Ficamos conversando, os três, que não percebemos a hora passar e minha mãe bate na porta.
- Vocês não vão descer?
- Mãe, vamos trocar de roupa .
O Flávio pede uma sunga emprestada, pois esqueceu a dele.
Em cima da minha escrivaninha havia uma sacola com duas sunguinhas novas, que minha mãe havia comprado. Dei uma pra ele e outra pro Gabriel.
Ele ficou com vergonha, eu acho, pois a sunga era realmente muito cavada e ficava enterrada no rêgo.
Ele com vergonha era até incrível...
Descemos e minha mãe estava na cozinha e nos olha.
- Gabriel, por que não está usando a sunga que comprei pra você?
- Ele tem seu motivos. – e demos risada.
- Qual é a graça?
- Nada não.
- Vai e coloca, não discuta comigo.
Ele foi e voltou com a sunguinha enfiada no rêgo.
Ficou muito lindo ele de sunga verde e a pele bem branquinha e todo lisinho, até parecia meu irmão, de tão lisinho...
Eu fui pegar as toalhas e o protetor solar. Ele pegou o protetor da minha mão:
- Deixa que eu passo nas suas costas.
Virei de costa e ele passou.
- Quer que eu passe no resto do corpo?
- Pode deixar que eu mesmo passo.
- Então passa nas minhas costas.
Eu passei nas costas dele.
- Não vai passar no resto do meu corpo?
- Eu não; você mesmo passa.
- Por que vocês dois estão demorando tanto?
- Estamos passando protetor.
- Robson, pode passar nas minhas costas?
Passei nas costas do Flávio. Como minha mão estava melecada, eu falei para ele se virar e passei pelo seu peito.
- Por que você passa nele e em mim, não?
- Porque você é muito chato.
- Vou mostrar quem é chato.
E veio para cima de mim.
Saí corrrendo e ele atrás, até na piscina e pulamos nela. Ficamos brincando na piscina até por volta das duas.
Estava muito bom, pois meus dois melhores amigos estavam se dando bem.
Minha mãe chamou para nós almoçarmos e nos secamos. Enrolei-me na toalha e tirei a sunga e deixei na lavanderia.
O Flávio fez o mesmo e o Gabriel ficou nos olhando, mas acabou fazendo o mesmo.
Fomos para meu quarto vestir uma roupa.
No quarto, terminamos de nos secar. Emprestei um shortinho para cada um e fomos comer.
O Flávio já havia almoçado várias vezes em casa e foi se servindo. Eu também me servi e sentei à mesa e o Flávio ao meu lado.
O Gabriel estava na minha frente me olhando.
- Você não vai almoçar?
- Fique à vontade.
Nisso ele puxa meu prato, pega meu garfo e começa a comer.
Fiquei espantado e olhei pra ele.
- Você disse para eu ficar à vontade.
- Você percebeu que eu enfiei esse garfo na boca?
- E daí... você tem alguma doença contagiosa?
- Não.
- Então para mim está tudo bem.
E Flávio rindo da nossa discussão.
Fiz outro prato e comemos.
Fui para meu quarto escovar os dentes e eles vieram também.
Deixei eles conversando e fui para o banheiro. Voltei e eles ainda estavam conversando. Deixei eles conversando e fui para o quarto dos meus pais. Estava deitado na cama, quase dormindo, e ele aparece e pula em cima de mim.
- Está dormindo?
- Não.
- Mas parece.
Ele se deitou ao meu lado.
- Cadê o Flávio?
- Está dormindo na sua cama.
Fiquei olhando para o teto.
- O que você tem?
- Estava pensando que hoje você escutou o que eu disse.
- O que foi?
- Que o Flávio é um excelente amigo e que vocês dois estão se dando bem.
- Você tinha razão... ele é uma ótima pessoa.
Ele aparece na porta.
- Por que vocês me deixaram sozinho?
- A bela adormecida estava dormindo.
- Escutei meu nome... estão falando de mim? Espero que estejam falando bem.
- Bem mal.
E eu joguei um travesseiro nele. Ele pegou e deitou do outro lado da cama e ficamos conversando,
Flávio contou da namorada e como começou o namoro.
De repente meu pai aparece na porta e quer saber o que nós estávamos fazendo no seu quarto e nos expulsa dele.
Voltamos para o meu quarto.
Era tarde e eu perguntei se o Flávio queria dormir aqui em casa, mas ele disse que à noite ia namorar.
- Você vem aqui amanhã ?
- Não sei, talvez.
Fiquei meio triste, mas feliz por meu amigo.
O Gabriel me olhou.
- Está com ciume do seu amigo?
- Nem sei o que é isso.
- Pode deixar... eu durmo com você.
Ele dormiu em casa.
Fomos dormir era por volta das duas da manhã.
No domingo ficamos quase o dia inteiro juntos. Foi muito boa a companhia dele.
- O fim de semana foi muito bom.
- Foi ótimo.
Ele me abraçou e beijou meu rosto.
- Sonhe comigo.
- Vou pensar.
- Não pense, sonhe.
- Tchau, até amanhã!
Logo pela manhã estava tomando café e logo ele aparece me abraçando e me beijando no rosto, como sempre e desejando um bom dia.
- Você não toca mais a campainha?
- Se eu tocasse você ia atender?
- Não.
- Então para que tocar campainha?
Minha mãe como sempre escutando nossa conversa e colocando nosso lanchinho... para mim, para ele e para o Flávio.
Estava saindo para a escola, meu pai aparece na porta e tira a carteira do bolso e me dá dinheiro para o lanche.
Ele olha para o Gabriel.
- Bom dia, filho postiço!
- Bom dia, pai torto!
- Você ainda me acha doido?
- Completamente.
E dá dinheiro para ele também.
Nos despedimos dos meus pais e fomos para a escola. Encontramos o Flávio pelo caminho e ele querendo os doces dele.
Pelo caminho os dois no maior papo. Nem perceberam que me deixaram pra trás.
Chegamos na classe e os dois continuavam a conversa.
E eu comecei a ficar curioso.
Tocou o sinal, o professor entrou.
No recreio os dois estavam saindo juntos Eu pedi pra eles me comprarem um refrigerante.
- Por que você não vai? Não vai dizer que está de pau duro outra vez...
Ele falou meio alto e todos nos olharam e dei um soco no braço dele e Flávio riu.
Os dois foram para o recreio e voltaram quando o sinal tocou.
- Gabriel, cadê meu refrigerante?
- Esqueci.
- Como você esqueceu? Tinha coisa melhor para fazer?
- Sim, muito melhor... Estava conhecendo uma amiga da namorada do Flávio.
- Não vai me dizer que também está namorando?
- Estou.
- Então é por isso que conversam tanto?
- Está com ciúme?
- Eu não sei o que é isso.
Na saída eu o estava esperando e ele vem e apresenta a menina, a Raquel; uma menina que já havia estudado junto comigo.
- Oi Raquel!
- Oi Robson!
- Vocês se conhecem?
- Já estudamos junto.
E ele levou a Raquel até a sua casa... e eu fui sozinho para a minha.
Estava almoçando quando ele chega, me abraça, me beija e pergunto se quer almoçar.
- Já almocei.
Mas mesmo assim pega meu garfo e dá uma garfada no meu prato.
Olho para ele e digo:
- Tem certeza de que não que almoçar?
- Não, obrigado!
Fico olhando para ele.
- O que foi?
- Você comeu do meu prato outra vez.
- E daí, você pegou alguma doença contagiosa hoje?
- Não.
- Então está limpo... e delicioso.
Eu parei de comer e fui para a sala assistir TV.
Ele se sentou ao meu lado e ficamos conversando.
Minha mãe pede para eu ir ao supermercado comprar algumas coisas, inclusive nosso lanche escolar.
Eu disse que só iria se pudesse ir de carro... que o sol está muito forte naquela hora...
Ela falou para eu pedir para meu pai. Ele deixou e falou para eu tomar cuidado.
Fomos ao supermercado perto da minha casa. Encontramos a professara Sônia e conversamos com ela... e de repente, um homem aparece vindo rápido em nossa direção.
- Ei vocês dois.
Olho para o Gabriel e saímos caminhando rápido para o estacionamento, perto do carro.
- Você estava roubando alguma coisa?
- Eu não!
- Então por que ele nos chamou?
- Eu que sei?
- Melhor nós irmos no outro supermercado.
Compramos as coisa da minha mãe e também muitas coisas que o Gabriel escolheu.
De noite, os dois continuavam com segredinhos, na escola. Eu chegava perto deles e eles mudavam de assunto.
Perguntei do que eles falavam, qual era o segredo.
Diziam que não era nada.
Na saída, eles estavam tão entretidos na conversa que não perceberam a presença do meu pai na porta da escola.
Fui até ele e ele disse:
- Estão amiguinhos agora?
- Para o senhor ver... Até semana passada o Gabriel não ia com cara do Flávio... agora não se desgrudam.
Entramos no carro; eu de motorista e buzinei para ele.
- Vocês querem carona?
Eles sentaram no banco de trás e ficaram calados.
- O gato comeu a língua de vocês?
- Estamos sem assunto.
- Imagina se tivessem... quase passaram em cima de mim e não me viram.
Deixei eles em suas casas.
Pela manhã pergunto:
- Gabriel, o que tanto conversam?
- Está com ciúme?
- Não, curioso. Vai me contar?
- Não.
Fomos para a escola. No caminho encontramos o Flávio e eles ficaram na minha frente cochichando, olhando para trás,
Chegando na escola eles foram namorar e eu fui para a classe, conversar com os outros colegas.
A primeira aula era da Sônia e ela mandou formar dupla. E o Gabriel juntou nossas carteiras.
Batem na porta; entra o homem do supermercado e vem em nossa direção. E o Gabriel diz:
- Foi ele?
- Foi o quê?
- Não sei, mas a culpa é sua.
- Para de ser covarde, você não sabe o que ele quer.
- Queria pedir desculpa por ontem... sou namorado da Sônia e quando vi vocês dois, achei estranho, para não diz outra coisa. Depois que vocês saíram correndo, a Sônia me disse que vocês são alunos dela, por isso queria pedir desculpa.
Ele me deu uma sacola do supermercado onde havia as coisas que íamos comprar. Ele estendeu a mão para nos despedirmos e fiquei olhando ele ir embora.
Olho para o lado e o Gabriel está distribuindo os doces e chocolates para a classe e dá uma barra para a Sônia .
- Cadê o meu?
- Acabou. Aliás, você não gosta!
- Quem disse?
- Você.
Ele estava com um pedaço na mão e tomei dele e dei uma mordida.
Ele me olhou e mandou eu devolver. Agarrou minha mão, segurou forte e comeu o resto do chocolate que estava na minha mão. Olhou para mim e eu fiz cara de nojo.
- Estava delicioso.
Voltamos a fazer o trabalho.
Ele pega minha mochila e fica mexendo nela.
- O que está procurando?
- Chocolate.
E vai tirando tudo de dentro. E o que ele não queria, ele dá. Até que acha o chocolate e continua mexendo na minha mochila. Acha uma cuequinha minha.
- Quem quer uma cueca?
O pessoal ri.
- Ninguém quer, então fico com ela.
E mais risadas e eu vermelho de vergonha.
- Devolve.
- Não devolvo.
E colocou na sua mochila. Era a minha cuequinha mais gostosa de usar; bem fininha e macia e apertadinha.
- Vai ter troco.
- Não fica bravo, não.
E me abraçou.
Eu empurro ele.
Naquele dia ele me deixou muito bravo, pois não tinha gostado da brincadeira.
Na saída eu saí rápido e deixei os dois para trás. Fui atravessar a rua... não olhei para o lado... veio um carro e fui atropelado. Desmaiei e fui levado para o hospital.
Quando acordei, a primeira coisa que vejo é o Gabriel olhando e sorrindo.
Ele beija meu rosto.
- Quando você vai para de me beijar?
- Como você está?
- Com dor de cabeça. Onde estou?
- No hospital.
- O que eu estou fazendo aqui?
- Não se lembra? Você foi atropelado.
- Que está fazendo aqui?
- Seus pais saíram um pouco. Enquanto isso vou lhe fazer companhia.
- Eu tenho escolha?
- Não. Vou cuidar de você.
Olhei para meu braço, que estava coçando. Estava engessado e tinha algo escrito bem grande: “GABRIEL” em vermelho.
- Quanto tempo estou aqui?
- Deve fazer umas três horas.
- Quem deu permissão para escrever seu nome no meu gesso?
- Seu pai também escreveu, olha do outro lado. E também não tínhamos nada o que fazer aqui...
- Gostou?
- O que acha?
- Sabia que ia adorar.
- Quando eu vou sair daqui?
- Seus pais estão cuidando disso.
Meu pai chegou e perguntou se eu estava bem e que iríamos embora, pois só tinha quebrado o braço.
- Pai, por que deixou ele escrever no meu gesso? E ainda por cima desse tamanho enorme...
- Não tínhamos nada que fazer, então ele teve a ideia de assinar.
- Combinaram as respostas.
Eles riram.
Não demorou muito e eu recebi alta e fui pra casa.
Chegando em casa fui direto para meu quarto tomar um banho. O Gabriel veio atrás, sentou na cama e ficou me olhando tirar a roupa. Fiquei só de cueca e lembrei que tinha que proteger o gesso da água. Fui até a cozinha e peguei o filme plástico, pedi para o Gabriel enrolar para não molhar o gesso er ele demorou um pouco para responder, pois estava me olhando. Eu disse:
- Gabriel, acorda, está no mundo da lua!
- O que foi?
- Meu gesso.
Ele se aproximou de mim, pegou o filme e embrulhou.
- Está bom?
- Está.
Tirei minha cueca, fiquei peladinho e fui tomar banho.
Demorei um pouco, pois o gesso não ajudava. Terminado o banho, saio enrolado na toalha. O Gabriel está deitado na minha cama e fica me olhando.
- O que foi? Nunca me viu?
- Ele não disse nada.
Vesti uma roupa e ele me olhando.
O Flávio chega e pergunta como eu estou. Digo que estou bem e o Gabriel se levanta.
- Onde você vai?
- Pra casa.
Se despede e sai.
- Flávio, o que ele tem?
- Não posso te contar... É segredo dele.
- Robson, posso fazer uma pergunta?
- Claro.
- O que você acha do Gabriel?
- Gosto dele... é um ótimo amigo.
- Só isso? Você gosta dele perto de você?
- Sim, ele é uma boa companhia.
- Mais que a minha?
- Não; você sempre vai ser meu melhor amigo. O que foi, está com ciúme?
- Não, é outra coisa. Esquece o que eu perguntei. Deixa eu assinar seu gesso?
- Se você encontrar lugar...
Ele assinou e ficamos conversando mais um pouco e foi embora.
Naquele dia eu não fui à escola à noite; fiquei sozinho em meu quarto e senti a falta do Gabriel me atazanando.
Logo pela manhã vejo ele entrando pela porta. Ele não veio me abraçar como fazia todos os dias; ele estava estranho. Pergunto se ele quer café e ele diz que já tomou... sai, sentando no sofá.
Saímos para a escola e ele não disse uma palavra.
Encontramos o Flávio e os dois começaram a cochichar. Ficavam olhando para trás.
Chegando na escola, eles foram namorar e eu fui pra classe.
O pessoal começou a perguntar o que tinha acontecido e queriam escrever seus nomes no meu gesso.
Todos assinaram e ficou tudo colorido, com o nome do Gabriel em destaque.
O sinal tocou e eles entraram e não disseram nada.
O Gabriel olhou para meu gesso e disse:
- Você deixou todo mundo assinar. Ficou muito legal, principalmente o meu.
- Fazer o quê? Se você é muito folgado...
Ele riu.
- Porque eu sou mais que seu amigo.
A professora chegou e perguntou para mim o que aconteceu e se eu conseguiria copiar a matéria.
Antes que eu respondesse, o Gabriel fala que ele copiaria para mim.
Só que eu quebrei o braço esquerdo e eu escrevo com o lado direito, então eu deixei ele copiar matéria para mim durante uma semana inteira, até que um dia que teríamos prova, ele olhou pra trás e viu que eu escrevia com a outra mão e me deu um soco no braço.
- Por que você me bateu?
- Por você me fazer de bobo.
- Você que é distraído. Todo mundo sabe que eu escrevo com a mão direita, não é, Flávio?
- É.
- Por que você não me disse?
- Ele me proibiu.
- E você concordou.
- Claro... também sou cúmplice dele.
- Essa eu não entendi.
- Ele sabe do que estou falando .
Apos a discussão, fizemos a prova e eu fui um dos primeiros a terminar, pois tive a semana toda livre para estudar, e fui para o pátio.
O Flávio logo pareceu e eu perguntei como foi na prova ele disse que foi bem. Eu disse que fui ótimo, estava muito fácil.
- Robson você é muito mau.
- Por quê?
- Por enganar o Gabriel.
- Nós, pois você ajudou.
O Gabriel apareceu, perguntei como ele foi na prova e ele disse que mais ou menos.
E para irritar ele mais ainda, eu disse que foi fácil.
Ele veio pra cima de mim e eu saí correndo e ele atrás.
Corremos por um bom tempo até que ele me agarrou e caímos no chão, com ele em cima de mim
O Flávio veio correndo para ver se estávamos bem.
- Gabriel, larga ele.
- Só depois que eu fizer uma coisa.
- O que seria?
- A coisa que ele diz que não gosta que eu faço.
- O que seria?
- Beijar ele.
- Então aproveita que estão sozinhos.
- Flávio, você vai me deixar com esse beijoqueiro?
- Eu não me meto em briga de casal. – e saiu.
Ele me beijava e eu tentando desviar, mas era inútil.
- Gostou?
- Claro que não.
- Um dia você vai gostar.
- Convencido.
Ele se levantou, me ajudou a levantar e fomos para a classe.
Na hora do recreio os dois saíram juntos e eu fiquei; não queria segurar vela.
Não demorou muito e o Flávio e sua namorada aparecem juntos e vêm conversar comigo.
- Robson, posso te pedir um favor?
- Depende.
- Você conhece a Roberta?
- Qual Roberta?
- A amiga da Tânia.
- Acho que sei quem é.
- Então, o namorado largou dela e ela gostava muito dele e está meio triste... e a Tânia, sua melhor amiga, está preocupada e pediu se você não podia conversar com ela... e talvez quem sabe namorarem...
- Não, nem pensar.
- A Tânia está muito preocupada com a amiga e isso atrapalha meu namoro com ela.
- Não, não e não!
- Diz que vai pensar.
- Não.
- Depois a gente se fala .
Na saída ele continuou a insistir.
- Você já pensou?
- Eu já disse que não vou namorar com ela.
- Por que não? Ela é uma menina linda... todo mundo gostaria de namorar com ela.
- Não estou afim.
- Você está sozinho, ela também... poderia pelo menos tentar.
- Flávio, para com isso!
- Você está interessado em alguém?
- Não.
- Tem certeza?
- O que você quer dizer com isso?
- Nada.
- Por que ultimamente você anda dando indireta para mim?
- Porque você é cego.
- Outra indireta?
- Então diz que vai pensar?
- Não... e para de insistir.
- Eu não vou desistir... vou te atazanar até você conversar com ela.
Nisso o Gabriel chega perto dele com cara de que não gostou da conversa e manda ele parar com aquele papo.
Depois do almoço ele apareceu. Eu estava no quarto, meio triste. Ele sentou e ficou me olhando.
- O que foi?
- Nada... Posso perguntar uma coisa?
- Pergunta?
- Você vai namorar a Roberta?
- Não. Você acha que eu devo?
- Você é quem sabe?
- O que você tem?
- Nada.
- E o namoro?
- Também.
- Se vocês não estão se dando bem é melhor largar.
- Robinson, posso te perguntar uma coisa?
- Pode.
- Você gosta de alguém?
- Por enquanto não. Por que da pergunta?
- Curiosidade.
- Você é a segunda pessoa que me faz essa pergunta.
Ficamos conversando até a hora de eu ir para a aula de inglês.
Ele foi para sua casa.
Pelo resto da semana o Flávio não parava de falar da Roberta.