O Vizinho - Capítulo XI

Da série O Vizinho
Um conto erótico de M.J. Mander
Categoria: Gay
Contém 5907 palavras
Data: 23/07/2024 00:19:09

CAPÍTULO XI

*** ERIC VIANA ***

O pau duro pulsa em minha mão enquanto o toco com movimentos tão lentos que nem podem ser chamados de punheta, ah, mas esse bastardo vai me pagar! Pelo silêncio, por ter me obrigado a admitir que senti sua falta e, definitivamente, por ter me torturado sem me deixar gozar.

O rosto lindo está contraído em agonia. Gustavo aperta os dentes, e sua mão vem segurar a minha, mas eu o impeço e aumento o aperto em seu pau. A pica grossa, veiúda, gostosa, quase implora para que eu deixe de delicadezas, e puta merda! Como eu quero enfiá-la inteira na boca, mas esse cretino não merece, então não vai ter.

Sorrio com a ideia que se forma em minha cabeça. Arrasto-me pela pia, ficando sentando bem em sua borda. A louça gelada arrepia minha pele nua, mas não me importo, não agora.

— Eric... -pede e eu faço um biquinho.

— Você quer gozar, amor? -Devolvo as palavras que atirou contra mim minutos atrás enquanto toco suas bolas somente com as pontas dos dedos. Beijo seu tórax por cima da camisa, e procuro seus olhos com os meus.

— Eu quero tanto chupar você, lindo... Te lamber todinho e depois te colocar inteiro na minha boca... -Gemo para ele como sei que o enlouquece e sinto meu cu contrair com as imagens geradas pelas palavras.

— Então chupa, porra! -Resmunga e eu gargalho antes de estalar a língua e negar com a cabeça.

— Ah, não... Namorados de merda não ganham boquetes sensacionais... Sinto muito, amor!

Seus olhos seguram os meus e ele abaixa a cabeça, encaixando nossos narizes e engolindo-me com suas pedras esverdeadas.

— Você quer brincar, Eric? Brinca! Mas quando eu pegar você, e porra! Eu vou pegar, Eric! Você sabe que eu vou! É bom que você não tenha compromissos amanhã, porque você não vai conseguir andar, caralho!

Aperto a rola grossa e Gustavo grunhe.

— Promessas, promessas, promessas... -Desdenho e isso o leva ao limite.

Suas mãos agarram minhas coxas e puxam-me ainda mais para a borda da pia, obrigando-me a envolver as pernas ao seu redor e segurar em seus braços em busca de apoio. Isso deixa seu pau livre para tocar o meio de minhas pernas completamente nu, o primeiro toque me arremessa para longe do banheiro, tamanho é o prazer que me causa.

Gemo, sem nenhuma vergonha e Gustavo move meu corpo como se eu fosse um boneco, esfregando meu pau em seu pau rijo. Eleva minha excitação a níveis cada vez maiores de intensidade, e quando me dou conta do que ele está fazendo, é tarde demais, o controle já escapou das minhas mãos há muito tempo para que eu possa tentar recuperá-lo.

Solta uma de minhas coxas, enfia a mão no bolso da calça, tira de lá a carteira e a entrega para mim.

— Pega a camisinha, Eric. -A voz é rouca e em tom de ordem, uma que eu não me atrevo a desobedecer, porque quero, mais do que tudo que ele cumpra a ameaça que fez. Abro a carteira e tiro lá de dentro a camisinha.

— Abre e veste... -Mordo o lábio pouco antes de lambê-lo. Agarro outra vez a pica dura de Gustavo e desenrolo o preservativo sobre ela.

— Encaixa pra mim... -Ordena e eu obedeço, fodidamente perdido em tesão e necessidade. E ele mete. Tudo, de uma vez. O pau grande e grosso rasga meu cuzinho em uma única investida potente e eu grito e derrubo a cabeça para trás, apoiando-a na parede. Olho para o teto, mas não o vejo. Não tenho tempo para me adaptar à sensação, porque assim que volto a encher meus pulmões, Gustavo investe contra mim outra vez em mais uma invasão bruta, rápida e deliciosa.

— Olha pra mim, porra! -Exige, e, como uma marionete puxada por fios, minha cabeça abaixa e meus olhos procuram os seus.

Ele me fode. Rápida e intensamente. Desisto de me segurar, corpo e mente, e apensas me solto. Deixo que ele faça de mim o que quer, porque por agora, me canso de negar que é exatamente o que eu quero também. Sim, eu senti sua falta.

Sim, eu senti falta do seu cheiro, do seu gosto, do seu toque de um jeito que não deveria ser permitido quando ele só esteve em minha cama duas vezes antes. Mas mais do que qualquer dessas coisas, eu senti sim, falta da sua personalidade irritante, e nada adorável. Senti falta de tê-lo invadindo minha casa e dos seus pedidos absurdos. Ele nunca vai saber, mas sim, eu senti, e muita, o que é ainda mais absurdo, porque porra! Eu o odeio! Eu preciso odiá-lo.

Me resumo a gritos, sensações, arfadas e respirações profundas. Sua invasão monta e desmonta o prazer em mim como se ele fosse uma imensa torre de lego, e muito mais cedo do que eu poderia imaginar, me vejo tremendo e gozando de um jeito delicioso.

Minha consciência ainda não está de volta à terra quando Gustavo goza. Eu apenas sinto as estocadas se tornarem mais curtas e o grunhido feral que deixa sua garganta.

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O olhar de Gustavo não perde nenhum dos meus passos enquanto me arrasto para fora da cama e saio do quarto, na direção da minha própria cozinha.

— Traz água pra mim! -O cretino grita, e eu bufo. Preguiçoso! Esperou que eu levantasse. Nu, com os pés no chão frio, enquanto abro a geladeira, não consigo evitar a torrente de pensamentos que me atinge enquanto olho para dentro do eletrodoméstico. É sempre assim, não é?

É quase como se ao abrir a geladeira, abríssemos também um portal mágico para a terra dos pensamentos. A luz acende e puf! Os pensamentos, dos mais aleatórios, aos mais complexos, chegam de mala e cuia, prontos para se estabelecerem na cabeça de quem ousou invocar o portal gelado e amarelo.

Esta noite, definitivamente, não aconteceu como eu planejei. Quer dizer, ela até seguia bem, até o maldito Gustavo Fortuna intrometer seu nariz na minha noite de diversão. A imagem dele atravessando a pista de dança e colando o corpo no meu parece se desenrolar diante dos meus olhos, como se, agora, além de invocar pensamentos, a geladeira também fosse capaz de exibir vídeos.

Ele é tão bonito, e grande, e imponente. Puta merda, como uma pessoa que usa o que tem entre as nádegas resiste a isso? E o infeliz rebola que é uma delícia! Não que eu já não soubesse disso, mas vê-loo vestido, executando aqueles movimentos teve um quê de erotismo muito maior do que deveria, ele é todo gostoso, com exceção da personalidade irritante. Mas, convenhamos, se ele fosse perfeito, seria injusto com outros homens.

Quer dizer, bonito, gostoso, inteligente, fode que é uma coisa e ainda agradável? Impossível... É pedir demais!

Braços circulam minha cintura e colam minhas costas a um peito nu e quente.

— Pensando em mim? -sussurra em meu ouvido, como sempre, provocando-me. Essa pergunta me lembra uma outra que ainda não foi respondida. Ele me coagiu a responder se eu tinha sentido falta dele, mas ainda não me disse o motivo do seu sumiço.

Depois que saímos do banheiro, viemos direto para o meu apartamento e Deus, eu fiquei com pena do motorista do Uber e não o culparia se me desse uma estrela ou me cobrasse uma taxa de limpeza, porque o homem ouviu coisas que não deveria e que, se não for um pervertido, certamente não gostou de ter escutado. Gustavo e eu conversamos muito... Só não usamos frases coerentes e coesas... Usamos... Outras coisas...

— Me distraí...

— As geladeiras têm esse efeito... Por que será? -questiona ainda agarrado a mim e beija meu rosto.

— Não faço ideia. -Pego uma garrafa de água na geladeira e me viro nos braços de Gustavo com ela na mão. Ao me movimentar, sinto o tecido de sua calça raspando minhas pernas e ergo as sobrancelhas.

— Por que você tá vestido? -Ele sorri safado e desliza dois dedos por uma de minhas bochechas.

— Achei que já tivesse te alimentado o suficiente... -Reviro os olhos, sem poder me conter, e me desvencilho de seu abraço. Deixo a garrafa sobre a bancada da cozinha e me abaixo para pegar copos no armário embaixo da pia. Quando me levanto, Gustavo está bebendo água no gargalo e eu quero arrancar a garrafa de sua mão e virar todo o conteúdo gelado sobre sua cabeça.

Mas não é isso o que faço. Apesar de sentir minhas narinas se contraírem à medida que luto para controlar minha irritação e minhas reações, agora que eu sei que me ver descontrolado não é apenas seu esporte favorito, mas tem um objetivo muito bem definido, saber que vou frustrar seus planos é uma força extra.

Espero que ele acabe de beber sua água e assim que deixa a garrafa sobre a pia, eu a viro sobre um dos copos, enchendo-o e levando-o à boca. Ele me observa com uma sobrancelha arqueada e olhos estreitados, esperando, desafiando-me a reclamar, mas isso não vai acontecer bonitão... Eu finalmente comecei a jogar também.

Termino minha água devagar e, depois de deixar o copo e a garrafa de água dentro da pia, já que terei que lavá-la, começo a caminhar na direção do meu próprio quarto, passando por Gustavo. Prestes a sumir da sua visão, ao virar no corredor, olho sobre o ombro.

— Você não vem? -Ele abre a boca, depois fecha, mordendo o lábio inferior e eu preciso confessar. Gustavo confuso é uma coisinha fofa, Deus! Que vontade de rir de sua cara de paspalho, mas não o faço. Continuo seríssimo.

— Ir para onde? — Inclina a cabeça para o lado, como se assim pudesse me observar melhor.

— Para cama, Gustavo... Eu tô exausto... Você não? -Apoio o peso do corpo em uma perna e começo a bater o outro pé no chão, apoio uma das mãos na cintura, fingindo impaciência.

— Dormir? -Seus olhos estão tão pequenos que formam linhas.

— Bom... A cama serve pra duas coisas bem específicas, a primeira nós já fizemos até a exaustão essa noite, a segunda é dormir...

— Você vai me deixar dormir com você? -questiona, praticamente expelindo desconfiança pelos poros e eu faço o conjunto do desdém. Reviro os olhos, bufo, bato o pé mais algumas vezes, viro-me, dando-lhe as costas, e caminho para o quarto, como se seu questionamento fosse completamente descabido, coisa que não é. Já que em todas as vezes que transamos, ou eu fui embora depois, ou o expulsei.

E, ainda que ele reclamasse, esse é o tipo de distância que o favorece, mas Gustavo tem um jeito irritante de me manipular. Ele consegue, ou melhor, conseguia de mim tudo o que queria, sem jamais me dizer isso. Não mais, lindo. Não mais...

— Bom, eu tô indo... Se quiser se juntar a mim, pode ficar à vontade. -Digo, já caminhando para o meu quarto. Deito na cama e começo a contar mentalmente:PassosFarfalhar de roupasO outro lado do colchão afundaO edredom é levantadoBraços envolvem minha cintura.

Seu nariz se afunda em meu pescoço e ele inspira profundamente, arrepiando-me de todas as formas, as certas e as erradas.

— Se essa é a recepção que eu ganho, acho que vou sumir mais vezes... -Sussurra em meu ouvido e eu reviro os olhos, mesmo que ele não veja.

— Faz isso de novo, e essa aposta acaba! -Aviso, e ele ri baixinho.

— Eu sabia que você tinha sentido minha falta. -Não me dou ao trabalho de responder.

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*** GUSTAVO FORTUNA ***

Franzo o cenho ao encontrar Eric parado na minha porta com uma imensa caixa de pizza em uma das mãos, e um pack de long necks na outra. Estreito os olhos para ele.

— Oi...?

— Olá, namorado! – Surpreendendo-me ainda mais, dá um passo para frente, deixa um beijo em meus lábios, passa por baixo do meu braço, e entra no apartamento. Mantenho meus olhos afinados ao fechar a porta e observá-lo entrando na cozinha, fazendo-se em casa.

Ele abre os armários, pega pratos e talheres, deixando-me intrigado sobre como sabe onde tudo fica. Me lembro do almoço com as meninas e concluo que ele tem uma boa memória.

— Namorado? –questiono sem conseguir esconder minha desconfiança.

— Bom, se tá na internet, deve ser verdade... –dispensa minha pergunta facilmente

Involuntariamente, meus lábios formam um bico antes de eu morder o inferior. Tudo bem... Esse homem quer me enlouquecer. Passei o dia ocupando todo e qualquer segundo livre que eu tinha pensando nele e em suas reações completamente inesperadas. Depois da mensagem que me enviou, eu esperava ter algum trabalho, mas, ao invés disso, ele me arrastou para um banheiro e simplesmente cedeu. Quer dizer, do jeito Eric, mas ainda assim, cedeu.

Me convenci de que sua fome era maior que a raiva, mas, aparentemente, eu estava enganado. Depois disso, viemos para o seu apartamento onde, novamente, eu esperava um interrogatório, gritos, almofadas e, talvez, até objetos mais pesados sendo arremessados em minha direção, o que eu ganhei? Um boquete digno de um rei, acesso ilimitado ao seu corpo e, a cereja do bolo? Ele me deixou dormir! Assim, do nada! Ele, simplesmente, me deixou dormir em sua cama, abraçado ao seu corpo, e se isso não tivesse sido o suficiente para foder minha mente, sua mensagem essa manhã teria sido.

Acordei antes de Eric, achei que ele ficaria extremamente irritado se acordasse e descobrisse que eu havia mexido em suas coisas novamente, então deixei um café pronto. O que ele fez? Me mandou uma mensagem agradecendo pela gentileza.

Ele não me perguntou para onde eu fui no domingo de manhã tão cedo. Não me exigiu satisfações sobre onde andei na última semana. Não. Nadinha. Ele agradeceu pela porra da gentileza. E, agora, isso.

Depois de colocar os lugares americanos lado a lado na ilha da cozinha, levanta a cabeça.

— Eu tô morrendo de fome... -comenta enquanto dá a volta e senta-se em uma das banquetas. Pega uma cerveja, e está prestes a abri-la na pedra da ilha quando eu grito.

— Não! -Seu rosto se volta para mim com as sobrancelhas arqueadas e uma expressão curiosa, porém divertida: ͞— Não profane uma bancada de Nanoglass... Eu tenho um abridor se você não conseguir abrir com pano de prato!

Ele gargalha.

— Ai meu Deus! Você realmente usou a palavra profanar? — questiona enquanto simplesmente rosqueia a tampa da garrafa e abre-a. Se conseguia fazer isso com tanta facilidade, por que tentou agredir minha pobre bancada para começo de conversa?

Passo a mão pelos cabelos e uno minhas sobrancelhas antes de negar com a cabeça e apoiar as mãos na cintura. O que está acontecendo aqui?

— A pizza vai esfriar e a cerveja vai esquentar... -Comenta já levando uma fatia à boca, claro. Ele está sempre com fome, quando não é de uma coisa, é de outra...

Me aproximo com passos lentos e me sento na banqueta ao lado da sua. Eric continua concentrado na pizza e na cerveja. Abro a boca, pronto para lhe perguntar o que está tramando, mas fecho, desistindo, por enquanto. Olho para pizza... Bonita... Quatro queijos com geleia e...

— Do que é essa outra metade? -questiono, apontando para a pizza e o sorriso que ilumina o rosto de Eric é de um milhão de megajoules.

— Queijo coalho, banana da terra e geleia de pimenta! — responde empolgado. Ergo as sobrancelhas, a massa parece realmente muito boa. Decido começar por ela e Eric me assiste pegar uma fatia e levar a boca com expectativa.

— Porra... -Digo com a boca cheia.

— Muito bom, né? -Instiga, animado. Rio e balanço a cabeça em concordância.

— Você gosta muito de comer, definitivamente, teria sido um astronauta infeliz... -comento, me lembrando da nossa conversa no jantar que foi há pouco mais de uma semana, mas parece ter acontecido há meses.

— Definitivamente! -concorda, pegando uma segunda fatia de pizza. Comemos em silêncio por alguns minutos. Eric está na metade de sua quarta fatia de pizza quando volta a falar.

— Então, como foi seu dia? -pergunta, e eu desisto de tentar entender sozinho.

— O que você tá tramando, Eric? -questiono sem meias palavras e uma expressão de divertimento toma conta de todo o seu rosto.

— Eu não entendi... -Bufo.

— Você não tá sendo... Você... -Ele gargalha.

— E como é ser eu, Gustavo? -Louco! Minha mente responde imediatamente, mas não deixo que a palavra passe por meus lábios.

— Não tenho essa resposta, mas, com certeza, sei dizer como é não ser você! E isso... -aponto para a mesa posta para dois: ͞ Isso, definitivamente, não é ser você!

Ele acena com a cabeça, concordando.

— E já passou pela sua cabeça que, talvez, você apenas esteja tendo sucesso, eu esteja me apaixonando por você, e só queira mais tempo na sua companhia...? Tempo... de qualidade? -Me pega completamente desprevenido. Pisco, atônito. Lambo os lábios, mas não é o suficiente, levo a garrafa de cerveja até a boca e não paro de beber até que ela esteja vazia, eu nem mesmo sinto seu gosto, e Eric explode numa gargalhada potente.

Ele ri com o corpo inteiro e sem parar. Eu não sei se quero matá-lo por ter me assustado para caralho, ou se o abraço por estar sendo exatamente ele mesmo, um louco, desvairado, capaz de fazer as maiores insanidades parecerem sexys.

— Calma, Gustavo... Não precisa se embebedar não... Eu não tô apaixonado por você... -Comenta, entre risos, e eu sorrio também, pegando outra cerveja.

— Porra, Eric!

Ele ri e nega com a cabeça.

— Mas você já parou pra pensar que essa é uma possibilidade real? Não foi isso que nós apostamos, esperto? -questiona tão divertido que quase dói saber que ele realmente não parece se sentir nem um pouco inclinado a ter quaisquer sentimentos por mim.

Eu não quero sua paixão. Mas não seria a primeira vez que eu receberia uma sem ter pedido por ela, nem a segunda, nem a terceira, nem décima oitava... Mas Eric não é como nenhum desses caras, é? Não... Definitivamente, não é...

— Não... Porque eu não tenho a menor intenção de ganhar essa aposta, Eric... Eu só quero que você perca... -Concorda com um aceno, ainda sorrindo e, finalmente, começa a limpar as mãos com um guardanapo. Olho para a caixa de pizza quase vazia, analisando o estrago feito pelo homem loiro e gostoso. Quer dizer, para onde vai tudo isso?

— Para os pés! -responde, mostrando-me que pensei em voz alta, e, depois, começa a gargalhar outra vez.

— Desculpa, eu só...

— Pelo quê? -Me interrompe.

— Eu não quis falar do seu peso, nem nada assim...

— Aff, Gustavo, pelo amor! Tenha dó! Eu pareço alguém que se importa que falem do meu peso? -Inclino a cabeça para o lado, estudando-o. Não, ele não parece.

— Não...

— E não sou! Eu tenho um metabolismo rápido, mas se eu não tivesse, continuaria comendo do mesmo jeito. Comer e transar são dois prazeres que eu não me nego. -O comentário me faz gargalhar e ele dá de ombros: ͞ Eu sempre comi muito e nunca realmente engordei. Tenho músculos, mas isso é tudo... Minha mãe diz que era assim também, até eu nascer, daí a comida começou a se alojar em todos os lugares certos... -Ele ri e o carinho com que fala da mãe faz com que eu queria saber mais sobre ela.

— E onde ela está?

— Minha mãe?

Concordo, tomando mais alguns goles de cerveja.

— Meus pais se mudaram pra Miguel Pereira depois que Lívia e eu nos mudamos. Eles queriam isso há algum tempo, mas sabiam que nenhum de nós gostaria de deixar o Rio pra trás...

— Então somos dois... -comento, e ele concorda em silêncio.

— Sua mãe mora em Petrópolis, né? E eu sinto muito pelo seu pai... Sei que já faz tempo, mas eu imagino que seja difícil ainda assim... -Franzo o cenho.

— Como você sa... -Interrompo minhas próprias palavras quando a constatação óbvia me atinge: ͞ Você me pesquisou no google... -sorrio, sem conseguir evitar.

— Já tinha passado da hora... E, eu tive muito tempo nos últimos sete dias...

Finalmente. Quase comemoro. Disso, sim, já tinha passado da hora.

— Eu tava me perguntando quanto tempo ia levar... -Faz uma careta, fingindo-se de desentendido. Giro a banqueta, deixando o corpo de frente para o seu lado. Como ele não faz nenhum movimento, estico a perna e com um pouco de força, giro seu banco também, deixando-nos frente a frente: ͞ Vamos lá, Eric... Eu sei que você quer perguntar...

— Hum... Que bom que um de nós sabe, porque eu não faço ideia do que você tá falando... -leva uma terceira garrafa de cerveja a boca e faço mais uma nota mental sobre Eric, ele não sabe apenas comer, sabe beber também...

— Então você não quer saber onde eu estava nos últimos sete dias? -Provoco, mas ele me olha seriamente antes de me responder.

— Sinceramente? Não mesmo! Se eu tiver que fazer alguma pergunta sobre os últimos sete dias, é por que você sumiu? Quer dizer, quatro dias sem dar nem um sinal de vida? Isso não é muito legal... -Surpreende-me, porque consigo ver que ele não está mentindo. Eric realmente não se importa se eu estive em Brasília, na China, ou na minha casa, e essa é uma experiência diferente.

Ele poderia fazer valer do nosso status para me cobrar o que achasse justo, no entanto, não o faz. Olho para o rosto redondo, de queixo pequeno, para o círculo amarelo em seus olhos e uma sensação estranha se espalha pelo meu estômago.

— Você também não deu sinal de vida...

— E essa é a toda a razão pra eu não te perguntar nada. Eu disse que se tivesse que fazer uma pergunta, seria essa, mas não farei...

Balanço a cabeça, concordando, e porra! Adorando isso! Adorando muito.

— Eu estive em muitos lugares. Brasília e São Paulo principalmente... Foi uma semana longa... Muito longa...

— Quer conversar sobre isso? -Estreito os olhos, em desconfiança: ͞ Eu sei que você nunca teve um namorado antes, Gustavo... Mas é assim que funcionam os namoros... Aliás, por que não fazemos dois exercícios de uma vez? Enquanto limpamos a cozinha, você me fala da sua semana de merda!

Ele se levanta e começa a se movimentar. Dá a volta pela Ilha, tira os pratos da bancada e, quando percebe que não me movi, me dá um olhar que grita “Como é que é? Vai demorar muito ainda?” fazendo me rir, mas eu faço o que ele quer, me levando e, juntos, limpamos, guardamos e arrumamos enquanto eu vou contando para ele tudo o que aconteceu ao longo da última semana.

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O corpo quente agarrado ao meu desliza, molhado de suor, e o quarto cheira a sexo. Minha boca devora a de Eric em um beijo lento, quente, delicioso. Mordo seu lábio inferior e deixo que meus lábios desçam pelo seu queixo, garganta, pescoço, provoco sua pele com meu nariz e escuto seu risinho baixo.

— Que horas você sai pra trabalhar amanhã? -pergunta com uma voz preguiçosa, sonolenta.

—— Hum... Tudo bem! Me acorda quando você acordar. -Pede, e levanto o rosto, procurando seus olhos.

— Você vai passar a noite?

— A menos que você planeje me expulsar... Eu vou sim... -

Aninha-se ao meu corpo, entrelaçando as pernas com as minhas, e deitando a cabeça em meu peito, dizendo que, na verdade, não, eu não tenho a opção de expulsá-la.

— O que mudou, Eric? -Não consigo evitar a pergunta. Ele costumava marcar uma linha vermelha entre o que quer em que estejamos envolvidos e passar a noite juntos e, agora, me oferece isso numa bandeja por duas noites seguidas?

— Nós estamos namorando, não estamos? -responde, bocejando, estica o braço para o interruptor ao lado da cabeceira, e apaga a luz. Não perco o tom engraçadinho em sua voz.

— Então você tá dizendo que, agora, tudo o que namorados fazem pode fazer parte da nossa rotina, certo? -questiono, com um sorriso no rosto que Eric não pode ver, porque as luzes estão apagadas, e seus olhos já estão fechados.

— Unhum... -Concorda, e eu me sentiria mal, se não valesse tudo na guerra e no amor.

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Toco a campainha de Eric segurando um imenso ramo de flores e uma caixa, não com bombons, como a maioria das pessoas gostaria de receber, mas com uma Cheesecake da Dulce delicatess em tamanho grande. Escolhi a roupa com esmero, assim como nosso transporte, e o restaurante, e eu mal posso esperar para ver sua cara quando se der conta do resultado de suas palavras sonolentas de noites atrás.

Nos últimos dias, nós criamos uma rotina, uma diferente de qualquer outra que eu já tenha tido, poderia ser o rótulo namoro, nunca antes dividido com alguém, mas se eu tiver que ser honesto, sei que é o homem, como eu nunca havia conhecido antes também. Eric é...Não acho que diferente seja uma palavra que dê conta de descrevê-lo, porque parece que eu o estou comparando com os demais, e não é esse o objetivo.

Ele é ele, e até agora, ninguém nunca provocou em mim as sensações e reações que ele provoca. Ele é louco, completamente surtado, cheio de si e de certezas, e eu acho isso foda! Foda para caralho. Quanto mais tempo passamos juntos, mais coisas sobre ele eu descubro, e maior a admiração que tenho por ele se torna. Eu espero, de verdade, que quando tudo isso terminar, possamos ser... Amigos? Torço o nariz, não gostando de como isso soa.

Essa é uma outra verdade.

Eric e eu somos extremamente parecidos, eu vejo na loucura dele um pouco da minha, e correndo o risco de soar narcisista, acho que é aí que está muito do encanto que vejo nele. Ele é tão intenso, independente e determinado quanto eu. Não tem medo de riscos, se considerar que a recompensa é boa o suficiente, e sempre dá o máximo de si para alcançar seus objetivos, sejam eles quais forem. Desde trabalhar com algo que realmente desperte sua paixão, até ganhar a aposta que fizemos.

Paixão... Essa foi uma aposta tão fodidamente estúpida, que ninguém que não fosse como eu teria realmente aceitado. Mas ele aceitou, não aceitou? E, aqui estamos. Um mês depois de ele quase ter colocado minha porta abaixo, a sensação que tenho é de que o conheço por uma vida inteira. Conheço seus sorrisos, suas caretas, e até suas reviradas de olhos. E, verdade seja dita, nunca antes eu passei tanto tempo com um homem quanto tenho passado com Eric.

Todo o meu tempo livre é dele, e eu, sinceramente, não gostaria que fosse de mais ninguém. E não é só pelo sexo fantástico, é, simplesmente, estar com ele. Você já tá falando como um babaca apaixonado... O pensamento flutua em minha mente de maneira completamente independente e eu sacudo a cabeça, afastando-o, porque não, definitivamente, não.

O que temos é algo novo, e, por isso, interessante, algo a ser desvendado, que desperta a minha curiosidade, nada mais, reforço para mim mesmo, educando minhas próprias ideias, e tentando ensinar ao meu cérebro o que manter e o que descartar, em um debate interno. Mas, quando a porta é aberta, todos os meus pensamentos são silenciados. Porque, de repente, não há espaço para nada além de apreciação e luxúria em minha mente.

Como se tivesse desvendado meus planos, Eric veste uma calça apertada de couro e uma camisa transparente que deixa seus mamilos a mostra. Ele tem um colar de prata pendurado em seu pescoço, e usa botas de cano alto. Seus cabelos loiros estão soltos sobre os ombros, e seu olhar verde parece ainda maior. E a boca... A porra da boca está com gloss e tudo o que eu consigo pensar ao olhar para ela, é na marca que deixará em meu pau.

Um som de descrença sai pela minha garganta. Mas que porra! Mordo o lábio, deslizando meus olhos pelo seu corpo gostoso de cima a baixo pela quinta ou sexta vez, cogitando, seriamente, largar meus planos de mão e passar o restante da noite me afundando nele.

— Nem pensar! Pode tirar esse olhar do rosto! -Me reepreende antes que eu possa dizer qualquer coisa.

— E que olhar seria esse? -Questiono, mas se ele já não soubesse, agora, saberia, porque minha voz sai enroquecida pelo tesão. O tecido da minha calça grita, de tão esticado pela ereção crescente, depertada apenas em olhar para ele.

Ele se aproxima dois passos e desliza a ponta do nariz sobre o meu rosto. Cheira a barba, toca a bochecha, e quando se dá por satisfeito, leva a boca a ponta da minha orelha e sussurra.

— O de que quer me imprensar contra parede e me foder que nem um bicho...

— Porra, Eric! -Grunho, com a mente tomada pelas imagens que ele acabou de criar: ͞ Porra!

Ouço sua risada.

— Calma, garotão! Se quiser me foder hoje, primeiro, vai ter que me levar pra jantar! -Ri ainda mais e passa a língua sobre os lábios, deixando-os brilhantes. Pega as flores das minhas mãos e caminha para dentro do apartamento enquanto eu continuo estático, completamente hipnotizado pelo homem feiticeiro.

— O que é isso? -Pergunta, arrumando as flores em um vaso, despertando-me da minha observação silenciosa.

— Cheesecake... -murmuro e entro em sua casa, finalmente me dando conta de uma coisa: ͞ Onde você vai, Eric? -Coloco a sobremesa dele na geladeira.

Ele gargalha, jogando a cabeça para trás, então, caminha até mim, envolve meu pescoço com os braços, e beija minha boca.

Devagar, sua língua pede passagem. Primeiro, lambe meus lábios, minha língua, depois, varre cada canto que encontra, dominando minha boca por completo. Agarro sua bunda aproveitando sua boca na minha, seu gosto, seu calor, a delícia que é.

A essa altura, minhas calças já desistiram da batalha e estão apenas esperando o momento em que meu pau vai romper o tecido. Aparentemente, satisfeito, morde meu lábio e puxa-o para si.

Inspiro com força. Bebendo seu cheiro, roço meu rosto no seu em uma carícia lenta. Abrimos os olhos e vejo nos dele tudo o que sei que há nos meus. Um desejo puro, quente como brasa.

— Onde nós vamos? -pergunta, fazendo-me estreitar os olhos e franzir o cenho. No momento em que a compreensão me atinge, ele sorri imenso, sentindo-se vitorioso.

— Você sabia... -acuso e, agora, ele gargalha.

— Mas é claro que eu sabia! Você é uma namorado de merda, não um namorado estúpido! -rebate e eu enfio os dentes em seu pescoço em retaliação. Ele geme, ronrona, esfrega-se em mim, pedindo por mais, o maldito.

— Se você continuar se esfregando em mim assim, nós não vamos a lugar nenhum! -Seus braços me apertam com ainda mais força, desafiando-me.

— Sem chances, lindo! Eu já disse! Hoje, se quiser me foder, vai ter que me levar pra jantar primeiro...

— Eric, eu sempre te alimento antes de te comer... -Ele dá de ombros, como se eu não tivesse acabado de desmontar seu argumento.

— Quer ganhar seu presente agora? -Ergo minhas sobrancelhas.

— Eu ganho um presente?

— É claro que ganha! Eu não sou um namorado de merda, Gustavo... E é bom que essa pergunta não signifique que você não tem um pra mim, ou eu revogo o seu! -Desvencilha-se de mim, vira o corpo, propositalmente, esfregando a bunda em meu pau duro, torturando-me.

— Porra, Eric... Você não tá ajudando, caralho!

Ele ri. O maldito ri.

Eric pega uma caixa de um palmo de comprimento sobre a bancada da cozinha e vira-se para mim outra vez.

O sorriso safado em seu rosto me diz que assim como o que ele escolheu vestir hoje, esse não será um presente convencional, como o nosso “namoro” também não é. A verdade é que Eric entendeu que usei isso como um recurso em nossa aposta e, agora, está sabendo como virar esse recurso contra mim de todas as maneiras certas.

— Posso abrir? -Questiono quando ele o estende para mim, sentindo uma animação inédita, e dando-me conta de que nunca antes recebi um presente nessa data.

— Não, Gustavo! O presente é a caixa, então deixa fechado! — Responde em seu tom habitualmente ácido e revira os olhos, fazendo-me rir. Mas ele logo retoma sua expressão travessa e eu nego com a cabeça, sem saber se estou preparado para o que quer que tenha dentro da caixa em minhas mãos.

Eric morde o lábio inferior outra vez, e eu não resisto. Solto-o de entre seus dentes com meu polegar e antes que eu tenha a chance de deixar seus lábios, o provocador passa a língua ao redor dele e eu sinto o calor de sua língua direto no meu pau.

Minha ereção torna-se ainda mais dura e dolorida enquanto ele chupa meu dedo com uma lentidão e cuidado devastadores.

— Ah, Eric... Porra, eu vou te comer tanto hoje... Tanto... -Essa é mais uma coisa inédita, aliás. A fome que sinto de Eric parece nunca ter fim. Pelo contrário, quanto mais o tenho, menos satisfeito e mais faminto pareço.

Com uma última chupada, ele expulsa meu dedo de sua boca e eu preciso fechar meus olhos e apertar os dentes em busca de controle. Respiro fundo, controlando-me. Então, finalmente, tiro a tampa da caixa e o que encontro lá dentro, não faz absolutamente nada para diminuir minha ereção.

— Ah, porra, Eric! -Gemo, frustrado, enquanto olho para o tubo de lubrificante aninhado em papéis finos e cor de rosa.

Ele dá um risinho safado e ataca o pobre lábio inferior com os dentes outra vez, dizendo-me que está tão excitado quanto eu. Deixo a maldita caixa sobre a bancada da cozinha e puxo Eric para meus braços. Ele vem de bom grado, colando-se a mim e eu chupo seu lábio mordido enquanto apalpo seu corpo inteiro.

— Amor, a gente janta outro dia, agora eu tô faminto de você... sussurro em seus lábios, esfrego minha ereção em sua pélvis, e ele balança a cabeça, negando.

Brinco com meu rosto em sua pele e com meu dedo em seu mamilo, mordo sua orelha, lambo a pele atrás dela, devagar, levando-o para o mesmo lugar em que estou. Um gemido baixo escapa pelos lábios de Eric junto com um sopro morno que só me deixa mais quente, querendo ainda mais me afundar no calor de seu cuzinho apertado e gostoso.

Deixo que minha mão livre desça pelo seu corpo até alcançá-lo por cima da calça. Pressiono um dedo em sua abertura e ele geme mais alto e rebola na ponta dele.

— Você já tá durinho pra mim, gostoso? Todo apertadinho?

— Muito...Muito apertado -responde algo entre um murmúrio e um gemido.

— Então deixa eu te comer, Eric... Porra... deixa eu te comer bem gostoso? -Arrasto os dentes pelo seu maxilar, mordiscando a pele quente e gostosa e Ele esfrega-se ainda mais em mim, segundos antes de empurrar meu peito com as duas mãos.

— Não! -diz, ofegante e eu sou um passo na sua direção, pronto para encurralá-lo outra vez, inconformado com a negativa, mas ele reforça: ͞ Eu disse que não, Gustavo!

Expiro fortemente, fecho os olhos e apoio as mãos na cintura. Quando volto a abri-los fito-o com todo o desejo contido sem fazer questão nenhuma de esconder a luta imensa a qual ele está me forçando.

— Tudo bem, Eric... Você quer jantar? Nós vamos jantar... Mas eu espero que você não planeje sentar amanhã, porque mais tarde eu vou usar o meu presente até que você não consiga mais gritar! -É uma promessa, mas soa como uma ameaça. Seu corpo estremece, não de medo, eu sei, mas de ansiedade.

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Comentários

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Ambos já estão apaixonados um pelo outro e o sexo está cada vez melhor, dá até inveja. Não sei quem vai admitir primeiro, só espero que não percam essa oportunidade inventando barreiras por conta de uma aposta e deixem de curtir uma boa relação com amor e muito tesão.

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tomara quando se perceberem apaixonados nao sejam babacas um com o outro e neguem esse sentimento.lindo. e. refor em essa relacao

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