “Estava estressado do trabalho” – bom, eu vou ser o primeiro brocha honesto do mundo. Não tinha nada de álcool no meu sangue, eu tinha dormido que nem um bebê na noite anterior e meu trabalho só é um porre, mas não tem estresse nenhum.

Então, assistir a minha esposa batendo o meu pau mole na sua cara e chupando ele por minutos tentando me reviver foi a sessão de psicanálise mais intensa que eu tive na vida. “Vamo meu gostoso, eu quero hoje esse pau inteiro dentro de mim.” Amanda tentava me animar, mas seu ímpeto só piorava a situação.

Depois de quase dez minutos da minha esposa não conseguindo fazer meu sangue fluir na direção correta, Amanda me abraçou e mentiu que estava tudo bem. E ainda tive que ficar ouvindo o resto da noite tudo que ela encontrava na internet sobre impotência masculina e como poderíamos resolver o meu problema.

Eu não tive coragem de falar para ela, mas eu tinha uma boa ideia de qual era a solução. Eu precisava apenas de um dia de total liberdade. Eu começaria indo ao supermercado e comprando tudo que eu quisesse, sem ter que ficar analisando qual leite está mais em conta. Depois, comeria que nem um porco, sem me importar com peso, colesterol ou a quantidade de fibra no prato. Se eu fosse para o trabalho, seria apenas para chutar a porta do meu chefe e mandar ele tomar no cu. E, para terminar o dia, em vez de fazer um papai e mamãe com a minha esposa, eu preferiria estar com vinte novinhas, arregaçando o cu de cada uma delas.

Eu me sentia preso pela rotina. Se o Lucas criança assistisse à minha vida, ele se perguntaria onde nossa vida tinha dado errado. No dia seguinte à minha brochada, eu nem voltei para casa, eu acabei marcando de beber com meu amigo Flávio. Ele havia tentado me contactar algumas vezes nos últimos meses, mas eu sempre dava uma desculpa para gente não se encontrar. Na minha idade, quando um amigo reaparece do nada, ou ele quer te pedir dinheiro, ou ele quer te colocar num esquema de pirâmide.

Mas agora, eu não tinha nenhum desejo de voltar para casa, então beber com o Flávio era uma desculpa conveniente. Eu estava envergonhado de ter brochado, msa também estava me irritando profundamente ouvir Amanda falar sobre as coisas que ela achava que a gente poderia fazer como casal para resolver o meu problema.

Eu e o Flávio tínhamos uma longa história juntos. Nós dois compartilhamos o mesmo sonho quando éramos mais jovens: virar jogadores de poker profissionais. E para isso a gente morou por um tempo junto em uma casa alugada por um investidor. Basicamente, esse investidor não cobrava de nós o aluguel e pagava também a entrada para os torneios. Esse sistema parecia bom no papel, mas na prática, era uma luta constante.

A gente ficava que nem ratos jogando poker quase dezoito horas por dia, e se tivéssemos algum lucro, oitenta por cento ficava com esse investidor. Vivíamos tão duros que, quando não tínhamos bons resultados nos torneios, basicamente não comíamos. Era uma rotina de altos e baixos, onde a euforia de uma vitória rapidamente se dissipava na realidade das despesas diárias. Lembro-me de dias em que sobrevivemos à base de miojo, esperando ansiosamente pelo próximo torneio, na esperança de que nossa sorte mudasse.

Eu acabei pulando fora desse barco quando conheci a Amanda. Embora ela não fosse contra a minha carreira de jogador, os altos e baixos de viver de apostas era um ponto de atrito do nosso relacionamento. E eu confesso que já estava exausto, fazia anos que eu estava nessa luta e os dias de glória não apareciam. Para mim, fazia mais sentido conseguir algo mais estável para pouco a pouco eu e minha esposa construirmos nossa vida juntos. Bom, se era estabilidade que eu queria, foi exatamente isso que eu consegui.

Quando eu saí dessa vida do Poker, eu fui pouco a pouco perdendo o contato com o Flávio, que pelo que eu saiba, nunca desistiu do sonho, embora nunca tenha visto o nome dele nas mesas finais dos grandes campeonatos.

E encontrar com ele tinha outra vantagem, além de me manter longe de casa. Eu sei que eu vou parecer uma pessoa ruim ao confessar isso, mas ver ele reclamar da carreira me deixaria um pouco mais em paz com as decisões que tomei ao longo da vida. Eu estava usando ele para me sentir melhor, e me sentia culpado por isso, tanto é que tinha decidido que se Flávio me pedisse algum dinheiro durante nossa conversa, eu emprestaria desde que não fosse uma quantia absurda.

Mas, quando Flávio apareceu no bar com uma BMW novinha, eu percebi que ele não precisaria do meu dinheiro, e caso ele quisesse me colocar em um esquema de pirâmide, eu deveria aceitar. Claramente aquele negócio estava dando muito certo para ele.

Ao me ver, Flávio me abraçou e chegou até me dar um beijo na bochecha, como se fosse um mafioso. Depois, ele deslanchou a falar, proferindo umas mil palavras por segundo, perguntando da minha vida, da minha esposa, do meu trabalho, da minha família, da minha felicidade. Em menos de cinco minutos eu já estava exausto, quase pedindo a ele para gente beber em silêncio, fingindo que éramos velhos cowboys.

A parte boa de contar a minha vida era que em cinco minutos já dava para cobrir tudo que havia acontecido nos últimos anos, mesmo eu caprichando nos detalhes. E quando Flávio terminou de descobrir tudo sobre mim, era minha vez de tentar entender qual foi o pacto com o diabo que ele fez para conseguir um carro daqueles. Mas, toda vez que eu tentava puxar o assunto sobre carreira e dinheiro, ele escapava.

Eu perguntei se ele ainda jogava poker, e ele me interrompeu e chamou o garçom para pedir bebida. Tentei mais uma vez voltar, indagando o que ele estava fazendo da vida, mas sem me responder, ele levantou e foi ao banheiro, dizendo que estava muito apertado. Por fim, eu fiz uma última investida, sendo direto, e perguntando para ele como ele tinha comprado aquele carrão, mas ele fingiu se distrair com as moças que entravam no bar, e sem me responder, começou a puxar papo com elas. “Ele deve ter os seus motivos para não querer falar”, pensei e desisti de saber mais, provavelmente aquele filha da puta estava vendendo drogas.

A gente continuou no bar, com eu assistindo ele chavecando as meninas, já que o máximo que eu poderia fazer aquela noite era ser seu ajudante. Mas, depois do décimo litrão, a tristeza começou a tomar conta do meu corpo, me fazendo questionar se algum dia meu pau subiria novamente. Totalmente descontrolado pelo álcool, comecei a desabafar para meu amigo sobre como a minha vida era um lixo.

Meu olho lacrimejava, mas antes que eu começasse a chorar ali mesmo fazendo o maior papelão da minha vida, Flávio me passou o braço por cima do meu ombro, puxou para perto dele, e disse: “Meu irmão, se sabe que nossa história é antiga, né? Eu não posso deixar você largado as traças assim. Eu não conto para ninguém dá onde tá vindo meu dinheiro, para não fuder meu esquema, mas cara, acho que se tá precisando tanto quanto eu. Se eu contar para você se tem que prometer que nunca vai contar para ninguém.” Com a cabeça eu concordei, minha vontade de chorar sendo substituída pela curiosidade de qual era o esquema que ele estava participando.

“Toda sexta-feira tem um jogo de poker, que só vai uns ricaços da porra. E juro, eles são horríveis, até porque, mesmo se eles perderem um milhãozinho, não vai fazer nem cócegas na conta deles. Se você tiver interesse, eu consigo colocar você na mesa.”

<Continua>

Quem quiser ler a parte dois já está no meu blog http://www.ouroerotico.com.br

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Comentários

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Conto muito bom,há tempos que não leio um conto com aparência de real como este.

Parabéns, irei seguir para ver a continuação.

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Tenho acompanhado há alguns meses os seus contos, algumas sagas são realmente muito boas.

Mas tem uma coisa que nesse conto ficou muito evidente, o uso de "se" como se fosse abreviação de "você"... Cara, "você" nem sequer tem "S", usa "cê".

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Hahahahahaha é um vício meu, eu tento tirar sempre que reparo. Eu já fiz uma cagada no trabalho por causa por trocar você por se. Obrigado pela dica, vou prestar mais atenção nisso.

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Tô sempre acompanhando o seu site, e às vezes no reddit, continua postando. Tmj

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Muito bom e promissor! Todo o conflito emocional servindo de pano de fundo, nos fazendo tentar adivinhar onde essa história vai dar. Parabéns, ótima escrita e dinâmica da história! ⭐️⭐️⭐️

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Muito obrigado! Esse texto tava ruminando na minha cabeça um tempo, mas desconfio que ele não vai ser um "bestseller" pela história que eu tô querendo não ser tão direta.

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