Quando cheguei no meu prédio eu quase liguei para minha prima para ver se não tinha um apartamento vago no prédio para Luciana ficar. Mas depois lembrei que provavelmente ela estava cansada e com fome, ainda estava com o pé machucado. Provavelmente com o psicológico todo fodido. Além das pequenas escoriações no rosto. Achei melhor deixar ela comigo pelo menos aquela noite. Não é que eu quisesse me livrar dela e nem estava arrependida de tê-la ajudado. Mas eu estava com medo. Primeiro que eu não sabia se as notícias antigas que li sobre ela usar drogas eram verdade. E uma pessoa na situação dela não é difícil procurar refúgio em coisas ruins não. Infelizmente isso acontece muitas vezes. Outro medo que eu tinha era de ficar sozinha com ela por muito tempo. Eu quase a beijei no banheiro e meu coração nunca bateu acelerado por ninguém como bateu por ela naquela hora. Me envolver com ela sentimentalmente, poderia ser um grande erro.
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Com esses pensamentos eu parei no estacionamento e meio que paralisei ali segurança o volante só meu carro pensando no que fazer. Acho que ela percebeu assim que se levantou e se sentou no banco de trás.
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Luh: O que houve? Você está bem?
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Tamires: Sim estou. Só estava pensando um pouco.
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Luh: Olha se você estiver arrependida não se preocupe. Eu tento me virar daqui para frente sozinha. Eu vou te entender numa boa. Mas se tiver alguma dúvida sobre mim, pode perguntar. Eu juro que vou responder o que eu puder. Se a gente continuar juntas eu vou te contar a história toda. Você já se provou ser alguém confiável. Sei que você não faria nada para me prejudicar. Resumindo, eu confio em você.
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Tamires: Tudo bem. Então preciso te fazer uma pergunta e quero que você seja sincera comigo. É só dizer sim ou não. Tudo bem?
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Luh: Tudo, pode perguntar.
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Tamires: Você realmente tem problemas com drogas? Eu li isso logo no início da sua mudança e isso está me preocupando um pouco.
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Luh: Não! Eu não tenho e nunca tive. Eu nem bebo bebida alcoólica, também não fumo. Mas entendo sua preocupação.
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Tamires: Tudo bem, vou acreditar em você.
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Luh: Você disse que leu coisas sobre mim no início da minha mudança. Se você leu só no início eu dei sorte porque depois ficou muito pior. Para todo mundo eu sou uma garota drogada, problemática e que fica com um homem diferente a cada mês ou semana. Já teve um vídeo íntimo supostamente meu vazado com outro cantor. Fotos minhas bêbada, drogada,dormindo em uma cama com uma mulher e dois homens. Mas eu te juro que não era eu em nenhuma dessas situações. Tirando o vídeo íntimo o resto foi tudo armado. Porém o vídeo íntimo é verdadeiro, mas não era eu nele.
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Tamires: Como assim?
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Luh: Tem alguém que se parece muito comigo e foi contratada para ser minha sósia. As únicas fotos minhas reais como Luh pimentinhah são bem no início da mudança e de alguns shows. Tem uma também que é eu beijando meu suposto nomorado atual, que é o filho do meu empresário, essa também é verdadeira.
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Tamires: Me desculpe, mas eu não estou entendendo direito.
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Luh: Eu queria poder te explicar tudo agora, mas é uma história grande. Vai demorar para eu contar tudo e eu estou com sono e morrendo de dor. Se você é minha fã, com certeza você lembra dos meus vídeos. Eu sou a mesma daquela época. Por favor, acredite em mim.
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Eu vi que ela não tinha nem forças mais para continuar aquela conversa, porque logo que falou ela abaixou a cabeça e colocou sobre as pernas e começou a chorar. Ela estava devastada e isso não era fingimento. A história estava muito estranha, era meio surreal, mas o sofrimento dela era muito verdadeiro. Eu achei melhor dar pelo menos o benefício da dúvida a ela. Sai do carro, abri a porta de trás e a chamei. Ela se levantou devagar e veio em minha direção. Eu a ajudei a sair do carro e fechei a porta. Quando acionei o alarme e a gente foi caminhar ela não conseguiu se mover. Eu abaixei e olhei seu tornozelo, estava muito inchado e com uma cor mais escura. Eu pensei que ela talvez pudesse ter tido uma fratura, mas provavelmente se fosse ela não teria conseguido se mover como se moveu antes. Então rezei para ser só mesmo uma torção e pelo esforço que ela fez o inchaço e a dor aumentou. Me virei ainda agachada e falei para ela subir nas minhas costas para eu levar ela até o elevador. Com alguma dificuldade ela conseguiu se encaixar em mim e a levei de cavalinho. Desci ela com cuidado, mas mesmo assim eu ainda pode ver caretas de dor que ela fazia quando me virei para ela.
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Abri a porta do elevador e ajudei ela a entrar. Quando chegamos no último andar fiquei mais tranquila porque eu sabia que ali não tinha perigo de mais ninguém nos ver. Bateu aquela sensação de alívio. Quando olhei para trás Luciana estava sentada no chão do elevador com as mãos no tornozelo. Me abaixei e falei que faltava pouco. Peguei ela no colo com cuidado e sai carregando ela até a porta do meu apartamento. Pedi para ela pegar o chaveiro no meu bolso. Era mais fácil ela abrir a porta do que eu por ela no chão. Falei qual a chave e ela destrancou a porta e a destravou. Eu empurrei ela com o pé e entrei. Eu já estava quase sem forças e não iria conseguir ir com ela até meu quarto. Levei ela rápido até o sofá maior da sala e a coloquei nele. Não consegui ter muito cuidado já que minhas forças estavam acabando e só escutei ela dar um pequeno gemido de dor. Eu me desculpei, mas ela disse que estava tudo bem. Seus olhos já estavam bem pequenos. Sabia que ela estava quase dormindo. Falei para ela esperar só um pouco. Corri na cozinha e peguei um copo de água e dei outro analgésico para ela beber. Tirei todas as almofadas do sofá a não ser a que ela estava apoiando a cabeça. Nem iria tentar levar ela para cama. O sofá era novo e confortável. Era melhor deixar ela dormir ali. Falei para ela descansar. Ela levou a sua mão até a minha e segurou.
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Luciana: Eu nunca vou me esquecer o que você fez por mim hoje. Obrigada por me ajudar, por confiar em mim e principalmente por ter esse cuidado todo comigo. Você com certeza é um anjo que Deus colocou no meu caminho.
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Eu nem consegui responder direito. Ela fechou os olhos e só senti sua mão se soltar da minha. Ela simplesmente apagou ali no meu sofá. Eu também estava com sono, mas estava com fome também. Fui tomar um banho e depois preparei algo para comer. Fui na sala e Luciana dormia que nem um anjo. Aproveitei que seu sono provavelmente estava bem pesado e tirei seus tênis. Peguei um lençol no meu quarto e joguei em cima dela. Quando acabei de cobrir ela olhei no seu rosto, ela era realmente linda. Mesmo com o rosto meio inchado na parte que eu conseguia ver, dava para notar o quanto ela era bonita.
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Eu almocei e fui dormir também. Logo eu teria que voltar ao trabalho. Eu teria que deixá-la sozinha, não tinha outra opção. Jogar ela na rua eu não iria, principalmente com ela machucada daquele jeito. Com esses pensamentos eu acabei dormindo e só fui acordar com meu celular despertando. Já eram dezessete horas. Às dezoito eu tinha que estar no hotel. Não dormi o suficiente, mas dava para aguentar. Levantei e antes mesmo de ir ao banheiro eu fui até a sala e Luciana ainda dormia no sofá. Fui ao banheiro e tomei um banho rápido. Quando fui me vestir, meu celular chamou. Era Cibele.
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Tamires: Oi prima. Está tudo bem por aí?
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Cibele: Oi prima. Está sim. Você já saiu do apartamento?
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Tamires: Não. Eu acabei de sair do banho. Estava indo vestir minha roupa. Porque?
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Cibele: Porque liguei para avisar que você não precisa vir. Vou te dar sua folga hoje porque você provavelmente tem coisas para resolver. Aí você paga na segunda. Pode ser?
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Tamires: Para mim seria ótimo, mas se você quiser eu vou trabalhar sem problema algum.
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Cibele: Não quero não. Pode ficar de boa aí que eu resolvo tudo aqui.
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Tamires: Está bem. Muito obrigado prima.
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Cibele: Imagina, você me ajuda e eu te ajudo. Para mim está ótimo assim. Só mais uma coisa. A sua visita está bem? E o que eu faço com essas coisas dela que ficou no banheiro?
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Tamires: Ela está com uma torção no tornozelo, ainda não sei a gravidade, mas está bem inchado e ela sentia bastante dores antes de dormir. O rosto dela está um pouco inchado e tem algumas pequenas escoriações devido ao tapa que a mãe dela deu nela. Mas não é nada grave. Vou ver se arrumo um jeito de levar ela a algum médico amanhã. O problema vai ser convencer ela. As coisas dela que ficou para trás pode jogar no lixo. Ela não vai precisar não.
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Cibele: Melhor eu pedir para minha médica ir aí. Ela é de total confiança, é uma amiga pessoal minha. Te ligo amanhã para a gente resolver isso. Agora descansa bem e conversa com ela para ver o que dá para fazer para ajudar ela. O que você precisar é só me ligar.
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Eu a agradeci e disse que eu iria fazer o que ela pediu. Depois de encerrar a ligação eu vesti uma roupa mais leve e fui para cozinha preparar uma janta. Com certeza minha visita iria acordar com fome. Depois de fazer o jantar e comer um belo prato de comida eu voltei à sala. Luciana ainda dormia, mas percebi que ela mexia alguns músculos da face. Provavelmente estava sonhando ou tendo um pesadelo. Logo descobri que era a segunda opção. Ela arregalou os olhos e tentou se levantar. Com o movimento brusco o tornozelo doeu e ela deu um pequeno grito. Eu fui até ela e ao me ver ela se assustou por um momento, mas logo sorriu.
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Tamires: Teve um pesadelo?
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Luciana: Acho que sim, mas não consigo me lembrar. Acordei assustada, mas assim que te vi eu me lembrei de tudo que aconteceu e me acalmei.
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Tamires: Você está segura agora. Pode ficar tranquila. E seu tornozelo como está?
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Luciana: Não sei na verdade. Acabei de sentir ele doer quando tentei me levantar, mas assim que fiquei quieta ele parou de doer.
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Fui até ela e tirei o lençol de cima dos seus pés. O tornozelo ainda estava meio inchado mas já tinha diminuído bastante. Perguntei se ela precisava ir ao banheiro, ela disse que sim. Eu disse que iria carregar ela até lá. Eu queria que ela fizesse o mínimo de esforço possível com o tornozelo machucado. Ela me agradeceu e eu a peguei no colo. Ela passou o braço por cima do meu pescoço. Ela estava com rosto muito perto e às vezes nossos olhares se cruzavam. A cada vez que isso acontecia seu rosto ficava mais vermelho e meu coração acelerava mais. O caminho até o banheiro não era muito longo, mas para mim pareceu bem mais demorado do que deveria ser. Sinceramente eu estava com medo de ficar tão perto dela. Estava na cara que eu tinha uma queda enorme por ela e aquele contato só estava aumentando isso.
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Quando cheguei no banheiro coloquei ela no chão bem devagar. Ela apoiou só um pé no chão e não soltou meu pescoço. Parece que ela fazia aquilo de propósito para me testar.
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Luciana: Posso te fazer uma pergunta pessoal?
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Tamires: Claro, só não sei se vou poder responder.
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Luciana: Você é lésbica?
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Tamires: Sou sim. Mas pode ficar tranquila, não vou te atacar não, se é com isso que está preocupada.
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Luciana: Se eu estivesse preocupada com isso já teria te soltado.
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Ela falou aquilo, olhou diretamente para minha boca e foi aproximando sua boca da minha. Eu deveria me afastar, era o certo a fazer, mas eu não fiz. Na verdade eu fiz ao contrário e fui com minha boca ao encontro da dela. Para que ficar tentando evitar o inevitável. Só deixei acontecer e o beijo aconteceu. Seus lábios eram macios e se moviam timidamente sobre os meus. Eu segurei na sua cintura e colei nossos corpos. Ela passou seu outro braço ao redor do meu pescoço. O beijo foi ganhando ritmo e eu senti sua língua buscando contato com a minha. O beijo foi se tornando cada vez mais intenso e gostoso. Meu coração estava disparado. Eu nunca tinha sentido aquela sensação boa que eu estava sentindo. Aquele beijo durou muito tempo, mas a gente foi parando aos poucos e terminamos com alguns selinhos. Ela mantinha seus olhos fechados e eu podia sentir sua respiração pesada. Ela colocou seu rosto em cima do meu ombro.
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Tamires: Eu estou ferrada!
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Luciana: Eu acho que eu estou é apaixonada.
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Tamires: São exatamente a mesma coisa kkkk
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Luciana: Boba. kkkkkkkkk
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Aquela última frase dela me deu um sentimento de felicidade incrível, seu sorriso só completou o combo. Eu estava toda boba. Com certeza eu realmente estava muito ferrada!
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Continua..
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Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper