NARRADOR: LEONARDO
Eu não conseguia tirar o Otta da cabeça. Ele estava tão indefeso e sereno. O seu coração batia devagar, mesmo com o mundo acabando atrás de nós. Durante a explosão, usei o meu corpo como escudo. Lembra que eu disse que os heróis não se machucavam? Vai se lascar, porra. O ataque foi diferente. De acordo com a agência, o material utilizado era de um novo tipo de componente químico, ou seja, doeu para caralho.
— Eu vou mandar a tua roupa para análise. — disse mamãe, após passar uma pomada nas minhas costas. — Acho melhor você descansar, amor.
— Não. Eu quero caçar. — afirmei. Utilizamos o termo para caçar quando saímos em busca de pistas.
— A sua irmã e o teu pai já estão na universidade. Precisamos saber quem está metido nessa armação. — a mamãe era cabeça dura, principalmente, quando se tratava de resguardar os nossos poderes.
— Ok, mãe. A senhora vai para o laboratório? — perguntei, deitando na cama e pegando o celular.
— Sim. Preciso atualizar os trajes. Alguém está tentando apelar. Odeio apelões. — afirmou mamãe me beijando no rosto e saindo do quarto.
O Otto. Entrei nas redes sociais dele. Nos stories, o Otta narrou toda sua experiência pós-traumática e adivinha quem levou a culpa? Os heróis. Revoltado, o meu colega afirmou que os heróis sempre traziam tragédias e despesas para os cofres públicos. Caramba, o que precisava fazer para mudar a mente deste garoto?
Nem tive tempo para pensar, o Murillo enviou diversas mensagens. Aparentemente, uma grande marca de cosméticos enviou uma proposta comercial. O dinheiro seria bom e, provavelmente, a repercussão também. Decidimos nos encontrar em um shopping para discutir os detalhes. Estou de folga, né?
Geralmente, quando saía em lugares públicos, usava roupas que o Léo Muller não usaria. Coloquei um moletom cinza, óculos de grau (falsos) e uma touca para esconder os cabelos. O shopping não ficava tão distante, mas demorou devido ao tráfego carregado.
Ao chegar na praça de alimentação, encontrei o meu empresário. Ele comia um Big Mac, mas sua atenção se voltou para o meu look diferentão. Discutimos alguns pontos da campanha e a empresa queria que eu fizesse as fotos em uma cachoeira.
— Você só precisa ficar sem camisa e...
— Como assim, sem camisa? — questionei me aproximando de Murillo.
— Uai, sem camisa. Você acha que vai vender cosméticos sem mostrar esse corpinho? — apontando para mim de maneira estranha.
— É que surgiu uma situação no meu outro trabalho. — pegando o celular e mostrando fotos das minhas costas queimadas.
— Aaah!!!! — o grito de Murillo parecia ser daquelas protagonistas de filmes de terror "B". Nem preciso dizer que chamou a atenção de todos no shopping.
NARRADOR: OTTA
Reuni meus amigos para definir um nome ao plano de encontrar o super-herói da faculdade. Eu nunca vou esquecer daqueles olhos violetas e expressivos. De acordo com os jornais, os super-heróis nasceram com várias mudanças em seu DNA, uma delas é a cor diferenciada de seus olhos. Eu nunca vi nenhum, então, não poderia garantir se essa informação ra 100% verdadeira.
— Que tal, plano Mandrágora? — sugeriu Raul, deixando no chão de barriga para cima e cruzando as pernas.
— Muito Harry Potter. — declinei a ideia.
— Otta contra os heróis? — questionou Cláudio, que estava deitado na minha cama.
— Muito literal. — rebati, deixando o Cláudio pensativo.
— Operação Hero's Fall. — disse Raul, anotando em um quadro branco que tem no meu quarto.
— Boa. Se o intuito é derrubar os heróis. — falei, gostando da ideia do meu amigo, pegando o pincel de sua mão e fazendo um círculo em "Hero's Fall".
Pronto. Um novo objetivo na minha vida. Nos últimos anos, eu vinha sobrevivendo de objetivos. Primeiro, foi me formar no ensino médio e conseguir uma boa nota para entrar na universidade. Em seguida, abri o canal para depositar todas as minhas energias. O tempo ocioso sempre me incomodou.
Graças aos céus, que os meus amigos sempre embarcavam nas minhas loucuras. Como na vez em que os desafiei a comer 10 kg de Nutella. Nem preciso dizer que a história terminou mal, principalmente para o Raul. Ele passou mal e foi levado ao hospital da cidade. Esse dia foi incrível.
O Raul e Cláudio sempre me fizeram companhia. Não recordava de uma fase da minha vida sem eles. Na época da morte dos meus pais, os dois foram essenciais para eu não surtar. Se tornaram parte da minha pequena família. Deve ser por isso que sou tão leal aos meus amigos.
A semana passou de maneira tranquila. Aproveitei uma aula vaga para investigar o local do atentado. Eles haviam isolado a área, mas eu consegui entrar sem problemas. Depois que eu saí, um trio de heróis chegou para analisar a região. Eles temiam um novo atentado. Lógico, tudo era por causa deles.
Eu observei o trabalho deles de longe. Uma moça de cabelos cinza e usando uma máscara vermelha, usou as mãos para criar uma espécie de bola de energia. Enquanto o único homem do grupo, um cara corpulento e utilizando uma farda azul, carregou uma pedra enorme. A outra mulher estava carregando um equipamento para medir algo, talvez, radiação? Esses heróis se achavam os maiorais.
Uó. Tinha certeza que descobriria esse crime em menos tempo. Eu tirei ótimas fotos do local do atentado. Deveria encontrar algum tipo de pista.
— Hum. O que eu posso estar perdendo? — questionei em voz alta, olhando fixamente para a tela do celular.
— Talvez, o seu tempo. — uma voz masculina me chamou a atenção e, por pouco, não deixei o celular cair no chão.
— Que susto, cara. — olhei e vi o super herói que me salvou da explosão. — Ah, é você. — voltei a atenção para o celular.
— Calma. Não precisa me bater. Eu pensei que os jovens dessa universidade fossem mais educados. — ele comentou, cruzando os braços e ficando mais perto de mim.
— Meu filho, se eu fosse mal educado te mandaria tomar no, — respirando forte, antes de continuar. — copo. — completei, sem tirar os olhos da tela.
— Oh, entendi. Tomarei. — ele respondeu de maneira irônica. — Agora me diz, descobriu algo que valha a pena?
— Não é da sua conta.
Eu precisava sair de perto desse garoto. Como ele podia ser tão insolente? Coloquei o celular no bolso e tentei passar por ele, mas acabei escorregando e caímos no chão. Eu não controlei o meu peso, então, as nossas bocas se encontraram. O que estou fazendo? Por que não saiu daqui? Droga, Otávio, já ficou por tempo suficiente. Sai!!!
NARRADOR: LEONARDO
Desgraçados! Esses desgraçados conseguiram impedir todas as minhas bombas. Aparentemente, eles estão temerosos com o meu retorno. Não posso fazer nada se sou uma ameaça para esses paspalhos. Eu só quero a destruição.
No quartel general, localizado próximo à universidade, ajudo uma nova equipe de vilões. Eles tem um ótimo potencial, mas não é momento de usa-los. O que eu aprendi nos últimos anos é que a prática leva a perfeição.
Os super heróis vão ter que sofrer um pouco sobre o desconhecido. Mas, já tenho uma ideia do primeiro vilão que vou enviar para destrui-los. Ou eu não me chamo Nexus. Eu preciso ficar de olho na Aya e no Hermes. Eles são os heróis mais conhecidos dessa espelunca. Tenho certeza, que derrotando os dois, o mundo se torna um lugar melhor e os outros entrarão em parafuso. Adoro uma histeria coletiva!
NARRADOR: NEXUS
Desgraçados! Esses desgraçados conseguiram impedir todas as minhas bombas. Aparentemente, eles estavam temerosos com o meu retorno. Não posso fazer nada se sou uma ameaça para esses paspalhos. Eu só quero a destruição.
— Senhora, o gás não foi liberado na bomba da universidade. — explicou Hodin, o cientista da equipe.
— Eu sei. E eles conseguiram desarmar as outras bombas. — disse, pegando um papel e rasgando. — O plano da Avenida Paulista vai ser o próximo, mas precisamos de uma peça que está na subestação de energia.
— Podemos mandar o Garra, senhora. A armadura está pronta e podemos testá-la em campo. — anunciou Hodin para a minha alegria.
No quartel general, localizado próximo à universidade, analisava um novo gás que poderia ser útil no meu plano contra os heróis. Dentre os muitos profissionais, contratei o Garra e ele foi responsável por treinar com a minha nova armadura.
Os super heróis vão ter que sofrer um pouco sobre o desconhecido. Mas, já tinha uma ideia do primeiro vilão que vou enviar para destruí-los. Ou eu não me chamo Nexus. Eu precisava ficar de olho na Aya e no Hermes. Eles são os heróis mais conhecidos dessa espelunca. Tenho certeza, que derrotando os dois, o mundo se tornará um lugar melhor e os outros entrarão em parafuso. Adorava uma histeria coletiva!