Essa história se processou na Vila do Paranoá, aquele lugarzinho, onde a lei direita entrou, mas já tratou de fugir, para ao menos, permanecer com a cueca. Uma lei atrasada, que faz vistas grossas por amor aos dentes.
No início da década de 90, Chuck foi colocado como delegado, e isso por ser um cabo dedicado. A começar pelo seu nome, em homenagem ao boneco assassino, e portanto ideia de um pai com um pezinho na psicopatia, ele ia, cada vez mais, fazendo jus à referência. E sendo um cara da "justiça", misógino por natureza, começou a "botar banca" na função. E foram, os dias passando, e Chuck, cada vez mais, botando "bandidos aprendizes" no xadrez. De ladrões de galinha, a agressores de mulher, ele tinha o prazer, de com as próprias mãos, ir infernizar a vida do infeliz.
O Chuck era mau! Deixava os detentos, literalmente a pão e água; pão velho e água embolorada. Com o passar dos dias, conquistou a admiração dos novos cabos, e da população da Vila em geral, um verdadeiro Hitlerzinho.
Paralela, e adicionalmente, apareceu fazendo curas na vila, uma rapariga que dizia ter 25 anos, mas dada como bruxa, diziam os lendistas de que deveria ter 130. Nesses vai-e-vens e disque-me-disques, chegou ao ouvido de Chuck que a moça estava abusando de crianças. Em favor de sua própria luxúria, e pelo retrato falado, aquela noite foi só de masturbação, e até às três da manhã, o pobre diabo já tinha ejaculado umas 6 vezes, com as 3 últimas só na "aguinha".
Chuck não falou com ninguém, e não quis "ser falado" pelos próximos 3 dias. Precisava refletir o assunto, pois que a lei não previa essa situação. Ainda mais, que seu curso de direito foi "nas coxas" e empurrado com a barriga. Subiu de posição, só devido ao fato de não rir da melhor das piadas, e não se comover nem no enterro da própria mãe. Mas agora, aos 30, tendo de julgar um caso sendo misógino, por conseguinte teria de dar como absurdo, que uma mulher fosse levada a réu.
Finalmente chegou o dia, e como a contar, desde os curiosos de fora, até os oficiais, tinham 60 homens naquele pátio. O cubículo da delegacia nem pensar, pois que o julgamento haveria de ser à moda arcaica, quase medieval. Como eu já mencionei: o Chuck é mau!
-- Qual é o seu nome? - perguntou, quando já de joelhos, e colocada no meio da patusca masculina, retiraram-lhe o véu.
Ela olhou para o delegado, e era aquele azul anil, penetrante, quase sobrenatural. A moça, que não tinha documentos, respondeu:
-- Me chame de Síssi.
Pela voz, era com certeza, de procedência oriental. Pelo domínio que já exercia sobre aquele bando, de feiticeira pra cima. Chuck olhou em todo o redor, e se tinha alguma mulher, não teve coragem de continuar assistindo. Deu 2 passos à frente, e arredondou para bruxa, aquela mulher, que Chuck tinha certeza: o sol fazia o seu rosto de furta-cor.
O interrogatório deveria começar, de como por exemplo, a Síssi abusou dos meninos, e se tinha alguma vítima presente. Mas, simplesmente não dava: ela estava com o controle remoto de Chuck, que começou a descer o zíper, retirando o pau para fora. Também fizeram o mesmo, os cabras que acompanhavam. Ali tinha de tudo: fazendeiro almofadinha, roceiro desmazelado, mauricinho doutor, macumbeiro espírita, solteiro pegador, até com freio de mão puxado - todos enfeitiçados pela reencarnação de uma bruxa medieval, que foi submetida a um bukkake de 400 homens, há mais de 500 anos.
Síssi olhou contando as picas. Dessa vez, não eram trocentos ranços, e bem menos: são centos ranços, mas agora, totalmente ilegal. E como informal que é, o espírito ganhou ponto na plano astral. Bobagem e ignorância do homem, que boquete é apenas "aquilo" na boca, e nada mais.
Chuck foi o primeiro a colocar o cacete. Síssi chupava como uma deusa, com a sua língua divina tendo total controle, não só da ereção, como dos pensamentos do delegado: "Não! Não é só a boca naquilo. Eu sinto ela por completo, me invadindo até as entranhas, subindo a espinha, queimando neurônios..."
Síssi soltou o pau do delegado, e pela hierarquia, seguiu a fila, passando pelos cabos, sentinelas, puxa-sacos, e povão em geral. Ali, ninguém questionava a ética: a chupação não é certa e nem errada, simplesmente acontece. Casado fiel só curtia o boquete, deixando esses pormenores à parte. Advogado pensou: "De que me serve o OAB, se eu ficar de fora disso?"
Quando o primeiro espirrou a gozada, os outros foram atrás, numa reação em cadeia, alguns durante o segundo ou terceiro pega. Lá pela décima quinta gozada, o rosto de Síssi estava totalmente branco, e para Chuck, ficava cada vez mais lindo. A relação já era de cumplicidade, e a puta, por mais que se dedique a outros homens, sempre estará referenciada a um único corno.
Chuck soube desde o princípio, que era o escolhido. Já tinha gozado duas vezes no rosto de Síssi, mas quando ela terminou de percorrer o trecho, acabando com a fila, chamou-o para a terceira esporrada. Essa foi direto na garganta, quando ela pegou firme no delegado, mesmo que o seu queixo parecia uma catarata, de tanta porra que escorria.
Saíram todos, e ninguém quis julgar a mulher. Mas quando Chuck chegou para trabalhar no dia seguinte, atrasado como sempre, o vigia disse que a tal da Síssi tinha passado por lá, e deixado um envelope para ele. Chuck sentou na cadeira, leu a carta de despedida e, fez o seu ritual de 60 segundos, olhando o ponteiro fino do relógio completar a circunferência. Cada pontinho daquele foi um cabra que gozou no rosto daquela mulher. Sendo assim, ele era o do número 12, o primeiro e o último, se é que isso faz sentido, já que circunferência não tem fim nem começo.
No fim da carta, Síssi dizia que o seu ônibus sairia às 10. Sendo ainda 9, Chuck permaneceu imóvel na cadeira, por mais cerca de 15 minutos. Depois disso, levantou-se e foi para a máquina de escrever. Bateu a carta de demissão, e nem a tirou do rolo. Deixou o distintivo na mesa, e quem viu o seu carro por último, disse que estava indo na direção da rodoviária.