— Isso é tudo que temos, Dona Karina — disse o segurança do campus diante das telas que mostravam as gravações das imagens de segurança, mais precisamente do corredor onde ficava a sala dos professores, no bloco B — Apenas os professores entraram na sala naquele dia.
Karinha mantinha os olhos fixos na gravação, inquieta levava a mão ao queixo tentando encontrar algum detalhe que tivesse passado despercebido, mas as imagens não mostravam nada além dos professores entrando e saindo da sala com toda naturalidade.
— Pause aqui — indicou ela.
— É o doutor Victor.
A imagem congelada mostrava Victor entrando na sala como qualquer outro professor antes e depois dele.
— Quando ele entrou, outros professores ainda estavam lá dentro — completou o segurança.
— Alguns ficaram sozinhos por um tempo.
— Só fico curioso em entender o porquê de todo esse empenho da senhora em descobrir quem te mandou uma cartinha de amor.
— Sou uma mulher casada, Seu Antônio. Não posso admitir esse tipo de brincadeira — uma justificativa brilhante para convencer o pobre homem a lhe dar acesso às imagens, mas não ver necessidade de acionar a polícia.
Ao sair do elevador do prédio principal da faculdade e atravessar o hall de entrada, o sol da manhã a aqueceu, lembrando ela de que não precisaria voltar ali pelas próximas semanas e dando a ela a esperança de que aquela sensação de perseguição não a perturbaria. Atravessou o estacionamento deserto do campus silencioso como um cemitério e entrou em seu carro, tendo no banco do carona o fatídico envelope, uma lembrança de que a ameaça era real. Mas de quem? E com que propósito? Victor indubitavelmente era o suspeito número um, mas por quê? O que ele teria a ganhar com isso? Perguntas que Karina não conseguia responder conhecendo o perfil profissional do promotor, mas tentava fazer ligações de possibilidades durante o trajeto até em casa.
Após estacionar o carro na garagem, atravessou o caminho de pedras do jardim e entrou em casa, sentindo o conforto de ver a pequena Alice rabiscando papéis na sala sob os olhos cuidadosos de Augusto que estava à mesa na cozinha. Levou um choque ao ver Victor sentado em frente ao marido. Sentiu um arrepio lhe subir pela espinha dorsal e um nó se formar em seu estômago.
— Bom dia, Karina — cumprimentou ele com um sorriso cheio de segredos.
— Victor! Que surpresa! — respondeu ela quase sem conseguir projetar a voz.
Tentou manter o ar de normalidade, dirigindo-se até a ele e apertando sua mão.
— Precisava tratar um assunto importante com o Augusto, mas precisava ser pessoalmente, então resolvi vir aqui.
Os olhos de Karina alternavam entre ele e o marido, que a olhava com toda a naturalidade, sem perceber seu nervosismo.
— E sobre o que seria? — arriscou perguntar.
— É particular, meu amor — disse Augusto em um corte rápido.
Karina comprimiu os lábios e esboçou um sorriso sem graça, sentindo a cortada seca que havia levado. Despediu-se e subiu as escadas para o quarto trancando a porta atrás de si. Seu coração estava acelerado e suas mãos trêmulas suavam frias. O grito de desespero estava entalado em sua garganta e o medo do que Victor poderia saber ou dizer a Augusto era perceptível. Na segurança do quarto, todo seu desespero entrou em erupção. Tudo o que mais queria naquele momento era que Bernardo a viesse resgatar, que a tirasse daquela casa sufocada pelos segredos que ela mesma havia criado.
Momentos depois percebeu que alguém saía. Olhou pela janela e viu Victor atravessando a rua, indo em direção ao S90 estacionado do outro lado da rua. Antes de entrar, ele olhou diretamente para a janela onde Karina o observava. Assustada ela fechou a cortina temendo o que poderia vir a seguir: José Augusto exigindo explicações torcendo para que tudo o que Victor tenha dito fosse mentira ou engano.
Augusto a chamou desde a sala, porém sem o tom assustador que ela esperava. Karina desceu as escadas como se descesse uma masmorra onde seria executada, mas externamente precisava manter a aparência de calma.
— Amor, preciso ir ao fórum — disse enfiando os braços no paletó.
— Está tudo bem? — perguntou ela escondendo o alívio dentro de si.
— O Victor precisa da minha ajuda em uma coisa, mas à tarde estarei de volta.
Augusto, apressado, beijou a esposa, mas ela o segurou pelo rosto mantendo seus lábios colados, carregando aquele beijo de sentimentos como gasolina em um fogo que se extingue. Ambos se olharam por longos segundos antes de a urgência da situação os separar.
— Volto o quanto antes — assegurou Augusto antes de fechar a porta.
Mais conflitos se formaram na mente de Karina. José Augusto, apesar de sério e sistemático, ainda era o marido amoroso e dedicado à família que toda mulher desejaria ter ao seu lado. Entretanto, o que sentia por Bernardo era intenso e abstrato, emocionante pela ruptura de padrões e a sensação de perigo pela transgressão a deixava extasiada pela adrenalina, mas o susto de minutos antes acendeu o alerta de que já havia ido longe demais.
O celular vibrando à chegada de uma mensagem deixariam claro que seus problemas estavam longe de terminar.
🗨 NÚMERO DESCONHECIDO: “Tarefa 1 - Tire uma foto da sentença judicial contra Wanderley Costa. Você 2h ou a foto de seu momento romântico com um aluno se espalhará pela cidade até o fim do dia”.
Karina sentiu o sangue fugir de seu rosto e seu coração martelava no peito enquanto ela lia e relia a mensagem. O pânico se instalou imediatamente, suas mãos começaram a tremer e um frio percorreu sua espinha. Ela olhou ao redor, como se esperasse encontrar uma solução mágica na sala. A decisão era clara, mas aterradora: precisava entrar no escritório de seu marido, Augusto, e tirar uma foto da sentença judicial arquivada.
Caminhou lentamente até o escritório do marido, ciente de que estava prestes a cometer um crime. A porta estava entreaberta. Ela hesitou por um segundo antes de entrar. O escritório era um espaço bem organizado, refletindo a personalidade meticulosa de seu marido. A mesa estava cheia de documentos, mas ela sabia exatamente onde Augusto guardava os arquivos importantes. Karina abriu a gaveta inferior da mesa e encontrou a pasta de arquivos. Vasculhou rapidamente até encontrar a sentença judicial que buscava, tratava-se de um caso julgado de homicídio. Seu coração disparou ainda mais ao perceber o quão facilmente estava traindo a confiança de seu marido. Com as mãos trêmulas, ela pegou seu celular e tirou uma foto da sentença e rapidamente devolveu o papel à pasta e fechou a gaveta. Mais uma vez hesitou antes de enviar a imagem, mas resignada o fez.
🗨 NÚMERO DESCONHECIDO: “Tarefa 1 Concluída. Seu segredo continua a salvo”.
Karina foi tomada por um misto de alívio e desespero. Saiu do escritório e voltou para sala, com Alice a abraçando pelas pernas alheia a tudo que acontecia. Sentindo-se cada vez mais como uma estranha em seu próprio lar, onde deveria se sentir segura.
A rotina do dia passou como um borrão. Karina realizava seus afazeres mecanicamente, seu pensamento sempre voltando à mensagem ameaçadora e à foto que tirara do documento de Augusto. Quando finalmente se deitou sem sono algum, a casa silenciosa exceto pelo sutil som da respiração de Augusto dormindo ao seu lado, Karina sentiu a necessidade urgente de escapar. Precisava de um momento para processar tudo, para encontrar algum tipo de consolo. Sem pensar duas vezes, pegou o telefone e enviou uma mensagem para Bernardo, pedindo para encontrá-lo.
🗨 KARINA: “Está acordado?”
A resposta veio quase instantaneamente
🗨 BERNARDO: “Estou”.
🗨 KARINA: “Podemos nos encontrar? Preciso falar com você”.
🗨 BERNARDO: “Agora?”
🗨 KARINA: “Estou a caminho”.
Alguns minutos depois, o Tiguan branco estacionava em frente a casa de Bernardo, que já esperava no portão. Ela desceu do veículo e correu para os braços do rapaz, sendo envolvida em seus braços protetores. Tão logo entraram, Karina sentiu-se em um abrigo seguro dentro do aconchegante e diminuto apartamento. Se sentou no sofá, levando as mãos ao rosto tentando manter a calma.
— Aconteceu alguma coisa?
Karina sacou o envelope e o celular da bolsa e mostrou as mensagens trocadas.
— Alguém nos fotografou no bar aquele dia.
Bernardo abriu o envelope e viu a foto.
— Karina, eu… Meu Deus, eu sinto muito.
— Você disse que o Victor sabia.
— Eu… eu acho… quero dizer, ele sabe de alguma coisa sobre nós.
— Essa manhã ele esteve lá em casa, conversando com o Augusto, mas acho que ele não falou nada. Augusto não agiu diferente comigo. Mas recebi essa ameaça e mandou que eu tirasse a foto de uma sentença judicial de um cara condenado por homicídio. Eu fiz o que ele mandou e por enquanto ele cumpriu com a parte dele de não divulgar a foto.
— Podemos começar por aí. Quem são os envolvidos nesse processo judicial?
— Não conheço nenhum dos citados além do próprio Augusto que deu a sentença.
Karina se levantou e perambulou pela sala com os nervos aflorados. Bernardo a segurou pelo braço e a encarou com seriedade.
— Vamos descobrir o que está acontecendo e quem está por trás disso.
— E o que faremos quando descobrirmos?
— … — Ele não ousou dizer. O silêncio de Bernardo era resposta suficiente para uma situação delicada que ameaçava expor Karina e sua família e só poderia ser tratada de forma meticulosa.
A troca demorada de olhares e a cumplicidade que compartilhavam despertava novamente os sentimentos proibidos que eles sentiam um pelo outro. As mãos grandes do rapaz acariciando a pele macia do rosto de carinha faziam o corpo da pobre professora se render imediatamente, fazendo-a esquecer de todas as ameaças e de todo perigo, como se os braços de Bernardo formassem ao seu redor uma armadura impenetrável de força e masculinidade onde nada poderia a atingir. Sua região íntima ficou instantaneamente molhada, e a fome de senti-lo novamente ardia em seu ventre.
— Eu te amo, Karina — ele disse, em um sussurro abafado.
Essa declaração a atingiu como uma brisa fresca em um dia de calor sufocante e ao mesmo tempo descortinou aquilo que ela relutava em admitir a si mesma, mas não tinha mais como esconder.
Em um movimento rápido a boca de Bernardo estava na de Karina, e as costas dela contra a parede. Suas mãos grandes deslizaram para sua bunda e a puxaram para cima. Gemia quando o volume grosso por baixo da calça a pressionou com mais força contra a parede, no ponto onde ela mais queria, sob o vestidinho que usava.
— Eu também te amo, Bernardo — disse com a voz embargada.
Chupando seu pescoço e lábios, Karina prendia os calcanhares em sua cintura. Ele gemeu quando sua língua entrou em minha boca. Por um longo momento, não houve nada além da profundidade daquele toque, do mordiscar de seus dentes e do contato de seus corpos. Os lábios de Karina percorriam o pescoço de Bernardo até sua orelha enquanto ela o agarrava pelos cabelos com força, puxando seu rosto para trás. Seus olhos estavam escuros, sem transmitir nada em suas profundezas além da promessa de prazer.
Ele abriu o cinto, desabotoou a calça, puxou seu membro duro para fora, em seguida, estava encaixado em sua abertura, só a pontinha.
— Puta merda. Não pare agora, Bernardo. Por favor, eu quero você — implorou.
Ouvir aquilo o deixou ainda mais excitado. Deslizou a cabeça larga de seu pau na entrada, esfregando-a naquela umidade. Moveu as mãos até a bunda e depois entrou inteiro. Ela gritou quando seu pau duro como aço a preenchendo mais profundamente do que nunca. Tão fundo que Karina perdeu o fôlego, recuperando-o somente quando ele a beijou. Bernardo gemeu em seu pescoço, a prendeu contra parede e a segurou ali, pendurada em seu pau, passando as mãos sobre a pele sensível de seus seios, então beliscou os picos duros. Seus mamilos eram dois pontos quentes, fervendo de necessidade. A cada toque, aperto e puxão, ele a levava mais perto do nirvana.
— Vou gozar — anunciou ela.
Ele sorriu contra a ponta ereta do bico e a mordeu. E era isso. Nada mais foi necessário. O orgasmo a atingiu como uma tsunami carregando-a para longe.