Fiquei sem graça pela maneira com que Natália falou, foi uma bandeira e tanto que dei, mas tínhamos o acordo de poder transar com outras pessoas desde que com descrição. Aproveitei a raiva que estava por ela me negar sexo e resolvi contar que tinha transado, mas, claro, não disse com quem.
-Você está querendo me cobrar o quê? Continua dando para o teu Ma toda semana, mas me recusou na cama. Fui mesmo dar uma trepada ontem e foi tão boa que acabei apagando aqui na sala.
-Não vai me dizer que saiu com uma garota de programa?!
-Que garota de programa! Você sabe melhor do que ninguém que sexo para mim não é apenas penetração, se não for para chupar e beijar uma mulher inteira, não vejo graça, além disso, me sentiria mal fazendo sexo com uma garota que está ali por dinheiro.
-Então com quem foi? Você disse que não foi a Deborah!
Dei uma gaguejada rápida, mas consegui me safar.
-Uma garota, conheci em um barzinho e foi ótimo!
-Mas ela não conhece a gente ou conhece?
-Não. Nem sei se é de Limeira.
-Hum! Acho bom, pois combinamos de sermos discretos para ninguém do nosso círculo saber. Usou camisinha?
-Sim e agora sou eu é quem pede licença, pois depois de uma noite tão gostosa de sexo, vou tomar um bom banho.
Após o banho e um bom café, decidi ir até à clínica, Maysa estava de plantão lá e eu queria acertar com ela de que aquilo não poderia se repetir.
Quando cheguei, havia uma família com um cachorro, após fazer o atendimento, Maysa veio conversar comigo como se não tivesse ocorrido absolutamente nada horas atrás, explicou que o movimento estava tranquilo, me avisou sobre alguns insumos que estavam acabando, tudo com a maior naturalidade. Não aguentei aquela encenação e decidi entrar no assunto:
-Precisamos conversar sobre o que houve na noite passada.
Preenchendo uma ficha em sua mesa e sem me olhar, Maysa disse.
-Não ocorreu nada, fique tranquilo.
-Também não é assim, Maysa, precisamos conversar ou acharei que ficou com raiva de algo que falei quando saí.
-Chateada? Estou muito agradecida por me fazer sentir prazeres que há tempos não tinha, mas, como você mesmo disse antes, talvez isso estrague a nossa relação profissional, vamos fingir que nada ocorreu.
Fiquei confuso com o modo prático que Maysa estava tratando tudo:
-Hum! Você costuma ter encontros assim? Digo, sexo casual? Está falando de uma maneira tão natural.
-Raramente, se quiser, posso te explicar.
-Claro.
-Bem, o Sávio foi minha paixão de adolescência, desde o Ensino Fundamental estamos juntos, foi meu primeiro na cama e tal, mas quando fui para a universidade, após um tempo, cheguei a terminar com ele porque a distância era um impeditivo. Acabei conhecendo outros homens, mais experientes na cama, mas nada que fosse muito longe. Quando me formei, voltei para cá e acabei reatando com o Sávio, ele é legal, carinhoso, mas não tem uma pegada intensa, eu só não largo dele, porque gosto muito, talvez ame, mas, de vez em quando, dou uma escapa responsável por fora sim.
Não fiquei tão certo que Maysa estava levando numa boa, algo me dizia que em um futuro próximo, ela poderia querer novamente e se eu a recusasse, virararia um problema, e isso me preocupou, pois Natália ficaria fula.
No dia seguinte, um domingo, estranhamente, Natália voltou a me tratar bem e preparou um almoço especial com tudo o que eu gosto. À tarde, estava um tempinho frio do mês de junho e acabamos transando por horas. Como foi bom matar as saudades daquele corpo maravilhoso, chupar e foder aquela boceta e no final ainda rolou um anal.
Na segunda-feira, repetimos a dose, porém eu estava aflito com a possibilidade de mais cedo ou mais tarde, Natália descobrir que a garota com quem transei era Maysa, ela já tinha comentado que a jovem veterinária era muito bonita e que achava que a mesma tinha uma quedinha por mim.
Após o sexo naquela noite, fiquei reflexivo com a consciência pesada e decidi contar a verdade para Natália, pois algo me dizia que Maysa acabaria revelando à minha esposa ou a alguém, talvez se eu falasse antes do meu erro, ela me perdoasse. Enrolei bastante até que entrei no assunto:
-Olha, Natália, você não mente para mim quando vai se encontrar com o Mauricio nem que pretende no futuro se envolver com outros e eu não minto que tenho um caso com a Deborah, mas há algo sobre sexta que prefiro contar antes que você saiba por outra pessoa. Só espero que veja isso como uma forma de que quero jogar limpo em nosso casamento, cometi um erro, mas não se repetirá.
Natália me olhou séria e eu prossegui:
-Todo esse rolo de você achar que estava grávida, eu meio que surtar, depois você não querer transar mais comigo, me maltratar, bem, acabei saindo naquela noite sem rumo, com raiva de tudo e, na verdade não transei com uma estranha, fui a um barzinho, Maysa estava lá e após uns drinques, acabei ficando com ela.
Natália, que ainda estava nua após nossa transa, deu um pulo da cama, furiosa:
-Puta que pariu! Sabia que aquela nerdzinha queria dar para você e duvido que tenha sido a primeira vez! Desde quando ela entrou na clínica só para fazer plantão, notei que tinha algo.
-Não, foi a primeira e última vez que ficamos, se tivesse um caso com ela por que te contaria?
-Você veio contar agora porque está querendo que eu aceite o teu casinho ou então a nerdola está te pressionando. Que vergonha será para mim! A essa altura, ela já deve ter contado para outras pessoas que vão rir pelas minhas costas e a própria também deve estar rindo. Você contou a ela que somos liberais?
-Claro que não.
-Ah! Quer pousar de comedor e me deixar com a imagem da trouxa que não sabe de nada.
-Não pensei em nada disso! Estava de cabeça quente como já expliquei, acabei transando com ela na sexta, mas no sábado mesmo conversamos e ficou claro que isso não vai se repetir.
-A Deborah, tudo bem, eu só a conheço de vista, não somos do mesmo círculo, agora, a Maysa trabalha com você, minhas amigas levam os animais de estimação lá, mas mesmo que mais ninguém saiba, só o fato da nerdinha poder olhar para mim pensando tudo o que o meu marido fez com ela, onde colocou a boca, a língua, o pau, isso é de matar.
-Se acalma, ela é noiva e não vai sair dizendo.
Natália ficou parada em pé olhando para a janela por um tempo, até que se virou para mim e disse em tom ameaçador:
-Já sei como acertar isso! Pagando na mesma moeda! Você não transou com uma pessoa próxima a nós? Pois é, farei o mesmo, vou dar para algum amigo teu.
-Nem pense nisso! Se quiser se vingar transando com outro, além do Mauricio, ok, escolhe um de fora ou que more aqui, mas a gente não conheça nem vagamente.
-Não, não, não! Tem que ser conhecido. Vou pensar com calma, mas por ora, não quero saber de você não minha cama, vai para o outro quarto.
Tentei acalmá-la, mas Natália estava furiosa. Fui para o outro quarto e a escutei chorando. Sei que parece absurdo para muitos que estão lendo, ela se importar por eu transar com Maysa, sendo que sabia do meu caso com Deborah, mas é que para muitas pessoas do mundo liberal bem mais experientes que nós, o parceiro ou a parceira não pode jamais sair com alguém conhecido, pois querem manter o estilo de vida que levam em sigilo. Outros liberais não se importam, mas no nosso caso era algo que tinha sido estabelecido.
Percebi que o melhor era ter ficado calado, quis bancar o honesto e acabei ferrando tudo, restava agora esperar a poeira abaixar.
Na quarta-feira cedo, Natália veio com uma novidade impactante:
-Você sabe que hoje é o dia de eu ir me encontrar com o Mauricio, mas desta vez, será um pouco diferente, vou mais tarde, lá pelas 18h30 e dormirei com ele, volto só amanhã. Tome conta do nosso filho.
-Que porra é essa de dormir com o cara, Natália? Vai lá trepa o quanto quiser à tarde, mas volta para casa.
-Hoje eu quero algo diferente, se você não puder cuidar do Michel, avisa que antes de ir, o deixo na casa da minha mãe.
-Porra, Natália! E se alguém precisar falar com você? Uma emergência? Vou dizer que você foi dormir com o amante?
-Se alguém precisar de mim tem uma coisa chamada celular.
Se não fosse a mancada minha de ter saído com Maysa, certamente, eu botaria para quebrar e diria: “Se for dormir com ele, nem volte”, mas pensei que se esse fosse o “castigo” que minha esposa me daria e fosse apenas uma vez, daria para engolir atravessado, mas daria.
Resignado, acabei aceitando. Aquela noite demoraria a passar, por volta das 21h15, recebi uma selfie dela muito bem arrumada ao lado de Mauricio, estavam em algum restaurante em Americana bem sorridentes. Ela queria me torturar, me causar ciúmes pelo que fiz, só estranhei ele topar, pois o cara era casado.
Achei que depois fossem vir fotos da trepada deles, mas que nada, talvez imaginando que eu fosse gostar como da outra vez, Natália não mandou mais nada e só foi aparecer no outro dia, quando eu já estava preparando meu café. Com certo desdém, ela subiu e depois vi suas roupas jogadas pelo quarto, enquanto a mesma caminhava nua até o closet para escolher uma nova roupa para ir a uma reunião.
Ficamos sem conversar mais alguns dias, e decidi ir trepar com Deborah, pelo menos com ela, Natália não poderia reclamar.
No dia seguinte, Natália me acordou e disse num tom tranquilo:
-Olha, Ricardo, precisamos conversar. Pensei bastante nos últimos dias, acho que já te dei uma parte do troco por ter transando com a Maysa.
Nesse momento, achei que ela me daria uma dura, faria ameaças sobre o que ocorreria se transasse novamente com Maysa, mas que voltaríamos às boas, sem aquela loucura de vingança, porém Natália me jogou essa bomba:
-Mas ainda falta transar com um conhecido nosso e decidi que será o Erick. Vou começar a me insinuar para ele, apesar da Raquel ser linda, já vi que ele me olha de um jeito diferente.
Foi a minha vez de dar um pulo da cama:
-Você não pode estar falando sério! Conheço o Erick desde criança e ele conhece todos os meus amigos, sabe o que é todos?! Nós não temos tanto contato como no passado, mas conheço a índole dele, se transar com você, metade de Limeira saberá, ele é falso e mesquinho, Natália. Quando mais jovem, por ser um boa-pinta, cansou de roubar namoradinha de nossos amigos, tive sorte de não ser uma das vítimas da talaricagem daquele filho da puta. Você se lembra do Vinicius? Faz anos que ele foi embora, chegou a ir ao nosso casamento.
-Só de nome, mas por quê?
-O Vinicius estava noivo de uma garota de Americana, móveis comprados, acabando de construir uma casa, dando um duro danado. Acredita que o Erick conseguiu seduzir a noiva do amigo, levou-a para cama e não contente ainda deu um jeito de espalhar a história, mas sem comprometer. O coitado do Vinicius entrou em depressão, acabou largando tudo aqui e indo para Campinas. Sem contar um outro detalhe, apesar de parecer um deus grego, a fama do idiota é de ser péssimo na cama.
-Acho que você está inventando as duas coisas, nem o Erick saiu falando que transou com a noiva desse Vinicius nem deve ser tão mal de cama, o que você quer é me fazer desistir, mas se não for ele será outro amigo seu, amor. Tá escolhido. Se é para dar para um conhecido, que seja o mais bonito. Se bem que já foi mais, deu uma pequena engordada, mas acho que será muito bom e depois disso, nós dois ficamos zerados e nunca mais quebramos as regras.
Fiquei completamente desesperado e deixei claro:
-Você não pode fazer isso comigo, Natália, por favor, é o nosso casamento que está em jogo, não ponha tudo a perder por causa de uma vingança tola, você tem o Mauricio às quartas, saia com outro que achar interessante, mas não um conhecido nosso, vou virar chacota de todo mundo.
-É apenas um troco, amor, não há motivo para esse drama todo, o Erick é casado e não vai sair contando para meio mundo, a Raquel é capaz de larga-la no mesmo minuto e dvido que ele queria perder a esposa que parece uma top model. Tá decidido, agora a outra coisa que quero te contar, essa você vai gostar, que tal pararmos de brigas e voltarmos a transar já? Tenho sentido tanta falta da nossa rotina de 4, 5 vezes na semana. Vamos ficar de bem, vai?
-Você está maluca?! Acabou de dizer que vai me chifrar com o Erick, fazer meu nome virar piada na roda de amigos e vem falar de voltarmos às boas?!
Saí desesperado, se Natália fizesse isso, minha moral seria moída.
Vale a pena falar um pouco sobre Erick. Na infância, ele, eu e mais um grande grupo de moleques fomos criados soltos, na rua, jogando bola, nadando e aprontando. Ele sempre chamou a atenção pela beleza, poderia ter sido modelo, cabelos loiros, olhos azuis, alto, parecia um nórdico e conquistava muitas meninas. Mas nem tudo era perfeito, quando começou a transar, sua fama de pinto pequeno e ridiculamente fino, e ejaculador precoce começou a correr, alguns o chamavam pelas costas de “o piroquinha”.
Praticamente nenhuma garota que transava com Erick queria um novo encontro, entretanto por ter uma fila de mulheres atrás dele, sempre conseguia se dar bem e isso foi fazendo com que criasse uma personalidade insuportável. Como citei antes, o canalha tinha o prazer sádico de conquistar as namoradas dos próprios amigos e tratava de fazer com que outros espalhassem o boato.
Quando me formei e montei meu consultório na cidade, passei a ter cada vez menos contato com o piroquinha, a gente conversava brevemente no clube, numa festa ou num bar, mas eu tinha outros amigos de infância com quem me dava melhor. Quando ele fez o que fez com Vinicius, aí é que realmente não fiz mais questão nenhuma de encontra-lo, muito menos de frequentar minha casa ou eu a dele.
Não sei como, Erick estava casado há 3 anos com uma das garotas mais lindas que já vi: Raquel: era paulistana, nesse momento, ela estava com 25, e ele, assim como eu, 32. Quem conhecia sua fama de fracassado na cama, apostava que aquela estonteante mulher só tinha se casado com o piroquinha por causa da grana, pois o avô era fazendeiro e o pai tinha uma próspera empresa que já estava sendo administrada por ele. Também poderia ser que o mesmo conseguisse satisfazer a esposa com o sexo oral, muitos não sabem, mas há mulheres que só gozam ou gozam com mais facilidade sendo chupadas.
Voltando ao meu drama, a questão não era Erick ser bom ou não de cama, pois Mauricio era um super comedor e não me incomodava, mas, como citei anteriormente, o filho da puta contaria para meus amigos e isso seria humilhação demais. Por isso, quase implorei para que minha esposa abandonasse a ideia.
Veio um novo encontro de Natália com Mauricio. O assunto Erick deu uma esfriada naquela semana e achei que ela tinha entendido o quão grave seria aquela vingança.
Era época de Festas Juninas e em Limeira havia várias quermesses ocorrendo simultaneamente desde a principal, com direito a show com artistas até as tradicionais que ocorriam em paróquias em diferentes bairros. A gente sempre ia a uma que ficava na vila em que passei a minha infância. As barracas grandes e pequenas ficavam em torno de uma praça quadrada e a festa era bem agitada.
Apesar de não estar bem com Natália fomos juntos no sábado à noite. Estava um pouco frio, então Michel ficou com os avós, chegando lá, começamos a andar, parei para conversar com alguns amigos e ela com algumas amigas. Em algumas barracas maiores dava para entrar, tomar alguma bebida, comer e até se sentar em uma das mesas, era como se fosse um bar de madeira. Fiquei um tempo num desses tomando vinho e conversando com alguns conhecidos.
Somente após um bom tempo percebi que Natália não estava mais com as amigas. Resolvi procura-la, mas por mais de meia hora não a encontrei, a festa estava muito cheia e acabei encostando em outra barraca para conversar com André, um amigo que trabalhava com vendas. Um tempo depois, minha esposa chegou me abraçando, perguntei onde estava e ela disse que rodando pela quermesse. Despedi-me do amigo e fomos dar uma volta na praça.
Natália estava usando uma cacharrel preta e uma calça jeans desbotada colada, o que destacava bem sua bunda e a “testa” da boceta. Quando demos os primeiros passos já na praça, ela deu um sorriso de travessa e disse:
-Tenho algo para te contar...
-O quê?
Ela mordeu o lábio inferior e disse:
-Parte da minha vingança está feita. Dei uns amassos picantes com Erick no carro dele.
Naquele momento, meu coração disparou e senti um frio percorrer meu corpo inteiro seguido de uma enorme tristeza:
-Não acredito...
Natália, parecendo não entender a gravidade do que fizera, sorriu balançando a cabeça afirmativamente.
-Ele deu um perdido na mulher e eu em você, o carro dele está a dois quarteirões daqui, entramos lá e namoramos um pouquinho, um namoro, digamos, mais quente.
-Como assim, Natália? Não brinca comigo...
-Tô falando sério. Durante a semana, trocamos mensagens, me insinuei para ele e combinamos de tentar ficar a sós hoje, mas motel só na segunda mesmo.
-Você teve coragem mesmo de fazer isso? O que rolou?
Notei que os cabelos de Natália estavam um pouco desarrumados e o batom sumira.
-Bom, não deu para fazer muito, trocamos vários beijos, o local é escuro, mas tínhamos que ficar atentos, pois toda hora passava gente indo para a quermesse ou voltando. A coisa esquentou um pouco, desci minhas calças, fiquei nua da cintura para baixo, ele passou a mão na minha bunda, enfiou dois dedos na boceta, depois, eu coloquei o pau dele para fora, mas logo que comecei a fazer um boquete, encostaram uns caras de moto e ficaram bem perto, aí tivemos que parar, resumindo foi isso, chupei só um pouquinho o pau dele, aliás, pauzinho para ser honesta, nunca vi um tão pequeno, e levei umas dedadas, mas segunda faremos tudo e depois disso, te prometo, nunca mais o verei.
Acredito que ao ouvir aquilo, eu tenha morrido um pouco por dentro, pois foi uma tristeza simplesmente impossível de explicar com palavras, por sorte, um dos bancos da praça bem próximos de onde estávamos, ficou desocupado e tive que me sentar, pois tudo começou a girar. Talvez, naquele momento, Natália começara a perceber o tamanho da besteira que fizera, pois eu coloquei a mão nos olhos e chorei, não de soluçar, apenas para enxugar as lágrimas. Ela se sentou ao meu lado e disse:
-Ei, não precisa ficar assim, falei que ia te dar o troco, mas as coisas entre a gente continuarão iguais...Tudo bem...Escuta...Olha...Não vou mais ver o Erick, tá bom? Inclusive não contei para ele que somos liberais, então posso ligar e dizer que foi um momento de fraqueza, que me arrependi muito e que nunca mais voltarei a fazer tal coisa.
Olhei para os arbustos um pouco à frente bem amparados, balancei a cabeça negativamente pensando que tudo tinha se acabado ali, a chance de Michel crescer na mesma casa com os pais, a nossa vida de casal, tudo estava destruído, aquela traição era imperdoável, pedi a ela muitas vezes que fizesse com alguém que não conhecêssemos, mas a tola vingança dela tinha que ser feita sem pensar nas consequências.
Enxuguei mais algumas lágrimas, Natália falava algo que nem prestei atenção talvez tentando me acalmar e passava as mãos nas minhas costas. Levantei-me e disse:
-Arrume alguém para te levar ou pegue um táxi, preciso ir...
Natália tentou agarrar meu braço, a ficha caiu e ela se desesperou tentando não me soltar, mas lhe dei um tranco forte e a fiz se sentar bruscamente no banco, em seguida, saí às pressas em direção ao meu carro.
Rodei por uns 15 minutos, depois encostei e chorei de me acabar com ódio dela e dele, sim, porque o canalha era meu amigo e não sabia que éramos liberais, mas na primeira oportunidade que teve não perdeu a chance de me passar a perna, como já fizera com outros. E pensar que quando estava separado de Natália, a esposa dele, Raquel, que já me olhava com certa ternura excessiva no clube, nas festas e em minha clínica, especialmente depois que salvei sua cachorrinha de um envenenamento, chegou a sussurrar, certa vez em meu ouvido no clube.
-Que inveja da Deborah...
Raquel conhecia Deborah, eram amigas e certamente minha amante deve ter contado à esposa do piroquinha o que rolava entre nós na cama. Mas apesar de Raquel ser ainda mais linda que Deborah, me fiz de bobo e apenas dei um sorriso amarelo.
Decidi ir para a chácara de meus pais e só no domingo ou na segunda, pegar minhas coisas e me separar de vez de Natália, entretanto, no meio do caminho, tive uma ideia bizarra e resolvi voltar para a quermesse para procurar Erick.
Andei muito, já estava desistindo, mas eis que o vejo com Raquel e mais um casal conversando em uma barraca que vendia doces típicos. Quando me viu chegando, Erick ficou muito sem graça, estava se cagando de medo, aliás, sempre fora um covarde, na adolescência, mesmo tendo um bom porte físico, fugia das brigas e quando não conseguia, apanhava de qualquer um.
Cheguei cumprimentando os 4 com grande alegria, o que o fez relaxar um pouco, talvez até rir por dentro de mim. Conversei um pouco, expliquei que Natália tinha ido mais cedo por causa do nosso filho e depois disse:
-Raquel, posso roubar o Erick por alguns minutos.
Ela riu e concordou, mas Erick ficou branco como uma folha.
O bicho era tão cagão e burro que sem eu falar nada, praticamente se entregou:
-Olha, Ricardo, não sei o que você está pensando que ocorreu, mas...
-Relaxa, Erick, vou te contar uma boa, Natália e eu somos liberais, nós só queríamos te pregar uma peça. Sei o que rolou dentro do teu carro e foi uma pena não conseguirem brincar mais.
Erick arregalou os olhos e ficou me encarando sério por um tempo:
-Como assim liberais? – Disse tentando se fazer de bobo, sem confirmar nada.
-Curto vê-la com outro, gosto de ser corno.
Ainda ressabiado, Erick seguiu me olhando e disse:
- Não tô entendendo, você quer tirar onda com a minha cara?
-Para com isso, Erick. A Natália marcou com você um motel na segunda, mas depois conversamos e disse por que não rolar hoje em nossa casa? Ela foi na frente e me pediu para te chamar.
Erick começou a acreditar na minha história, mas ainda tive que enrolá-lo um tempo. Pedimos uma bebida em outra barraca e vendo as histórias que inventei sobre gostar de ser corno, o canalha se soltou e disse:
-Rapaz, já que é assim mesmo que vocês levam a vida, posso dizer, tua mulher é demais, cara! Que bocetão gostoso é aquele? Enfiei esses dois dedos nela (mostrando-os para mim), parecia um vulcão e que cheiro, cara! E como sabe chupar! Obrigado por dividi-la comigo, se o teu desejo é ser corno, vou fodê-la na tua cama e sem camisinha, quero gozar dentro, você vai curtir ver?
Minha vontade era de enchê-lo de porradas, por dentro um lado meu chorava, outro pedia que esmagasse, mas por fora eu sorria como um ator que jamais pensei ser.
-Quero ver tudo, mas tem uma coisa, promete que será discreto?
-Ricardo, pode ficar tranquilo, vou enfeitar tua cabeça, foder tua mulher com gosto, mas ninguém saberá. Só estou pensando em como despachar a Raquel.
-Diga que vamos jogar uma sinuca, o movimento na quermesse já caiu bastante, ela também já deve estar querendo ir embora.
-Boa!
Raquel aceitou e voltou para casa com o carro de Erick, sem nem desconfiar que dentro do veículo, tinha sido chifrada umas 3 horas antes. Ele foi comigo para casa. No caminho me perguntou:
-Você é daqueles cornos que gosta de ser zoado pelo comedor?
-Ali na hora do chifre ou a sós como agora, adoro.
-Então pode deixar que vou te zoar muito, sócio, daqui a pouco a boceta da nossa Natália vai estar sendo bem fodida.
O pior de tudo é que o babaca realmente achava que era bom de cama. Chegamos à minha casa.
Quando entrei, Natália estava já de camisola, aflita no sofá da sala, demonstrou um certo alívio quando me viu entrar, mas antes que dissesse algo, falei:
-Olha quem eu trouxe para completar a brincadeira que vocês começaram no carro dele.
Erick surgiu todo sorridente e Natália ficou sem entender nada. Aquela seria uma longa noite e alguns segredinhos viriam à tona.