Danielle: Trans, Evangélica - Capítulo 13 - Risco de Morte

Um conto erótico de Rafaela Khalil
Categoria: Heterossexual
Contém 5052 palavras
Data: 22/09/2024 21:58:07

Alguns dias se passaram desde que Danielle e Fabio saíram para jantar depois do affair que tiveram.

— Dani — A voz grave de Fábio chamou — Tá ouvindo?

A pergunta tirou-a do transe

— Oi!? — Ela falou sacudindo a cabeça e olhando por cima da tela do monitor — Desculpe o que você disse? — Perguntou confusa

— Tá tudo bem? Você tá dispersa hoje — Fabio perguntou

— Não — Danielle respondeu sem pensar, fechou os olhos e se concentrou — Sim, tá tudo bem.

Ele se levantou, puxou a cadeira de rodinha e sentou do lado dela

— Manda a real aí, a gente não é mais amigo? — Ele falou pedindo que ela se abrisse

Ela olhou para ele e puxou o ar devagar, soltou de uma só vez apoiando os cotovelos na mesa sem falar nada

— Tá pesado o trampo pra gente né? — Fabio

Ela fez uma careta, não era aquilo que a afligia, ela gostava do ritmo enlouquecido

— Eu gosto de trabalho doido, você sabe — Ela respondeu tentando mudar o foco

— O que tá pegando, Jesus tá te incomodando? Preciso ter um papo com ele? — Fábio falou sério

Ela riu

— Como assim? — Olhou para ele bem humorada

— Eu queria isso, um sorriso — Fabio sorriu também

— Tá, vamos terminar os scripts — Ela falou empurrando o braço dele e ela mesmo indo para trás com sua cadeira de rodinhas

— Dani, a gente subiu quase a metade em um mês, relaxa, a operação já voltou, você quer mais o que? — Fabio disse

— Eu só não quero pensar muito — Danielle disse e fechou os olhos, quando abriu fez uma breve cara de choro e escondeu o rosto nas mãos

— Iiihhh — Fábio falou e se levantou — Vem, vamos tomar um café, rapidão

Ela se levantou, o acompanhou, chegaram à máquina de café. Fabio serviu um café bem doce como ela gostava

— Fala ae — Ele disse encostando no balcão e tomando um gole de café

— Eu vou precisar fazer uma cirurgia — Danielle disse pensativa, tentava abrir o menos possível sua vida, mas as vezes precisava conversar, não ia ver sua psicóloga a semanas

Ele não conseguiu esconder sua surpresa

— Quando? — Ele perguntou num tom de voz brando

— Sexta feira — Ela disse pensativa

— Hoje é quarta feira Danielle, o que tá pegando? É grave isso? — Ele perguntou preocupado com a amiga

— Não, não é urgente — Ela disse encoxando o pescoço, estava nervosa

— E por que na sexta agora? Se não é urgente — Ele perguntou sem entender

Ela tomou um gole de café, estava doce como ela gostava, olhou para ele, a barba por fazer, a pele branca parecendo queimada do Sol, parecia estar mais magro

— É uma cirurgia para corrigir umas coisas — Ela disse tentando não ser reveladora

— Mas assim em cima da hora? — Ele perguntou ainda curioso

— Não, tá marcada a mais de mês já, avisei o Wellington, mas eu tinha esquecido, minha sobrinha me lembrou hoje — Ela respondeu parecendo estar lenta — Acho que vou cancelar, precisamos focar aqui

— Sei não hein, cirurgia normalmente não é bobagem, a não ser que seja silicone sei lá, pra você ficar com tetão — Fábio riu e fez um gesto com as duas mãos na frente do próprio peito

Danielle ficou séria, achou engraçado, mas estava preocupada, ele arregalou os olhos

— Caralho Dani, você vai pôr peito? Desculpa! — Ele falou envergonhado — Eu, eu, eu tava brincando, não acho bobagem não tá, tô só brincando, desculpa

— Que? — Ela perguntou confusa — Não, não é isso, não vou por peito não, de onde você tirou isso?

Ele parecia aliviado

— Ah, sei lá, só pensei — Ele responde evasivo

— Fabio — Ela falou olhando pra ele — Eu sou feia? Seja sincero

— Claro que não mano, tá louca!? — Ele respondeu imediatamente

Ela fez que não com a cabeça

— Espera, respira, vou refazer minha pergunta — Pensou pouco — Minhas expressões masculinas ainda são perceptíveis, né? Por favor seja sincero

— Ah Dani — Ele falou olhando em volta, preocupado, parecia querer correr dali

— Só tenho você de amigo aqui no escritório, preciso saber de uma opinião masculina — Ela disse direta

— Só tem eu de amigo? Você tá mal socialmente hein! — Ele disse tentando ser engraçado

Ela não mudou a expressão

Ele fez uma careta e respirou fundo

— Dá pra perceber sim Dani, não sei o que exatamente, mas dá pra ver — Ele disse parecendo frustrado — E eu me odeio por dizer isso

— Por que se odeia? — Ela perguntou — É a verdade

— É por que eu te acho foda pra caralho, e isso não faz diferença pra mim — Ele disse parecendo envergonhado

Danielle olhou para ele, piscou forte, ele pareceu brilhar, era alto, grande, largo, ela sorriu, sentiu um quentinho no seu coração

Segurou a mão dele

— Obrigada pela sinceridade — Falou animada — É isso que eu vou corrigir

— Como assim? — Ele perguntou confuso

— Uma dezena de pequenas cirurgias para eu ficar mais parecida com uma mulher, ficar mais feminina, não com essa cara de neandertal — Danielle falou

Fábio sorriu, achou engraçado, mas entortou a boca para parecer triste

— Entendi — Ele falou pensativo — Vai ficar mais bonita né?

— Espero que sim — Ela disse, pensou um pouco — Mais?

— É, você ja é gata, acho que se der uma afinada pode melhorar, mas tenho medo que fique feio — Ele falou sem pensar — Desculpa — Ficaram em silêncio e ele sorriu — Meu tio é marceneiro, ele tem uma plaina — Passou a mão no queixo dela — Se você quiser eu tiro um pouco aqui na lateral

Ela empurrou ele e riu

— Besta! — Falou divertida

— Mas qual seu medo, por que você tá tensa? — Fabio perguntou curioso

— Eu vou tomar anestesia geral, tô um pouco preocupada, nunca tomei desse tipo

— Vixe, eu já tomei umas cinco vezes — Ele disse debochado

— Tudo isso? Por que? — Ela perguntou curiosa

— Operei duas vezes esse joelho e uma vez esse, aí fiz apendicite e vesícula — Ele disse — E sempre é geral, soninho gostoso

— Ela sorriu — E perguntou — Não teve medo?

— Não, dá nada não, você dorme e acorda, hoje em dia isso é risco zero — Ele pensou um pouco — Se não for tão invasivo não dá nada, e as minhas foram, a sua vai ser invasiva?

— Eu acho que não, como eu sei que é? — Danielle perguntou curiosa

— Por que você vai mexer nas coisas aí — Apontou pro rosto dela e devagar apontou para o pênis dela

Ela se assustou

— Não, não! — Só aqui apontou para o rosto e pescoço — É só aqui mesmo, do pescoço pra cima!

— Ah, entendi, acho que não deve ser não — Fabio disse — Já tem quem fique no hospital contigo?

— Minha sobrinha vai ficar, mas é um dia só, depois fico em casa

— E alimentação e tudo, já tá tudo certo? — Ele disse preocupado — Por que você vai ficar meio zuada não vai?

— Eu sempre preparo a comida e deixo congelada, hoje mesmo vou fazer sopa, por que só vou poder comer isso. — Ela disse contando os planos

— Você é inteligentona né, pensa em tudo, por isso você é foda — Ele disse sorridente jogando o copo no lixo — Vamos fumar?

— Eu não fumo — Ela disse

— É só pra você ir comigo ali fora — Ele disse malicioso

Ela riu

— Vai lá, vou olhar o script e as máquinas, me ajuda quando voltar

Dirigiram-se ao escritório, Fabio foi até a escada de incêndio e subiu, foi fumar em um lugar onde ninguém via, quando voltou cerca de quinze minutos depois sentou-se ao lado dela, Danielle estava concentrada, sequer se virou.

— Vai lá, não deixa de ir, isso é importante — Ele disse enquanto olhavam para a tela

Ela pensou um pouco, fez que sim com a cabeça.

Trabalharam a manhã toda concentrados, a tarde Danielle ligou para Priscilla, marcou a terapia para a manhã seguinte, iriam falar antes de tudo, ela precisava conversar.

Danielle foi embora as 20:00, a equipe acompanhava o ritmo dela, ninguém reclamava, estavam ganhando horas extras e ela puxava a fila de trabalho.

Naquele dia havia ido de ônibus, gostava de olhar as ruas, as pessoas e pensar que ela podia ser alguma daquelas mulheres, podia acontecer um milagre e ela trocar de corpo com alguma mulher que estava prestes a se suicidar, só para ela sentir o gostinho do que era a feminilidade natural.

— Tiiiaaaaaaaa! — Ouviu a voz aguda e sentiu um abraço por trás

— Aaaaiiii meninaaaa — Danielle falou se equilibrando para não cair — Cuidado!

Ganhou uma sequência de beijos na bochecha

— Você me abandonou, nunca mais veio pra casa! — Miriam reclamou visivelmente irritada — A gente só fala por mensagem

— Ai Miriam, é que eu to trabalhando demais, você sabe — Danielle se justificou

— Eu sei, mas você vai operar na sexta, amanhã você não vai trabalhar né? vai ter que fazer Jejum e tal — Miriam disse

— Oxe, o Jejum é de 12 horas só, não é de 1 dia inteiro, tá doida? — Danielle disse abrindo o portão da casa

Miriam entrou junto.

Tinham uma diferença pequena de idade, Danielle havia acabado de fazer trinta anos e sua sobrinha Miriam tinha 27 anos, ambas se pareciam tanto fisicamente como facilmente, Miriam por ser moldada naturalmente nos hormônios femininos como estrógeno e não na testosterona como Danielle era naturalmente mais franzina e menor.

Os cabelos de Miriam eram castanhos como o de Danielle, mas eram levemente ondulados e igualmente volumosos, os olhos das duas eram castanhos e o tom de pele claro idêntico até com pintas similares no rosto.

Entraram na casa

— Tia, você não vai alugar a casa do tio Ariel? — Miriam perguntou entrando na casa e vendo a louça para lavar, arregaçou as mangas ligou a torneira

— Deixa isso aí menina — Danielle disse

— Não, é rapidinho — Miriam disse animada, havia sido criada para ser dona de casa, era evangélica, uma garota bonita e de corpo bonito, usava sempre roupas recatadas e decentes, sem decote, saia jeans comprida e roupas que cobriam até seu pulso. — Quer que eu venha limpar a casa do tio pra você?

— Não! — Danielle disse — Deixa assim

— Ele deixou tudo pra você né? — Miriam perguntou curiosa

— Você sabe que sim — Danielle disse indo para o quarto da casa que era só dois cômodos e banheiro

— O Matheus falou que o tio era viado, é verdade isso? — Miriam disse num tom de voz alto para Danielle ouvir do quarto

Matheus era o namorados e Miriam, era um homem que Danielle não gostava, ele sempre a olhava com desconfiança e fazia questão de tratá-la como homem, com pronomes masculinos e a cumprimentando-a com um aperto de mão chamando-a de “Irmão” sempre que podia.

— Teu namorado também é viado Miriam, igual o tio e eu — Danielle falou tirando a camiseta e em seguida o sutiã — Deixa essa louça aí!

— Não, é rapidinho! — Miriam disse pensativa — Você acha que o Matheus é viado também?

Danielle parou atrás dela, observou-a lavando a louça, ela não iria parar, decidiu então tomar um banho

— Não, ele não é viado, eu acho, só é um puta homofóbico — Danielle disse desanimada

— Ele não é homofóbico, ele não faz nada com viado — Miriam disse pensativa

— Não é viado Mi, é Gay, viado é ruim — Danielle disse desabotoando a calça jeans

— Você não devia usar calça — Miriam falou olhando a tia ficar só de micro shortinho

— Por que? — Danielle perguntou já sabendo a resposta

— O Pastor falou que calça é roupa de homem e saia é roupa de mulher e cada um tem a sua roupa — Miriam falou parecendo sábia

— Ah Mi, por Deus, você acredita nessas bobagens mesmo? — Danielle falou indo ao banheiro

Miriam falou algo, mas ela não entendeu

— Não to ouvindo — Gritou do banheiro com o chuveiro elétrico barulhento

Deixou a água cair no rosto, a água era quente, era gostoso, relaxava, pegou o shampoo e esfregou os cabelos, a espuma no rosto, deixou por alguns segundos, tudo estava silencioso, apenas o barulho do chuveiro.

Enxaguou o rosto e abriu os olhos, Miriam a olhava de perto demais observando

— Ai porra! — Danielle de um pulo se assustando com a proximidade da sobrinha — Quer me matar do coração Miriam!?

Miriam se assustou também

— Credo, que boca suja! — Miriam falou pra tia

Ela sacudiu a cabeça negativamente

— Desculpa Jesus — Danielle disse fechando o punho no peito e depois olhou pra Miriam — Foi sem querer, desculpa

— Tá bom — Miriam respondeu encostada no azulejo suado do banheiro, observando a tia tomar banho, não havia box.

Por terem uma idade próxima haviam se tornado muito amigas, o lance delas se verem sem roupa aconteceu naturalmente e era algo que a familia delas não sabia, era um segredo das duas, algo que matava a curiosidade dos corpos de ambas, uma para outra.

— É legal ter isso aí? — Miriam perguntou curiosa apontando pro penis flácido de Danielle

— Não, é péssimo, não recomendo — Danielle disse mal humorada — Você sabe que eu não gosto

Miriam ficou em silêncio

— Tia, já pensou que a senhora pode estar comentando pecado? — Miriam perguntou no momento que Danielle desligou o chuveiro

— Que pecado Miram? — Danielle saiu e pegou a toalha olhando curiosamente para a sobrinha

— Você vai mexer na obra de Deus, se a senhora desfigurar a cara do jeito que Deus fez, vai cuspir na cara do senhor — Miriam disse parecendo ensaiado

Danielle deu um sorriso triste, começou a secar o cabelo

— E foi o seu namoradinho que disse isso, certo? — Danielle perguntou curiosa

— Eu tava pensando sabe, na bíblia fala que homem não pode se deitar com homem — Miriam disse parecendo querer se lembrar de algo

— Eu sou homem, Mi? — Danielle disse — Sério? Pareço homem pra você?

— Você tem esse negócio aí que os homens têm! — Miriam apontou para o pênis dela

— E também tenho dois olhos, uma boca, dois braços, duas pernas e vinte dedos igual a você e igual aos homens — Danielle disse irritada — Esse imbecil te faz mal, eu já disse!

Miriam torceu o lábio, não respondeu, ficaram em silêncio no banheiro, Danielle se secando, pensando até que saiu do banheiro, foi ao quarto mal humorada

— Desculpa tia, eu só tava pensando — Miriam disse preocupada

— Pensando nada Miriam, acha que eu não sei? esse vira lata ta colocando coisa na sua cabeça, para com isso, eu não sou gay, não sou viado, não sou homem, entende isso de uma vez por todas, Deus me fez assim é a minha jornada — Batia no próprio peito nu ao dizer “minh” — É a minha vida eu tenho que passar por esse plano que Deus fez pra mim!

— Como a senhora sabe que é isso? e se estiver errada? — Miriam disse — E se for certo voltar a ser homem normal?

— Porra Miriam! — Danielle explodiu — Denovo essa merda? — Falou com lágrimas nos olhos — Esse filho de uma puta tá colocando merda na sua cabeça de novo, vou proibir você de falar com ele, é a segunda vez que você me fala algo parecido, você sabe pelo que eu passei pra chegar até aqui, eu apanhei, você esteve comigo, viu os caras me baterem só por que eu não era igual você

— Mas tia, se você não tivesse vestida de mulher você não teria apanhado, não vê, o plano de Deus tentou te corrigir, ele nos deu os sinais! — Miriam disse como se estivesse na igreja

Danielle sentou-se na cama e colocou as mãos no rosto, começou a chorar copiosamente

— Você não Mi, por favor — Falou tossindo de chorar — Não faça isso comigo!

Miriam correu e se sentou do lado dela

— Ai tia, desculpa, perdão! perdão! — Abraçou ela — Eu tava só pensando tá, desculpa, eu fico com a senhora, deixa deixa, bobagem minha

Danielle ficou em silêncio tentando se recuperar enquanto Miriam acariciava os cabelos dela.

Danielle se levantou, pegou uma calça de algodão e vestiu em silêncio, depois uma camiseta e sentou-se em frente à penteadeira cor de rosa.

— Tia — Miriam disse se aproximando — Não fica brava comigo

— Eu to decepcionada Miriam — Danielle falou chorosa — De todas as pessoas do mundo eu esperava isso, do seu avô e da sua vó, do seu pai, dos seus irmãos e de todos, mas você fazer isso é difícil pra mim, por que dói!

— Eu juro por Deus que não vou fazer mais, prometo! — Miriam disse beijando o pescoço de Danielle e pegando a escova das mãos da tia, começando a escovar os cabelos dela — Eu te amo do seu jeito tá, tá tudo bem — Miriam disse beijando o topo da cabeça de Danielle que tentava se acalmar.

Entenderam-se, jantaram algo, cozinharam uma sopa para deixar pronta para Danielle comer e Miriam ligou para mãe avisando que dormiria ali, dormiram juntas, abraçadas, com Danielle agarrando Miriam e chorando a noite sem a sobrinha ver.

Antes de dormir, Danielle lembrou dos palavrões, que havia explodido para cima da sobrinha, beijou o rosto adormecido dela e disse “Desculpa Jesus”

*** No consultório ***

— Ela quer te converter é isso? — Priscilla perguntou curiosa

— Não, ela não, ela é o que se chama de “Maria vai com as outras”, ela não tem opinião própria nem personalidade, é um camaleão, se está comigo faz o que eu faço, se está com você faz o que você faz, acontece que eu não tenho tido tanto tempo pra ela e o namorado tá fazendo a cabeça dela e isso me assusta — Danielle disse analitica

— Entendo — Priscilla disse — E esse Fábio? — Mudou de assunto drasticamente — Vocês evoluíram muito desde a nossa última conversa

Danielle sorriu envergonhada

— Pois é — Desviou o olhar

— Que sorriso bonito, isso é o que? — Priscilla disse — Falar dele te deixa assim é?

— Acho que sim, ele é tão legal, tão inteligente — Danielle pensa — Mas não é pra mim

— Por que não? — Priscilla disse — Não faz seu tipo?

— Ah, ele tem um filho, é mais velho, sei lá — Danielle disse olhando para cima

Priscilla sabia que ela estava divagando, nunca se abria de primeira, se deixasse ela falaria o que realmente pensa

— Ele não se cuida, tá muito acima do peso, tá ficando careca, meio largado

— Olha que interessante — Priscilla disse curiosa

— O que? — Danielle perguntou sem entender

— A sua principal reclamação aqui é que você reclama que é sempre julgada pela sua aparência e tá julgando o rapaz pela aparência dele?

Danielle piscou algumas vezes, havia sido confrontada com a verdade, abriu a boca e Priscilla continuou

— Será que se não tivesse uma cirurgia para arrumar ele, no cabelo, no corpo e tal ele não faria? Todo mundo quer parecer bonito

Danielle riu

— Eu sou hipócrita né? — Perguntou à Priscilla

— 1,75 de pura hipocrisia — Priscilla respondeu e as duas riram — Mas é importante você estar ciente disso

— Eu vou dar uma chance pra ele, me parece um cara legal, assim que eu me recuperar — Danielle disse

— Que bom, ele sabe disso? — Priscilla perguntou

— Acho que sabe

— As oportunidades passam Danielle, lembra disso, não procrastine sua vida

Ela fez uma careta, sempre adiava tudo que era para si mesma, ficou uns minutos pensativa

— Ele falou que eu sou bonita e que tem medo que a cirurgia me estrague — Danielle disse pensativa

— E o que você pensa disso? — Priscilla perguntou curiosa

— Acho que ele quer me comer e falaria qualquer coisa pra isso — Falou olhando para Priscilla

— E ele querer te comer é ruim? — Priscilla perguntou

Danielle respirou fundo

— Não, não é, na verdade eu não sei, acho que tá certo né — Falou reflexiva

— Compensa? — Priscilla perguntou

— O que? — Danielle perguntou

— Eu sei que na sua cabeça você já viveu a vida com ele, foi lá na frente e seguiu todos os caminhos ruins possíveis, agora volta e faz os caminhos bons, ao invés de perguntar “o que pode dar errado?”, “pergunte o que pode dar certo?”

Danielle ficou observando-a falar

— Ele não é violento, claramente não é homofóbico e me aceita, ele me conheceu quando eu era Moisés — Falou pensativa — Será que ele é gay?

— Vamos ver — Priscilla disse se inclinando para frente — Ele é homem certo?

— Sim — Danielle disse sem pensar

— Ele veio atrás da Danielle ou do Moisés? — Priscilla perguntou

— Eu não sei — Danielle respondeu confusa

— Vou recolocar a pergunta — Priscilla se ajeitou na cadeira — Ele veio atrás de você quando você estava fantasiada de Moisés ou só depois que você se revelou Danielle?

— Ele foi a primeira pessoa no escritório que me reconheceu como Danielle — Danielle falou pensativa — Na verdade… a primeira pessoa do meu convívio mesmo, por que eu saí de casa e fui direto pra lá e ele foi o primeiro mesmo

Priscilla só esperou ela concluir

— É, ele tá atrás de mim, não do Moisés, ele não é Gay então, por que ele gosta da minha figura feminina, mesmo que grosseira — Danielle refletiu — Será que se eu deixar de ser grosseira ele vai gostar menos

— Aí é o problema tipo dois — Priscilla disse tranquila

— Problema tipo dois? — Danielle repetiu sem entender

— Existem dois tipos de problema Dani, os do Tipo um são seus problemas, os do tipo dois não são seus problemas — Priscilla disse com tranquilidade — Ele gostar de você depois do resultado não é seu problema, é dele, você tá resolvendo o seu problema.

Danielle fez que sim com a cabeça.

Conversaram sobre alguns outros pontos e combinaram para a outra semana o retorno, Danielle avisaria se estivesse bem para conversar ou se estivesse debilitada pela cirurgia.

Despediram-se e Danielle foi embora.

Saiu do prédio e caminhou pela rua, ouviu uma buzina, aquilo era comum, provavelmente algum homem com brincadeiras de mal gosto chamando-a de “João” ou algo do tipo chamando-a para uma partida de futebol.

Isso era comum quando ela estava sexy. Danielle usava uma saia preta até o joelho, uma bata branca, transparente com adornos dourados e por baixo usava uma blusinha branca justa com seu sutiã com bojo, o andar era sexy, as pernas cumpridas davam o ar de modelo, a maquiagem bem feita a destacava na multidão.

— Dani? — Ela ouviu a voz conhecida, era Armando

— Oi — Ela falou se aproximando do carro que encostava

— Ta indo pro trabalho? Eu te levo — Ele disse solícito

Ela olhou no banco de trás do carro, não havia ninguém, não era difícil chegar ao trabalho, mas uma ida de carro ajudaria, aceitou e entrou, ele pediu um beijo para cumprimentar, ela deu por educação, o comportamento de Armando era sempre diferente quando estavam sozinhos.

Ele colocou a mão na perna dela, Danielle pegou a mão dele e empurrou

— Ih, se for assim pode encostar que eu vou de transporte público mesmo — Falou ressabiada

— Não, calma , é que você está tão bonita, desculpa — Ele disse dirigindo com mais calma — O Wellington me disse que você vai tirar uma licença

— Uma bobagem, cirurgia marcada, não precisa se preocupar — Ela disse tentando cortar o assunto

— Que cirurgia Dani? — Armando foi direto

— Uma coisa minha Armando — Ela disse tentando fazer ele entender que não queria falar

— Eu ainda gosto e me preocupo com você — Ele disse

— Ai meu Deus — Ela falou — Para o carro Armando, sério, eu vou descer, não quero ter esse papo

— Dani, eu ainda te amo, você sabe — Ele disse — Eu me preocupo com você, estou preocupado com isso, quero saber se posso ajudar, sei do medo que você tem de anestesia

Danielle olhou sério para ele, havia esquecido disso depois da conversa com Fábio, ele a fez parecer confiante, mas lembrou das conversas que teve sobre isso com Armando, da tia dele que havia morrido na anestesia, havia esquecido de falar com a Priscilla sobre isso, entrou em pânico silencioso, ficou quieta no carro, acuada na porta

— Isso te preocupa né? — Ele perguntou sabendo o que ela sentia — Me explica, vamos conversar

Ela disse para ele, falou qual era a cirurgia, explicou o procedimento e disse que era anestesia geral

— Entendo, bem, você vai ficar mais bonita pelo visto, vai tirar o queixo né? — Ele perguntou invasivo

— Vou — Ela respondeu sentindo raiva, mas estava em choque por causa da do medo

Eles estavam chegando no prédio

— Pode me deixar fora, eu subo por fora — Danielle disse

Mas Armando não obedeceu, entrou com o carro colado na parede para ela não sair.

Só os funcionários acima de Danielle tinham vagas naquela garagem, ela não.

Entraram, ele posicionou o carro num canto afastado, mais escuro, assim que parou ela pegou na maçaneta

— Obrigada pela carona — E abriu a porta

— Espera um pouco — Ele disse com a voz rouca, o tom que tranquilizava ela — Vamos conversar

Ela apertou a porta na maçaneta, teve um sentimento bom, lembrou-se do início de namoro com Armando, como era bom, como era gostoso, como eles riam e se divertiam, ela precisava se acalmar, precisava ter algo bom antes daquele momento terrível que viria.

— Só relaxa um pouco, você tá tão linda, e tá tensa demais — Ele disse pegando a mão dela

Danielle voltou para dentro do carro, olhou-o com curiosidade

— Eu to com medo — Ela disse se surpreendendo com as próprias palavras

— Eu sei — Ele disse passando a mão no rosto dela — Eu posso te ajudar

— Como? — Ela perguntou sentindo ele se aproximar cada vez mais

Foi inevitável, ele avançou devagar e os lábios se tocaram, as lingua se acariciaram, eram velhas conhecidas, amantes ardentes de um sexo sujo, violento e delicioso de outrora.

O beijo durou quase um minuto, quando parou Danielle tentou retomar o fôlego, ela precisava daquilo, queria sexo, queria algo familiar, estava subindo pelas paredes já, nem se masturbar ela tinha tempo.

— Eu te amo — Armando disse ofegante no ouvido dela

Ela fez que sim com a cabeça, não era uma pergunta, mas ela deu permissão para algo que nem ela mesma sabia, sua mão deslizou automaticamente para dentro da calça social dele.

O Pano macio e gelado fez ela encontrar o pênis dele com facilidade, não era gigantesco, mas ela adorava aquele sexo, a satisfazia completamente.

Em segundos ele abaixou o banco do passageiro e também estava do mesmo lado que ela, Danielle olhava curiosa para ele, queria saber como ele faria aquilo num espaço tão pequeno, mas já haviam feito, ali mesmo, naquele carro.

Ele empurrou as pernas dela fazendo-a dobrar os joelhos enquanto se beijavam, as mãos dele deslizaram por debaixo da saia e tocaram seu costumeiro micro shortinho, ele puxou tirando-o quase completamente,deixando preso a uma perna, em seguida puxou a calcinha que Danielle usava tirando-a completamente e jogando no chão do carro junto com o shortinho que caiu na passagem da calcinha pelo pé.

A mão tocou o sexo dela, aquilo a incomodava, ele sabia, ela se mexeu tentando sair da posição

— Calma — Ele disse tocando o penis dela que estava ereto, em seguida acariciou as bolas dela.

Danielle ficou imóvel, haviam conversado sobre aquilo, era algo que apenas Antônio fazia com ela, Armando havia feito duas vezes e aquela seria a terceira, ele apertou as bolas dela com força

— Aaaaaaaa — Ela gemeu de dor se contorcendo — Nããããããooooooo — Pediu — Ta doendo para!

Mas ele apertou mais, até o pênis ficar mole, pingando lubrificação

Danielle procurava algo na bolsinha que trazia, deu para ele, era um pacote de camisinha e um tubinho de lubrificante, andava sempre com aquilo.

Armando colocou a camisinha, pegou o tubinho e tirou a tampa, Danielle observava ofegante, o saco pulsando de dor, mas isso a fazia se sentir estranhamente confortável e feminina.

Ele pressionou as pernas dela para que as coxas se encostassem no peito de Danielle, tateou procurando o anus dela, colocou a ponta do tubinho e apertou fazendo parte do gel entrar nela e parte escorrer pela bunda e pelo banco.

— Vai sujar!— Ela disse preocupada e amassada entre ele e o banco do carro

Mas a resposta veio em forma de um penis duro invadindo seu anus cor de rosa e delicado dela

— Aaaahhhh — Ela gemeu enquanto ele a penetrava rapido com muito tesão, vontade e vigor — Que delícia! — Ela disse gemendo em êxtase

Ele insistiu até mais fundo, beijou a boca dela e depois mordeu o pescoço castigando o anus de Danielle com muito tesão e fúria, não durou muito, pouco mais de dois minutos de surra de pau constante, o carro balançava, eles precisavam ser rápidos.

Ele tirou o pênis para fora, puxou a camisinha desemcapando-o completamente

— Não Armando! — Danielle relutou ao vê-lo tirar a camisinha

Mas ele não ouviu, enfiou o pênis direto nela, sem proteção, pele na pele.

Mesmo sendo errado Danielle teve um micro orgasmo, sem ejacular, aquela afronta, aquela obrigação e invasão a deixou confusa e completamente submissa ao macho

Armando recomeçou o castigo com o pênis em riste entrando e saindo sem parar dela, os gemidos dela eram musica para seus ouvidos, então parou e a abraçou, gemeu alto, ela o agarrou também.

— Isso, isso, me dá leite — Ela falou animada sabendo o que vinha— Leitinho!

Ela sabia que ele gostava que ela falasse isso, e ele gozou, dentro dela, Danielle sentiu o calor em seu corpo, a inundação, conhecia bem o sentimento de ser preenchida por dentro desde muito nova, era algo que ela adorava, acalmava sua alma.

Ficaram abraçados alguns segundos com beijinhos e carinhos.

— Eu te amo — Armando falou para ela quando a beijou de novo

A expressão dela foi entristecida

— Você tem namorada Armando — Ela disse — Se me amasse mesmo tava comigo

— Você quem me rejeitou — Ele disse acusando — Eu não terminei com você

— Sua mãe terminou comigo Armando, você nunca me defendeu — Danielle o acusou enquanto tentava se recompor

— Isso não tem nada a ver, eu sempre te aceitei e você que terminou comigo, não eu! — Armando respondeu indignado

— Você nem se esforçou para me ter de volta, em uma semana arrumou essa puta aí que já era seu esquema, eu sei! — Danielle disse

Armando fez uma cara de nervoso, não gostava de ser acuado, ser pego mentindo ou algo do tipo, ele sempre contra atacava sem pensar.

— Pelo menos ela não fica transando com homem comprometido em carro no estacionamento da empresa! — Armando disse para ofender Danielle intencionalmente

O Rosto dela foi de surpresa, ficou pasma, abriu a boca e nada saiu, abriu a porta atrapalhada

— Desculpe! — Armando disse arrependido — Eu não queria…

— Obrigada pela carona — Ela falou ao se vestir e sair do carro

Ele a segurou pelo punho

— Me solta! — Ela deu um berro fazendo ele soltar na hora

— Volta aqui! — Ela ouviu ele falar enquanto ouvia apenas o toc toc do seu salto pelo estacionamento escuro indo em direção ao elevador.

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Oi gente, espero que vocês estejam gostando.

Preciso do retorno de vocês, por favor comentem, deixem sua estrelinhas

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