Amigos,
Peço desculpas pela demora na postagem, mas tive alguns compromissos que me sugaram todo o tempo.
Enfim, segue a história.
Forte abraço,
Do Mark.
Ela me encarava com sangue nos olhos, mas que, pouco a pouco, se transformaram em tristeza, seguida de medo. Fiquei sem saber como ajudá-la até que ela própria falou:
- Tá! Eu… Eu… Eu vou para aí. Não vou te perder sem lutar!
[CONTINUANDO]
- Que porra é essa de me perder!? Quem disse que você vai me perder? - Perguntei, sorrindo.
- Então, eu fico. Se não tem risco algum, eu fico. Eu confio em você e no que a gente sente um pelo outro.
Eu parei por um instante, olhando a saída do ar condicionado do meu apartamento e voltei a encarar o aparelho, dizendo:
- Tem a minha palavra sim e a minha palavra é lei, mas eu gostaria que você viesse. Vou ter o maior orgulho de apresentar a minha futura esposa para todos.
- Eu sei, amorzin, mas se está tudo bem, eu prefiro ficar. É bem fora de mão para mim ir até São Paulo. No futuro, eu irei, pode ter certeza disso.
Ainda segui tentando convencê-la a vir, mas ela se mantinha irredutível. No final, acabei eu sendo convencido de que sua viagem seria muito complicada.
No dia, hora e local marcados para o aniversário do Alfredo, compareci só, levando apenas os convites personalizados que ele havia me entregado alguns dias antes e uma garrafa de uísque. Fui encaminhado para um camarote, reservado especialmente para o evento. Enquanto seguia para o local, conduzido por uma recepcionista que mais parecia uma modelo de tão linda, recebi uma ligação da Chiquinha. A atendi ali mesmo e estranhei por ela perguntar onde eu estava, afinal, ela sabia da festa de aniversário e havia recusado o meu convite insistente. Ao saber que eu já havia chegado, pediu desculpas e rapidamente desligou, deixando-me “no vácuo”.
Enfim, cheguei ao recinto reservado e assim que entrei, o Alfredo veio me receber com um abraço cordial, puxando a Emanuelle que foi mais comedida, afinal, estávamos entre os seus amigos mais próximos e alguns parentes. Comedida no cumprimento, mas não no comprimento de seu vestido, curto demais, quase mostrando as polpas de sua bunda, além de um decote mais do que insinuante. Precisei me cobrar severamente para desviar o olhar, pois já estava começando a ficar excitado com a cena. Acho que ela notou, pois vi um sorriso e depois de um tempo, ela conversava animadamente com o marido, mas sem me tirar de seu campo de visão.
Parecia ser uma balada normal, igual a de qualquer danceteria, não fossem os já anunciados shows de strip-tease masculino e feminino, e uma apresentação de sexo explícito que seria protagonizado por uma conhecida “influencer” mais tarde. Além disso, algumas moças com vestidos justos e curtíssimos serviam os convidados com canapés e as mais variadas bebidas alcoólicas ou não. Mais convidados chegavam a cada momento e o salão reservado já parecia não comportar tanta gente.
Fazia uns 30 minutos que eu estava ali, bebendo e interagindo com o Alfredo e os demais presentes, alguns solteiros inclusive, até que a Emanuelle veio conversar um pouco comigo. Estávamos de costas para as pessoas, olhando o movimento na parte inferior do salão enquanto conversávamos banalidades quando ouvimos um dos solteiros soltar um “Caralho! Que mulher é essa!?”. A surpresa fora tamanha que eu e a Emanuelle nos entreolhamos por um instante, sorrindo da indiscrição do rapaz que pode ser ouvida mesmo com o som alto. Logo um burburinho se seguiu e isso nos chamou a atenção, tanto que nos viramos em direção a tal mulher e vi uma imagem que me surpreendeu imensamente.
Vindo em minha direção, de braços dados ao Alfredo, vinha a Chiquinha, encarando-me com um lindo sorriso e um brilho reluzente daqueles olhos pretos amendoados. Vários pararam para olhar o desfile da minha caboclinha, respeitando-a por estar sendo conduzida pelo anfitrião, mas mesmo assim, fazendo que 11 entre 10 quebrassem os pescoços em sua direção e não era para menos, pois ela estava um verdadeiro arraso com um vestido longo vermelho, justo e com uma fenda na perna direita, sem decote na frente, tudo em cima de um scarpin de salto médio preto. No rosto, uma maquiagem discreta, mas muito bem feita, não que ela precisasse e os cabelos estavam um espetáculo à parte, simplesmente lindos e volumosos, muito bem encaracolados.
Ela era simplesmente a mulher mais bela daquele local, tanto que a própria Emanuelle soltou um “Nossa!”, chamando brevemente a minha atenção. Assim que ela se aproximou enfim de nós, o Alfredo brincou:
- Agora começo a entender tudo, Marcel… Uma mulher linda como esta tem que esconder à sete chaves mesmo!
Ela seguia sendo o centro das atenções, impossível não notar os olhares cobiçosos para cima da minha caboclinha, mas ela parecia alheia a tudo e todos. Apenas agradeceu o elogio do Alfredo e se aproximou ainda mais de mim, repousando sua delicada mãozinha em meu peito e se aproximando ainda mais:
- Oi, amorzin…
- Chiquinha!? O que… você… Como? Eu… não estou entendendo mais nada.
- Credo! Se não gostou da minha surpresa, eu vou embora. - Disse e se virou, como se fosse sair.
Claro que a segurei e a virei novamente para mim, abraçando-a bem apertado, feliz da vida. Ela deu uma gostosa risada e disse:
- Uiiii! Vai me amarrotar inteirinha... Nunca usei um vestido chique desse e você quer me zoar? Faz assim não, amorzin!
Soltei e ela me deu um selinho. Só então ela olhou na direção da Emanuelle que parecia mais surpresa do que eu. A Chiquinha foi até ela e a cumprimentou com um beijo no rosto, agradecendo o convite e falou algo que ninguém parecia esperar:
- Já estou sabendo de tudo, mas não vou entregá-lo de mão beijada. Saiba que lutarei com garras e dentes para proteger o meu casamento, contra quem quer que seja.
- Manô, não é nada disso! É que eu…
- Ele já me contou tudo! Eu vim para ficar. Se quiser ser minha amiga ou nossa, podemos até nos entender, mas você jamais será somente amiga dele novamente. Estamos entendidas?
O clima tinha tudo para azedar. Eu olhava para a Chiquinha sem saber o que fazer e tive a ideia de olhar para o Alfredo, talvez para pedir que ele tirasse a Emanuelle, mas qual não foi a minha surpresa ao ver o velho babão, sorrindo maliciosamente para o nada, enquanto percorria com os olhos o corpo da minha caboclinha, em especial na sua bunda. A Chiquinha vendo que a Emanuelle não parecia reagir, voltou a me encarar e brincou:
- Surpresa! Tchanannnnn! - Deu uma gostosa risada, seguida pelo Alfredo: - Eu queria que você visse a sua cara quando me viu, aliás, eu queria que você se visse agora.
- Por que não me avisou? Eu teria ido te buscar. Eu… Eu… - Falei, tentando mudar o foco do embate.
- Fica calmo, amor. Eu só quis fazer uma surpresa mesmo. Eu até não viria, mas a minha mãe fez questão e me deu o vestido, dinheiro e me colocou no avião… - Fez uma expressão preocupada e passou a mão na testa: - Afff! Trem ruim demais! Tô suando até agora…
Como o Alfredo seguia ali próximo a nós, eu a apresentei formalmente para ele que disse já ter se apresentado quando ela chegou na porta do salão, afinal, ela chamou a atenção de imediato ao chegar. Foi então que ele disse que a acompanhou até onde estávamos para protegê-la, porque seria bastante certo que seria abordada assim que desse um passo ali.
Notei que a Emanuelle passou a olhar meio inconformada pela Chiquinha estar ali, principalmente depois do enquadro que levou. Acho que o Alfredo teve a mesma impressão porque logo a convidou para acompanhá-lo e ela se foi, não antes sem dizer:
- Fiquem à vontade! Se precisarem de qualquer coisa, é só me avisarem.
- Ficaremos bem sim, amiga. Obrigada pela atenção. - Disse a Chiquinha, com um sorriso que, pela primeira vez desde que a conheci, beirava alguma forma de sarcasmo.
Assim que eles se afastaram, abracei novamente a minha caboclinha e a girei com uma mão, vendo que o seu vestido não possuía decote na frente, mas em compensação, não possuía panos atrás, era um vazio imenso que terminava pouco acima da sua cintura, só ocultado pelos seus cabelos. A surpresa foi tanta que parei o seu giro quando ela estava de costas para mim e ela começou a rir:
- Parece que gostou do que está vendo, né?
- Nooooossa! Você veio para abalar geral, né não!? - Falei, virando-a para mim novamente.
- Sei direito o que você quer dizer com isso não. Eu só achei bonito demais esse vestido e que me caiu bem, não concorda?
- Nossa! E como…
- Não gostou então?
- A-do-rei!
Peguei uma batidinha de morango para a Chiquinha e um uísque para mim. Ficamos então interagindo, namorando, mas quando eu tentava beijá-la, ela fugia, sorrindo, até que eu resmunguei:
- Você veio para cá para me torturar?
- Não, amorzin, é que o meu batom vai borrar se a gente se beijar e a gente… bem… a gente não sabe se beijar de leve, né?
- Você podia comprar aquele negócio que a Manu usou em você lá no churrasco, né?
- Ah é! Acho que vou pedir para ela. Só acho que é bem capaz dela por um purgante depois da chamada que eu dei nela.
- Ah! Por falar nisso, que história foi aquela?
- Só vim cuidar do que é meu! Se você vai ser o meu marido, eu tenho que me precaver, não concorda, senhor quase meu marido?
Comecei a rir e ela ficou invocada comigo, achando que eu estava fazendo pouco caso de sua iniciativa, mas a grande verdade é que eu estava adorando aquela nova faceta da Chiquinha. E não é que a cabocla ficou invocada de verdade!? Fechou a cara porque eu não conseguia parar de rir e foi pisando alto, meio emburrada para o banheiro. Fui atrás, mas era tarde demais, ela já havia entrado. O Alfredo veio conversar comigo e não se cansava de elogiar a minha caboclinha que parecia disposta a fazer birra contra mim. Os minutos começaram a passar e nada dela sair. Isso começou a me incomodar:
- Alfredo, a Chiquinha ficou meio invocada comigo e entrou ali. Será que a Emanuelle não a chamaria, por favor?
- Manu!? A Manu está no banheiro também.
Eu arregalei os meus olhos e olhei para a porta do banheiro, voltando a encará-lo. Ele deu uma risada e disse:
- Fica tranquilo, meu caro. O máximo que pode acontecer é as duas rasgarem os seus vestidos e nós termos um espetáculo.
- Nem brinca com isso!
Encostei o meu ouvido na porta, mas não ouvia nada. Isso era um bom sinal, sem gritaria ou discussões, talvez estivessem só conversando; ou talvez uma já tivesse matado a outra afogada no vaso sanitário. Alfredo quase se mijou de rir ao ouvir as minhas suposições, mas por mais divertida que tenha sido, era uma dúvida real saber até que ponto aquelas duas podiam chegar. Mais alguns minutos se passaram, até que outra moça pediu licença para entrar. Pouco depois, as duas saíram, primeiro a Emanuelle com um olhar abatido, depois a Chiquinha com um olhar confuso, flutuando entre o abatimento e o medo:
- Desculpa se te magoei, mas na verdade adorei você ter vindo para cá. Por mim, você nem voltaria para o Tocantins novamente. - Falei assim que a Chiquinha voltou para os meus braços.
- Depois a gente fala sobre isso, pode ser?
- Você está bem?
- Estou… Não… Mais ou menos… - Ela resmungou e suspirou profundamente.
- Quer conversar?
- Quero… dançar!
Fomos até uma parte do salão onde alguns casais já ensaiavam alguns passos e ficamos nos curtindo ao som da música. A expressão dela mudou da água para o vinho com um baita, imenso sorriso de felicidade. Logo uma moça veio oferecer uma nova batidinha para a Chiquinha que deu uma olhada de baixo a cima nela. Quando a olhei, entendi o porquê: as “garçonetes” haviam trocado o “look”, passando a usar apenas lingeries mínimas e muito sensuais. Os homens pareciam levar tudo na esportiva, mas notei que as esposas de alguns pareceram ficar bastante incomodadas, tanto que foram as primeiras a irem embora, rebocando a tiracolo os seus respectivos maridos. Entretanto, antes que saíssem, o Alfredo, já alterado pela bebida, quis fazer um pronunciamento. Assim que a música foi abaixada, ele começou:
- Meus queridos, muitos de vocês talvez não saibam, mas… talvez eu não dure muito, não é?
Houve um certo burburinho, com pessoas se entreolhando, surpresas. Aparentemente, a situação de saúde dele ainda não era de domínio público na família e isso causou um certo choque:
- Mas quero que saibam que aproveitei muito bem o tempo que vivi. Até mesmo com a jararaca da Simone! - Disse e riu, olhando na direção da sua ex: - Mas também preciso agradecê-la, pois se não fosse ela ter sido adoravelmente insuportável, eu não teria me divorciado e conhecido essa companheira espetacular que hoje tenho o prazer de chamar de esposa. Então, peço encarecidamente que, assim que ela encontrar um novo parceiro, mesmo que eu ainda esteja perambulando por esta vida, não lhe virem as costas. Ela tem o direito de continuar e ser feliz.
Alguns ensaiaram umas palmas, mas foram praticamente calados pela inércia dos demais que estavam mais surpresos e constrangidos do que felizes com a notícia. Ainda assim alguns foram firmes nas palmas, porque ficou evidente o quanto o Alfredo estava emocionado. A própria Emanuelle começou a chorar e o abraçou quase aos prantos. Isso chamou bastante a minha atenção e inclusive da Chiquinha que soltou um simples:
- Nóóóó… Coitada!
Quando o Alfredo enfim conseguiu acalmar a Emanuelle, a única coisa que ela disse foi:
- Você não vai morrer! Eu tenho fé!
- Deus te ouça, querida, Deus te ouça! - Ele falou, mas logo retornou ao seu pronunciamento: - Outra coisa, trouxe vocês aqui hoje para que conheçam um pouco mais desse universo gostoso dos liberais, porque nós somos e não acho justo que vocês vivam sem conhecer alguns dos prazeres que a vida podem nos proporcionar.
Algumas pessoas começaram a se entreolhar e ele pouco caso fez, continuando:
- Inclusive, já estou tentando arrumar um novo parceiro para a Manu…
Senti um calafrio percorrer a minha espinha e tomei uma boa dose do meu uísque, voltando a encará-lo, bastante aflito:
- E ele está bem aqui hoje, não é, Marcel?
Arregalei os meus olhos, certamente roxo de vergonha e virei o restante do meu uísque. Notei que vários dos presentes começaram a me encarar e olhei para trás, mas como eu estava praticamente encostado na parede, voltei a encará-lo. A Chiquinha apenas pigarreou nesse momento e ele continuou:
- Só não sei se vai dar certo, porque o bendito fruto desse homem complicado foi se enamorar da mais bela mulata que eu já vi na minha vida. De bobo, você não tem nada não, moço! - Disse e gargalhou: - Não se assustem então se eles já ficarem juntos antes da minha partida, porque serei eu por trás dando total apoio para que eles se reencontrem e sejam felizes. Só que agora, vou ter que equacionar essa linda mulher nesse relacionamento, o que não seria problema algum para você, não é, Marcel? Afinal, uma linda morena e uma linda mulata é o sonho de todo homem, não é?
A Chiquinha estava na minha frente, olhando para o Alfredo e virou o seu rosto na minha direção, praticamente cochichando:
- Não é, Marcel?
Não sei se é a tão famosa sensibilidade feminina, mas uma loira que servia uísques, veio ficar do meu lado e sutilmente virou a bandeja na minha direção, sorrindo docilmente. Peguei uma dose dupla e me virei na direção do Alfredo:
- Estou mentindo? - Ele insistiu, olhando diretamente para mim.
- Ainda bem que você falou “tentando”, senão a sua família iria imaginar que você já é corno. - Respondi, meio invocado e ainda insisti: - Infelizmente, aliás, muito felizmente para mim, eu já encontrei uma mulher especial. Então, acho que esse seu plano está meio furado.
- Nunca disse que sua futura esposa não é especial, nem mesmo que você deve descartá-la. Apenas acho que você poderia viver o melhor de dois mundos, com duas belíssimas e muito especiais mulheres. - Ele insistiu.
- Acho que você já bebeu demais, querido! - Falou uma aflita e ruborizada Emanuelle para o Alfredo.
Alguns pareceram acreditar, outros não e certamente houve aqueles que preferiram ficar em cima do muro, dado o estado de saúde do Alfredo ou mesmo do seu grau alcoólico, mas um certo burburinho se instalou. Não durou muito, pois logo duas strippers entraram no nosso camarote e começaram a dar um show particular para os presentes, desnudando-se e se insinuando para os presentes. Foi nesse momento que os mais puritanos, escandalizados com a nudez alheia, ou talvez com as revelações do aniversariante, partiram. No final, ficamos eu e Chiquinha, Alfredo e Emanuelle, Frefre e sua esposa Iracema, mais quatro casais: um de primos do Alfredo e o restante de amigos íntimos. Mas o clima ficou bastante estranho, pesado mesmo. Ninguém entendia a intenção dele e pela forma como a Emanuelle reagiu, nem mesmo ela.
Após algum tempo, o Alfredo veio tirar a Chiquinha para dançar e ela, educada ou para não passar carão com o aniversariante, me perguntou se poderia ir. Eu ainda tentei negar, mas o Alfredo disse que poderia ser a última chance dela, pois ele poderia não estar mais entre nós no mês seguinte. Derrotada com o argumento mais triste possível, aceitou e deram alguns passos adiante. Praticamente segundos após, o Frefre veio conversar comigo e foi bastante direto:
- Essa história sua com a Emanuelle é para valer?
- Não tem história alguma! Nós já fomos casados, mas acabou. O seu pai é que tem insistido para que a gente volte, mas eu nunca concordei com isso, tanto que estou noivo e vou me casar com a Chiquinha.
- Ah bom, porque ficou um negócio meio estranho…
- Olha… Acho que você deveria passar mais tempo e conversar melhor com o seu pai. Talvez ele te explique exatamente o que pretende. Talvez até ele esteja precisando justamente disso, de alguém para conversar, se orientar e você como filho, me parece ser a melhor pessoa para isso nesse momento.
- É, eu… Na verdade, eu tento, mas ele é um turrão difícil de engolir. Quando não quer, não quer e pronto!
Num certo momento, os casais tradicionais que ali estavam, curiosos com o local, decidiram fazer um “tour” pela casa. Ficamos apenas eu e Chiquinha, Alfredo e Emanuelle, mas logo ele nos enxotou porta afora, dizendo que deveríamos curtir a noite enquanto ele se manteria distraído com as strippers. A Emanuelle lhe deu um beijo e se virou para nós, rindo. Puxou-nos então pelas mãos, dizendo que poderíamos deixá-lo que certamente iria saber aproveitar bastante a companhia das “moças”. Não entendi o motivo de toda a sua alegria e perguntei porque ria tanto. Ela explicou:
- Uma realmente é mulher; a outra… - Riu novamente e piscou um olho para mim: - É só uma sacanagenzinha para rirmos mais tarde.
Não havíamos dado sequer quatro ou cinco passos e a porta se abriu, com o Alfredo colocando a cara para fora à nossa procura. Assim que nos viu, foi taxativo:
- “Filhadaputice” das boas, hein, Manu!? Beleza! Vai ter volta… - Deu um leve pulinho para a frente e resmungou com alguém: - Pode parar de esfregar esse troço em mim. Sou espada, fia. Gosto dessas coisas aí não! Brinquem entre vocês…
Retornou para dentro e fechou a porta. Seguimos descendo uma escadaria rumo ao salão principal do clube. Lá embaixo, a Emanuelle nos perguntou o que eu gostaríamos de fazer e eu disse que estava meio perdido, afinal, nunca tinha estado numa casa de swing. Olhei então na direção da Chiquinha que cochichou no meu ouvido:
- Fui puta de zona, amorzin! Nunca tive num lugar bonito assim não. Tô até meio curiosa, sabia?
Não sei se a Emanuelle ouviu a primeira parte da conversa, mas o final sim, pois os seus olhos brilharam e ela disse:
- Então, venham comigo. Vocês irão adorar!
[CONTINUA]
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NÃO SER MERA COINCIDÊNCIA.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DOS AUTORES, SOB AS PENAS DA LEI.