Terapia holística / hipnose era o tema e a ocupação dos estudantes de medicina do local. Esses estudantes só pensam em fumar, beber e fazer sexo; mas volta e meia ainda sobra um tempinho para pensar nas “coisas do astral”. Sobre isso, a literatura não apoia, e os fatos não corroboram. Mas o dinheiro do estudante vem da mesada do pai dele, e não custa tentar “essas iguarias” que o professor se recusa a comentar.
Pensando assim, Samuel Torquato, moço de já 27 anos, sardento e de nariz fino, indesejado por ser aquilino, mas faz parte da “cara de pau”, foi na Clínica Alto Astral. Falou com o chefe, um homem semi-calvo (careca só na parte da frente), de aparentemente 48 anos. Este começou a falar como profeta, foi para o ritmo do vidente, e acabou como cigano leitor de mentes. Diante do discurso prolongado, Samuel apenas admitiu que o homem tinha algum talento de oratória, e sabia jogar com o sentimento alheio, colhendo os paradigmas impregnados da sociedade, e aplicando-os em cada caso. Dessa forma, acertava alguma coisa da vida do cidadão, sobretudo se este “chegasse desprevenido”.
Samu Torquato foi para a sala-escritório da clínica, e seria a última vez que pisaria naquele lugar. Mas enquanto Perez Debona preenchia a ficha, dizendo que o rapaz teria que passar pela “sessão de barras”, entrou a secretária, assistente e esposa do “chefe”. Parou tudo! Samuel já tava pegando o cartão de débito para liquidar a apresentação, mas devolveu no plastiquinho da carteira. A mulher era simplesmente divina, com tudo no lugar: estatura mediana, peituda na medida correta, cabelos no “comprimento sensual” numa cor de, pelo menos, 7 tons de cinza; a voz era melodiosa, e o olhar finalmente fez jus ao nome Alto Astral da clínica.
− O que aconteceu? – perguntou Perez Debona.
− Vou agendar mais sessões. – disse Samu sem tirar os olhos da dama.
− Faz as barras. – sugeriu a musa, de aparentemente 32 anos.
− Você faz as barras? – perguntou o rapaz automaticamente.
− Ela administra a descarga holística. – respondeu o hipnoterapeuta.
− É tua secretária também?
− Sim. E esposa como terceira função.
− Há, há, há... terceira função? Essa foi boa!
Como ninguém colaborasse com o riso, Samu disse ao chefe, só para descontrair:
− Gostei de você!
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Samuel Torquato tinha passado duas semanas pensando naquela mulher, e se existe mesmo, esse negócio de hipnotismo. Lediane pediu para deitar de costas em uma maca, e ele obedeceu. Estava de camisa de botões e bermuda, de chinelos. Estes últimos a moça tirou, foi quando viu a grandeza enorme dos seus peitões comprimidos em uma blusinha top – ela já tinha tirado o jaleco.
− Feche os olhos. – pediu.
Samu perguntou:
− Ele pode entrar aqui na salinha?
− Ele não interrompe o meu atendimento.
Antes de fechar os olhos, viu o tilintar dos cristais colados no teto, que com certeza deviam ter algum impulso magnético (Samuel já tinha ouvido falar desses truques). As mãos de Lediane tocaram as plantas de seus pés, para depois percorrer a sua canela. Uma certa temperatura passou das mãos dela para a perna do rapaz, mas tudo explicado pela condução do calor. Pegou nas mãos e Samuel se mexeu, quando a terapeuta disse:
− Calma, deixe a energia se dissipar.
Os cristais no teto pareciam concordar, mas talvez eram sensíveis ao som da música orquestrada que tava rolando. A mulher abriu-lhe a camisa e lhe dedilhava o tórax, parecendo estar no compasso da música. Samu saiu do corpo, mas era a concentração do momento, e já estava afim de voltar – com certeza agendaria mais alguns “encontros”. Essa possibilidade se firmou quando os lábios de Lediane encostaram nos seus. O beijo leve transmitia choque, e Samu teve certeza de que ainda estava no corpo. Abriu os olhos, mas Lediane disse:
− Só curte esse momento! Esquece tudo lá fora e relaxa.
Fechou novamente e o beijo passou a ser intenso. A mulher simplesmente, sugava-lhe as energias pela boca. A maior parte dele estava naquele local, e inclusive esqueceu-se de quem era e o que fazia. Todo o seu ser estava ali, na boca daquela mulher. Lembrou-se do seu tórax quando as mamas passaram a comprimi-lo. A mão direita de Lidiane puxou a bermuda de Samuel. Depois voltou na cueca, e num gesto sutil, já estava pegando no pau. E este que estava ausente, voltou para a sua existência ereta.
Era punhetagem leve, mas passou para boquete suave, quando a boca de Lediane foi para o pau de Samuel. Não era um boquete comum, e todo o esforço da medicina em explicar as coisas parou por ali. O choque vinha do pênis, e percorria por todo o corpo. Gradativamente, a terapeuta foi aumentando o ritmo, mas sem perder a suavidade da curva (estamos falando da derivada do gradiente). E a gozada, caso ela não viesse, Samu iria enlouquecer; bateria lá no “chefe” e imploraria: “Vende ela pra mim!”
Mas veio! Samu ia gozando e Lediane não mudou o ritmo. Cada jato de porra batia no céu da boca e descia. Já estava com lencinho umedecido e limpava, mas sem deixar de continuar até a última contraída do cacete.
Samu permaneceu de olhos fechados até a moça chegar e dizer:
− Pode abrir. Já terminamos.
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Saiu e foi para a sala-escritório. Perez Debona explicava:
− Então é assim. Espero que tenha gostado!
Samuel olhou para ele, não querendo acreditar que estava lendo pensamentos. E se não fosse o hipnoterapeuta falar, ficaria ali, olhando para aquele homem por tempo indefinido:
− Vai pra casa e volte na semana que vem. Se precisar de algo, me comunique!