O relógio despertou as 06:30 o sol entrava pela fresta da cortina deixando o quartão com um brilho quase magico, era a hora do dia a qual mais gostava e para mim sempre simbolizava uma nova chance, um novo começo, uma dadiva dada por Deus que poucos costumavam agradecer - não reclame por ter que acordar cedo, agradeça por estar vivo - meu pai sempre dizia isso quando acordava eu e meus irmãos antes de sair para o trabalho, era a primeira coisa que lembrava ao acordar, então agradeci e pulei da cama para mais um dia.
Após colocar as crianças no ônibus da escola sentei na poltrona de frente a janela, apreciando a paisagem através do vidro enquanto saboreava o delicioso café fresco em minhas mãos, havia tido um sonho estranho porém excitante, o acontecimento daquele dia voltou a permear meus pensamentos, já havia passado uma semana desde aquela ocasião, digamos no minimo inusitada, o suposto comprador do sitio havia entrado em contato com Marcos conforme ele dissera e estavam acertando os detalhes da venda e pelo que ele me dizia a propriedade estava praticamente vendida faltava apenas as questões burocráticas.
A venda iminente do sitio tinha injetado uma dose de animo em Marcos e em mim também, era o primeiro passo para a realização de um sonho, e ele estava visivelmente diferente em vários aspectos e isso era muito bom. Após um café revigorante segui rumo a academia, ao encontro do carrasco, apelido que eu e minhas amigas de treino havia dado ao nosso personal trainner que nem nos melhores dias pegava leve com a gente, ele sempre dizia que bastava um dia de descuido para perder o trabalho de um mês inteiro, o mais simples treino para ele era uma tortura para nós, porem apesar de seu jeito rustico, jeito esse que me atraia por algum motivo, ele era uma pessoa maravilhosa.
Encontrei as meninas já sofrendo na mão do carrasco quando entrei na academia, tentei passar despercebido por ele enquanto seguia para o vestiário mas em vão.
- Você tem cinco minutos para estar aqui - Ele disse assim que passei já com aquela cara de bravo - Sim senhor general - Eu respondi com a brincadeira de sempre, este homem deve ter um sexto sentido não é possível eu pensei comigo mesmo, e é melhor fazer o que ele manda ou ele vai me castigar ainda mais no treino, o que não seria ruim afinal no fim mesmo esgotada eu gostava quando isso acontecia.
Após o treino as meninas e eu decidimos parar na lanchonete ao lado da academia e tomar alguma coisa, já que era feriado e estavam de folga e não teriam que sair correndo para o trabalho, sempre me disseram como eu era sortuda em não precisar trabalhar com exceção da Raquel que era a feminista da turma, para ela era um absurdo uma mulher viver a sombra de um homem ainda mais nos dias de hoje com todo o empoderamento feminino, eu sempre argumentava com ela que apesar do que ela pensava, eu e Marcos sempre tivemos uma relação muito boa e por mais que fosse ele a manter a casa, as decisões eram tomadas sempre em comum acordo e ele sempre me escutava, mesmo não estando trabalhando fora eu ainda sim tinha minha contribuição, pois cuidava dos filhos, da casa e etc. Mas para ela isso não valia, uma mulher tinha que ser independente, e não submissa ao marido, depois de um certo tempo desistimos de discutir esse assunto já nunca levava a lugar algum. Marcia era a piriguete da turma estava sempre trocando de namorado, e as vezes até com mais de um namorado ao mesmo tempo porém era das 3 a que mais tinha intimidade, o jeito descolado dela sempre me fez sentir a vontade para me abrir e falar de problemas de relação que eu não falava para ninguém, ela estava contando mais um de seus episódios com homens enquanto tomava seu suco de laranja com acerola, ainda não havia revelado quem era mas pelo suspense que fazia ao contar o relato seria alguém que nos deixaria surpresas, o telefone tocou no momento que ela iria dizer quem era o protagonista daquela historia fantastica que só poderia ter acontecido com a Marcia, me afastei da mesa para atender.
- Oi amor - Era o Marcos do outro lado da linha - tudo bem?
- Sim amor está sim - Eu respondi enquanto tentava prestar atenção no que a Marcia dizia.
- Onde você está? está ocupada? - Pela voz dele, sabia que precisava de algo - Acabei de sair da academia, estou na lanchonete com as meninas - Eu respondi ainda tentando prestar atenção na conversa das meninas.
- Preciso que me faça um favor, o Pedro assinou o contrato mas pediu que fosse buscar, porem tenho um compromisso logo mas, pode ir buscar para mim.
- Posso sim amor, onde é?
- Te mandei o endereço por mensagem, ele está te esperando, agora tenho que ir beijo - Marcos desligou sem esperar pela minha resposta.
Verifiquei o celular e lá estava mensagem com o endereço, a conversa com as meninas teria que ficar para depois - Meninas tenho que ir, preciso resolver umas coisas, Marcia quero saber o final da historia que perdi, me liga mais tarde. - Disse ao me despedir das meninas e deixar a mesa, com o som das risadas delas sumindo ao me afastar.
O endereço ficava em uma parte nobre da cidade um condomínio fechado e muito luxuoso, me apresentei na portaria e fiquei esperando ser anunciada, enquanto ouvia Adele no carro, uma de minhas cantoras favoritas. - Pode entrar senhorita, segunda rua a direita a ultima casa - A voz do rapaz saiu abafada do interfone enquanto a cancela subia permitindo minha passagem. Cheguei a casa indicada e era sofisticada porem bem menor do que eu imaginava para o padrão daquele condomínio, um portão amplo se abriu assim que cheguei na entrada permitindo o acesso a garagem.
- A senhora deve ser a Jaqueline, meu patrão estava a sua espera - Disse uma moça que veio me atender assim que estacionei o carro. - Por favor me siga. - Ela se virou me conduzindo logo atrás dela, era uma moça bonita apesar de a roupa não favorecer muito. Seguimos pelo corredor do hall, as paredes cobertas de belos quadros, alguns com paisagens belíssimas outros com imagens sensuais, uma mistura estranha mas que combinava incrivelmente bem.
- Pode entrar, ele o aguarda - ela disse ao abrir a porta que dava para uma sala ampla e muito bem decorada, quadros e belíssimas esculturas decoravam o local, dois sofás grandes estavam dispostos um de frente para o outro com uma mesa redonda de vidro no meio, porém algo mais naquela sala chamou minha atenção, algo um tanto inusitado.
- Seja bem vinda prazer em vê-la de novo, Marcos me avisou que viria - Pedro disse enquanto vinha ao meu encontro. - Espero não tê-la atrapalhado - Ele estendeu a para me cumprimentar.
- Não atrapalhou em nada não se preocupe - eu respondi enquanto o cumprimentava, seu aperto de mão era suave porém firme, exatamente o tipo de personalidade que ele transmitia.
- Bom saber disso, venha sente-se por favor. - ele me guiou até o sofá - Deseja beber algo? Água um suco? - Não obrigado - eu respondi enquanto me acomodava no sofá, sem conseguir tirar o olho da menina que estava em pé ao lado dele, era a mesma menina que havia ido ver a casa, ela usava uma roupa semelhante a da moça que me recebeu na garagem porém com algumas modificações, ela usava um saia preta e branca com uma avenal preso a cintura, a parte de cima estava despida deixando seus seios a mostra, e preso em cada um dos mamilos havia uma especie de pregador de metal ligados por uma corrente prateada, a menina estava ereta e tão imóvel que poderia ser confundida com uma das peças de decoração da sala.
- Aqui está o contrato já assinado e reconhecido - Ele retirou os papei de um envelope que estava sobre a mesa de vidro - Preciso que assinem nas paginas marcadas com um x e rubriquem todas as paginas, e autentiquem.
- Sim claro iremos fazer isso - Respondi para ele mas sem tirar os olhos da menina, não conseguia desviar a atenção dela, vê-la ali daquela forma me deixa um pouco desconsertada mas ao mesmo tempo estava mexendo com minha imaginação e consequentemente com meu libido, senti meu rosto corar.
- A não esqueçam de autenticar também - Um leve sorriso brotou em seu rosto - Assim que estiver tudo pronto finalizamos a transação.
Será que ele percebeu algo, eu pensei enquanto tentava disfarçar - Tem uma bela casa senhor e muito bom gosto pelo que vejo - Eu disse tentando puxar conversa e tirar minha atenção da menina. - Obrigado, mas eu e minhas meninas preferimos o ar puro e a privacidade - ele disse dando uma leve olhada para a moça parada ao seu lado, o que inevitavelmente me fez voltar a atenção para ela.
- Acho que vou aceitar um copo de suco por favor - O ar na sala havia ficado mais pesado ou era impressão minha, me sentia quente e estranha.
- Qual sabor prefere?
- De laranja se não for abuso. - A menina deixou a sala assim que terminei de falar, o que foi um alivio para mim.
- Agora me diga porque desejam se desfazer da propriedade? - Ele me perguntou trazendo minha atenção de volta.
- Hã? Ah, humm, queremos realizar um projeto, um sonho na verdade, e para isso precisamos vende-la - Eu gaguejei um pouco ainda desconsertada pela situação.
- Isso é incrível, realizar sonhos é importante ainda mais para um casal, o Marcos me pareceu um cara incrível e um homem de sorte - O sorriso em seu rosto era indecifrável mas provocativo. - Sim ele é em vários aspectos, e esse lado sonhador dele é uma das virtudes que mais admiro, as vezes ele sonha um pouco demais é claro.
- Sonhar nunca é demais senhorita, afinal sonhos são o combustível a alma, e o que seríamos sem isso!?
- É acho que tem razão, o que seriamos se não tivéssemos um sonho a seguir... - Minha voz falhou quando a moça retornou a sala trazendo uma bandeja com um copo de suco de laranja, o que estava acontecendo comigo? Porque aquela menina me chamava tanto a atenção!? Meu rosto voltou a corar, e pelo canto de olho reparei que pedro me olhava atentamente com um sorriso malicioso. A moça se aproximou de mim e abaixou, enquanto deixava o suco sobre a mesa de vidro, seu rosto ficou próximo ao meu e pude sentir seu halito, era doce e fez minha boca salivar, ela exalava um perfume suave mas incrivelmente bom, apertei minhas pernas involuntariamente sentindo o calor entre elas, aquela menina inspirava luxuria.
- Aqui está senhora, deseja mais alguma coisa? - Ela me perguntou, e naquele momento desejei sentir os lábios dela nos meus, que voz doce. - Desculpe eu preciso ir, acabei de lembrar que estou atrasada para um compromisso - Peguei o envelope e me levantei subitamente quase esbarrando nela e quase a derrubando.
- Está tudo bem? - Marcos perguntou ao se levantar também - Sim estou, desculpe mas realmente estou muito atrasada - Eu precisava sair daquele lugar urgentemente.
- Bom nesse caso não tomarei mais seu tempo, vou pedir para minha peça acompanha-la. - Não entendi o que ele quis dizer com minha peça mas por algum motivo supus que estava falando da moça na minha frente - Não obrigada, eu sei onde fica a saída - Eu respondi já me dirigindo para a porta da qual havia entrado, ao passar pela porta dei uma olhada de relance para trás, a moça voltara a ficar imóvel ao lado de Pedro e ele estava com aquele sorriso malicioso nos lábios, algo me dizia que havia percebido o que acabara de acontecer e que estava se divertindo com aquilo, fechei a porta atrás de mim e fui embora, ainda com a voz dela em minha cabeça.