Danielle: Trans, Evangélica - Capítulo 08 - Combinado

Um conto erótico de Rafaela Khalil
Categoria: Heterossexual
Contém 3467 palavras
Data: 17/09/2024 19:38:17
Última revisão: 18/09/2024 06:26:28

— O que você está vendo aí? — Priscila perguntou ao observar Danielle mexendo no celular distraída

— Bom dia — Danielle disse olhando para Priscilla, os olhos fundos, sem maquiagem, o cabelo amarrado sem muito esmero

— Bom dia, vamos entrar? — Priscila a cumprimeitou com um beijo no rosto e a guiou para a sala

Danielle sentou-se na poltrona

— Telescópio — Respondeu enquanto tentava ajustar o cabelo

— Pedrão — Priscilla perguntou curiosa

— Eu estava vendo preços de telescópio, quero comprar um — Danielle explicou

— Interessante — Priscilla respondeu, em seguida respirou fundo — Conseguiu dormir?

Danielle fez um gesto negativo

— Não muito, foi bem ruim o sono — Respondeu parecendo cansada

— Você mora sozinha? — Perguntou fazendo pequenas anotações

— Moro no quintal dos meus pais, mas numa casa separada

— Achei que você morasse com seu tio — Priscilla disse se surpreendendo

— Morava, ele faleceu no começo desse ano — Danielle disse enquanto mais uma lágrima descia

— Desculpe, não queria tocar num assunto tão triste — Priscilla disse ressentida

— Tudo bem, ele era incrível — Danielle sorriu — Só me fazia bem, me fazia rir, só lembro dele com coisa boa mesmo

— E por que está chorando? — Priscilla perguntou reparando no rosto molhado e no lenço úmido de Danielle

Antes de responder ela respirou fundo, pesado, pensou durante alguns segundos

— Fiquei pensando no que conversamos, eu não sou a favor de estupro, nem abuso de menor como pareceu — Respondeu sendo direta

— Eu não te acusei disso, foi isso que você entendeu? — Priscilla disse preocupada

— Não, não me acusou, mas eu me senti assim, eu sei que esse tipo de coisa destrói a vida de milhões de pessoas, o estupro transforma negativamente todos — Olhou para Priscilla parecendo confusa — Por que só eu que vejo isso como positivo? Eu tenho algum problema? Sou uma psicopata de algum tipo?

— Não vejo psicopatia em você, pelo contrário, você é totalmente empatica, as vezes até demais, isso explica a maioria dos seus relacionamentos

Danielle parecia não entender

— Você se doa demais Dani e se frustra por que as pessoas não se doam tanto, aí você fica chateada

Danielle ouviu sem responder

— O que você me contou foi pesado, foi grave e eu remoí como deu, você foi estuprada e abusada por um homem muito mais velho, não importa como você veja isso, você tem a síndrome de estocolmo, mas você ja é adulta, acho que é a minha paciente mais inteligente, então é algo que você tem que resolver sozinha na sua cabeça

Danielle olhava distante, pensativa

— Vocês continuaram transando? — Priscilla perguntou — Quero dizer, depois que voltaram?

*** Dezesseis anos antes ***

Os dias eram sempre iguais, Danielle ia para a escola com o irmão a vigiando, voltava e ia para a igreja ter aulas bíblicas, nenhuma atividade que ela fazia era sem surpervisão, sua mãe supervisionava suas roupas, seu alimento, seus livros, tudo.

Já haviam se passado seis meses da viagem, Danielle não havia voltado a ver Antônio, estava sob vigilância constante de seus familiares, não podia nem ir na rua.

No intervalo da escola ela tinha paz, ficava sozinha sentada no banco, os meninos não brincavam com ela por que chamavam ela de viado, as meninas achavam-na esquisita demais para andar com elas, acostoumou-se então a ficar sozinha

— Danielle? — Ouviu uma voz feminina a chamar, só ela e Antônio sabiam aquele nome

Olhou assustada, era Patrícia, a filha de Antônio, não respondeu, apenas olhou ofegante, sentiu medo, Patrícia se aproximou.

— Moisés, quem é Danielle? — Patricia perguntou sentando-se do lado dele

Ele não respondeu, fingiu que não havia visto a amiga

— Fala comigo vai, eu não sou besta, sei que aconteceu alguma coisa, mas ninguém quer me falar — Patricia disse — Meu pai te machucou?

— Não! — Respondeu assustada — Não me machucou não, alguém disse que sim?

— Sua mãe gritou com ele, disse que ia colocar ele na cadeia — Patrícia disse — Ele ficou bem triste, eu vi ele chorando

— Ele chorou? — Danielle ficou preocupada

— Sim, a gente foi na semana passada pra Bahia, fui no meu quarto e vi que você esteve lá — Pegou um papel e deu para ela

Era uma folha de caderno onde estava escrito diversas vezes “Danielle”

— Por que você escreveu Danielle tantas vezes? — Patricia perguntou — Foi você né? Ninguem esteve lá

— Eu estava treinando, eu não devia ter deixado-la, desculpa

— Quem é Danielle? — Patricia perguntou curiosa

Moisés respirou fundo, não respondeu

— Você mexeu nas minhas roupas né? — Patricia voltou a perguntar

Mas Moisés não respondeu

— Você vestiu minhas roupas né? — Patricia insistiu, esperou bastante tempo e não teve resposta — Vou te fazer só mais uma pergunta, eu quero que você responda, por favor e eu vou embora

Moisés olhou para ela.

— Eu conversei com o meu pai sobre algumas coisas e ele me falou algo — Patricia disse — E eu pesquisei na internet

— O que? — O coração de Moisés bateu rapido

— Você não acha que é um menino né? — Ela perguntou — Você acha que é uma garota?

Moisés abraçou os joelhos e colocou o rosto no meio das pernas

— Me responde — Patricia perguntou

Moisés fez que sim com a cabeça

— Você é transexual né? — Patricia perguntou não esperando nenhuma reação

Moisés levantou o rosto e olhou para ela franzindo o cenho

— Sou o que? — Ele perguntou confuso

— Transexual, você é uma menina transexual, certo? — ela insistiu

Moisés olhou para ela surpreso, tentava entender o que ela dizia, não conhecia a palavra, não sabia o que era aquilo, não conseguia entender

— Você não sabe o que é isso? — Patricia se surpreendeu — Pega seu celular e procura

— Eu não posso mais ter celular, minha mãe não deixa — Respondeu triste

Priscilla pegou no bolso um aparelho pequeno com uma tela colorida pequena, um iPhone, digitou algo e deu na mão de Moisés, havia uma bandeira azul, branca e rosa e os dizeres

“Transexual é uma pessoa que não se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu, ou seja, é alguém que não se sente adequado ao gênero que recebeu no nascimento. Assim, podemos dizer que uma pessoa é definida como transexual quando sente desconforto com seu sexo biológico.”

Moisés ficou paralisado, lia e relia, era aquilo, ele era um Transexual, não sabia que havia um nome para aquilo que sentia, se tinha um nome quer dizer que ele não era a única pessoa que sentia aquilo, ele não estava errado, alguém já conhecia, ele podia falar e pedir ajuda, depois de meses ele deu um sorriso.

O alarme soou e Patrícia pegou o celular da mão dele

— Tenho que ir, meu pai te mandou um beijo, ele disse que vamos mudar nesse fim de semana

— Mudar pra onde? — Moisés disse preocupado

— Vamos pra Bahia, acho que eu fico aqui até o fim do semestre, com a minha avó, mas ele vai para lá com a minha mãe

— Por que? — Moisés perguntou

— Não sei, acho que ele vai vender o caminhão — Patricia respondeu — Tchau

Ele não respondeu, ficou olhando ela ir, então se levantou e entrou na sala, era uma confusão de sentimentos, estava contente por saber que o que ela sentia tinha nome, mas ficou triste por Antônio estar indo embora, e ela gostava dele.

Chegou em casa, sentou-se na mesa para almoçar

— Come logo para não se atrasar pra igreja — Tereza, a mãe de Moisés disse apressada

— Mãe — Ele disse temeroso — Eu sei o que eu sou

— Você é filho de Deus, só isso que você é — Ela disse sem dar muita atenção

— Não mãe, eu sou Transexual — Ele disse temeroso

Ela parou para prestar atenção

— Quem tá colocando essas merdas na sua cabeça moisés? — Ela perguntou preocupada — Esse negócio de viadagem é falta de Deus, você odeia Deus é isso?

— Não! — Ele respondeu em desespero

— Você quer fazer Jesus chorar Moisés, quer ver as lágrimas de sangue dele? — Tereza disse com cara de pesar

— Não mãe, eu não — Ele se defendeu

— Então para com essa frescura, por que você é homem, eu nem vou falar isso pro seu pai se não ele vai te dar uma surra que você nunca mais vai andar

Os olhos de Moisés encheram-se de lágrima, ele não disse mais nada

*** No Consultório ***

— Então você descobriu o que você era — Priscilla disse curiosa — E o Antônio, ele foi embora mesmo?

— Foi, mas eu consegui falar com ele antes.

— E como foi? — Priscila perguntou

— Em poucos dias eu me tornei especialista em tudo o que era relacionado à transexualidade

— E como você conseguiu isso? não estava com acesso restrito ao celular?

— Estava, na igreja tinha internet, e eu fiquei responsável por configurar os computadores das aulas, ficava a tarde toda ajudando e fazendo coisas, como dar aula, preparar pesquisas e materiais para os professores que ensinavam a comunidade carente, como eu era mais esperta com tecnologia eu fazia essas pesquisas sem ninguém ver.

— Esperta — Priscilla disse sorrindo

— E também usei para outras coisas

— Que coisas?

— Para procurar sobre sexo, para entender o que eu havia feito com Antônio, e entender por que parecia tão errado, mas ao mesmo tempo era tão bom, isso me parecia pecado — Danielle respirou fundo — E é aqui que eu tenho que falar com você sem tantos detalhes

Priscilla apertou os braços da cadeira, sabia que viria coisa pesada por aí

— Continue — Disse tentando não parecer nervosa

— No sábado, quando ele ia embora, eu liguei pra casa dele e dei um trote para a esposa dele, disse que a mãe estava no hospital, escapei até a casa dele, por que ele estaria sozinho

— E o que você fez? — Priscilla perguntou preocupada

— Entrei na casa dele e conversei com ele — Danielle disse com as lágrimas descendo — Ele disse que ia embora por que não aguentava não poder me ver e que a esposa estava doente, que ele iria para lá para ela ficar perto da família e para ele me esquecer e que também isso não seria saudável para mim.

— E o que você fez? — Priscilla perguntou vendo que Danielle havia parado de falar, o silêncio fez ela entender — Vocês transaram de novo?

— Sim — Danielle disse entristecida — Entende por que eu não sinto que foi um estupro? Por que eu fui atrás, eu estava apaixonada por ele, eu o desejava

— Dani — Priscilla disse preocupada — Eu não sei o que dizer sobre isso, nessa idade você não sabia das coisas, você ainda acha que sabia?

— Eu era — Ela pensou — Eu sou uma pessoa emocional, e minhas emoções não mudaram.

— Então você ainda pensa igual? — Priscilla perguntou curiosa — Não é um julgamento, eu não te julgo por nada que você me fala, minha intenção é fazer você pensar.

— Isso já aconteceu faz dezesseis anos, eu sei que minha impressão de agora não reflete a Danielle — Faz uma pausa — Moisés, do passado.

— E como foi quando ele se foi? — Priscilla disse

— Eu fiquei sem ele, a marcação cerrada da minha família diminuiu, eles nunca tiveram certeza do que havia acontecido comigo, mas ficou claro que foi só por causa dele.

— E ele nunca mais voltou?

— Bem — Danielle respirou fundo — Eu tinha doze anos, a próxima vez que o vi foi com dezoito, uma semana depois do meu aniversário — Aí eu já trabalhava, já era mais independente do que na época

— Nesse meio tempo, você seguiu com a ideia de ser transexual? Conseguiu evoluir nisso? — Priscilla perguntou

— A ideia sim, mas eu não consegui fazer muita coisa até completar os dezoito, na verdade eu ganhei um presente no dia do meu aniversário

— Que tipo de presente?

*** Dez anos antes ***

— Moisés, chegou uma coisa pra você aqui — Léia disse com um pacote na mão

Ele saiu do quarto animado, era sexta feira, havia se livrado do estágio aquele dia

— O que é isso Moisés? — Tereza perguntou quando viu o pacote

— Nada mãe — Ele entrou e se trancou no quarto

Ela foi até a porta e bateu

— O que você está aprontando menino atribulado, não tá com essas bobagens não né?

— Não — Respondeu pela porta

Ele estava esperando a embalagem chegar, era grande, eram algumas compra online que ele havia feito com o dinheiro que havia ganhado dando aulas de computador, instalando antivirus, windows e tudo mais

Ligou a musica no playlist de rock e rock evangélico num volume alto, os pais aprovavam o White Metal depois de ela explicar detalhadamente o que era. Seu pai custou a acreditar, mas ele também acabou gostando do som louvando ao senhor em inglês e por vezes em português também.

Creme para a pele, cera para depilação, lápis de olho, blush, rímel, um top e uma mini saia com uma sapatilha.

Foi animado para o banheiro, arrancou os pelinhos que apareciam em seu rosto direto com a cera, foi doloroso, mas o resultado liso o deixou satisfeito, odiava aqueles pelos no rosto, nariz e pescoço.

Passou o creme para cuidar da pele, e vestiu a roupa, o top preto era do modelo tomara que caia com enchimento e depois a saia rodada, olhou-se no espelho e colocou a mão na boca, estava linda, feminina, colocou a meia calça e deu pulinhos de alegria contido.

Foi até o espelho e pegou a maquiagem, um contorno com o lápis, um pouco de sombra, passou o rímel com cuidado, tinha pouco, não podia errar, pegou o batom e passou

Olhou-se no espelho, quase não acreditou, ouviu um barulho na porta e olhou, não era nada, alguém devia ter batido, voltou a se olhar

— Danielle, você está maravilhosa! — falou sorridente — Deus, obrigada por ter um rosto tão feminino assim!

Ela se olhava de lado e de frente, de costas, andava na frente do espelho, sentia linda e feminina, não devia nada em beleza para nenhuma das piriguetes da rua

— Os meninos vão ficar doidinhos comigo — falou sorridente

Ouviu um estrondo na porta, ela abriu e uma multidão de pessoas entrou

Danielle olhou, estava na frente do espelho, no canto do quarto, não tinha como fugir ou se esconder

— Moisés, em nome de Deus, que inferno é esse? — O pai entrou soltando fogo pelo nariz

Junto com ele estavam a mãe, o irmão com a namorada e a irmã com o namorado todos o olhando com cara de espanto

— Eu, eu, estava só brincando — Tentou se explicar

O pai avançou em fúria pegando-o pelo pescoço

— Você voltou com essa bobagem Moisés? — Ele olhou para a esposa — Tereza, você disse que esse demônio tinha parado com essa atribulação, você tá levando ele mesmo na igreja?

— Eu to sim Valdir — A mãe se defendeu — Ele vai todos os dias a noite, ele não fazia mais isso, deve ser amizade ou essa internet

— Tá me machucando — Moisés falou segurando o pulso do pai

Valdir era pedreiro, tinha a mão áspera, grossa, forte, Moisés estava sendo sufocado, estava na ponta dos pés sentindo dificuldade

— Seu Valdir solta ele! — A namorada do irmão gritou de longe

Valdir afrouxou a mão, Moisés se abaixou tossindo com a mão no pescoço, o ar rasgando a garganta ardendo como fogo

Valdir pegou ele pelos cabelos e o fez levantar

— Eu não sei onde eu tava com a cabeça que deixei o demônio entrar aqui em casa — Arrastou moisés pelo quarto

Moisés sentia muita dor, os cabelos cumpridos e bem cuidados, Valdir olhou na escrivaninha e encontrou o que esperava, uma tesoura, pegou-a e mediatamente começou a cortar o cabelo do filho

Assim que viu os fios caindo no chão Moisés começou a gritar

— Não, pai, para, por favor, socorro — Começou a gritar — Alguém me ajuda, em nome de Deus, socorooooooo — Quando deu o berro desesperado sua voz afinou e levou uma joelhada no peito perdendo o ar novamente.

— Tereza trás a tesoura grande, do cabo preto — Valdir disse à esposa

Olhou para o pai com a tesoura na mão

— Eu criei foi um homem, não foi marica não, marica que tem cabelo cumprido e veste roupa de mulher — Olhou para Moisés — E nem é roupa de mulher, isso é roupa de vagabunda ainda por cima, mulher da vida!

— É uma roupa de festa! — Moisés gritou chorando

— Você é um homem, nunca vai parecer uma mulher, vou te levar para trabalhar na obra comigo, aí sim — Valdir falou com cara de nojo — Isso é nojento, que mulher vai querer um mariquinha?

— Eu não gosto de mulher! — Moisés disse

Levou um tapa na cara que o fez tontear

— Demônio do inferno que habita a minha casa — Valdir berrou — Em nome de Jesus Cristo o nosso senhor, vai embora, eu te expulso daqui filho de satanás que tomou o meu filho!

Moisés segurava o rosto ardendo com a potência da mão do pai

A mãe chegou e entregou a tesoura pra ele

— Vem aqui — Valdir chamou de forma abrupta avançando sob ele

— Não — Moisés se encolheu e segurou o cabelo — Não! — Gritou chorando — Me larga!

Valdir se aproximou com violência e o pegou pelos cabelo, Moisés se debatia e gritava

— Alguém me ajuda por favor, por favoooorrr — Chorava enquanto o pai cortava seu cabelo de qualquer jeito, soltou-o no chão

Moisés pegou os fios e tentou colocar na cabeça de novo em desespero, olhou-se no espelho, estava com o rosto feio, a maquiagem havia borrado e escorrido, o cabelo liso e castanho estava maior de um lado da cabeça, estava arruinado, o rosto vermelho

Valdir deu as costas

— Você vai no cabeleireiro e vai raspar careca, vai aprender a ser homem sim, na marra!

— Eu te odeio — Moisés falou do chão — Você é o diabo! — Moisés falou chorando

— O que foi que você disse? — Valdir falou parando e se virando devagar

Moisés se levantou

— Foi isso que você entendeu — Moisés berrou — Você é o próprio diabo, Jesus tem vergonha de você, seu demônio

Num rápido movimento, Valdir pegou a peça de roupa que cobria o peito de Moisés e arrancou com violência, fazendo ele se encolher e cobrir os mamilos envergonhado.

— Filho da puta! — Moisés gritou

O que aconteceu a seguir não ficou exatamente gravado na mente de moisés, ele não compreende esse momento no tempo pois perdeu essa memória, mas a familia inteira viu, Valdir desferiu um soco potente no rosto de Moisés lançando sua cabeça contra a parede e fazendo ele desmaiar imediatamente.

*** No Consultório ***

— Meu deus — Priscilla disse com a respiração pesada colocando as mãos na boca — Ele te socou?

— Só merda né? — Danielle disse

Priscilla pegou um lenço e limpou as lágrimas

— Sinto muito por isso — Falou tentando se conter

Danielle sorriu, e respirou fundo bem devagar, inflando o peito parecendo pensar no que iria dizer

— Obrigada por me ouvir — Falou numa voz mais tranquilizar — Só de eu falar já foi incrível

— É o meu trabalho, e você é uma pessoa incrível, não duvide disso — Priscilla tocou no joelho de Danielle sorrindo

— Obrigada! — Danielle respondeu também sorridente

— E o que aconteceu, te machucou muito? — Priscilla perguntou curiosa

— Quebrou meu nariz e meu dente, fiquei semanas com o rosto preto, minha família encobriu tudo, não me deixaram ir ao médico, mas fui obrigada á ir ao psicólogo da igreja, aí eu conheci o Pastor Otávio — Danielle sorriu

— Um homem bom na sua vida? — Priscilla analisou a expressão dela

— Sim, um homem incrível, mas de outro jeito, esse sim foi enviado pelo senhor só para mim

— Só pra você? — Priscilla disse — Como o Antônio?

O Alarme tocou e Priscila olhou

— Ah Dani, me desculpe, precisamos encerrar aqui, não tenho mais horário agora pela manhã.

— Tudo bem, eu agradeço — Danielle disse aliviada— Depois te falo do Pastor Otávio

Priscilla levantou-se

— Combinado — Priscilla disse — Você me parece melhor agora, como se sente em relação à ontem?

— Acho que falar com você me faz sentir melhor, me desculpa te ligar de noite eu estava tão sozinha e em crise

— Não se preocupe, se precisar pode fazer igual, você fez certinho mesmo, meu trabalho é te ouvir e fazer você pensar, e isso vai muito além desse consultório — Priscilla disse num tom profissional — Você vai trabalhar hoje?

— Sim, vou, mas hoje fico de casa — Danielle disse — Home office

— E a noite, já tem planos? — Conversaram enquanto saiam da sala

— Tem o aniversário de uma amiga do trabalho, não to muito a fim de ir — Danielle respondeu — Mas eu não to afim de ir?

— Porque? — Priscilla perguntou

— Sei lá — Danielle respondeu evasiva — To meio introspectiva

— Lição de casa pra você — Priscilla disse já na recepção

— Qual? — Danielle disse curiosa

— Vai na festa e faz um novo amigo, aí na segunda você me conta sobre ele.

Danielle sorriu e torceu o lábio

— Eu te ajudo e você faz a lição de casa combinado? — Priscilla perguntou sorridente

— Combinado — Danielle respondeu

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Foto de perfil de Rafaela KhalilRafaela KhalilContos: 102Seguidores: 236Seguindo: 1Mensagem Autora Brasileira, escritora de livros de romances eróticos para quem não tem frescura

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