CAPÍTULO XIII
*** ERIC VIANA ***
— Então você tá bravo por ele ter feito exatamente o que disse que ia fazer? -É o que Lívia me pergunta, dois dias depois da minha discussão com Gustavo, assim que termino de contar toda a saga do dia dos namorados enquanto tomamos café.
Sentado em uma mesinha de canto da nossa padaria favorita, que fica no meio do caminho entre nossas casas, bem no centro da cidade, pego um croissant, parto ao meio, e recheio com creme de avelã. Não tendo a menor pressa para responder minha irmã.
— Achei que você fosse gostar da notícia... -comento, depois de mastigar e engolir quase o pãozinho inteiro. Lívia franze lábios e testa para mim.
— Eu ainda acho essa aposta absurda, mas isso não me impede de ver as coisas com objetividade! O cara não fez nada de errado, Eric! Ele só fez exatamente o que disse, desde o início, que faria... -Repete a afirmação descabida.
— Não! Nós temos um acordo, Lívia... Ele não podia ter comprado o prédio! -defendo minha tese pela milésima vez desde que a pronunciei pela primeira vez, a primeira defesa foi feita para Gustavo, as outras novecentas e noventa e nove? Para mim mesmo.
Quer dizer, ele não podia ter feito o que fez, podia? O fato é que aquela noite foi... Tão... Estranha... Não foi ruim, foi boa, foi perfeita, perfeita demais para um namoro falso, protagonizado por dois vizinhos que só estão saindo juntos e transando por causa de uma aposta. Gustavo não é um namorado real, confiar nele não é uma possibilidade, e o fato de ele ter comprado o prédio, escondido isso de mim, e ter tido a cara de pau de reconhecer que pretendia continuar fazendo isso só reforça meu argumento. Reforça, não reforça?
Pois, deveria. Porque todos aqueles olhares, todas aquelas palavras, toda aquela naturalidade que parecia circular ao nosso redor e permear cada palavra dita, gesto feito ou carícia trocada, não pode ser real, é encenação, é jogo, e eu preciso me lembrar disso.
— Eu reconheço... O panaca mandou muito mal ao saber que você tinha entendido a coisa toda do jeito errado, não ter explicado certo e, ainda, em ter escondido a compra de você...
— Exatamente! -Corto sua fala, porque ela parece finalmente estar me entendendo e nada que não seja isso e esteja prestes a sair de sua boca me interessa. Ela me olha enviesado, sabendo exatamente o que estou fazendo, e ergue uma sobrancelha para mim. Criticando-me em silêncio. Bufo.
— Como eu ia dizendo... -Continua, mesmo contra a minha vontade: ͞ Reconheço que ele tenha sido meio babaca aí, mas, até aí, nenhuma surpresa, né? Afinal, a gente sabe que ele é babaca, mesmo antes de saber o nome dele, Eric! Ele nunca disse que não compraria o prédio, disse que se você ganhasse, desistiria do empreendimento
— E isso foi exatamente o que ele argumentou...
— Porque é a verdade... Realmente não acho que seja razão pra você ficar putinho e ignorar o cara, de novo, diga-se de passagem... Até porque, tendo ele comprado o prédio, ou não, a aposta de vocês continua valendo, então ele já ter gastado o dinheiro, significa, apenas, que o prejuízo dele vai ser maior se perder pra você. Ou você desistiu da aposta?
— Não sei... -Murmuro, antes de levar a xícara de chocolate quente à boca e Lívia me olha com olhos desconfiados. Tomo um gole, pensando sobre a pergunta que vem me atormentando desde que fechei a porta do meu, quer dizer, não mais, meu apartamento, duas noites atrás, e em todas as respostas que já serpentearam minhas certezas: Talvez... Quer dizer, não! Definitivamente, não! Ou... Talvez... E tudo outra vez...
— Tem certeza que isso é sobre ele ter enganado você, Eric?
— O que você quer dizer? -Questiono com olhos de desdém, mesmo que eu tenha entendido perfeitamente suas intenções ao dizer o que disse.
— Eu quero dizer que me parece que você tá procurando uma fuga, e uma fuga que você ainda nem foi capaz de decidir se quer ou não, mas, ainda assim, tá procurando, quase como se fosse um plano b... -Lívia me olha com as sobrancelhas estreitadas.
— Você se apaixonou por ele, Eric? Se apaixonou pelo vizinho fodedor? -Sua expressão está dividida entre incredulidade e curiosidade. Em outra situação, eu me preocuparia com isso, mas, agora, eu realmente não tenho disposição, tempo, ou saúde para investigar as mudanças de perspectiva da minha irmãzinha.
Rio com desgosto.
— Claro que não, Lívia! Eu não sou estúpido. -Outra vez, uma única sobrancelha dela é erguida, dizendo-me que não a convenci. Expulso o ar dos pulmões e fecho os olhos por alguns segundos, tentando me reorganizar, porque a verdade é que tudo está uma bagunça. Não acho que eu esteja apaixonado por Gustavo, mas acho, sim, que estou sendo muito facilmente enganado pela face que ele vem me apresentando, e, o pior de tudo é que sei que essa é uma face enganosa.
Essa foi uma aposta estúpida. Não importa quantas vezes eu pense nisso, nunca será o suficiente, porque foi uma aposta muito, muito estúpida. Eu sabia que era estúpida e, ainda assim, aceitei, e, não satisfeito, me joguei de cabeça. O que isso faz de mim, hein? O estúpido mor, certo?
Quando decidi que usaria nosso namoro falso a meu favor, sabia que estava correndo um imenso risco, e não acho que tenha sido um risco desperdiçado, porque duvido que Gustavo esteja tão emocionalmente distante de mim agora quanto estava quando tudo começou, mas, tendo surtido efeito, ou não, foi um risco alto demais. Reconheço isso, vejo os efeitos na minha pele, nos meus pensamentos, e no meu coração. Eu fiz sexo na porra do elevador do prédio. Isso precisa significar alguma coisa, certo?
Talvez signifique que é hora de parar. Talvez, apenas talvez.
— Eu acho que isso é você tentando se convencer, de novo, de que ele é lobo mau, agora que ele começou a te convencer de que, talvez, seja o lenhador gostoso...
— Lívia, por que nós não falamos de você? Como vai o Téo?
— Não, não! Nós vamos continuar falando de você, muito obrigada!
Bufo. Cara de pau!
— Eu ainda acho que ele é o lobo mau, Lívia! Ou, melhor! Eu sei que é, mas quando tô com ele é fácil demais esquecer... E isso me assusta... Me assusta pra caralho!
— E o que te dá tanta certeza assim de que ele não é um pobre lenhador mal compreendido?
Rio, desgostoso.
— Porque, sobre isso, ele sempre foi honesto. Gustavo é um cafajeste com c maiúsculo. Ele não entra em jogos pra perder, me disse isso mais de uma vez, e toda essa personalidade cativante é encenação, é jogo, é ele fazendo o que faz de melhor... Desafiando os riscos...
— E já passou pela sua cabeça que talvez ele esteja caindo na própria armadilha tanto quanto você sente que está caindo na sua?
Estreito os olhos e inclino a cabeça para o lado, pensando. Não posso negar que sim, pensei e, em algum grau, realmente acredito que isso esteja acontecendo, mas não sei o quanto mais de mim mesmo estou disposto a arriscar com base nessa crença.
— Já... Mas não confio nessa percepção não... De todas, essa é a mais perigosa... Até onde eu sei, é exatamente isso que ele quer que eu pense, assim, eu me entrego, acreditando ser correspondido, e pronto! Ele ganha duas vezes. Como adora dizer, ganha porque ganha, e ganha porque eu perco.
— Vocês deviam conversar... -E, como se tivesse sido invocado, Gustavo me envia uma mensagem.
“Vai falar comigo hoje? A gente devia conversar... Não é assim que casais resolvem as coisas?”
Bufo. Inacreditável. Ele é inacreditável.
— Que foi? -Lívia pergunta e eu estendo o celular em sua direção para que ela mesma leia. Minha irmã ri.
— Bom, uma coisa é certa, ele tem senso de humor!
— Pois ele que enfie o senso de humor na bunda! -Ela ri.
— Então você tá me dizendo que vai largar a aposta?
— Não... Eu to dizendo que não sei! -Debruça os braços sobre a mesa e me observa por alguns instantes. Seu rosto começa a ficar vermelho e eu franzo o cenho.
— Quão bom ele é de cama?
— Lívia! -A repreendo e ela me dispensa com um aceno. Não é que eu tenha pudores para falar sobre sexo, não tenho. Não tive, inclusive, na noite da boate, ao conversar sobre o tamanho do pau de Gustavo com meus amigos, antes de ele chegar, é claro. Mas Lívia nunca gostou desse tipo de conversa. Por isso, sua pergunta me choca.
— Quão bom? -repete a pergunta que nunca, em tempo algum, eu imaginaria que minha irmã me fizesse.
— Muito bom... -murmuro.
— Qual é, Eric? Você pode me dar uma resposta melhor que essa!
— Quem é você e o que fez com a minha irmãzinha? -questiono com as sobrancelhas erguidas.
— Continuo esperando... -ignora minha provocação e tentativa de mudança de assunto. Mas essa nova atitude deixa claro que nós realmente precisamos conversar sobre o tal Téo.
— Muito bom, o melhor que já tive... E não foram poucos! -Suspiro, frustrado: ͞ É só... -paro de falar, olho para mesa, expiro, mordo o lábio e quase posso sentir a sensação de seu polegar passeando em minha pele, arrancando-a de entre meus dentes. Sua voz em minha cabeça é firme dizendo que eu preciso parar de maltratar seus lábios. Porra!
— É só? -Lívia incentiva.
— É diferente... É sexo! Gostoso, suado, safado! Mas é diferente... Eu nunca devia ter dormido com ele! Puta que pariu! Bato a mão sobre meu próprio rosto e ouço o risinho de Lívia. Isso leva minha atenção de volta para ela.
— O quê?
— Nada!... -responde, balançando a cabeça, em negativa, e erguendo as mãos em rendição.
O som de vibração ecoa na mesa, olho para o meu celular, mas a tela continua apagada. Então, olho para o de Lívia, em que o nome Téo brilha na tela. Afino os olhos para ela, que, subitamente, decidiu que comer todos os biscoitos que estavam abandonados há um bom tempo em seu prato é uma boa ideia.
Nego com a cabeça. Ah não, não mesmo!
— Pode comer a padaria inteira, Lívia! Mas quando acabar, se você ainda for capaz de falar, vai ser a sua vez de dizer o que é que está acontecendo!
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*** GUSTAVO FORTUNA ***
A tela apagada denuncia que não recebi nenhuma resposta de Eric. De novo. Se ele continuar assim, hoje à noite, vou colocar uma música tão alta para tocar, que vai ser impossível que ele não bata em minha porta para reclamar. Puta que pariu. Para um relacionamento em que eu sou o inexperiente, Eric tem agido muito mais como se fosse sua primeira vez do que eu.
Mas ele não considera que esse seja um namoro de verdade, Gustavo... Para ele, é uma grande brincadeira...
Grande brincadeira é meu cu! Eu devia ter contado antes, sei que devia, mas as coisas estavam indo tão bem, que eu simplesmente preferi não arriscar, e, se não fosse a bendita foda no elevador, ele nunca teria descoberto!
Me arrependo? Definitivamente, não! Faria outra vez? Quantas vezes Eric quiser... Porque, porra! Foi de outro mundo. Nunca fui dado à exibicionismos, mas, sinceramente, minha fome era tanta, que eu realmente não teria me importado se alguém tivesse nos visto. E não viram, mas o risco, a possibilidade de sermos pegos, a insegurança de estarmos em um lugar público, mesmo que de forma privada, deixou tudo ainda mais excitante.
Excitante. É tudo o que foi, certo? Não, Errado! Sim, certo! É tudo o que foi... Excitante...
Ver mais que desejo em seus olhos foi... Excitante...
Saber que havia mais do que apenas desejo nos meus próprios olhos foi... Excitante...
Receber sua confiança para se entregar em um lugar tão público foi... Excitante...
Perceber que ele já me conhece o suficiente para saber que eu tentaria impressioná-lo com uma moto foi... Excitante... Excitante para caralho...
Tê-lo, agarrado a mim enquanto deslizávamos pelas ruas da cidade, ouvir seu riso em minha orelha ao aproveitar a liberdade que uma boa moto dá, foi... Excitante...
Desejar fodê-lo sobre a Ducati a ponto de minhas bolas doerem... Passar boa parte da noite pensando sobre o seu presente, que me aguardava no seu apartamento... Foi... Excitante...
Jantar com ele, ouvir mais sobre a sua vida, contar mais sobre a minha própria vida foi... Excitante...
Puta que pariu! Foi tesão, não foi? Só tesão?
— Por que a cara de cu? -Rodrigo entra em minha sala, como sempre, sem bater e eu agradeceria pela distração bem-vinda se ele não tivesse decidido começar justamente pelo tópico que estou tentando esquecer.
— Nada...
— O que aconteceu com o Eric? -Franzo minhas sobrancelhas.
— Como você sabe que é algo com o Eric? -Ele sorri imenso e ergue uma sobrancelha para mim que praticamente grita “Eu realmente preciso responder isso?” — Vai pro inferno, Rodrigo!
— Eu poderia te deixar nele, mas como sou um bom irmão, eu vou te ajudar! Me conta, o que aconteceu?
— Eu não preciso de ajuda, porra!
— Unhum... E o Oriente médio não precisa de paz... Agora para de ser criança, assume que tem um problema, e me deixa te ajudar a resolver!
Bufo!
— Não é um problema! É que ele se recusa a falar comigo há dois dias, e o tempo não espera, como é que eu posso ganhar a aposta se não o vejo, se ele não fala comigo?
Outra vez, a expressão de “sério” toma conta do seu rosto e eu reviro meus olhos, só para me arrepender depois, porque, porra!
Essa é só mais uma coisa que a infiltra em meus pensamentos.
— Aposta, né? Unhum... Sei... E por que é que faz dois dias que ele não fala com você? O que foi que você fez?
— E por que é que eu tenho que ter feito alguma coisa, Rodrigo?
Outra vez, a expressão “sério?!”.
— Eu juro que um dia, ainda redesenho seu rosto -resmungo baixinho: ͞ Ele descobriu que compramos o resto do prédio...
Suas sobrancelhas se franzem.
— Como assim, ele descobriu? Ele já não sabia? -Parece confuso por alguns instantes, mas logo a compreensão se espalha por seu rosto.
— Você não contou... -conclui...
— Não...
— E por que não, Gustavo? Isso não fazia parte da aposta absurda de vocês...
— Porque ele não é estúpido, Rodrigo! Sabe que manter aquele condomínio intocado não é do interesse da GAF, se compramos, ainda que eu desistisse do empreendimento, o edifício residencial Uno não vai resistir por muito tempo...
Ele balança a cabeça, concordando.
— E por que você não contou?
— Achei que eu tivesse acabado de te explicar...
— Unhum... Mas o que eu não entendi, é: se toda a questão é só uma aposta, por que a forma como ele teria se sentido importa?
— Porque isso determina a maneira como ele age! Eric é passional demais! Ele toma decisões por impulso, e só pensa nas consequências quando tem que lidar com elas.
— Parece que você se descreveu... -comenta, fingindo despretensão... Fingindo muito mal...
— Nós somos parecidos... Essa é toda a porra do problema!
— Me parece que essa é a solução, Gustavo...
— Solução pra quê, Rodrigo? -Sorri.
— Vou deixar você descobrir sozinho...
— Mas você não disse que ia me ajudar, merda?
— Mudei de ideia, é mais divertido ver você andar em círculos como uma morsa...
— Uma morsa?
— Uma morsa muito bonita, mas, ainda assim, uma morsa...
Suspiro, frustrado.
— Como é que você faz quando a Cami tá brava, Rodrigo?
O filho da mãe gargalha.
— Peraí! -Ele tira o celular do bolso e passa alguns minutos registrando algo nele. Espero, imaginando que ele esteja prestes a me mostrar algo útil, mas, depois de algum tempo, ele simplesmente volta a guardar o aparelho no bolso.
— O que foi isso?
— Ah, eu tava marcando esse dia na minha agenda!
— Ah, Rodrigo! Pelo amor de Deus! Sai da minha sala! Expulso-o, indignado com sua falta de capacidade de levar minha situação a sério.
— Não posso, tenho um assunto importante pra resolver com você e, além disso, você não quer saber a resposta pra pergunta que me fez?
— E você pretende me dar essa resposta, ou vai continuar debochando?
O filho da mãe ri.
— Ah, cara! Eu espero por esse momento há tanto tempo...
— Não tem momento nenhum! E, mesmo se tivesse, eu me lembro muito bem de você falando que quando ele chegasse, você não riria de mim, me abraçaria e diria que eu, finalmente, encontrei a felicidade... -suas sobrancelhas se erguem.
— Olha só quem guardou o que eu disse?
— Como potencial arma contra você? Com certeza!
— Pra alguém que tinha a intenção de nunca a tornar realidade, essa foi uma preocupação interessante...
— Rodrigo! -Grunho, e ele ergue as mãos em rendição.
— Geralmente, eu tento compensar o que eu não deveria fazer com coisas que ela quer muito que eu faça... E peço desculpas, eu sempre peço desculpas...
— Isso não é de grande ajuda... A única coisa que Eric quer muito que eu faça, é justamente o que o deixou chateado pra começo de conversa, porque eu não posso fazer... E pedir desculpas? Mesmo quando não tá errado?
Ele bufa.
— No mundo deles, eles sempre estão certos, Gustavo... E se você quiser viver nele, vai ter que entender isso...
— Mas isso não faz o menor sentido...
— Não mesmo... -Ri.
— Que bom que você tá se divertindo... Tá gostoso pra alguém, pelo menos!
Acena, dispensando-me.
— O aniversário das meninas tá chegando... Camilla decidiu que quer fazer um piquenique...
Ouvir falar de Alícia e Alice traz um sorriso imediato ao meu rosto.
— Elas vão adorar...
— Em Petrópolis... -Rodrigo resmunga, e eu gargalho.
— Qual é o problema, irmão? Mamãe também vai adorar...
— É no fim de semana, Gustavo! Em três dias, e ela simplesmente decidiu que quer fazer um piquenique na Serra... — Ergo as sobrancelhas, me divertindo com a reclamação. Arrisco dizer que essa é a primeira vez que Rodrigo realmente faz uma sobre Camilla para mim e, agora, me pergunto se ele se conteve antes por achar que eu não entenderia. É possível que sim... Porra... É muito possível...
— E deixa eu adivinhar? Ela está certa...?
— No mundo dela, meu irmão... Ela sempre está...
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Ergo a mão fechada em punho, mas abaixo, preparando-me, porque há uma grande possibilidade de Eric abrir a porta apenas para me atingir com uma joelhada nas partes baixas, ele, definitivamente, seria capaz de uma coisa dessas quando tem sua raiva provocada. E, ignorar sua exigência de espaço, com toda certeza do mundo, se enquadra na sessão de atitudes capazes de provocar sua ira.
Mas Deus e Rodrigo são testemunhas, eu queria respeitar seu espaço, bem, não se pode ser exatamente chamado de querer, mas eu estava tentando. Foi a vida, essa brincante, quem me obrigou a estar aqui, em sua porta, chamando sua atenção. O assunto urgente que Rodrigo tinha para tratar comigo não era o aniversário das gêmeas, mas o fato de que elas me intimaram a levar o tio Eric... E, bom... Eu não sou de negar os pedidos das minhas princesas, ainda mais, um pedido de aniversário.