Vigias da construção

Um conto erótico de Paulino Peralta
Categoria: Gay
Contém 936 palavras
Data: 23/09/2024 12:30:14

Sempre dei sorte com obras. Não foi uma intenção inicial minha. Apenas aconteceu.

A primeira me recordo que o vigia não era muito mais velho que eu. Parecia mais nervoso que eu, na verdade. Passei na frente, final de semana, e ele já na porta puxou assunto. Não me recordo o tema. Sei que rapidamente me perguntou se já conhecia uma obra por dentro. Eu não era ingênuo e sabia – e queria – que tudo seguisse adiante.

Entrei e ele sempre mais romântico do que eu pretendia, com medo de eu reagir, talvez, por fim chegou a pedir para me penetrar. Sempre achei estranho que os homens peçam permissão pra penetrar.

Some of them want to use you. Some of them want to get used by you.

Uma vez, no banheiro da praia, eu já estava com o pinto do cara na mão, no reservado, e ele educadamente pediu “posso ver seu bombom?”.

Eu desisti na mesma hora. Falei que estava arrependido, que eu era de igreja, que não era certo um macho chupar outro.

Alguém que pede para ver meu bombom em vez de me colocar de quatro não merece ver meu rabo (acho que é esse o bombom). Não faço questão de saber certinho o que é bombom. Não me contem.

Outra obra ali perto era mais safada. O telefone na placa na frente da obra. Eu ainda na época dos orelhões (que usei magnificamente para conseguir sexo naqueles tempos em que orelhões também recebiam chamadas, atendidas por qualquer um que calhasse de estar perto do fone quando ele tocasse) peguei um orelhão e liguei para a obra. O mesmo roteiro de sempre:

__ Minha mãe saiu. O senhor que vir aqui em casa?

Eu nunca pretendi receber ninguém em casa. A ideia sempre foi deixar claro para o homem do outro lado da linha que eu estava receptivo.

Vocês não imaginam (acho até que os mais velhos imaginam) a taxa de sucesso dessa abordagem.

O vigia se negou por dois dias. Na terceira tentativa começou a evoluir a conversa, tentando entender onde eu estava naquele momento. Sabia que eu estava perto. Abriu a porta da obra. Comeu minha bunda sobre sacos de cimento, reclamando que eu não tinha seios.

E desde aquele dia esporadicamente eu ia à mesma obra, e ele aceitava que eu fosse lhe fazer gozar, sempre reclamando que eu não tinha seios.

Bem mais perto de minha casa, a obra de um prédio. Durou muuuuuuuuuuuuito mais tempo. Orelhão logo na porta, fácil de ser atendido tanto pelo segurança do estacionamento da esquina quanto pelo vigia idoso muito idoso da obra. Eram amigos.

O primeiro a ceder, sem nenhum esforço, foi o idoso. Eu entrava pela porta de madeira daquela cerca típica de obras e ele colocava o pinto murcho pra fora da calça. Rapidamente o pinto ficava muito duro – até se ele fosse mais novo seria um padrão muito duro - e ele repetia “bichinha gostosa” até gozar. Nunca me ofendi. A cara de satisfação do velhinho deixava claro que era um elogio e que ele aguardaria ansiosamente para o próximo encontro. Não existiam celulares à época e eu não teria coragem de dar o fone fixo que minha mãe poderia atender.

Foi quando o vigia do estacionamento ao lado também quis. Mas só aceitou uma vez. Repetia que era casado e evangélico. Marcou e desmarcou inúmeras vezes até me encontrar e gozar em segundos, mandando-me ir embora imediatamente. Essa culpa que eles aprendem na igreja é doentia.

E por fim o Seu Madruga. Parecia demais com o personagem do Chaves. Levou-me ao segundo andar da obra e não queria que eu fosse embora. Achou que eu fosse puta treinada, e insistiu que eu dormisse com ele. Quando expliquei que não era profissional pareceu decepcionado. Comeu-me beijando na boca, com papelão como cama. Insistia em dizer que trabalhava um dia sim e outro não, mas não podia me ligar porque era casado. Eu que deveria voltar à obra para ver se ele estava de plantão. Nunca mais o encontrei.

A mais louca delas foi com binóculos, ainda em Belo Horizonte. Com a tarde livre depois de voltar da escola, eu pegava binóculos e acompanhava uma obra no Barro Preto em BH. Os pedreiros por fim perceberam e alguns me davam o dedo, outros me mostravam o volume. Alguns mais ousados tiravam da cueca, balançando. E assim seguiram-se os dias. Até que um sinalizou o horário da saída do serviço e a promessa de ir até a porta de meu prédio.

E veio. Acompanhado. Eram dois. Subimos. Tensos, chupei a ambos. Diziam não querer penetrar. Fizeram-me gozar e logo depois, arrependidos, pediram pra me penetrar. Disse que depois de gozar eu não aguentava ser penetrado. Frustrados, gozaram na minha boca.

Por isso sempre preferi homens decididos, que já chegam sabendo o que querem fazer. Os inseguros acabam perdendo o melhor da festa.

Houve outros vigias de obras. O único especial que merece um conto só dele foi um piauiense da obra do posto de saúde de minha quadra. Não gostava de sexo anal, mas acabou se acostumando a acalmar a saudade de casa dentro de mim, sempre repetindo que amava sua esposa e as filhas, mas que como homem não conseguia ficar sem penetração. Era como se ele pedisse desculpas a mim pelo que não podia contar à esposa.

Certa vez, durante a penetração, a rádio começou a falar de Deus e de alguma programação das igrejas locais. Ele saiu de dentro de mim, mudou de estação de rádio e voltou para terminar o serviço. Foi um dos poucos que chamei de amigo.

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Comentários

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Quem disse que um texto erótico não pode ter gotas de humor? Esse teve várias... "Posso ver o seu bombom?"... Cara, ri muito com esse pedido. Situações e ações maravilhosas para serem relatadas. Depois escreve o conto do piauiense, fiquei curioso em saber o que ele tem de especial... Abraços!!! Belo texto!

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Você me instigou tanto, nunca tive experiência com cara de obra, deve ser uma delícia, aquele corpo suado.. Já vai entrar pra minha lista de fetiche hahaha

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Que delícia de relato. Várias situações de muito tesão. Gosto disso e também já desfrutei de alguns pedreiros em obras. É muito bom.

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