Meu Pai e Minha Noiva 17.

Um conto erótico de Lukinha e Id@.
Categoria: Heterossexual
Contém 3394 palavras
Data: 13/06/2024 15:54:53

Como eu já estava vestido e as delegacias ficavam em lados opostos da cidade, chamei um carro de aplicativo e saí primeiro. Será que a polícia já tinha respostas para dar sobre o assassino do meu pai?

Me despedi e desci para a portaria, entrando no carro que já me aguardava. O trânsito estava intenso devido ao horário de pico, mas a viagem foi tranquila. Chegamos à delegacia depois de cruzar boa parte da cidade e após pouco mais de meia hora. Sem demora, fui direcionado para a sala do delegado.

O homem tinha estatura mediana, era calvo, mas todos os subordinados o respeitavam. Sua voz, mesmo que em baixo volume, pois ele falava calmamente, era potente:

— Sr. Rafael, sente-se.

Assim que eu me acomodei, o Dr. Mathias e o Carlos entraram na sala. O delegado os cumprimentou cordialmente e voltou sua atenção para mim novamente:

— Como prevíamos e após o recolhimento de provas contundentes, já sabemos que o seu pai tinha um envolvimento profundo com o crime organizado.

Ele pausou sua fala, me dando tempo para assimilar a notícia. Vendo minha total falta de reação, já que nada mais me surpreendia em relação ao meu pai, meio intrigado com minha apatia, ele continuou:

— Já temos elementos suficientes para encerrar a investigação e mesmo que ainda tenhamos tempo, novas diligências não são necessárias. — Ele me olhou muito sério, me avaliando. — Seu pai foi vítima de uma queima de arquivo, já que os documentos recolhidos em sua residência irão complicar muita gente.

Ele se levantou, vindo se posicionar ao meu lado, tentando me intimidar:

— Tem alguma coisa que o senhor gostaria de nos dizer? Algo que seu pai confiou a você, que nos ajudaria a ir ainda mais fundo na nova investigação sobre os parceiros do seu pai?

O Dr. Mathias, experiente e rápido, tomou a minha frente:

— O Senhor está insinuando alguma coisa, delegado? Não estou entendendo o seu tom.

O delegado deu um passo para trás, voltando ao tom cortês.

— Relaxa, Doutor. Só estou fazendo o meu trabalho. O homem que matou o Senhor Angelo, um peixe pequeno, um soldado raso do crime organizado, já está sob a nossa custódia. Ele nos entregou a arma do crime e agora será encaminhado ao sistema prisional, onde aguardará o julgamento. Assim como seus outros dois comparsas, que mataram os seguranças.

Sorrindo de forma sarcástica, o delegado voltou a me encarar:

— A polícia cumpriu o seu dever e desvendou esse crime. Infelizmente, para o seu pai, a máscara de empresário benevolente será arrancada em poucos minutos, assim que eu der uma declaração à imprensa. Acredito que vocês não tenham nenhuma objeção quanto a isso.

Nem esperei o Dr. Mathias me defender:

— Não, nenhuma. Faça o que que tem que fazer.

Satisfeito, o delegado praticamente nos expulsou de sua sala:

— Com tudo resolvido, peço que me deem licença. Agora preciso falar com a família dos seguranças mortos na casa do seu pai. Como já lidei com você, o VIP, agora preciso dar satisfação ao contribuinte normal, aquele que realmente sofre quando essas coisas acontecem.

Percebi que o delegado era apenas um oficial honesto, que mais uma vez, se deparou com um lobo em pele de cordeiro como o meu pai. Não o recriminei e até interrompi uma possível confrontação do Dr. Mathias com ele.

— Obrigado pelo trabalho de vocês. Meu pai é o único responsável pelo que lhe aconteceu. Pelo menos agora, ele não pode mais usar e abusar das pessoas. Obrigado pela dedicação e a rapidez de todo o seu departamento.

O delegado me olhou surpreso. Ele ainda tinha mais a falar:

— Pena que aquelas garotas não terão a justiça que mereciam. Como você disse, ele não pode mais usar e abusar das pessoas.

As palavras dele me fizeram ter ainda mais empatia pelas mulheres que foram abusadas pelo meu pai. Infelizmente, a vida não é justa e elas teriam que conviver com a decepção. O homem que fez mal a elas estava morto e não responderia pelos crimes que cometeu.

Nós nos despedimos e eu retirei rapidamente tanto o Carlos, quanto o Dr. Mathias da sala. Evitamos a imprensa ao sair, e eu aproveitei para pegar uma carona com os dois, indo direto para a firma de advocacia com eles. Assim que entramos no escritório, o Dr. Mathias me chamou até a sala dele, me entregou um documento e disse:

— Aqui está o que você me pediu. O contrato de doação do apartamento para o Carlos. Quer que eu o chame?

Assinei o documento e minutos depois, o Carlos adentrou a sala. Entreguei o documento para ele sem dizer nada. Após ler, entendendo o que acontecia, ele me deu uma abraço caloroso, com os olhos marejados:

— É sério, primo? Tem certeza? Por que isso?

Retribuí o seu abraço, dizendo:

— Obrigado por tudo. Por cuidar de mim, levantar o meu astral, pelos bons conselhos, por sempre estar ao meu lado. Você é mais do que um primo para mim, é o meu irmão, meu melhor amigo. Isso é só uma forma de agradecer por tudo.

Ele não conseguiu segurar as lágrimas. Aproveitei para ser honesto:

— Sei que você e a Vanessa querem começar uma vida juntos e esse é o meu presente para vocês. Mas, se possível, espero que possamos continuar a morar juntos por mais tempo. Todos nós.

Carlos, implicando comigo, brincou:

— Nós quatro? Ou nós cinco? Maitê também?

Fiquei sem reação e ele caiu na risada:

— Não esquenta, primo. É só zoeira.

Como estávamos no final do expediente deles, já que eu tinha saído mais cedo da minha empresa, esperei um pouco e voltei para casa com o Carlos. A noite foi bem tranquila, apesar de eu achar que a Maitê, a Olívia e a Vanessa estavam muito grudadas.

Todos me elogiaram pela gratidão ao meu primo. Vanessa, principalmente. Ela estava radiante com a notícia. Ela e o Carlos combinaram de só ir para o novo apartamento após algumas reformas, que levariam, no mínimo, alguns meses.

Era hora de agradecer a pessoa mais especial da minha vida, a minha mãe. Pedi que ela me acompanhasse até o quarto, pois queria falar a sós, fazer uma proposta. Ela estava muito ansiosa, mas antes, faltava alguém naquela conversa. Peguei o telefone e fiz uma chamada de vídeo para o Cirilo, que atendeu rapidamente. Ele estava sozinho em casa, na nossa cidade natal, preparando seu jantar:

— Rafa! Tudo bem, por aí? Ah, parabéns papai. Que esse garotão venha com muita saúde. Sua mãe já me contou as novidades.

Dona Celeste não se aguentou:

— Que garotão, o quê … vai ser uma menininha, a bonequinha da vovó.

Demos risadas, mas eu logo entrei no assunto:

— Obrigado! Se será a bonequinha da vovó ou o garotão do vovô, ainda não sabemos …

Minha mãe, admirada, me encarou:

— Garotão do vovô? Você pensa assim? Vê o Cirilo nesta posição?

Confirmei:

— E como não? É claro que ele será o vovô. Ele pode não ser o meu pai biológico, mas pra mim, por fazer a senhora feliz, por devolver o sorriso ao seu rosto, ele é muito mais do que um padrasto. Vovô sim, com toda a certeza.

Minha mãe, já aos prantos, me abraçou e eu quase deixei o celular cair. Cirilo também estava em lágrimas. Felizes, é verdade, mas era muito estranho ver um marmanjo daquele tamanho chorando feito criança.

Deixei que os dois se recuperassem, enquanto contava a eles sobre a visita à delegacia. Minha mãe também falou sobre sua visita com Maitê. Assim como Carlos tinha dito, foi apenas protocolar, para dar a notícia do encerramento da investigação. Era hora de fazer minha proposta e eu fui direto ao assunto. Pedi que os dois me escutassem com atenção:

— Minha vida agora será toda aqui na capital. A empresa, Maitê voltando à faculdade, nosso filho … eu quero que vocês venham para cá também. Como presente, quero montar uma oficina aqui para o Cirilo. A melhor de todas. Para que ele possa continuar a trabalhar no que ama, só que com vocês dois mais próximos de mim e do neto de vocês.

Minha mãe torceu o nariz:

— Mas filho … nossa vida é toda lá. Os clientes do Cirilo, seu avô, seu tio, nossos amigos. Eu quero ficar perto do meu neto, claro, mas não sei se eu me adaptaria tão bem à cidade grande.

Cirilo pareceu tentado com minha oferta, mas foi no embalo da minha mãe, não se comprometendo. Acho que ele não queria contrariá-la. Eu já estava preparado para aquela resposta e tinha argumentos para convencê-la:

— O sonho do vovô sempre foi ter uma terrinha. Plantar uma horta, criar umas galinhas … Sei que a senhora sempre compartilhou esse sonho com ele. Eu vou dar isso de presente para ele. Podemos construir uma segunda casa no terreno, para que a senhora e o Cirilo possam ir aos finais de semana, ou sempre que quiserem. A senhora pode até alugar a sua casa, já que sei que dificilmente a venderia. Ou pode mantê-la para quando for pra lá. A senhora que sabe.

Minha mãe ainda não deu o braço a torcer:

— Eu preciso pensar. Preciso de tempo para conversar com o Cirilo a sós. É uma mudança grande. Não posso responder de sopetão. Mas fico feliz de saber que você pensou em nós o tempo todo. Prometo pensar com carinho.

Dona Celeste aproveitou para me dizer que iria voltar para casa já no dia seguinte, pois tinha compromissos e coisas a resolver. Notícia que deixou o Cirilo muito feliz, pois ele estava sofrendo para fazer um simples arroz.

Aproveitei a oportunidade e disse que a Maitê ficaria comigo, sob os meus cuidados a partir daquele momento e ela não ofereceu resistência. Muito pelo contrário, pois elas já tinham conversado e decidido a mesma coisa. Inclusive, ela me informou que Maitê e Olívia conversariam comigo sobre os novos arranjos para a convivência de todos sob o mesmo teto.

Nós nos despedimos do Cirilo e desligamos. Voltamos para a sala e, como minha mãe tinha dito, Maitê e Olívia me aguardavam para conversar. Mas quem tomou a palavra foi a minha mãe:

— A partir de amanhã, Maitê e Olívia dividirão um dos quartos. Carlos e Vanessa ficarão no deles até se mudarem. Quarto esse que, depois da mudança deles, será transformado no quarto do bebê. E você ficará no seu, lógico. Sozinho. — A ênfase naquele sozinho era forte.

Fiquei pasmo com aquilo. O dono da casa, ou seja, eu, não tinha voz nenhuma ali. Na verdade, a situação me divertia, pois como Olívia disse mais cedo, as coisas iriam se ajeitar. De um jeito ou de outro. Eu jamais imaginaria que esse “ajeitar” seria as duas dividindo o mesmo quarto. Se elas estavam bem com aquele arranjo, quem sou eu para dizer o contrário?

Conversamos um pouco mais naquela noite e depois nos recolhemos. Cada um para o seu canto. Quando me preparava para dormir, ouvi batidas na minha porta:

— Rafa? Tá acordado?

Era a vozinha tímida e doce da Maitê.

— Sim. Pode entrar.

Ela abriu a porta cuidadosamente, entrou e tornou a fechar com o mesmo cuidado. Eu, com o coração aos pulos, achei que estava tirando a sorte grande. Será que ela veio terminar o que começamos mais cedo?

Tudo na Maitê é gracioso. Seu jeito, sua delicadeza. Aquela fragilidade genuína, que é impossível de ser fingida. Eu não conseguia mentir para mim mesmo, pois a amava com todo o meu coração.

— O que aconteceu? Você está bem? Precisa falar comigo?

Maitê se sentou na minha cama e eu me levantei, me sentando ao seu lado também. Ela estava nervosa, mordendo a parte interna da bochecha direita, seu tique nervoso.

— Rafa, você ficaria bravo comigo se eu dissesse que só quero voltar à faculdade depois que nosso filho nascer?

Eu não tinha motivo para ficar bravo com ela, muito menos discordar de sua decisão. Antes de eu responder, ela se explicou:

— Eu não sei se estou pronta para voltar a estar no meio de tantas pessoas. Não vou mentir pra você, não quero abusar da sua paciência, mas eu preciso de tempo. Eu … não estou bem. Tudo o que aconteceu, as coisas que aquele homem …

A interrompi imediatamente, não deixando que sua mente se prendesse a lembranças ruins:

— Não precisa falar mais nada. Eu respeito a sua vontade. Se é isso que você quer, é isso que faremos. Se preocupe apenas com nosso filho e na sua recuperação. Nada mais tem importância.

Achei que precisava ser mais solidário e menos indeciso. Mas sem deixar de ser honesto:

— Eu quero que saiba, que Olívia e eu conversamos e decidimos que não é o momento para nenhum tipo de relação amorosa entre mim e ela. Em nenhum momento nós a traímos. Inclusive, eu até já contei para ela sobre o que aconteceu entre nós dois hoje, mais cedo.

Maitê me surpreendeu:

— Eu sei, ela me contou. Obrigado por ser honesto. Olívia e eu conversamos muito antes de você chegar com o Carlos. Fique tranquilo, nós duas estamos nos entendendo bem. Afinal de contas, sabemos o que a outra está sentindo, pois amamos o mesmo homem.

Maitê me deu um selinho carinhoso nos lábios, um abraço muito gostoso e, me olhando com carinha de sapeca, saiu do quarto me desejando boa noite.

Tive um pressentimento poderoso naquele momento: eu iria virar gato e sapato na mão daquelas duas. No bom sentido, é claro. Se só uma já detinha o poder de me deixar “de quatro”, imagina as duas juntas, na mesma sintonia? Dormi muito bem naquela noite.

Na manhã seguinte, com todos juntos à mesa, desfrutamos de um café da manhã caprichado. O último preparado pela dona Celeste antes de sua partida.

Como eu teria minha primeira consulta com o Dr. César, Carlos levou Olívia e Vanessa para o trabalho. Maitê, que também tinha consulta na mesma clínica, mas com outra profissional, me acompanhou. No carro, ela me contou que a terapeuta dela, associada do Dr. César, foi quem o indicou para minha mãe, quando eu tive meu colapso dias atrás.

Apesar de cético, confesso que conversar com o doutor me deu novas perspectivas e me ajudou a lidar com os meus sentimentos. Sinceramente, foi melhor do que eu esperava e me deu uma nova visão dos meus problemas. Acredito que ele me ajudaria a encontrar as ferramentas de enfrentamento necessárias para que eu pudesse lidar com tudo que me afetava e com minhas próprias inseguranças.

Deixei Maitê em casa após nossas consultas e ela se ofereceu para cuidar da casa e da comida a partir daquele dia. Ela também pretendia começar um curso online de inglês e outro de desenho, seu passatempo preferido. O que seria bom para ela, a manteria ocupada. Levei minha mãe até a rodoviária e assim que ela embarcou, fui trabalhar.

O dia estava sendo produtivo e eu até almocei no refeitório, com os funcionários, muitos dos quais, meses antes, eram apenas companheiros de trabalho. Sei que, dentro de uma empresa, a hierarquia é importante, mas como me sentir superior a pessoas com que passei tanto tempo? Pessoas que me ajudaram, que me ensinaram, que eram como uma família para mim.

Eu não conseguia manter a marra de patrão, pois queria dar risadas com eles, manter a proximidade. Certo ou errado, eram as minhas pessoas, os meus companheiros. Dar broncas, chamar a atenção, advertir … esse trabalho era do Sr. Eugênio, meu sócio, o novo presidente da empresa. E também, de seus subalternos. Eram eles os responsáveis pela parte operacional.

Voltei para a minha sala após o almoço, pois queria selecionar os currículos para entrevista. Eu precisava focar a atenção na parte criativa do meu novo setor. Olívia e Vanessa estavam muito à minha frente, se adaptando rapidamente e eu poderia acabar atrapalhando o andamento das coisas e a montagem do novo setor.

Minha secretária chamou:

— Sr. Rafael, temos um visitante pedindo uma reunião.

Estranhei, pois não havia nada na minha agenda. Ela informou:

— É o Sr. German. Ele disse que é o pai da Tina, a ex-noiva do …

Curioso, não entendendo o que aquele homem poderia querer comigo, acabei sendo grosseiro e interrompendo minha funcionária:

— Deixe que ele entre.

O homem era um típico argentino, de cabelos lisos e volumosos, já grisalhos, até a altura dos ombros. O cabelo estava preso por uma tira de pano elástico, parecida com aquela que os jogadores de futebol, como o Ronaldinho Gaúcho, usam. Atrás dele, uma figura bem conhecida o acompanhava, o advogado do meu pai. Aquilo não estava cheirando muito bem.

Sem opções, preocupado e ainda mais curioso, fui cortês e me levantei, indo cumprimentá-lo com um aperto de mão:

— Bem-vindo, Sr. German. Em que posso ajudá-lo? Aceita um café?

Cumprimentei o advogado também, o encarando em busca de uma explicação para aquele encontro tão inusitado. O pai da Tina disse, num portunhol enrolado:

— No! No! Gracias. Estoy parando com el café.

Indiquei o sofá e os dois me acompanharam. Minha secretária fechou a porta ao sair. O homem foi direto ao ponto, enquanto o advogado me encarava com cara de poucos amigos:

— Sabes que tu padre y yo éramos socios comerciales. Até lo consideraba un amigo, hasta el punto de que no tenía ninguna objeción a que se comprometiera con mi Tina.

A feição do homem mudou, adquirindo um tom intimidador:

— Tu padre me há traicionado. Guardou documentos que podrían comprometerme seriamente. Pero, puedes ayudarme a desfazer o que foi feito. Simplemente no conte nadie sobre mi visita y o que vine a hacer aquí.

Senti que minha vida estava em perigo e, paralisado pelo medo que a aura maligna daquele homem emitia, entendendo quem era o responsável pelo destino do meu pai, tentei me manter calmo. Ele voltou a falar:

— Eres un joven con un maravilloso futuro por delante, vas a ser padre también ... seguro de que te acertaras con tu novia ... Mia Tina le gustas mucho y sería una pena que ese futuro estuviera amenazado. Me entiende? Por tu bien y de tus entes queridos, olvide lo que sucederá ahora.

O advogado se levantou e caminhou até a parte de trás da minha mesa e empurrou a estante que ficava rente a parede para o lado, revelando um cofre secreto. Nem eu sabia que aquele cofre existia. Ele digitou a senha no teclado numérico digital e o abriu. Após retirar alguns documentos e encontrar o que procurava, além de um pequeno pendrive, ele me disse que nada ali era relativo à empresa.

Após uma breve leitura, satisfeito com o que encontrou, ele os guardou em sua pasta e fez um sinal de positivo para o argentino. O homem se levantou, já se encaminhando para a porta:

— Te deseo un óptimo día. Sei que, diferente de tu padre, eres un hombre de palabra. Espero que solo necesitemos encontrarnos en el futuro, en eventos sociales o cuando Tina regrese al país. Adiós. Haga lo que quieras com o que está en la caja fuerte.

Os dois homens saíram, mas eu continuava em pânico. Até depois de morto, meu pai ainda aprontava das suas. Resolvi, sem nem pensar duas vezes, que eu apagaria aquele encontro da minha memória. A segurança das pessoas que eu amo era a minha maior prioridade.

E, sendo honesto, de que adiantaria eu comprar briga com um homem tão perigoso? Criminosos no Brasil são como a Hidra da mitologia, você corta uma cabeça, e duas surgem no lugar. Eu que não iria me envolver naquela sujeira.

Dei uma olhada nos documentos restantes. Eram informações vantajosas para chantagear ou coagir possíveis desafetos que o meu pai mantinha guardadas. Além de uma apólice de seguro que me indicava como beneficiário em caso de falecimento do meu pai por morte não natural.

Joguei tudo que poderia causar a ruína dos meus concorrentes no picotador de papel, já que, diferente do meu pai, eu acredito na livre concorrência e na qualidade dos nossos produtos, mantendo apenas a apólice de seguros, já que ela parecia ser verdadeira.

Aquela apólice, de valor bem alto, me deu uma ideia. Mas antes, eu precisava conversar com a Maitê e saber sua opinião. Talvez, aquele dinheiro pudesse me ajudar a dar um sentido para as vidas das vítimas que meu pai destruiu. Talvez fosse uma forma de encerramento, e mesmo que não fosse justiça, poderia significar um recomeço e um novo propósito para aquelas mulheres.

Continua ...

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Foto de perfil de Contos do LukinhaContos do LukinhaContos: 98Seguidores: 338Seguindo: 12Mensagem Comentários de teor homofóbico, sexista, misógino, preconceituoso e de pessoas que têm o costume de destratar autores e, principalmente, autoras, serão excluídos sem aviso prévio. Assim como os comentários são abertos, meu direito de excluir o que não me agrada, também é válido. Conservadores e monogâmicos radicais, desrespeitosos, terão qualquer comentário apagado, assim como leitores sem noção, independente de serem elogios ou críticas. Se você não se identifica com as regras desse perfil, melhor não ler e nem interagir.

Comentários

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Esqueci de comentar. Acho que está chegando ao fim. Será que teremos mais surpresas?

Abraços Lukinha e parceir@. Parabéns pelo conto.

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Boa tarde

Cade a continuação da hostoria Encontros,Desencontros,Descobertas e traição, no capitulo 16 fala no final continua, mas não acho o 17. E nem outros.

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Acho que acabei não passando a informação adequadamente. Aquela é a primeira temporada. Vou lá editar, para que todos saibam. Daqui a poucos eu inicio a segunda.

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o portunhol foi o toque de mestre. kkkkk

muito bom

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Inspirado em um vizinho. Mas que é boliviano, não argentino. Ele fala desse jeito mesmo.

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Bem, acho que o meu palpite (mentira: era mais um devaneio...) de dois capítulos atrás sobre o responsável pela morte do canalha estava certo. Pelo menos uma vez, né?? 😃

Quanto a questão das garotas, bem, tem um negócio chamado "terceira via" que às vezes funciona... Mas é só outro devaneio meu...

Um abraço de alguém lidando com a síndrome do ninho vazio...

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Foi, né? 😂😂😂

Não dei muita atenção antes, pra não dar bandeira e para que você mantivesse ainda na teoria, não na certeza. 😂

Abraço, amigo. Já que o ninho volta a se encher.

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Lukinha é Ida sumi não cada dia essa história fica melhor nota um trilhão parabéns e haja constelação kkkkk

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Bacana... um relato de transição. Só decepcionado pelo rumo que as coisas estão tomando... trisal. Preferia que ele escolhesse uma das duas, seja Olívia ou Maitê. Olívia é mais decidida, mais livre, bissexual, certamente dominará a relação. Maitê merecia um amor mais tranquilo, que não terminasse numa putaria ou sexo grupal, claramente ele sente mais tesão na Olívia pelos relatos, Maitê tem a consideração e a piedade dele. Será sempre a terceira da relação, será sempre a cuidadora do lar, empregada do casal, o elo pra quebrar a rotina, a excluída ds verdadeiras decisões. Enfim.. impressões.

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Sendo bem honesto, acho que você já me conhece o bastante para não esperar tanta obviedade. A jornada está no final, mas ainda faltam alguns passos. Lembre-se que, uma hora ou outra, toda flor acaba desabrochando ... Já falei demais. 🫢

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Sei meu caro, o conheço pelos seus escritos e o respeito pela qualidade. Certamente contigo não há obviedades, nem anacronismos... Minha atitude é mais de torcedor da obra mesmo. Ótimo trabalho. Quero te parabenizar pela delicadeza e sutileza como conduziu a questão de abusos e traumas. O Admiro muito por isso. Grande abraço

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Sei que foi meio superficial, mas tentei fazer o melhor. É difícil escrever sobre o que não se viveu. Admiro as pessoas que passaram por trauma parecido e conseguiram se recuperar. Digo pessoas, pois não é uma realidade exclusiva das mulheres em nosso país. Num país machista, misógino e homofóbico, o abuso é constante com aqueles que não vivem de acordo com as regras do "tradicional".

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Pensando bem,em vez de picotar os papéis que poderiam prejudicar,por que não devolveu aos seus respectivos donos?

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E quem garante que os donos não são da mesma laia do pai e do argentino? Melhor prevenir do que remediar.

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