O vizinho 10 - Eu preciso ser honesto com você- 2ª Temporada

Um conto erótico de Galático
Categoria: Homossexual
Contém 2752 palavras
Data: 19/09/2024 01:10:30

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Narrado por André

O ar parecia pesado dentro da casa de Denise, e eu mal conseguia me concentrar na TV. Guilherme estava ali, tão perto, mas a distância emocional entre nós parecia maior do que nunca. Fazia meses que eu estava tentando entender o que sentia por ele, e agora, com Denise dormindo no sofá e o silêncio tomando conta da sala, eu sabia que era o momento.

Eu me levantei e fui até a janela. O ar fresco da noite não ajudava muito a clarear minha mente, mas eu precisava de alguns segundos para organizar meus pensamentos. Sentia o olhar de Gui em mim, e aquilo só me deixava mais nervoso. Como dizer a ele que as coisas tinham mudado? Como confessar que, ao longo dos últimos meses, o que eu sentia por ele tinha se transformado em algo que eu nem sabia que era possível?

Eu - Você acha que as coisas entre a gente mudaram? Eu perguntei, sem me virar.

A sala ficou em silêncio por um tempo que pareceu eterno. Quando ele respondeu, sua voz era suave, mas cheia de incerteza.

Guilherme - Eu não sei... talvez tenham mudado um pouco.

Dei um pequeno sorriso, mas era um sorriso triste. Eu sabia que ele também estava confuso. A questão era: ele sentia o mesmo que eu? Eu respirei fundo e me virei para encará-lo. Era agora ou nunca.

Eu - Eu sinto que... nunca disse o que realmente sinto por você..

Gui me olhou, como se estivesse esperando que eu continuasse. E, por mais que eu quisesse recuar, as palavras saíram de uma vez, como se estivessem esperando por esse momento há muito tempo.

Eu - Gui, eu... tô cansado de fingir que não sinto nada além de amizade por você.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Eu sabia que aquilo o pegaria de surpresa, mas não tinha mais como voltar atrás. Eu precisava dizer, por mais que o resultado fosse me machucar.

Eu gosto de você, Gui. Não como amigo, não mais. Eu tentei afastar isso, tentei não pensar, mas não dá. E quando você se afastou, quando Cauãn nasceu, eu percebi o quanto eu sentia sua falta. Não só da sua companhia, mas de você. De tudo que você é. Eu já senti isso antes quando você quase morreu e aqueles meses no hospital foram me mostrando o quanto eu te amo.. De uma forma diferente.

As palavras pairavam no ar entre nós, e o rosto de Gui mostrava um misto de choque e confusão. Ele abriu a boca para falar, mas nada saiu de imediato. Eu podia ver que ele estava processando o que eu acabara de dizer, mas o silêncio dele estava começando a me sufocar.

Eu esperei mais alguns segundos, mas ele não disse nada. Talvez eu tivesse me precipitado. Talvez estivesse lendo os sinais errados esses anos todos. Um nó se formou na minha garganta, e senti uma onda de frustração e arrependimento.

Eu - Desculpa, eu não devia ter dito nada, murmurei, pronto para sair antes que as coisas piorassem ainda mais.

Dei um passo em direção à porta, mas ouvi sua voz, desesperada, como se ele não quisesse me deixar partir.

Guilherme - Não, espera!

Eu parei, mas não consegui olhar para trás. Não queria que ele visse o quanto eu estava machucado.

Guilherme - Eu só... preciso de um tempo pra processar isso, ok? A voz dele era sincera, mas ainda hesitante. E, naquele momento, eu soube que ele não estava pronto para me dar uma resposta. Talvez nunca estivesse.

Assenti, sem dizer mais nada, e saí pela porta. As palavras que eu nunca tinha tido coragem de dizer finalmente foram ditas. Mas, em vez de alívio, senti um vazio profundo, uma sensação de que algo entre nós tinha mudado para sempre — e eu não sabia se era para melhor ou para pior.

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3 dias depois...

Os últimos três dias tinham sido um turbilhão de emoções que eu não conseguia organizar. Desde que saí da casa de Denise naquela noite, eu não tive notícias do Guilherme. Ele não ligou, não mandou mensagem, e a cada hora que passava, o silêncio dele parecia mais uma confirmação de que eu tinha estragado tudo.

Passei boa parte do tempo em casa, tentando não pensar. Tinha evitado encontrar a galera, evitado qualquer lugar onde eu pudesse topar com ele. Não sabia o que fazer, nem como agir. Parte de mim queria simplesmente seguir em frente, fingir que nunca tinha dito nada, mas outra parte, mais forte, sabia que isso não era possível. A verdade tinha sido dita, e agora eu tinha que lidar com as consequências — mesmo que o preço fosse perder minha amizade com Gui.

No terceiro dia, finalmente, meu telefone vibrou.

Era uma mensagem dele.

Guilherme - "Podemos nos encontrar? Precisamos conversar."

O coração disparou no meu peito. Conversar. Essa palavra, que geralmente era tão normal, agora carregava um peso que eu não conseguia ignorar. Respirei fundo, tentando me preparar para o que quer que viesse a seguir. Parte de mim sabia que talvez fosse o fim. Talvez ele só quisesse esclarecer as coisas, dizer que não sentia o mesmo, que não poderíamos mais ser amigos da mesma forma.

Respondi rapidamente: "Claro, onde?"

Guilherme me mandou o endereço do Mc donalds que fomos antes de tudo ficar tão complicado. Não pude evitar a onda de nostalgia que veio junto com a lembrança.

Cheguei lá primeiro, como de costume, e me sentei em uma das mesas do canto, tentando manter a calma. Estava nervoso, mas também decidido. Eu sabia que aquele momento era inevitável. Não demorou muito para Gui chegar. Ele parecia cansado, um reflexo perfeito do que eu estava sentindo.

Ele se sentou à minha frente, e por alguns segundos ficamos em silêncio, apenas nos encarando. A garçonete veio perguntar se queríamos algo, mas ambos recusamos. A tensão no ar era quase palpável.

Guilherme — André... — ele começou, quebrando o silêncio. Sua voz estava suave, mas firme. — Eu pensei muito nesses últimos dias. Sobre o que você disse.

Eu não respondi de imediato. Apenas esperei, sabendo que ele precisava falar primeiro.

Guilherme — Eu preciso ser honesto com você — continuou, passando a mão pelo cabelo, um gesto nervoso que eu conhecia bem. — Quando você me disse aquilo, eu fiquei confuso. Acho que nunca tinha pensado em nós dois desse jeito. Sempre fomos tão próximos que, para mim, sempre foi... natural.

Eu senti um aperto no peito. Sabia que essa conversa não ia ser fácil, mas ouvir ele dizer aquilo me fazia sentir uma mistura de alívio e dor.

Guilherme — Mas... — ele hesitou, e eu soube que o momento decisivo estava chegando. — Desde que você falou, eu não consigo parar de pensar nisso. E comecei a perceber coisas que, talvez, eu estivesse ignorando por medo. Eu nunca quis arriscar nossa amizade, e acho que por isso, eu... me escondi desses sentimentos. Eu me escondi de mim mesmo.

Eu olhava para ele, tentando entender o que ele realmente estava dizendo. O nervosismo na sua voz era claro, mas havia uma sinceridade ali que eu não tinha visto antes. Ele desviou o olhar por um segundo, como se estivesse tentando se recompor, e então voltou a me encarar, seus olhos brilhando com algo que parecia novo.

Guilherme — Eu não sei o que estou sentindo agora — ele admitiu. — Mas eu sei que é mais do que amizade, André. Eu só não sei como lidar com isso, com a ideia de que, talvez, a gente... funcione de outra maneira. De uma maneira que eu nunca pensei antes.

O alívio que percorreu meu corpo foi indescritível. Eu sabia que ele ainda estava processando tudo, mas só de ouvir que ele também estava confuso, que talvez houvesse uma chance... isso já era suficiente.

Eu — Gui, eu não estou pedindo para você decidir tudo agora — disse, finalmente encontrando minha voz. — Eu só precisava ser honesto com você. Porque o que eu sinto não vai mudar, mas a última coisa que eu quero é te pressionar.

Ele assentiu, parecendo aliviado com a minha resposta. A tensão entre nós começou a diminuir, e um leve sorriso apareceu em seu rosto.

Guilherme — Eu acho que precisamos de tempo — ele disse, agora com mais confiança. — Precisamos entender isso, sem pressa. Mas... eu também não quero me afastar de você. Não mais.

Aquelas palavras foram como um peso saindo das minhas costas. Ele não queria se afastar. E, de alguma forma, eu sabia que aquilo era o começo de algo novo. Algo que ainda estava se formando, mas que, com o tempo, poderia ser o que nós dois precisávamos.

Conversamos um pouco mais, sobre coisas leves, como fazíamos antes, e pela primeira vez em dias, eu senti que havia esperança. Quando nos despedimos, não era um adeus incerto, mas um "até logo". E, pela primeira vez, havia algo a mais no olhar dele, algo que poderia ser o começo de tudo que eu sempre quis

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Narrado por Guilherme

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Os dias começaram a passar de forma estranha. Depois da nossa conversa, eu e André começamos a nos ver mais frequentemente, e as coisas entre nós mudaram, mesmo que de forma sutil. Não era algo que eu conseguia nomear, mas sentia que existia uma tensão no ar, algo que não estava ali antes, e eu sabia que Milena estava começando a perceber também.

Ela sempre foi perceptiva, mas eu não esperava que começasse a fazer perguntas tão cedo. O primeiro sinal veio durante uma noite em que eu estava mexendo no celular, trocando algumas mensagens com André sobre o trabalho e sobre a vida em geral. Milena, que estava deitada ao meu lado no sofá, lançou um olhar de canto de olho.

Milena — Falando com quem? — ela perguntou, sem tirar os olhos da TV.

Eu hesitei por um segundo. Era a primeira vez que sentia o peso de uma pergunta tão simples. Ela sempre soube que eu e André éramos próximos, mas ultimamente, a natureza das nossas conversas tinha mudado, e eu não sabia como explicar isso para ela.

Eu — Com o André — respondi, tentando soar casual.

Ela apenas murmurou em resposta, mas algo no seu tom me fez perceber que ela não estava tão indiferente quanto parecia. Ela ficou em silêncio, mas eu sabia que sua mente estava trabalhando.

Os dias seguintes foram parecidos. Milena começou a fazer mais perguntas sobre o que eu fazia quando saía, onde eu ia, e com quem estava. Parecia que, a cada encontro com André, a desconfiança dela aumentava um pouco mais. E, se eu fosse honesto comigo mesmo, também estava começando a ficar mais nervoso. Eu sabia que a amizade que tínhamos não era algo que ela precisava questionar antes, mas agora... agora tudo estava diferente.

Uma tarde, depois de passar algumas horas com André no café perto da faculdade, voltei para casa e encontrei Milena sentada à mesa, me esperando. Havia algo no jeito como ela me olhou que me fez perceber que essa conversa estava chegando.

Milena — Precisamos conversar, Gui — ela disse, cruzando os braços. — Sobre você e o André.

Meu estômago deu um nó. Tentei me manter calmo, mas sabia que não poderia evitar isso para sempre. Me sentei à mesa com ela, o coração batendo acelerado.

Eu — O que tem o André? — perguntei, tentando parecer despreocupado.

Milena — Não sei, Gui. Talvez seja coisa da minha cabeça, mas... — Ela fez uma pausa, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as palavras. — Desde que ele começou a aparecer mais, parece que tem algo estranho entre vocês. Vocês sempre foram próximos, mas agora... parece diferente.

Eu não sabia o que dizer. Milena sempre foi direta, e naquele momento, eu percebia o quão difícil seria lidar com essa situação.

Eu — A gente só está mais próximo por causa de tudo que aconteceu, com Cauãn, com... a vida. — A explicação soava fraca até para mim.

Ela balançou a cabeça, como se não estivesse completamente convencida. Seus olhos estavam fixos nos meus, como se ela estivesse procurando por uma resposta que eu não estava pronto para dar.

Milena — Gui, você pode ser honesto comigo. Eu só quero entender o que está acontecendo. Você tá agindo diferente, e eu preciso saber se tem algo mais entre vocês dois que você não tá me contando.

Milena não estava errada em sentir que algo tinha mudado. Ela conhecia a velha versão de mim, o cara que nunca tinha pensado em André de outra forma. Mas agora, tudo estava confuso, para mim e para ela. Eu sabia que precisava lidar com isso logo, antes que a situação saísse do controle. Mas naquele momento, tudo que consegui dizer foi:

Eu — Não tem nada acontecendo, Milena. A gente só... é muito amigo.

Ela me olhou por mais alguns segundos, e eu sabia que não estava convencida. Milena sempre teve um sexto sentido para quando algo estava fora do lugar. E naquele momento, eu percebi que, mesmo sem querer, eu estava prestes a magoar alguém — e não sabia como evitar isso.

Milena - Bom.. Daqui 2 dias eu vou para Minas Gerais levar o Cauãn para conhecer os avós, quer ir?

Eu - Não, vou ver algumas coisas com o Walter ainda...

Milena - Beleza.

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Narrado por André.

2 dias depois.

Os últimos dias foram intensos. Desde a nossa conversa, eu sabia que algo estava mudando entre mim e Guilherme. Cada encontro parecia mais carregado de tensão, mas de uma maneira boa — como se estivéssemos caminhando em direção a algo que ambos queríamos, mas que nenhum de nós sabia exatamente como começar.

Foi numa sexta-feira à noite, depois de uma longa semana de trabalho . Guilherme me chamou para ir até a casa dele já que Milena tinha viajado. A ideia era simples: assistir a um filme, relaxar, como fazíamos sempre. Só que dessa vez, havia uma expectativa no ar. Eu sentia isso. Ele também, mas nenhum de nós falava sobre isso.

Cheguei à casa dele por volta das oito. Gui abriu a porta com aquele sorriso de sempre, mas percebi que seus olhos estavam diferentes — havia uma calma ali, mas também um certo nervosismo, como se ele soubesse que aquela noite poderia mudar tudo.

Sentamos no sofá, com uma certa distância entre nós. O filme começou, mas eu mal conseguia me concentrar. O silêncio entre nós não era desconfortável, mas era carregado de possibilidades. A cada minuto que passava, eu me pegava olhando para ele de canto de olho, vendo como ele também parecia distraído.

Guilherme — Tá tudo bem? — ele perguntou, quebrando o silêncio.

Eu dei um sorriso nervoso.

Eu — Tá sim. Só... — hesitei, sem saber como terminar a frase.

Guilherme — Só? — ele incentivou, virando o corpo na minha direção, agora completamente focado em mim.

Eu — Eu não sei, Gui. Parece que tem algo entre a gente, algo que tá mudando, e eu não sei como lidar com isso.

Ele ficou quieto por um momento, mas não tirou os olhos de mim. Finalmente, ele falou:

Guilherme — Eu também sinto isso, André. Só que, pra ser sincero, eu tô tentando entender o que isso significa. Eu... nunca pensei que a gente pudesse estar aqui, desse jeito. Mas agora, parece que... é o que eu quero.

Meu coração disparou ao ouvir aquelas palavras. Eu sempre soube o que sentia, mas ouvi-lo admitir que também sentia algo... aquilo mudava tudo. O silêncio que seguiu foi quase palpável. Ele se aproximou um pouco mais, e, sem dizer mais nada, nossos olhares se encontraram de um jeito que não tinha volta.

Gui estendeu a mão, hesitante, como se pedisse permissão, e eu a segurei, sentindo o calor da sua pele na minha. Era um gesto pequeno, mas que parecia imenso. A distância entre nós desapareceu quando ele se inclinou um pouco mais e, sem aviso, me beijou.

O beijo foi suave, tímido no início, como se ambos estivéssemos testando as águas. Mas, conforme os segundos passavam, a intensidade cresceu. Era como se anos de sentimentos reprimidos estivessem finalmente sendo liberados.

Quando o beijo terminou, ficamos ali, com nossas testas encostadas, respirando juntos. Eu sentia que o mundo ao nosso redor tinha desaparecido. Não havia mais dúvidas, mais incertezas. Só o presente.

Eu — Gui... — comecei, ainda sem fôlego, sem saber exatamente o que dizer.

Guilherme — Shhh... — ele sussurrou, apertando minha mão. — Não precisa dizer nada. Eu sei.

Ele sabia. E, de alguma forma, aquilo foi suficiente. O que estávamos construindo ali era mais do que apenas amizade. Era algo novo, algo que ambos queríamos explorar. Não precisávamos de pressa. Estávamos nos encontrando, finalmente, de uma forma que nenhum de nós esperava, mas que, agora, fazia todo sentido.

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Comentários

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Agora é ter pulso pra enfrentar essa ridícula da Milena...

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Quanto tempo esperei por esse momento. Finalmente chegou

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Ahhh eu tô apaixonado... Volta logo, por favor. Ps. AEspero que a bruxa não atrapalhe.

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Meu Deus, depois de anos... Sim, estou falando ANOS rsrsrs.

Às coisas estão finalmente andando 😃

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