No reino de primavera interminável, o tempo se torna um aliado, e a beleza nunca se apaga. É um lugar onde o amor e a natureza coexistem em uma harmonia eterna, onde cada amanhecer é uma promessa de que a estação continuará a florir, sempre jovem, sempre viva, sempre nova.
Após as férias retornei para o internato, estava com saudades de Fernanda e daquela cidade. Ao chegar verifiquei qual seria meu quarto já que são modificados de acordo com a série, e pelas regras do internato os colegas de quarto se mantém até o final dos estudos sendo trocados em casos de requisitos ou necessidade observada pelo colégio. Verifiquei o número e andar do quarto e fui em direção a ele. Ao abrir o quarto, no entanto, me deparei com um senhor.
Olá, sou Bianca, serei colega de quarto da filha do senhor.
Você é a famosa Bianca, que fez as notas da minha filha aumentarem. Obrigado por isso. Acredito que a Fernanda esteja chegando com a mãe, eu subi com as malas primeiro.
Famosa não sei, mas sim ajudei ela na medida do possível. Me desculpe, mas qual o nome do senhor?
Acho que eu não sou tão famoso assim, me chamo Joaquim e a mãe dela se chama Teresa, caso não seja famosa também.
Obrigada, e prazer em conhecê-lo senhor Joaquim.
Começo a organizar minhas roupas no guarda-roupa do meu lado do quarto e permaneço observando seu Joaquim, em poucos minutos Fernanda entra conversando com sua mãe. Demora a me perceber, já que estou em um local um pouco escondido de sua visão, mas seu pai me apresenta para sua mãe e vejo o rosto de Fernanda ficar vermelho.
Menina está com vergonha de seus pais? Está toda vermelha?
Não mãe, estou com vergonha de não ter visto ou comprimentado ela quando entrei.
Certo, prazer Bianca, ouvimos falar bastante da sua organização nos estudos e como fez nossa filha estudar com gosto.
Não foi nada Dona Teresa.
Ambos se despediram depois de passar várias recomendações para Fernanda. Ela os acompanhou até o carro para ter certeza que eles haviam ido embora, quando retornou ao quarto trancou a porta e veio ao meu encontro. O seu abraço me fazia tanta falta e eu não sabia, como aquele abraço foi gostoso. E então ela se afastou um pouco, apenas o suficiente para poder olhar nos meus olhos e com aquele olhar me pedir um beijo, eu mesma a puxei para o beijo. Um beijo cheio de saudade e desejo, o toque suave e delicado dos lábios dela juntamente com as batidas dos corações que aceleravam em uníssono me fez desejar Fernanda de uma forma que eu ainda não a tinha desejado.
Eu não queria que aquele beijo acabasse, mas ouvimos um apito no corredor que sinalizava a checagem de colegas de quarto, prontamente nos afastamos e abrimos a porta. Voltei a guardar minhas coisas e Fernanda fez o mesmo, quando a diretora juntamente com a coordenadora chegaram deram uma olhada no nosso quarto e verificaram nossos nomes, estava tudo certo. Como de praxe saímos do quarto uniformizadas e fomos pegar nossos horários de aula.
A primeira semana foi tranquila como esperado, os hábitos se mantiveram ao dormir com Fernanda apenas os beijos que esquentaram a cama. Após nos acomodarmos com a nova rotina de aulas e vermos nossos horários livres Fernanda e eu passamos a equilibrar o nosso tempo de estudo com o nosso tempo a sós e com outras colegas e amigas. Durante o dia algumas vezes íamos a sós para a capela, apenas para conversar, fazíamos caminhadas no jardim e no pomar, estávamos aproveitando essa sensação gostosa de estarmos juntas sem precisarmos sempre estar nos beijando.
Mas quando nos beijávamos existia uma urgência sedutora. Em uma noite beijo se transformou em um fervoroso entrelaçar de desejos, meu corpo estava todo entregue e eu procurava o corpo de Fernanda com carícias e toques pelo seu corpo por cima da roupa, meu sexo pulsava de uma forma que ainda não tinha feito antes mesmo com todo o desejo que eu tinha por ela. Naquele misto de sensações e toques eu entendi tudo, eu queria o toque de Fernanda em minha pele e queria sentir o contato de sua pele, mas eu não sabia como. Naquela noite não fomos além, pois eu tinha teste no outro dia.
No sábado eu estava inquieta e minha tia percebeu, mas não tocou no assunto, eu pensei em ligar para a minha mãe e perguntar sobre como foi sua primeira vez, aí lembrei que provavelmente ela só esteve com homens a vida toda.
Bia, tudo bem?
Na verdade, tia, sim e não. Sim eu estou bem, não pois estou com muitas perguntas sem resposta e estou ficando louca com tanta suposição.
Adolescentes e seus problemas, quer conversar ou devo fingir normalidade?
Depende, você irá me fazer perguntas ou só me ajudar a entender as minhas perguntas?
Ok ok, entendi que tem haver com algo que eu não deveria querer saber. Mas vamos aos recados da tua mãe primeiro, semana que vem você irá ao ginecologista, acho que sua mãe não quer que você engravide.
Se ela soubesse que não existe essa possibilidade no momento eu não sei se me mataria ou iria ficar aliviada.
Pensando alto Bia? Ou tá querendo me dizer algo?
Tia, você conhece a Fernanda, então eu gosto dela, mas não só como amiga. Eu tenho sentimentos mais fortes por ela.
Isso eu já sabia, mas acho que você ainda não disse pra ela as três palavrinhas.
Ainda não, na verdade tenho medo de dizer em voz alta.
Meu bem, vocês já se beijaram?
Já sim, tia. É isso e outras coisas que estão na minha cabeça hoje.
Outras coisas. Então já imagino o que seja. Mas vamos lá, quais as suas perguntas?
Eu acho que é melhor com você do que com a minha mãe né tia. Certo. Eu tenho sentido coisas diferentes no beijo com a Feh, algumas vezes eu sentia só um calor e mais vontade de beijar ela. E isso mudou desde a volta às aulas, eu tenho sentido um desejo absurdo em tocar ela.
Primeiro, isso acontece a quanto tempo? Segundo, acho que a gente precisa ter realmente uma conversa mais madura sobre isso.
Ah tia, achei que era sem perguntas. Mas nosso primeiro beijo foi naquele fim de semana que fomos na casa de seus amigos pela primeira vez. E eu queria conversar mesmo e não sabia se devia.
Bia, vamos lá, você tem sentido uma coisinha chamada de tesão. Quer dizer que os beijos estão te deixando excitada e com vontade de mais, e normalmente quanto mais você tem mais você quer.
Eu imaginei que seria algo por aí, mas o problema é que eu não sei o que fazer daí pra frente.
Se sua mãe nos escutasse eu ia tomar um esporro. Mas tenta não pensar muito e deixa acontecer. Agora vamos ao interrogatório, Bia a senhora está ciente de que se te pegarem no colégio vão ligar pra sua mãe?
Tia, eu estou tomando cuidado para não nos pegarem.
Você consegue falar com Fernanda para ela falar com os pais e sair do colégio?
Talvez tia, mas pra que?
Vocês precisam de uma mudança de ares e de uma conversa. Verifica isso e me avisa que eu busco se os pais liberarem.
Logo liguei para Fernanda, que ficou feliz e ligou para os pais. Em poucos minutos recebi o retorno e foi positivo, os pais gostaram de mim pelo visto. Eu e minha tia fomos buscá-la e fomos em direção ao Palácio de Pena. No caminho Fernanda e minha tia conversavam muito como se fossem melhores amigas, eu apenas observava e ria. Ao chegar no palácio eu entendi a escolha da minha tia, ela está no topo da serra de Sintra, e é um palácio romântico, pegamos ingressos para os jardins e marcamos um local de encontro e horário.
Bibi, estou feliz de sair um pouco do colégio e de meus pais terem gostado de você.
Eu tbm Feh, e eu queria conversar com você, acho que a minha tia fez isso de propósito. Não sei como dizer isso, mas nossos beijos estão ficando cada vez mais quentes e eu quero mais. O problema é que eu não sei como.
Bibi, eu estou no mesmo lugar que você. E isso me tranquiliza um pouco na verdade. Eu também não faço ideia do que fazer, eu só tenho ido por instinto. É bom compartilhar essas inseguranças, e eu tenho certeza de uma coisa, eu quero que isso aconteça com você.
Eu também.
Passamos a tarde ali nos jardins do palácio e à noite voltamos para a casa de minha tia.
Bia, eu tenho um compromisso agora no jantar, já pedi uma pizza para vocês e está pago. Está tudo bem para vocês ficarem sozinhas?
Está sim tia, divirta-se.
Vocês também, Bia.
Senti no olhar de minha tia que tudo foi planejado para ficarmos a sós. Mas não pensei muito, fui para o meu quarto e me deitei na cama, Feh deitou ao meu lado e ficamos nos olhando. Nos beijamos com todo o desejo que estava acumulado, o calor aumentava e eu estava relaxada, deixei minhas mãos percorrerem o corpo dela. Minha boca desceu pelo pescoço dela e minha mão estava por baixo de sua blusa na cintura. Voltei a beijar sua boca, já sabíamos o que estava para acontecer e não tinha mais dúvidas, o beijo fica mais quente e minhas mãos já estão próximas ao seios dela. Naquele momento não existia nada fora daquele quarto só a gente. Infelizmente existia a pizza, e como não escutamos o entregador ele ligou pra minha tia, que me ligou. tive que me recompor e ir até a porta. Quando voltei para o quarto tinha apenas uma certeza, comeria aquela pizza fria.