No coração do Cerrado, o inverno se apresenta como um sussurro suave entre folhas secas e a brisa fresca que abraça a terra. O sol, mais tímido, lança sua luz dourada sobre as savanas, tingindo o céu com nuances de rosa e laranja ao amanhecer.
As árvores, já despidas de suas flores vibrantes, revelam uma beleza serena, seus contornos se destacando contra o céu claro. O aroma da terra ressecada, misturado ao perfume da vegetação, é um convite a momentos de contemplação. O canto dos pássaros se torna mais audacioso, como se estivessem celebrando a tranquilidade do ar.
Cada parte do mundo observa as estações de uma forma diferente, assim como em cada fase da nossa vida essas estações também são sentidas de forma diferente. Em cada momento do meu passado eu tive uma sensação diferente com cada estação, o inverno em Sintra com minha tristeza, a mudança das estações e meu sentimento crescendo por Fernanda, ali na galeria ao ver os quadros eu tinha apenas uma certeza, eu tinha que reconquistar a pessoa mais importante da minha vida. Antes da ligação que fiz para ela eu já tinha isso em mente, e foi assim que segui para uma joalheria conhecida da cidade, e não tive dúvidas que aquele anel de com os dois tons de ouro era perfeito ainda mais com um diamante central de trinta pontos. E nada mais artístico do que escolher uma caixinha com o formato de uma tela e ao centro escrito “CASA COMIGO?”, ali tive a certeza que eu queria pedir ela em casamento.
Me lembrei disso ao ouvir Fernanda entrando na galeria e a caixinha estava em cima da mesa, a peguei e coloquei no bolso. Após aqueles dias de desentendimentos, nos encontrávamos novamente, o peso da distância e a tensão palpável. Quando nossos olhares se cruzaram, o tempo pareceu parar. A dor das palavras não ditas daqueles fatídicos momentos estava ali, mas havia também uma esperança delicada, uma vontade de reconstruir. Fernanda deu um passo à frente, e a atmosfera ao redor pareceu se aquecer. Eu hesitei por um instante, afinal havia recebido um tapa naquele mesmo dia, mas logo senti o coração falar mais alto.
Fernanda segurou suavemente meu rosto, seu toque me dava arrepios desde que nos conhecemos, seus polegares acariciando a pele como se quisesse apagar as memórias de desentendimentos. O toque era gentil, mas firme, como se dissesse que tudo ainda era possível. Quando nossos lábios finalmente se encontraram, foi como se todas as barreiras desmoronassem. O beijo começou lentamente, carregado de ternura e de um desejo profundo de entendimento. Era um gesto de reconciliação, uma promessa silenciosa de que estavamos dispostas a nos perdoar. Eu inclinei a cabeça, aprofundando o beijo, e, com isso, todo o peso do passado se dissipou. Os sentimentos de amor, saudade e vulnerabilidade se entrelaçam, tornando o beijo um elo de reconexão. Quando finalmente nos afastamos, ambas sorrimos, a leveza retornando aos nossos corações. O entendimento de que, juntas, poderiamos superar qualquer desafio pairava no ar. Aquele beijo não era apenas uma reconciliação; era um renascimento, um novo começo, onde cada toque prometia um futuro cheio de amor e entendimento.
Aquela sensação foi no momento certo, e no lugar certo. Conduzi Fernanda por entre as telas e esculturas, nossos dedos entrelaçados como se não quisessem se soltar, e ela se detinha diante de cada obra, os olhos brilhando de curiosidade e admiração. A galeria pulsava com um misto de emoções, parecia que ela sabia o que iria acontecer, as obras refletiam as luzes suaves que dançavam, criando um ambiente de sonho. Finalmente, ao chegar diante dos dois quadros que eu acabara de pendurar senti que o momento tinha chegado. O coração acelerado, a puxei para mais perto, com um gesto delicado, me ajoelhei, retirando uma pequena caixa do bolso. Os olhares se cruzaram, e a intensidade do momento fez o tempo parecer suspenso. Abri a caixa, revelando um anel que brilhava como a própria constelação.
Fernanda, você é a inspiração dos meus dias, minha musa mais perfeita, a obra prima mais linda da minha galeria. Eu amo você. Você aceita se casar comigo?
Fernanda me olhou incrédula e seus olhos brilhavam, ela saiu correndo, eu fiquei ali sem entender o que estava acontecendo. Era uma negativa? Será que não era o momento? Me levantei e fiquei ali parada, quase não conseguia conter as lágrimas que continuavam a se formar. Então vejo a silhueta de Fernanda retornando, e em sua mão uma caixinha, será que era o que eu estava pensando? Ela se aproxima e se ajoelha.
Bianca, acho que tivemos a mesma ideia em momentos diferentes. Você é a melhor parte do meu dia, é com você que quero compartilhar cada momento e cada detalhe. Você sempre será a calma no meio da minha turbulência. Eu te amo. Quer casar comigo?
Eu me ajoelhei com os olhos cheios de lágrimas. Sem palavras, com um gesto suave, toquei meus lábios nos dela, um beijo que falava de sentimentos profundos e complexos. O beijo começou suave, como um sussurro de carinho, refletindo a confusão e a vulnerabilidade do momento. Era um toque que prometia não apenas amor, mas também aceitação. Enquanto nossos lábios se encontravam, senti uma onda de calor, uma conexão que transcendia qualquer resposta imediata. Era um “sim” silencioso, uma declaração de amor mesmo em meio à turbulência. O beijo que começou delicado e carregado de carinho, agora estava com mais desejo e mais urgência.
Interrompi o beijo sabendo onde levaria, e ali não era o melhor lugar para isso, trocamos alianças e fomos em direção a minha casa, subimos direto para o quarto. Mal entramos e nossas bocas já estavam unidas, meu corpo contra a porta e as mãos de Fernanda tinham pressa em me despir, como eu estava com saudade daquele toque, não mudaria nada naquele momento. Fernanda me despiu completamente e logo em seguida se despiu, e que corpo lindo ela tinha, que saudade eu estava de vê-la nua, a academia que ela frequentava deixou seu corpo desenhado e isso estava visível em meu olhar.
Amor, quer um babador ou vai vir aqui?
Amor? Faz tempo que não escuto você me chamar assim, óbvio que não vou ficar só olhando, mas as vezes é bom olhar para uma obra prima dessa.
Sim, amor, você é o meu amor. Então vem.
Nos beijamos com todo o desejo que tínhamos, e nossos corpos nus deixava claro o quanto estávamos unidas. Fernanda não perdeu tempo e me deitou na cama, se encaixou entre minhas pernas e passou a beijar meu pescoço, descendo aos poucos por todo meu corpo e me deixando arrepiada. Ao chegar entre minhas pernas vi seu olhar de maldade, sabia o que significava, eu iria gozar quando ela deixasse. Ela então me penetrou com dois dedos enquanto chupava meu clitóris, se tinha alguém em casa com certeza ouviu meus gemidos, ela manteve o ritmo até meu gozo se aproximar mas, como esperado, parou abruptamente. Ela beijava minha boca com tanta vontade que quase não percebi que seus dedos já estavam no meu clitóris. Sabia que ela ia adiar o máximo meu gozo, ela queria que fosse uma grande explosão de prazer. Então logo senti outra mudança, ela encaixou seu corpo por trás do meu e passou a beijar minha nuca enquanto tocava meu clitóris, logo senti ela penetrando novamente, mas dessa vez ela não impediu meu gozo que veio rápido e extremamente forte me fazendo molhar toda a cama e perder por alguns segundos a consciência.
Amor? Você está bem?
Sim, fazia tempo que não sentia um orgasmo tão forte, acho que a reconciliação está reacendendo algumas coisas.
Dizem que sexo de reconciliação é o melhor.
É? Então a gente tá precisando brigar mais. Só que agora é a minha vez de retribuir.
Do jeito que estávamos eu puxei Fernanda para cima de mim deixando-a sentada na minha boca, eu queria ela ali. Passei a chupar sua buceta e me lambuzar com seu mel, ela rebolava em minha boca de forma majestosa, não demorou e gozou na minha boca, mas eu não estava satisfeita. Com ela deitada encaixei nossas bucetas e passei a me movimentar e logo estávamos as duas no mesmo ritmo, mas ainda não era hora de gozar. Me lembrei de um dos nossos brinquedos e eu havia comprado um igual para nossas férias, peguei e encaixei o dildo com duas pontas na buceta de Fernanda e na minha e voltei a me movimentar. Não conseguimos nos segurar muito tempo e gozamos juntas. Eu me deitei ao lado de Fernanda e a beijei. Ficamos nos carinhos por bastante tempo, até ouvirmos batidas nas porta.
Bianca, está tudo bem aí? - disse Gisele com um tom de preocupação.
Sim, está tudo maravilhoso. - respondeu Fernanda.
Ah, entendi. Vou dar uma volta com a minha esposa então e deixar vocês.
Passamos a noite nos amando, e como era bom ter Fernanda em meus braços. Por volta das quatro da manhã tomamos banho e trocamos a roupa de cama, não demorou e dormimos juntinhas. Acordamos no outro dia por volta das 10 horas, tomamos café juntas e contamos a novidade para nossas tias. Mas eu ainda tinha um assunto pendente na cidade, e decidi compartilhar com Fernanda.
Feh, eu acho que precisamos falar sobre Gabriela. Sei que tivemos problemas por causa de algo que ela fez sem pensar, mas te garanto que ela foi tão vítima quanto nós. E eu gostaria de apresentá-la formalmente para você.
Eu não me oponho a ideia, mas não vou dizer que estou 100% com isso. Vou conversar com ela para entender tudo. Prometo ser razoável dessa vez.
Certo.
Combinei com Gabriela um almoço em um restaurante próximo a galeria. No horário marcado cheguei com Fernanda e as apresentei. Ambas conversaram bastante e no fim saíram melhores amigas, riam e compartilharam coisas vergonhosas sobre mim, acho que eu iria ter isso no meu cotidiano. Gabriela citou que após o ocorrido pensou em procurar um psicólogo para entender seus traumas e resolver o que podia. Concordamos que era algo saudável de se fazer. Minha mãe apareceu quase no final da semana para ver a exposição e matar saudade de suas velhas amigas.
Durante os dias que se passaram até a exposição Fernanda e Gabriela estavam sempre juntas e eu organizando tudo na galeria. Quem diria que essas duas se dariam tão bem. Naquele fim de semana a exposição aconteceu foi um extremo sucesso, todas as obras foram vendidas, todas exceto os dois quadros que presenciaram meu pedido de casamento, esses quadros ficariam apenas para mim e pra Fernanda como testemunhas de nosso amor.
Viajamos e curtimos como deveríamos, nos reaproximamos muito e, voltando para Goiás, decidimos nos casar ali, antes de irmos para Madrid. Nossas mães estavam ali, nossas tias também. Então liguei para minha tia e pedi para organizar a recepção do casamento só para nós mesmo no final de semana e mal chegando na cidade fui direto para o cartório organizar todos os papéis. Cinco dias para organizar tudo, achamos que seria muito, e foi exatamente a quantidade perfeita.
Em um dia radiante, onde o sol parecia sorrir para os apaixonados, eu estava vestindo um terno vinho que refletia a intensidade do meu amor. Cada detalhe do meu traje exalava elegância, enquanto a Fernanda, como uma visão de sonho, se apresentou em um clássico vestido branco, simbolizando a pureza de seus sentimentos.
Os olhares se cruzaram e, por um instante, o tempo parou. No altar feito ali no nosso jardim, cercado por flores e sorrisos, a promessa de amor eterno se fez ouvir. As palavras, suaves como um sussurro, ecoaram no coração de todos os presentes. O toque de suas mãos parecia unir não apenas os corpos, mas também suas almas.
Quando os votos foram trocados, o mundo ao redor desapareceu, deixando apenas a beleza do momento. O beijo que selou essa união foi como a explosão de cores em uma pintura, repleta de vida e emoção. As risadas e as lágrimas de alegria se misturaram, criando uma sinfonia de sentimentos que celebravam o amor. Assim, sob a luz do amor e o calor da felicidade, um novo capítulo começou.