Aquele final de semana na capital seria para relembrarmos por muito, muiiiiito tempo. O Mark parecia mesmo bem disposto a nos recolocar nos trilhos de uma forma que resgatasse toda a nossa cumplicidade e eu estava disposta a nadar de braçadas para reconquistar a sua confiança, só que, para isso, eu ainda achava ser necessário enfrentar uma última etapa e o faria, se a pessoa para quem enviei a mensagem naquela madrugada estivesse disposta.
Em nossa viagem de volta para casa, as conversas se resumiam à noite e ao seu preparo. Ríamos de tudo e eu principalmente tirava muito sarro do meu marido por ter se deixado descobrir por mim:
- Como que eu iria imaginar que você iria ligar uma simples transação financeira feita para um terceiro ao que eu pretendia fazer? - Ele tentava se justificar, encabulado.
- Talvez se você tivesse feito uma transferência bancária, eu não desconfiasse, afinal, vira e mexe, você faz repasses de crédito aos seus clientes, mas usar o cartão de crédito deu muito na cara, mor, ainda mais naquele valor.
Ele balançava a cabeça e tentava não rir da mancada que ele próprio deu, mas a verdade é que ele não conseguia e eu muito menos. Além disso, as lembranças da noite ainda fervilhavam e eram muito gostosas, ficamos comparando o que deveria ter sido com o que foi realmente, mas a conclusão foi uma só: uma noite deliciosamente safada e que ficaria gravada em nossa memória. Um som de mensagem soou em meu celular e, discretamente, vi quem era. O Mark quis saber quem seria o interlocutor, mas eu despistei, dizendo não ser nada importante.
Como de costume, ele parou num posto para abastecer, aproveitando a diferença de preços entre os combustíveis de SP para MG. Fui até a lanchonete intencionada em responder à mensagem e quem sabe retomar uma brincadeirinha antiga nossa: a de eu paquerar alguém até ele chegar e quem sabe, até fazer uma ou duas coisinhas mais, mas tudo com a ciência, anuência e talvez até a participação do meu maridinho mansinho, digo cúmplice.
Nem bem entrei e dei de cara com um ambiente até que bem cheio para o horário. Alguns caminhoneiros tomando seus cafés da manhã, algumas famílias, dois grupos de jovens que pareciam retornar de alguma festa, praia ou sei lá o quê, e um cara bem vestido, maduro, um corpo parecido com o do Mark, talvez a minha idade, cabelos castanhos com poucos fios grisalhos, uma camisa social azul clara de mangas dobradas, cara de executivo mesmo, entretido em ler alguma coisa em seu celular.
Como de costume, fui pegar um café expresso e um baldinho de pão de queijo e fui me assentar numa mesa que ficava praticamente no meio dessa galera toda, mais próxima do aparente executivo e dos grupos de jovens. Sentei-me meio de lado, meio de frente para o executivo, exibindo minhas coxas, afinal, eu estava de short e minhas pernas serviriam de cartão postal para o momento. Homem que é homem sente o cheiro de mulher safada de longe e ele logo me notou, passando a alternar sua atenção entre a tela do seu celular e olhadelas despistadas para as minhas pernas. Eu estava à toda e disposta a brincar um pouco com o imaginário do meu marido, tanto que adotei uma forma mais tímida e recatada, como se isso fosse possível com as pernas praticamente todas de fora. Decidi responder as mensagens antes de mais nada:
Eu - “Oi, bom dia.”
Eu - “Tudo bem com você?”
Ele - “Estou ótimo, Nanda, e muito melhor agora, conversando com você.”
Ele - “A que devo a honra dessa mensagem tão de madrugada assim?”
Ele - “🤣”
Eu - “Desculpa pelo horário, mas eu estava acordada e você me conhece, sou ansiosa, então…”
Ele - “Sem problema!”
Teclamos por um tempo e expliquei toda a situação que eu havia imaginado, mas, naturalmente, pedi discrição. Ele não demorou muito e me respondeu, dizendo que toparia, mas quis saber como eu faria com o meu marido. Expliquei tudo o que havia acontecido recentemente, inclusive nossa terapia com o doutor Galeano. Ele se mostrava receptivo, mas temeroso de que pudesse dar um grande problema. Deixei bem claro o que eu pensava:
Eu - “Só dará problema se você não souber o seu lugar nessa equação.”
Eu - “Havendo respeito, todos aproveitarão.”
Eu - “Tenho certeza disso!”
Ele - “Vou verificar minha agenda, porque não sei se tenho algum compromisso.”
Eu - “A data é essa e eu preciso de um sim ou não, sem terceira hipótese.”
Ele - “Não depende só de mim.”
Ele - “Tenho que ver se consigo para essa data.”
Ele - “Vou entrar em contato com a minha secretária e te retorno em breve, pode ser?”
Eu - “Pode, eu fico te aguardando.”
Ele - “Beijo, amor, e manda um abraço para o Mark, ok?”
Eu - “Esse é justamente o tipo de coisa que não pode acontecer, principalmente na frente do Mark!”
Eu - “Não sou seu “amor”, você sabe disso.”
Eu - “Me chama de Nanda, Fernanda, qualquer outra coisa, mas não confunda a finalidade do meu convite, entendeu?”
Eu - “Se topar, será apenas para sexo e dentro dos limites que eu e ele, como um casal, traçarmos.”
Ele - “Nossa, hein!”
Eu - “E outra coisa: se ele não se sentir à vontade, não haverá qualquer encontro entre a gente.”
Eu - “Tudo vai depender dele, de como ele receber minha proposta e dele aceitar.”
Eu - “Então, existe uma graaaaande possibilidade dele recusar e nada acontecer entre a gente, entendeu?
Ele - “Entendi.”
Ele - “Beijo, Nandinha querida.”
Ele - “Eu te aviso.”
Eu - “Beijo.”
Eu - “Fico aguardando sua resposta.”
Fiquei tão entretida no meu bate papo que não vi quando o carinha se levantou da mesa, mas logo o localizei no balcão, pegando alguma coisa. Nesse momento, dois rapazes, talvez com pouco mais de vinte anos, de um dos grupos de jovens se aproximaram e começaram a puxar conversa, mas pelo nível da prosa, notei que deviam estar imaginando que eu seria uma espécie de garota de programa, porque literalmente chegaram com os “pés nos meus peitos”, perguntando coisas do tipo: “o que uma linda garota como eu estaria fazendo quase nua num lugar como aquele àquela hora”, “se era a minha primeira vez ali”, “se eu estava acompanhada”, “o que eu fazia para viver” (notei a insinuação de GP nesse momento) e quando eu falei que era casada ainda tiveram a pecha de dizer que não eram ciumentos, já se sentando. Eles pareciam até um pouco alterados, o que me preocupou porque logo de manhã certamente não seria por bebida. Um deles aproximou sua cadeira ainda mais de mim e quando pensei em falar algo, o meu executivo de aproximou:
- Algum problema, querida? - Falou com uma voz rouca e máscula.
Olhei para ele meio surpresa, mas entendi sua insinuação e entrei no jogo:
- Não, nada, amor! Esses rapazes apenas erraram de mesa.
- E você também, não é? Eu estou sentado ali do lado. Por que não vem para junto de mim e resolvemos essa situação antes que fique ainda mais chata?
Concordei com um sorriso e um meneio de cabeça e peguei minha xícara de café. Ele, por sua vez, pegou o meu baldinho de pão de queijo e fomos para sua mesa, deixando os dois inconvenientes para trás que voltaram para outra mesa logo após. Começamos a conversar e eu já o agradeci de antemão pela ajuda com os dois. José Fernando se apresentou e como eu supunha, era um executivo que estava voltando de um seminário acontecido na capital. Administrador como eu, logo nossa conversa engrenou e eu já senti afinidade para talvez uma brincadeirinha. Agora faltava apenas o Mark chegar…
[...]
- Vou na frente, tá? Termina aí e vem depois tomar um “cafezin” comigo… - Falou a Nanda antes de se dirigir para a lanchonete do restaurante.
A insinuação estava explícita em suas palavras e no trejeito rebolativo que tomou para chegar até a lanchonete. Ela estava disposta a aprontar e embora eu quisesse chegar logo em casa, se rolasse uma brincadeirinha “de leve”, eu não me oporia. Fiquei papeando do lado de fora do carro enquanto o frentista completava o tanque do meu carro quando três motos pararam do lado oposto das bombas, curiosamente cada uma ocupada por uma mulher. As três desceram e uma delas retirou o capacete, vindo perguntar algo para o frentista que me atendia. De onde eu estava, me perdi olhando para uma das moto, uma bela Suzuki preta com detalhes em dourado e um grande ideograma gravado em sua lateral e ela, enquanto aguardava algo, me perguntou:
- Bonita, não é?
- Oi!?
- Minha moto, não é bonita?
- Ah sim! Muito… Se bem que eu prefiro as “custom”, estradeiras, como as Harley.
- Bobo você não é, mas são estilos totalmente diferentes. Essa é mais arrojada, para quem gosta de correr mesmo. Igualzinha a mim… - Disse e me piscou um olho.
“Não pode ser… Hoje!? Eu devo estar com o cheiro da safadeza de ontem ainda. Só pode…”, pensei enquanto encarava aquela bela morena que transbordava independência, arrojo e um belo sorriso que só mulheres imponentes possuem. Não consegui evitar lembrar-me da minha própria onça branca. Curioso, decidi testar meu alcance e movi uma pedra em direção àquela rainha e falei:
- Certas coisas são muito melhor aproveitadas quando se faz com calma, lentamente, acelerando apenas em alguns momentos decisivos.
- É!? O que, por exemplo?
- Uai!... Por exemplo, um passeio de moto. Por quê? Estava pensando em alguma outra coisa?
Ela sorriu e desviou o olhar rapidamente em direção a sua moto, retornando a me encarar em seguida com um sorriso no rosto, tudo para confirmar o que eu já imaginava. Decidi fazer mais uma jogada:
- Se você não estiver com tanta pressa, poderíamos tomar um café. O que acha?
- É… Um café… Ué! Agora até que seria legal. Eu sou a Valéria e você?
- Mark.
- Você tem jeito de ser certinho, Mark, jeito de advogado…
- Acertou em cheio! Sei fazer direito mesmo…
- Ai, que piadinha horrível. - Ela disse e riu: - Mas totalmente acertada para um momento como esse, rir só por rir.
O frentista terminou o meu abastecimento e paguei. Ele, juntamente com um colega, foram abastecer as motos das mulheres. Só então notei que as outras duas já cochichavam entre si a conversa que eu estava tendo com a sua colega. Terminado os demais abastecimentos, Valéria avisou as amigas que iria tomar um café com o seu novo amigo e me apresentou então à Cristina e Maria. Pagaram seus abastecimentos e fomos estacionar na frente da lanchonete. As amigas dela entraram na frente, Valéria em seguida e eu por último. Nem bem pisamos dentro do ambiente, ela grudou em meu braço e me arrastou para o balcão. Só então consegui dar uma olhada em direção às mesas e um olhar ferino me atingiu de imediato, cor de avelã, inserido numa face levemente ruborizada. Nanda sendo a Nanda…
[...]
- Filho… da… puta! - Resmunguei baixinho para mim mesma, mas sem conseguir evitar de ser ouvida pelo José Fernando.
- Algum problema, Fernanda?
- Hã!? Não, não, não… Eu só bati o dedinho na perna da mesa, mas não foi nada demais. Fica tranquilo. - Respondi, olhando de soslaio, mas irada para o Mark.
Ele notou meu inconformismo e desviou o olhar, também sem evitar um sorriso que não sei se foi para mim ou para aquela morena que segurava em seu braço. Se minha intenção era brincar com os ciúmes do meu marido, vi que fui coberta pelo meu próprio, ficando incapaz de continuar qualquer coisa com o José Fernando. Aliás, ele seguia tentando ser cordial, interessado, cavalheiro e eu respondia a todas as suas perguntas, mas o clima de sedução, se havia algum, vinha apenas dele, eu havia broxado, literalmente.
Enquanto isso, o Mark seguia na conversinha fiada e animada com a morena, vestida num macacão de motociclista que deixavam curvas bem definidas à mostra para o deleite do meu safado marido. Eles pegaram os seus pedidos e foram se sentar à uma mesa num canto, mas ainda às minhas vistas. Ela, claramente uma safada, se oferecia como se vendesse um produto para o meu marido e ele, bocó de tudo, só tinha olhos e ouvidos para ela:
- Está tudo bem, Fernanda? Você parece meio aérea… - Insistiu o José Fernando.
Respirei fundo para falar que não era nada, mas ele insistiu:
- Desde que aquele casal entrou que você ficou assim…
- É… Pode ser… É… Meu ex. Eu só não sabia que iria cruzar com ele e sua piriguete por aqui…
- Sei… Bem, parece que alguém ainda não conseguiu resolver o passado, não é mesmo?
- Como assim?
- Tá na cara que você ainda o ama.
- É!? Por que diz isso?
- Fernanda! Basta olhar para a forma como você encara a coitada da moça. Eu não gostaria de estar na pele dela, sabia?
Ele estava certo apesar de não saber toda a verdade. Inclusive, ele se mostrou ainda mais maduro e interessante ao me dar alguns conselhos que ele próprio recebeu quando se divorciou, dizendo que poderiam me ajudar a superar o Mark. Se ele soubesse o quanto eu amo o meu marido, nunca teria ousado, mas ainda assim achei simpático da parte dele. Pouco depois, ele se despediu, dizendo que precisava seguir viagem. Acabamos nos despedindo ali com uma singela troca de telefones para contatos futuros e um abraço que me deixou ainda mais interessada em conhecê-lo melhor.
Ele se foi sem sequer olhar para trás, certo do que queria para o seu futuro, deixando-me só na mesa com meia xícara de café e uns bons pãezinhos de queijo no cestinho. A conversa entre o Mark e a morena parecia animada porque ela falava, gesticulava e sorria sem parar, enquanto ele parecia absorvido na prosa dela. Confesso, isso me incomodou bastante, mas eu precisava confiar nele. Se bem que ele podia dar uma olhada para mim para eu saber que estávamos juntos naquele momento, mas que nada: o safado só tinha olhos para ela. Ela notou e abusou da atenção, inclusive, chegando a dar-lhe um selinho inesperado. Nesse momento, ele me olhou de soslaio, fingindo ou estando constrangido realmente. Agredi um pobre pãozinho de queijo a dentada, fazendo questão de exibir meus dentes para ele e notei que sorriu, mas não esboçou qualquer reação contra a morena.
Decidi mandar mensagem para ele, perguntando “quem era”, “até quando iria durar aquele teatrinho” e “até onde ele estava pensando em chegar com aquilo”. Notei que ele olhou para a tela do seu celular, balançando negativamente a cabeça e o silenciou. Meu sangue subiu e pensei em partir para cima deles, mas seria errado, então decidi sair e tomar um ar. Levantei-me com o restante dos meus pãezinhos de queijo e fui até o caixa, paguei meu consumo e saí, indo me sentar num banco de madeira próximo ao nosso carro.
Nesse momento, uma mensagem chegou em meu celular: era o meu interlocutor, confirmando estar de acordo com os meus termos e que havia conseguido remanejar sua agenda para o período que indiquei. Despedi-me, agora sem me delongar, pois eu ainda tinha um problema para resolver: um problema moreno, vestido num macacão de couro preto, com detalhes em dourado e com curvas insinuantes, querendo derrubar o meu marido numa cama. Comecei a refletir e respirar profundamente, pois não havia motivo para ciúme. Eu conhecia o Mark e sabia que ele não iria me trocar por outra, principalmente uma qualquer de beira de rodovia. Comecei a rir de mim mesma, sorrir para o nada enquanto comia meus pãezinhos de queijo e pouco depois, vejo que eles saem porta afora, conversando como se eles fossem um casal. Fiquei olhando enquanto se aproximavam…
[...]
Quando notei que minha onça branca estava rubra, decidi aliviar um pouco a brincadeira e falar a verdade para a Valéria, mas a motociclista falava mais que uma maritaca e não me deixava raciocinar direito, quanto mais falar. Arrastou-me até o balcão, pediu dois cafés e um salgado, arrastando-me para uma mesa, só eu e ela. Suas amigas ficaram em outras para não segurar vela. O pior é que ela se revelou uma agradável companhia, falando sobre sua paixão por motos e aventuras, chegando a me classificar como uma agradável surpresa:
- Não vejo por quê? Nós mal nos falamos… - Retruquei.
- Pode chamar de sexto sentido, mas, sei lá… gostei de você. Aposto que você deve ter umas boas historinhas aí guardadas.
Mal sabia ela que uma das protagonistas da minha vida estava sentada a poucas mesas de distância, decidindo se participava ou não mais ativamente de nosso entrevero. Numa das poucas vezes em que olhei na direção da Nanda, notei que ela tentava se distrair ou se deixar paquerar por um carinha boa pinta, mas acho que seu ciúme gritou bem mais alto, pois notei que me encarava incessantemente. O tempo passava, as histórias se multiplicavam, cheguei a contar algumas passagens rápidas que vivi e a Valéria se encantou em saber que sou liberal:
- Não acredito! Você dividia a sua mulher com outros? Me conta essa história direito, mocinho! Eu não sei se conseguiria.
- Por que acha que não conseguiria?
- Ah, não sei, eu… eu… - Parou e ficou me encarando por um instante, certamente pensando no que falar sem me ofender e disse: - Eu sou muito intensa, amo demais mesmo. Acho que não conseguia trair ou deixar ele ficar com outra, me traindo. Acho que é isso…
- Mas a gente não se trai. Amar é algo reservado para os nossos sentimentos apenas. Eu a amo e ela me ama. - Nesse momento, não consegui evitar uma lembrança do Rick, mas enfim: - E não existe traição onde existe honestidade e cumplicidade. Se eu permito que ela esteja com outros, nada é feito contra a minha vontade. Então, onde está a traição? Não há, simplesmente.
- Entendi, mas e a fidelidade.
- Nossa fidelidade é sentimental, é de propósito de vida. Eu a amo e quero estar com ela. Ela me ama e quer estar comigo. Simplesmente a gente separa amor de sexo. Eu a amo, posso ficar com outra, mas depois volto para ela, e vida que continua.
- Então, hipoteticamente… - Ela parou olhando em meus olhos e se aproximando ainda mais: - Assim… A gente poderia sair daqui, ir a um motel, transar e estaria tudo bem? É isso!?
- Isso!
- Hummm… Que gostoso, hein? Já estou começando a ter algumas ideias aqui…
- Infelizmente, hoje não vai dar. - Tratei de me adiantar antes que ela criasse muitas expectativas.
- Ué! Por quê? Você não disse que é liberado?
- E sou, mas seria indelicado da minha parte sair com você e deixar a minha esposa aqui, né? Afinal, estamos em viagem para a nossa casa.
A Valéria arregalou os olhos e ficou branca, surpresa:
- Ela está aqui? Sério!? Onde?
- Isso não importa, importa? Mas, sim, ela está, aqui e olhando para a gente com uma carinha brava, pois certamente não esperava que eu encontraria uma mulher tão interessante quanto você.
- Ah, qual é, Mark? Tá nada! Você está brincando comigo…
- Se é o que pensa…
- Então vou te dar um selinho. Só para ver o circo pegar fogo… - Disse e veio até mim, cumprindo a promessa.
Assim que ela se separou, rindo, falei:
- Você quer confusão, não é?
- Eu sei que ela não tá. É brincadeira sua, bobo.
Acabei me distraindo e quando olhei em direção à mesa da Nanda, ela não mais estava lá. As amigas da Valéria se aproximaram, perguntando se podiam seguir caminho e concordei, afinal, eu também precisava ir. Fomos até os caixas e fizemos o pagamento de nossas comandas e saímos. Fomos em direção às suas motocicletas e suas amigas ali ficaram. Ela ficou de frente para mim e já foi pedindo desculpas, enquanto agarrava o meu pescoço e trazia sua boca para a minha. Foi um beijaço, digno das melhores películas de Hollywood. Sinceramente, se eu não estivesse com a Nanda, teríamos ido parar num motel. Assim que nossos lábios se desgrudaram, eu a olhei e falei:
- Não precisava pedir desculpas para mim, mas se quiser pedir para a minha esposa ali… - Indiquei um banco de madeira, onde a Nanda nos encarava com olhos arregalados e com um sorrisinho enciumado no rosto.
Valéria a encarou sem ação por um instante e depois me encarou novamente:
- Você está brincando comigo? Ela… Ela… é sua irmã, não é? - Falou com a voz levemente trêmula: - Mark, não brinca comigo.
Eu sorri para ela e depois para a Nanda, para quem ainda deu uma piscadinha discreta e mandei um beijinho:
- Não tenho irmã e se tivesse, a Nanda seria muito mais. Ela é sim a minha esposa, amiga, companheira, cúmplice. - Expliquei e chamei a Nanda com um movimento de dedo indicador que veio meio ressabiada para o meu lado: - Vem aqui. Deixa eu te apresentar a Valéria…
A Nanda se levantou, bateu uma mão em sua roupa para se livrar de farelos de comida e então veio em nossa direção, pisando alto, aliás, altiva, determinada, certa do que lhe pertence. Valéria, em defesa, já havia me largado e dado um passo atrás. A Nanda se achegou e me pegou pelo braço, encarando a sua “rival”:
- Nanda, essa é a Valéria. Valéria, essa é a minha esposa, Nanda…
Só então notei que suas amigas nos encaravam com olhos arregalados e boquiabertas, talvez até mais surpresas que a própria Valéria. A Nanda, mostrando uma maturidade assustadora, inclinou-se em direção à Valéria e lhe deu dois beijinhos em cada lado da face, fazendo a motociclista ficar roxa de vergonha. Nanda então me encarou e perguntou:
- Você não falou para ela que eu estava aqui?
- Falei. Ela é quem duvidou…
- Gente, não estou acreditando nisso até agora. - Finalmente Valéria falou, saindo de seu torpor: - É um prazer, Nanda, é que… que… Poxa, desculpa! Se eu soubesse que era verdade, eu não teria beijado o Mark, não sem a sua… sua…
- Permissão? - Completou a Nanda, encarando-a de uma forma invocada, com os olhinhos meio fechados.
- Desculpa…
Eu já ia partir para um discurso conciliatório, quando a Nanda irrompeu numa gargalhada das boas, largando o meu braço e abraçando a Valéria, que me olhou surpresa. Depois, ela a encarou e lhe deu um selinho também, tudo com um sorriso no rosto, brincando por fim:
- Relaxa, amiga. “Mi hombre, es tu hombre”, mas só de noite e rapidinho, tá entendendo? - Disse e deu uma piscadinha para ela.
O clima ficou um pouco mais leve e Nanda foi ainda se apresentar as amigas da Valéria, que a cumprimentaram um pouco encabuladas. Por fim, Valéria se despediu e partiu com as amigas. Já dentro de nosso carro, ela não perdeu a chance:
- Filho da puta! Valeu pela invertida, mas vai ter volta.
- O que foi que eu fiz?
Ela se calou por um segundo e começou a rir:
- Nada! Eu que pensei em brincar como a gente sempre faz, mas você se adiantou e me quebrou o rebolado. Fiquei sem saber como agir e acabei não dando atenção para o Zé.
- Zé!?
- É! José Fernando, o cara que estava na mesa comigo. Gente boa, viu? Ele notou que eu estava olhando muito para vocês e quando inventei que você era o meu ex, ele me disse que eu ainda o amava muito e chegou até a me dar alguns conselhos para eu te superar. Vê se pode…
A viagem prosseguiu e a conversa entre nós corria solta, leve, agradável e divertida. Quando estávamos nos aproximando da divisa entre SP e MG, saquei um cupom fiscal com o telefone da Valéria e mostrei para a Nanda:
- Não sei o que faço com isso agora… - Brinquei, sorrindo.
Ela fez o mesmo, sacando um guardanapo com o telefone do tal “Zé” e me mostrou, falando:
- Dá aqui que vou mandar para o Zé. Vai que eles se entendem…
- Sério? - Perguntei, surpreso.
- Claro que não, né!? - Disse e abriu o vidro da porta de seu lado, jogando ambos os papéis para fora: - Eles que se resolvam…
Alguns quilômetros à frente, ela começou a rir. Perguntei o porquê daquilo e ela confessou:
- Eu decorei o número do Zé! - E gargalhou: - Vou ligar para ele ainda hoje.
- É!? Então, tá… - Desconsiderei e continuei dirigindo sem me alterar.
Mais alguns minutos, agora em silêncio e ela perguntou:
- Ficou chateado?
- Nem um pouco. Eu também já tinha decorado o da Valéria…
[...]
Não posso negar que quando vi aquela morena safada pegar o Mark de jeito e o beijar a passos de distância de onde eu estava sentada, quase voei em seu pescoço, mas consegui respirar fundo e ficar “apreciando” aquele beijo de cinema. O Mark, nesse momento, mostrou ser o parceiro que eu esperava e assim que teve chance me anunciou para ela que então me olhou, arregalou os olhos e, parecendo não acreditar, insistiu:
- Você está brincando comigo? Ela… Ela… é sua irmão, não é? Mark, não brinca comigo.
O Mark sorriu para ela e depois para mim, dando-me uma piscadinha e confirmando novamente ser eu a sua “cara metade”. Depois chamou-me e nos apresentou uma para a outra. Decidi fazer um certo “drama” e a encarei de forma séria. A coitada gaguejava e parecia estar prestes a chorar de vergonha ou medo:
- Gente, não estou acreditando nisso até agora. É um prazer, Nanda, é que… que… Poxa, desculpa! Se eu soubesse que era verdade, eu… eu não teria beijado o Mark, não sem a sua… sua…
- Permissão? - Falei, encarando-a ainda mais brava, meio que me armando como uma galinha choca prestes a dar um bote.
Ela só sabia pedir desculpas e chegou a ficar com os olhos marejados. Daí decidi aliviar e gargalhei, largando o Mark e a abraçando, e para completar ainda lhe dei um selinho. Por fim, fizemos algumas brincadeiras, mas ela não achou muita graça. Ao contrário, tratou de rapidinho encerrar aquela situação e sair dali, quase fugida. Depois, durante a viagem, no caminho de volta, eu e o Mark viemos nos cutucando, brincando e rindo de toda a situação.
Chegamos em casa e retomamos nossa rotina. Logo, minha empresa entrou em férias coletivas e ganhei alguns dias. As meninas também entraram de férias e o Mark também entrou no recesso forense de final de ano. Tivemos as nossas merecidas festas de final de ano, deliciosamente comemoradas em família, mas desta vez restrita a eu, meu mozão e nossas filhas, pois queríamos dar toda a atenção para elas. Foi lindo, delicioso, divertido, tudo o que deveria ser sempre.
No dia dois de janeiro, já comecei a arrumar nossas malas para a viagem que eu havia comprado até o resort do nordeste. As meninas, mesmo ainda um pouco bicudas, aceitaram ficar com meus sogros e o Mark, mesmo um pouco reticente, se deixou levar.
Saímos do aeroporto de Guarulhos bem cedinho e chegamos em Recife pouco depois das 9:00, onde um traslado já nos aguardava. Mais 1:00 de percurso e chegamos ao nosso resort. O lugar era lindo, discreto, “all inclusive” e tinha toda a infraestrutura que eu queria para aproveitar como eu queria com o meu amor e paixão. Difícil seria decidir entre ficar na comodidade do resort ou aproveitar a praia que ficava bem em frente e que era tão linda quanto.
Além de “all inclusive”, nossa hospedagem estava bastante “exclusive”, porque chegamos numa quarta-feira e o resort estava praticamente vazio. Fizemos o “check in” e fomos acompanhados até nosso apartamento. Ali, o Mark se livrou da calça jeans, sapato e cueca que usava, colocando uma sunga, bermuda e um chinelão básico, enquanto eu me despi do meu vestido e coloquei apenas uma saída de praia, impressionando o meu amor:
- O que? - Perguntei, vendo sua curiosidade.
- Você viajou de biquíni?
- É, uai! Por quê? Pode não?
Ele estava para falar algo, mas desistiu, dando de ombros e balançando negativamente sua cabeça, mas tudo sem tirar um sorriso do rosto. Saímos ligeiro do apartamento e como todo bom mineiro, fomos colocar o pé na areia e no mar. A água estava deliciosamente morna, um verdadeiro convite para o mergulho, mas a fome urrava e decidimos almoçar. Um bar de praia do resort, bem próximo de onde estávamos, mudou os nossos planos e ficamos petiscando uma deliciosa e generosa porção de camarão frito e peixe empanado, ele acompanhado de chope e eu, de uma deliciosa batidinha de coco:
- Tem ostra aí, amigo? - O Mark perguntou em certo momento.
- Certamente, senhor.
- Vê uma porção aí para mim, por favor? Vou precisar de energia redobrada hoje para derrubar essa mulher.
- Mark!?
- O quê? Falei alguma mentira.
Caímos na risada e o atendente, certamente acostumado com bobices dos turistas, deu um sorriso discreto e saiu para atender ao pedido do meu marido. Só dele, porque vou te dizer, odeio ostras! Pessoalmente, acho aquela gosminha meio nojenta e isso fiz questão de deixar bem claro para o Mark, que o pedido era exclusivamente dele:
- Ah… tá! Gominha da ostra é nojenta, mas porra na boca, você topa fácil, né? - Ele retrucou, rindo.
- Mark! - Falei e fiz um movimento com a cabeça, indicando que olhasse para trás.
Só então ele se virou e viu o atendente praticamente colado a si, com o seu pedido em mãos. O rapaz novamente sorriu e ainda complementou:
- Cada um com seu gosto, não é? Mas se me permite, senhora, deveria experimentar, porque o efeito afrodisíaco das ostras é reconhecido mundialmente.
Preferi não responder e escondi a minha vergonha atrás do meu drink, inclusive pedindo outro porque o meu já estava no fim. Bem, como diz o ditado “barriga cheia, pé na areia”, decidimos sair caminhando sem destino pela orla da praia. O sol castigava nossas cabeças, principalmente a careca do Mark e propus tirarmos nossas roupas e passarmos protetor solar. Ele concordou e nos despimos, passando a nos besuntar reciprocamente por bons minutos sob o sol escaldante do nordeste:
- Para, Nanda, para que isso? - Ele resmungou quando meti a mão cheia de protetor em sua careca.
- Ainda pergunta!? Cê é careca, mor! Deixa eu cuidar do que é meu e… e… Para, caramba! Deixa em passar direito esse negócio.
Naturalmente, meus argumentos eram sólidos e ele não podia retrucar, mas acabei exagerando um pouco mesmo na quantidade, tanto que tive que tirar um pouco com a minha canga. Após terminarmos, voltamos a caminhar, ora pela areia, ora pela linha do mar. Num certo ponto da praia, em que estávamos literalmente sozinhos, deixamos nossas coisas na areia e entramos mar adentro. Ali ficamos abraçados, namorando e conversando, curtindo a presença um do outro. Nada poderia atrapalhar aquele momento.
[...]
Eu sabia que ter a Nanda só para mim naqueles dias seria algo bastante improvável, mas possível. Eu conhecia a minha safadinha, mas não podia culpá-la, porque eu também gostava bastante de nossas aventuras. Além do mais, da mesma forma que terceirizamos a presença de outros, também fazemos com outras, então, a chance era de cinquenta por cento para cada um. Pensando ali na água, abraçado com a minha onça, deixei-me levar pela maresia e pelo leve vai e vem das ondas, até sentir uma mãozinha esperta na minha virilha:
- Nanda, você está louca!? Aqui é lugar?
- Todo lugar é lugar, basta a gente querer.
- Mas… Mas…
- Shiiiiiu! Quieto! Relaxa! Vamos só brincar um pouquinho. A praia está vazia. A gente só vai brincar um pouquinho, relaxa.
- Se eu relaxar, ele não sobe… - Brinquei e ri.
- Então… Fica tenso! Isso! Não, melhor: fica teso, duro. - Disse já emendando um beijaço em minha boca.
Sua mão não parava de apertar o meu pau e naquelas condições, ele começou a endurecer, bem, mas beeeem rápido:
- Nu! Acho que a ostra fez efeito… - Ela disse e riu.
- Falei que funciona! Você devia ter experimentado.
- Para que!? Para ficar mais tarada? Se eu tivesse comido um trem daquele, estaria dando xerecada na sua cara agora.
É difícil manter a ereção quando se tem uma piadista na sua frente, mas no meu caso o pau não amoleceu nada. Se foi efeito da ostra ou não, não interessava naquele momento. Ela foi ágil e o tirou para fora da minha sunga, soltando um dos laços da calcinha de seu biquíni e o encaixando rapidamente dentro de si, suspirando profundamente:
- Nu, mor!? Santa ostrinha… Como tá duro, gostoso…
- Você é uma safada!
- Sou! Foi você quem me ensinou a ser assim. Agora, dá conta, senão…
- Senão? - Ele perguntou, encarando-me com uma expressão invocada, mas sem conseguir esconder um sorrisinho safado.
- Senão vou ter que terceirizar! Você sabe que eu faço, não sabe?
- Mas que…
Ela me calou a boca com um beijo e depois me encarou, enquanto se mantinha grudada a mim, segurando-me pelo pescoço:
- Eu sou o que você quiser, aliás, você pode me xingar do nome que quiser que não me ofende, porque sei que é da boca para fora, mas eu sempre serei perdidamente apaixonada… Não! Isso é pouco… Eu sempre serei perdida de amores por você. Aconteça o que acontecer, com quem acontecer, como acontecer, eu nunca deixarei de te amar.
[...]
“Safada! Depois ainda tem a pecha de me dizer que não sabe usar as palavras.”, pensei enquanto olhava no fundo daqueles olhos cor de avelã que, com a luz do sol, ficavam praticamente verdes. O sentimento embutido em suas palavras eram de uma profundidade e honestidade que só por aquele momento, as férias já tinham valido a pena. Eu poderia ter falado muito, entoado um cântico qualquer, declamado uma poesia, mas para quê? Tudo o que precisava ser dito, ela já o havia feito e o sentimento era nosso. Então só coube a mim abraçá-la e apertá-la forte, para que soubesse que suas palavras haviam me atingido bem no fundo do coração. Naturalmente, advogado, minha língua quis participar:
- Desculpa ter desconfiado de você e dos seus sentimentos. Eu te amo, morena, para sempre…
Senti que ela se contraiu por um instante, mas não parecia ser um orgasmo ou algo do tipo. Logo, pequenos soquinhos, saltinhos em meu colo, explicavam o que acontecia: a Nanda chorava, grudada e ainda engatada em mim. Naturalmente, meu tesão, por maior que fosse, sucumbiu a surpresa de suas lágrimas e quanto a encarei, ela começou a sorrir:
- Desculpa! Eu sei que faço as coisas erradas, mas é tentando acertar. Um dia eu paro de te decepcionar.
- Para com isso…
- Tá vendo… - Disse e deu uma apertada em meu pau que agora estava mais para meia bomba do que para ereto: - Até te brochar… até isso eu estou fazendo agora.
Comecei a rir e ela também. Passamos a nos beijar, mas agora o tesão dava lugar apenas para o sentimento e decidimos continuar nossa transa em outro momento. Foi a melhor decisão porque, enlevados em nossa “brincadeirinha”, não notamos que alguns casais já apareciam, alguns passeando, outros se estabelecendo. Ajeitei meu pau para dentro da sunga e ela começou a fazer o mesmo com sua calcinha, mas em instantes seu semblante mudou:
- Mor! A calcinha… não tô achando…
- Como assim?
- Eu soltei um laço dela e… - Calou-se por um instante: - Ela sumiu!
Eu a encarei e sua preocupação era legítima. Enfiei minha cabeça na água, descendo por seu corpo e realmente o paninho havia desaparecido. Olhei ao redor, mas, mesmo com as águas límpidas daquele paraíso, nem sinal dela. Emergi da água e a encarei com um sorriso no rosto, mas ela já não estava para brincadeira:
- Para, Mark! Como eu vou sair daqui?
- Uai… - Comecei a rir da inóspita situação: - Tem que ser andando.
- Pelada!?
- Você não está pelada, apenas seminua.
- Mark!? Cê tá louco? - Ela se alterou como se eu fosse o culpado por aquilo.
Voltei a mergulhar e nadei em volta dela, mas nada. Emergi novamente e dei uma bela olhada pela superfície da água, mas a correnteza, se queria lhe aplicar uma peça, apesar de suave, fez bem o seu papel. Voltei até onde ela estava e falei o óbvio:
- Mais cedo ou mais tarde, você vai ter que sair. É melhor que seja agora, com pouco movimento, do que quando a praia estiver cheia. Venha andando atrás de mim, colada, daí você veste a saída de praia e pronto.
- Mas… Mas… Ela é quase transparente.
- Quer o quê? A minha bermuda?
- Uai… A ideia é boa! Que tal se você for lá buscá-la, daí você tira a sunga e eu a visto, e você põe a bermuda. Fica bom para os dois.
- Hããã… Não! Prefiro a ideia da saída de praia. - Falei, sorrindo e apontando para a direita de onde estávamos, complementei: - E é melhor decidir logo. Estou vendo um grupinho vindo para cá.
- Ah, mor, me ajuda…
- Ara, Nanda! Para de frescura! Tem quase ninguém aqui perto da gente na praia. Além disso, você é linda, gostosa, safada e um tanto de adjetivos mais. Põe a saída de praia e deixe quem tiver um pouco mais de atenção, de pau duro. Sorte deles, uai.
- Você não presta!
- Acha mesmo?
- Não, seu bobo, eu te amo e… quer saber? Se você pensa assim, quem sou eu para contrariar.
Nisso ela começou a caminhar em direção à praia sem sequer me esperar e eu a chamei:
- Ô! Você não vai disfarçar atrás de mim?
- Para que? Se você, que é o meu homem, não tá nem aí para me proteger, deixando eu andar pelada às vistas de algum tarado, por que é que eu vou me importar? Liguei o foda-se, no modo turbo.
- Nanda, eu estou brincando. Calma…
Não consegui terminar a frase, pois ela começou a gargalhar e a correr toda desajeitada dentro da água em direção à praia. Fui atrás dela, mas não fiz força para alcançá-la, pois realmente havia três casais e não tão perto da gente, então veriam quase nada de sua formosura. Logo, ela alcançou nossas coisas e vestiu a saída de praia que realmente não era tão transparente como ela afirmou, mas que, a depender de sua posição em relação ao Sol, deixava claro que ela estava nua embaixo daqueles panos. Quando faltavam uns quinze metros para eu sair da água, notei um paninho boiando alguns metros à minha esquerda. Fui até ele e não é que era a calcinha fujona?
- Tá de brincadeira!? - Ela falou de imediato ao ver o que eu havia encontrado.
- Pura sorte, mas achei.
- Menos mal… Dá aqui para eu vestir.
- De jeito algum! Você está linda. Fica assim mesmo.
- Mark!?
E saímos os dois correndo feito bobos pela praia por alguns metros, tudo para eu lembrar do restante de nossas coisas e fazer voltá-lo correndo para buscá-las. Juntei tudo e coloquei em sua bolsa de praia com os demais pertences e voltamos a passear pela orla, com ela insistindo em tentar me convencer a lhe devolver a calcinha.
[...]
Perder a calcinha na água só poderia ser coisa de mineira mesmo. Quando desatei o nó de uma das laterais, não me certifiquei se o outro lado estava bem preso e… enfim… não estava! Sabem o que é andar praticamente nua numa praia que não é de nudismo? Eu sei. Ainda assim, encorajada pelo meu marido safado e pela constatação de que a praia estava praticamente vazia, fui até as nossas coisas e rapidamente vesti a minha saída de praia. Minha sorte é que ela era de um tecido mais rústico e grosso, por isso não tão transparente, a não ser que eu ficasse contra o Sol, porque aí ficaria indecente. Quando me virei para perguntar ao Mark o que ele achava, ele estava pegando algo na água que de longe identifiquei com as cores da minha calcinha:
- Tá de brincadeira!? - Falei e ele resmungou algo que não entendi, pelo que já emendei: - Menos mal… Dá aqui para eu vestir.
- De jeito algum! Você está linda. Fica assim mesmo.
- Mark!?
Comecei a correr atrás dele e ele de mim. Parecíamos duas crianças brincando de pega-pega pela praia. Logo, o meu gás acabou e o fiz voltar correndo para pegar o restante das nossas coisas. Ele foi e voltou carregando a minha bolsa na mão, com sua bermuda no ombro e os chinelos na outra mão. Ao chegar aonde eu o aguardava, soltou os chinelos na areia, calçando-os e me deu a mão. Ainda segui tentando convencê-lo a me devolver a calcinha, mas seu argumento era fora:
- Daqui a pouco o Sol se põe e acaba com o seu problema.
Seguimos andando por um bom tempo e a sede começou a me incomodar. Decidimos parar num quiosque para beber um suco e depois fizemos todo o caminho de volta. Pode ser impressão minha, mas as pessoas do quiosque não tiravam o olho de mim. Implorei que ele me devolvesse a calcinha e o convenci, indo até o banheiro para vesti-la. Acho que não demorei tanto assim, mas quando retornei, ele parecia meio cabisbaixo, meio preocupado:
- Desculpa! Eu só não estava me sentindo confortável sem a calcinha.
- Hein!? Relaxa! Não estava pensando nisso.
- Então?...
- Nada não. São preocupações do trabalho, mas nada relevante. Vamos voltar? Podemos ficar no quiosque da praia, ou na piscina do resort mesmo. Já pensou o que irá querer jantar hoje?
- Peixe, uai! Estamos na praia, carne é que não vou querer. - Falei, sorrindo com a obviedade da resposta.
Voltamos caminhando, conversando e namorando de mãos dadas. Ele já sorria novamente, solto, leve, totalmente meu. Chegamos até o quiosque do resort e agora já havia um bom número de pessoas comendo e bebendo, embaladas por um trio de cordas que tocavam os melhores sucessos do MPB. Sentamo-nos e pedimos algumas bebidas, chope e caipirinha, e uma nova porçãozinha de camarão frito. O Mark, para variar, pediu outra de ostra. Assim que nossos pedidos chegaram, vê-lo comer aquele trem com uma boca tão boa me despertou a curiosidade e peguei um para analisar:
- Vai! Cai de boca. - Ele falou ao me ver em dúvida.
- Mas o trem é feio!
- Xereca também não é bonita…
- Cê nunca reclamou da minha! Então é isso o que você pensa?
Ele gargalhava de si, de mim e da minha angústia em querer experimentar aquilo ao mesmo tempo que queria jogá-lo longe:
- Como se come esse trem?
- Chupa, Nanda! - Ele falou alto, chamando a atenção de outras pessoas: - É só chupar e nisso você é mestre.
- Mark!...
- É o seguinte… - Ele começou a falar e pegou um para mostrar como fazia: - Coloca uma pitadinha de sal, mas bem de leve, quase nada. Daí uma espremida de limãozinho e…
Ele engoliu numa chupada só aquele trem feio e sem mastigar. Decidi experimentar e refiz todo o procedimento que ele me ensinou. Engoli e fora o sabor do limão e do sal, tinha gosto de nada. Fiz uma careta de desaprovação e peguei outra. Repeti tudo e novamente nada:
- Só sinto o limão e o sal. - Falei, decepcionada: - E uma gosminha.
- Então, tudo com o que você já está habituada…
Eu o encarei em dúvida e ele, sorrindo, explicou:
- Sal e limão, você conhece, e gosminha… bem… - Deu uma risada e me encarou: - Essa, você também conhece.
- Ah, Mark! Cê tá hoje, hein? “Nossinhora!”
Ele ria de dar gosto e eu o acompanhava, porque sua alegria era contagiante. Nossas brincadeiras estavam tão deliciosas e eu me sentia tão bem ao seu lado que gostaria que aquele momento nunca mais tivesse fim:
- Você só vai sentir melhor os efeitos à noite. Confia em mim. - Ele disse e piscou um olho.
Sorri para ele e ao ver um dos atendentes se aproximar da minha mesa, ergui a bandeja das ostras e falei alto:
- Moço, vê mais um trem desse pra mim? Hoje à noite promete.
Notei que algumas pessoas próximas riram bem nesse instante, mas eu estava pouco me importando, porque eu queria mais era me divertir com o meu marido. Bebemos mais algumas rodadas, alternando com os camarões e as ostras, e decidimos voltar para o nosso apartamento, pois queríamos jantar e descansar, afinal, a viagem cobrava os nossos corpos já não tão jovens. Ao me levantar da mesa, o ambiente rodou e fui amparada pelo Mark que ria de mim:
- Não tô de pilequiiiiinho. Só deseq… desequilibrei.
- Aham... Claro que sim!
Ele me juntou a si pela cintura enquanto pegávamos o restante das nossas coisas e vi que uma loira nos olhava toda sorridente ao lado de um homem bonito. Não aguentei e brinquei:
- Pega a ostra com caipirinha. Ó, o trem funciona “mesm”! Meu marido já tá até me juntando de jeito.
- Nanda, deixa o casal em paz.
Gargalhei alto e eles sorriram. Despedimo-nos e seguimos rumo ao nosso apartamento. Ali o Mark me dispensou sobre a cama como se eu fosse um saco de batata e disse alguma coisa que eu não entendi patavinas. Virei para o lado e dormi…
[...]
Nunca imaginei que a Nanda fosse querer experimentar ostra, mas acabou que ela, ou gostou, ou imaginava que daria um “up” em seu desempenho sexual, como se precisasse…
Após petiscarmos e bebermos, ela ficou relativamente bem mais alterada do que eu, pois eu bebi apenas chope e ela várias caipirinhas. Decidi levá-la para descansar um pouco ou a nossa noite terminaria antes do previsto. Quando nos levantamos, ela bambeou forte e tive que agarrá-la ou se estabacaria toda no chão. Enquanto eu pegava sua bolsa, notei que ela se inclinou e foi cochichar no ouvido de uma loira da mesa ao lado, mas o grau alcoólico dela a fazia falar em volume ambiente e impossível de não ser ouvida:
- Ó, o moça… Pega a ostra com caipirinha. Ó, o trem funciona “mesm”! Meu marido já tá até me juntando de jeito. Ó aqui que trem bão!
Comecei a rir e pedi que deixasse o casal em paz, mas eles pareciam estar curtindo as tiradas da minha cambaleante onça branca, atordoada pela ingestão do álcool. Seguimos para o nosso quarto e assim que entramos, ela se jogou na cama e balbuciou alguma coisa sobre acabar comigo numa trepada épica, isso segundos antes de apagar. Comecei a rir da situação, mas logo uma lembrança amarga tomou minhas preocupações e, sinceramente, dessa vez eu não sabia como agir. E foi assim, com a cabeça quente, que decidi tomar um banho refrescante, tentando ver o que ainda não conseguia enxergar. Já debaixo da ducha, ouço um som de algo caindo, seguido de um alto:
- Ai!
- Nanda?
- Tô viva. Só cai… da cama…
Ela começou a rir, gargalhar e desliguei o chuveiro para ver o que acontecia, mas nem tive chance de sair pois ela surgiu engatinhando na porta do banheiro e me encarou:
- Miau… - Disse, rindo de si mesma: - Sua gatinha caiu no sono e do sono, mor.
- Vem tomar uma ducha então, vem. - Propus já religando a ducha.
Ela se livrou dos poucos panos que vestia e tudo sem sair do chão. Depois continuou engatinhando até onde eu estava. Eu já não sabia se ela estava brincando ou se realmente não estava conseguindo ficar de pé, mas ao chegar em mim, a ajudei a ficar de pé, apoiando-a na parede:
- Dá banhinho em mim? - Falou mole, toda manhosa.
Comecei a esfregar seu corpo com uma bucha macia, mas ela logo reclamou de ardência na pele:
- Mas nem ficamos direito no Sol ainda…
- Para de reclamar e usa a mão, Mark! - Interrompeu-me
- Acho que você está mal intencionada…
- Cê nem imagina! - Interrompeu-me novamente e gargalhou, complementando: - Acho que esse negócio de ostra funciona mesmo. Tô com um comichão bem aqui, ó.
Nesse momento, ela levou a minha mão até o seu clítoris que estava inchado e durinho. Bem, dali para um beijo, amassos e cama, foram segundos. Não vou me estender nessa transa, porque não foi das melhores. Serviu apenas para cumprirmos uma determinação da Nanda, a de que não passaríamos um dia sequer sem dar “umazinha”. Ainda assim conseguimos marcar um orgasmo de cada, o meu finalizado em sua boca, ela me disse entre risadas:
- Tem gostinho de ostra mesmo!
[...]
Após eu constatar que ostra tem gosto de porra e comunicar a minha descoberta para o Mark, o que rendeu altas gargalhadas nossas por um bom tempo. Fomos tomar um banho bem caprichado e demorado na banheira do nosso quarto. Depois, cochilamos um pouco mais os dois, nus e grudadinhos.
Quando o despertador tocou, levantamo-nos e nos vestimos, ele com uma bermuda social, camisa polo e sandalinha de Jesus, um apelido dado pela nossa caçula as suas sandálias de couro, e eu com um vestido floral midi de alcinha e uma sandalinha de meio salto, com cabelos soltos e apenas um discreto batom, saímos para jantar num dos restaurantes do hotel e pedimos um peixe que havíamos conhecido em nossa lua de mel, o Meca, a picanha do mar. Se não conhecem, experimentem, é divino!
Um grupo tocava uma música instrumental ao fundo, inundando o ambiente com um som delicado e ao mesmo tempo envolvente. Acompanhava o nosso jantar, um divino vinho argentino que não me lembro o nome, mas que era marcante, sem ser forte, instigante, sem ser viciante, sem outras palavras, simplesmente divino. Após nos darmos por satisfeitos com a comida, seguimos bebendo aquele vinho, conversando, namorando, quando alguns casais ousaram aproveitar o momento para dançar num espaço livre entre as mesas. Eu seguia olhando distraída para os casaizinhos quando o Mark estendeu sua mão em minha direção:
- Me dá a honra?
- Pois não, senhor. - Estendi minha mão, fingindo surpresa e recato.
Fomos para junto dos demais casais e nos grudamos como dois carrapatos. Estávamos tão juntos, mas tão juntos, que até para nos olharmos nos olhos ficou difícil, mas era uma delícia senti-lo todo juntinho de mim, tanto que senti um comichão em minhas partes baixas e o avisei disso. Ele não perdeu a chance:
- Não quero que você volte a comer ostra! Assim, eu não dou conta de você.
Eu ri de imediato, mas o tranquilizei:
- Dá! Eu sei que cê dá, mor, e se não der, a gente sempre tem a opção de terceirizar.
- Já é a terceira ou quarta vez que você fala isso. Você está querendo me dizer algo?
Engoli em seco, porque não fora essa a intenção. Entretanto, mesmo assim, ele não estava completamente errado, pois eu ainda tinha um plano em curso. Decidi disfarçar:
- Bobo! Só estou brincando com você e com a nossa liberalidade. Posso não?
- Claro que pode, aliás, deve, mas não se esqueça que eu também posso querer terceirizar, hein? Tenho certeza de que o movimento irá aumentar e as possibilidades também.
- Tá, tá, tá! Vamos mudar de assunto? Vamos focar no casalzinho de rei e rainha do baile, senhor e senhora Di’Maghi, vamos? Pode ser ou tá difícil?
Ele não respondeu, mas fez melhor, puxando-me ainda mais para si e colando os seus lábios nos meus em um beijo deliciosamente apaixonado que me fez ficar de pernas moles. Quando nossos lábios se separaram não consegui evitar a piada:
- Gente, já tô com comichão e cê agora me deixa de perna mole! Covardia isso, Mark.
- Não gostou, devolve! - Disse e me beijou novamente.
Comecei a rir ainda com os lábios grudados nos dele e ele logo ria comigo. Encostei minha cabeça na dela, curtindo aquela música lenta e suave que tanto me fazia bem. No entanto, um olhar pungente de alguém sentado só a uma mesa de canto me atingiu em cheio e reconheci um rosto, aliás, o rosto de alguém que poderia pôr tudo a perder naquele momento. Sem saber o que fazer naquele momento, convidei o Mark para voltarmos para o nosso quarto, dizendo estar querendo ficar a sós com ele que comemorou:
- Opa! De novo? Já!? Meu amiguinho não descansou direito ainda, morena.
- Damos um jeito! - Falei e o arrastei por uma das portas do restaurante, do lado contrário ao daquela mesa.
Chegamos em nosso quarto meio cambaleantes e nos atracamos na cama novamente, mas numa transa bem meia boca para os nossos padrões. Ele gozou porque é impossível um homem fingir, mas eu não. Minha cabeça dava voltas e mais voltas, tentando solucionar uma situação que eu mesma havia criado. Fiquei aconchegada nos braços dele e apagamos rápido, cansados da viagem, das brincadeiras e das bebidas que não foram poucas. Entretanto, era por volta das 23:30 quando despertei e não dormi mais. O Mark estava apagado, dormindo pesado. Ainda mexi com ele, mas o máximo que consegui foi fazê-lo virar de costas para mim.
Levantei-me e tive a ideia de ver o meu celular. Havia várias mensagens não lidas do meu contato, enviadas a partir das 13:00. Passei a lê-las:
Ele - “Já cheguei, Nanda, e acabei de fazer o meu ‘check in’.”
Ele - “Está podendo falar?”
Como eu não respondi, ele não insistiu, voltando a teclar apenas às 15:00:
Ele - “Estou na piscina do hotel, mas vou curtir uma massagem daqui a pouco.”
Ele - “Gostaria muito de te ver.”
Ele - “Dá um sinal de vida!”
Depois, por volta das 16:00, novas mensagens:
Ele - “Chata, fala comigo.”
Ele - “Estou esperando um sinal seu para saber como vamos fazer o seu esquema.”
Ele - “Dá um perdido no Mark e me liga, ‘please’.”
Por fim, as 20:00 chegaram suas últimas mensagens, agora num tom mais ameaçador:
Ele - “Não acredito que você me fez vir para me ignorar.”
Ele - “Poxa, liga pra mim.”
Ele - “Ou eu vou ligar para você.”
Ele - “Ou talvez eu vá até você.”
Notei então que ele estava “on line” e mandei uma mensagem:
Eu - “Oi.”
Eu - “Desculpa, mas só via suas mensagens agora.”
Eu - “Está acordado?”
Eu - “Pode falar?”
A resposta foi imediata:
Ele - “Oi, sumida.”
Ele - “Pensei que fosse me dar o bolo.”
Ele - “Posso sim.”
Eu - “Não por aqui.”
Eu - “Pode ser pessoalmente?”
Ele - “Claro que sim e até prefiro, mas quando e onde?”
Eu - “Vou descer no ‘hall’ e a gente se encontra, pode ser?”
Ele - “Já estou indo para lá.”
Fechei o aplicativo e coloquei a mesma roupa que havia vestido no jantar com o Mark. Certifiquei-me novamente se ele dormia e recebi um ronco de resposta, confirmando. Saí descalça de nosso quarto e calcei minhas sandálias no corredor, indo para o hall da entrada. Nem bem adentrei ali e o vi chegando também, mas por um outro corredor. Ao me ver, veio todo sorridente em minha direção, já me abraçando e me dando um selinho. Gentilmente, eu o empurrei e expliquei:
- Aqui não, né, Rick! Alguém pode nos ver.
- Alguém quem? Não somos daqui e não conhecemos ninguém.
- Não começa, por favor! - Falei insistindo em aumentar nossa distância com os meus braços: - Vamos… Vamos conversar na pracinha ali em frente. É! Acho que ali é um bom lugar.
- Não é não! Se você não quer ser vista, o melhor lugar é na minha suíte.
A união do medo de ser flagrada com o álcool que eu havia bebido gerou uma decisão claramente controversa, pois concordei e o segui. Em minutos, estávamos em sua suíte; em minutos, estávamos conversando; em minutos, o primeiro beijo aconteceu; em minutos, eu o estava chupando; mas, em segundos, me arrependi, parei tudo e me levantei, olhando-o constrangida:
- Mas não é para isso que você me convidou?
- Mas não assim, não sem ele! Eu quero que ele confie novamente em mim. Eu preciso ter o meu marido de volta.
- Nanda, você me disse que quer voltar a ser confiável e para isso queria mostrar para ele que, comigo, seria só sexo, certo?
- Certo!
- Então! A gente transa, aproveita e você volta para ele. Simples assim. Pelo menos, foi assim que você pretendia fazer essa sua prova, não é?
- É, mas… mas… com a ciência e concordância dele! Já comecei errado de novo. Meu Deus! Como posso ser burra desse jeito?
- Você não é burra, Nanda. Você só sentiu… saudades. Isso! Você sentiu saudades de mim e quis matá-la. Agora, por que a gente não continua de onde a gente parou, hein?
Ele se levantou e se aproximou, mas eu mantive o meu vislumbre de sanidade e o afastei com os meus braços, falando:
- Foi um erro. Desculpa. Eu… Eu… Manda a despesa da sua hospedagem que eu pago, mas… Desculpa. - Falei e saí de sua suíte.
Retornei correndo para o meu quarto, mas entrei sorrateira, silenciosa, só para confirmar que o Mark continuava dormindo pesado. Tranquei-me no banheiro e chorei, temerosa de ter destruído de vez a paz e a pouca confiança que havia reconquistado.
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NÃO SER MERA COINCIDÊNCIA.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DOS AUTORES, SOB AS PENAS DA LEI.