Minha vida estava em um ponto alto, uma sensação de invencibilidade pairava sobre mim. Tudo parecia estar em ordem — as aventuras com Camila, a confiança crescente em Leandro, e a sensação de controle que eu nunca tinha experimentado antes. No entanto, em um piscar de olhos, tudo começou a desmoronar.
Era uma tarde de sexta-feira, e eu estava relaxado, pensando no que o fim de semana traria. O sol ainda brilhava forte no céu, e a última coisa que eu esperava era que uma ligação mudasse completamente o rumo dos acontecimentos. Meu celular vibrou ao lado da cama. Olhei para a tela e vi o nome de Viviane piscando. Um frio percorreu minha espinha. Havia algo errado. Ela raramente me ligava a essa hora, e nunca com uma urgência tão clara.
— Alô? — Atendi, sentindo a tensão crescer dentro de mim.
Do outro lado da linha, a voz de Viviane estava trêmula, quase desesperada.
— Gabriel... por favor... me ajuda! — Ela começou, sua respiração pesada e irregular. Eu podia ouvir o pânico em sua voz.
— Viviane, calma. O que está acontecendo? — Perguntei, tentando manter a calma, mas meu coração já batia acelerado.
— Meu marido... — Ela disse com a voz baixa, como se tivesse medo de ser ouvida. — Ele confessou tudo. Ele mentiu sobre o trabalho dele, Gabriel. Ele sempre disse que viajava a negócios, mas... — Sua voz falhou por um momento. — Ele está envolvido com gente perigosa. Muito perigosa. Ele fez negócios com pessoas que agora estão atrás dele. Tem uma dívida enorme, e eles querem matá-lo!
Meu estômago revirou. A calma que eu tentava manter estava se dissipando rapidamente. Nunca imaginei que Viviane pudesse estar envolvida em algo assim, e a ideia de que o marido dela estava com a vida em risco me atingiu como um soco.
— Ele está em casa agora, escondido no quarto. Confessou tudo para mim e... eu não sei o que fazer! Estou com muito medo, Gabriel... esses homens são perigosos, eles vão encontrá-lo e... e eu não sei o que pode acontecer. — Ela estava à beira das lágrimas.
Eu respirei fundo, tentando pensar rápido, mas a verdade era que eu não fazia ideia de como ajudá-la. Tudo aquilo estava fora do meu controle, fora do que eu sabia lidar.
— Ok, Viviane... calma. — Tentei acalmá-la, mas minha mente já estava girando, buscando uma solução. — Vou ligar para Leandro. Ele vai saber o que fazer.
Ela concordou com um murmúrio, a respiração ainda ofegante. Eu sabia que ela estava se segurando por um fio. Desliguei a ligação e imediatamente disquei para Leandro. Se havia alguém capaz de lidar com uma situação como essa, era ele.
Quando ele atendeu, a voz de Leandro era tranquila, como sempre, mas havia uma firmeza em seu tom que me tranquilizou.
— Fala, Gabriel. Algum problema?
— Leandro... precisamos de você — respondi rapidamente. — A Viviane está com um problema sério. O marido dela se meteu com gente perigosa, e agora estão atrás dele. Ela está desesperada, e eu não sei como ajudá-la.
Eu podia ouvir Leandro ponderar por um momento, a calma dele contrastando com o pânico que eu sentia.
— Coloca ela na chamada — disse ele, sem hesitar.
Rapidamente, coloquei Viviane em uma chamada de conferência. Sua voz estava ainda mais trêmula quando Leandro começou a falar com ela.
— Viviane, estou aqui. Preciso que você me conte tudo com calma. Vamos encontrar uma solução — disse ele, com aquela voz firme e controlada que eu já conhecia.
Viviane respirou fundo e começou a explicar a situação. Ela contou sobre como o marido, que ela sempre acreditou ser apenas um homem de negócios, na verdade estava envolvido em atividades ilegais. Ele havia acumulado uma dívida enorme com pessoas perigosas, provavelmente traficantes ou agiotas, e agora sua vida estava em risco. Ele estava escondido em casa, com medo de sair, e aqueles que estavam atrás dele não iriam desistir até encontrá-lo.
Leandro ouviu em silêncio, mas eu sabia que ele estava analisando cada palavra.
— Ele está com você agora? — Leandro perguntou, sua voz ainda calma.
— Sim... ele está no quarto, trancado. Ele me contou tudo, disse que está arrependido, mas agora é tarde demais. Eles já sabem onde ele mora — disse Viviane, quase chorando. — Leandro, eles vão matá-lo! E podem me matar também eu não sei o que fazer!
Leandro ficou em silêncio por alguns segundos. Podia quase ouvir suas engrenagens mentais trabalhando, montando um plano.
— Certo, Viviane. Aqui está o que você vai fazer. — Leandro começou, sua voz agora mais firme, como se já soubesse exatamente o próximo passo. — Eu preciso que você pegue todas as informações que ele tem. Nomes, contatos, endereços... qualquer coisa que possa ser útil. Vou ver o que posso fazer com meus contatos. Mas você precisa manter a calma e fazer isso com cuidado. Não deixe que ele perceba que estamos preparando algo.
Viviane concordou rapidamente, sua voz ainda carregada de medo, mas agora com um pouco mais de controle.
— Eu... eu vou tentar. Mas Leandro... por favor, faça algo rápido. Eu não sei por quanto tempo ele pode se esconder, e eu estou morrendo de medo de que essas pessoas venham atrás de mim.
— Não se preocupe. Vamos resolver isso — respondeu Leandro, sua voz carregada de uma confiança que parecia até sobrenatural.
Ele encerrou a ligação, e eu fiquei em silêncio por um momento, tentando processar o que acabara de acontecer.
— Gabriel — disse Leandro, me tirando dos meus pensamentos. — Isso é sério. Eu vou precisar de você para manter a Viviane calma. Vou me mexer aqui e fazer algumas ligações. Vamos ter que lidar com isso de maneira estratégica.
Eu concordei, sabendo que naquele momento, a única pessoa que poderia tirar Viviane desse pesadelo era Leandro. Ele sempre parecia ter uma solução, não importava o quão complicado fosse o problema.
Leandro desligou, e eu fiquei sentado, olhando para o telefone em minhas mãos. A ideia de que Viviane estava envolvida em algo tão perigoso mexia comigo de um jeito que eu não esperava. O que começou como uma aventura de controle e desejo agora havia se transformado em uma corrida contra o tempo, com vidas em risco.
Eu não sabia o que Leandro planejava fazer, mas confiava nele. Ele sempre tinha um plano, e eu sabia que, de alguma forma, ele encontraria uma maneira de tirar Viviane dessa situação. Mas uma coisa era certa: a partir daquele momento, estávamos lidando com algo muito maior do que qualquer um de nós jamais havia enfrentado.
O silêncio do meu quarto era interrompido apenas pelo leve zumbido do ar-condicionado, mas minha mente estava em um turbilhão. Desde a ligação de Viviane, meu estômago estava embrulhado, como se algo ruim estivesse prestes a acontecer. Tudo parecia estar desmoronando, e por mais que eu quisesse agir, me sentia impotente. Leandro havia prometido encontrar uma solução, mas a verdade era que estávamos lidando com algo muito maior do que qualquer um de nós esperava.
Eu estava distraído, pensando no pior, quando meu celular vibrou novamente. Era Leandro. Ao atender, sua voz veio calma, mas havia uma tensão subjacente. Não era o tom habitual dele, confiante e despreocupado. Era diferente.
— Gabriel, preciso que você ouça com atenção — ele disse, direto ao ponto. — Consegui falar com algumas pessoas. Um cara que conhece um cara, entende? — Eu podia ouvi-lo acender um cigarro do outro lado da linha. Leandro sempre fazia isso quando estava lidando com algo sério. — Colocaram-me em contato direto com os homens que estão atrás do marido da Viviane. Eles estão dispostos a negociar, mas o preço... é alto.
Meu coração acelerou ao ouvir isso. Eu sabia que a situação não seria simples, mas o que Leandro estava prestes a me dizer me fez perceber que a realidade era ainda mais cruel.
— O que eles querem? — Perguntei, tentando manter a calma, mas já sabendo que nada de bom estava por vir.
Leandro suspirou antes de continuar, como se estivesse ponderando sobre como me dar a notícia.
— Eles concordaram em não matar o marido dela, mas o acordo que consegui... não vai ser fácil. Viviane precisa fazer duas coisas. — Ele fez uma pausa, e eu quase podia vê-lo apertar os olhos, tentando encontrar as palavras certas. — Primeiro, ela precisa se separar legalmente do marido. Vender tudo o que eles têm em conjunto: a casa, a empresa, o que for. Eles vão aceitar um terço da dívida como pagamento e a parte dela fica quitada. Ela pode ficar com os móveis, e a chácara. Mas o marido dela não fica com nada. É isso ou ele morre.
Eu respirei fundo, tentando processar o que aquilo significava. Viviane estava prestes a perder tudo, e ainda assim, só conseguiria salvar um terço da dívida.
— Isso é... horrível, mas se é a única maneira... — comecei a dizer, mas Leandro me interrompeu.
— Gabriel, tem mais. — Sua voz era ainda mais grave agora. — O segundo termo do acordo... é pior.
Um frio percorreu minha espinha. Eu sabia que o que ele diria a seguir mudaria tudo.
— Eles exigiram que Viviane... sirva sexualmente a dez dos homens mais influentes da gangue por algumas horas — ele disse, sua voz pesada de um jeito que eu nunca tinha ouvido antes. — Eles querem usá-la como uma garantia, uma forma de humilhar o marido e garantir que ele nunca mais vá mexer com eles.
Meu corpo congelou. O ar parecia ter sido sugado do meu pulmão. A ideia de Viviane, uma mulher que sempre foi forte e controlada, estar à mercê daqueles homens, me deixou completamente sem palavras.
— Leandro... isso é... — Eu não consegui terminar a frase. Eu queria dizer que era cruel, injusto, mas as palavras simplesmente não saíam.
— Eu sei. — Ele respondeu, e pude perceber que até mesmo ele estava incomodado com isso. — Mas foi o máximo que consegui. Eles não são homens fáceis de negociar, Gabriel. E eu fiz tudo o que podia para garantir que ela saísse viva disso.
Meu coração estava acelerado, e minha mente corria com todas as consequências que aquilo traria. Eu não sabia como contar isso a Viviane, como fazê-la aceitar uma situação tão degradante. E, acima de tudo, eu temia pela segurança dela.
— Precisamos falar com Viviane — falei, finalmente, minha voz quase um sussurro. — Ela precisa saber disso. Mas não sei se ela vai conseguir aceitar...
Leandro concordou.
— Vou colocá-la na chamada. Ela precisa entender a gravidade da situação — ele disse, enquanto eu ouvia o barulho de sua respiração, pesada e controlada.
Minutos depois, Viviane atendeu. Sua voz, ainda trêmula, mostrava o quanto ela estava à beira de um colapso.
— Viviane, consegui falar com os homens — começou Leandro, com sua voz firme, tentando passar segurança. — E, como eu disse, eles estão dispostos a negociar. Mas o preço... é alto.
— Eu já imaginei... — Viviane respondeu, a voz fraca. — Leandro, o que eles querem? Eu faço qualquer coisa para salvar minha vida... mas estou com muito medo.
Leandro hesitou por um segundo, e então começou a explicar o acordo. Quando ele mencionou que ela precisaria vender tudo, separando-se do marido e entregando a maior parte de seus bens, Viviane ficou em silêncio por alguns segundos. Eu sabia que isso já era um golpe duro para ela, mas o que estava por vir seria ainda pior.
— Isso não é tudo — Leandro continuou, e sua voz parecia pesar como uma pedra. — Eles também querem que você... sirva sexualmente a dez dos homens da gangue, por algumas horas. Eles querem que você... — Ele hesitou, procurando as palavras. — Que você os satisfaça, para garantir que seu marido nunca mais se meta com eles.
A linha ficou em silêncio por alguns segundos. Eu podia ouvir a respiração de Viviane se acelerar, e então ela soltou um suspiro trêmulo.
— O quê...? — Sua voz saiu fraca, quase inaudível. — Eles querem... que eu faça isso? Como... como eles podem pedir isso de mim? — Ela estava à beira das lágrimas agora, e eu podia sentir o desespero crescente em sua voz.
Eu queria dizer algo, qualquer coisa que a acalmasse, mas não havia palavras que pudessem suavizar o impacto de algo assim.
— Viviane, eu entendo que isso é... demais — Leandro disse, sua voz mais suave agora, mas ainda firme. — Mas foi o máximo que consegui. A outra opção é muito pior. Eles estão dispostos a perdoar sua parte da dívida e deixá-la viver, mas isso é o que pedem em troca. Eu sei que é humilhante... mas é a única maneira de garantir sua segurança.
Ela começou a chorar baixinho, tentando manter algum controle sobre a situação, mas era claro que estava desmoronando.
— Leandro... eu não sei se consigo. Isso... isso é demais... — Ela soluçava, a voz trêmula. — Mas... mas se eu não fizer, eles vão me matar também? Vão me matar, não é?
— Sim, Viviane. Eles não vão parar até que consigam o que querem. Seu marido os enganou, e eles estão dispostos a fazer qualquer coisa para acertar as contas. — A voz de Leandro soava fria, como se ele estivesse tentando manter o máximo de clareza possível.
Ela chorou por mais alguns segundos, o som abafado do choro ecoando pelo telefone. Eu podia sentir o desespero em cada lágrima que caía.
— E se... e se eu fizer isso? — Ela perguntou, a voz quase um sussurro. — Você e Gabriel... vocês vão estar lá? Vocês podem me proteger? Eu... eu não consigo fazer isso sozinha.
Eu olhei para o telefone, a garganta seca. Eu não sabia o que responder. A ideia de estar lá para protegê-la fazia sentido, mas ao mesmo tempo, a situação era tão insuportavelmente cruel que eu me perguntava se seríamos capazes de ajudar.
— Eu estarei lá, Viviane — Leandro respondeu, sem hesitar. — E Gabriel também, se ele concordar. Vamos garantir que nada de pior aconteça. Eu prometo que vamos te proteger da melhor forma possível.
Ela respirou fundo, tentando se acalmar. Eu sabia que ela estava lutando com sua própria dignidade, tentando encontrar forças para aceitar o acordo. Viviane não era o tipo de mulher que se curvava facilmente, mas o medo pela vida dela estava pesando demais.
— Tudo bem... — ela finalmente disse, sua voz trêmula e cheia de dor. — Eu aceito. Eu... faço o que for preciso para salvar minha vida. Mas... vocês precisam estar lá comigo. Por favor.
Meu coração apertou no peito, e tudo o que pude fazer foi assentir, mesmo que ela não pudesse ver.
— Eu estarei lá — respondi, minha voz firme apesar da avalanche de emoções que sentia.
— Eu também — disse Leandro. — Vamos passar por isso juntos, Viviane. Não se preocupe. Eles vão ter o que querem, mas vamos garantir que nada saia do controle.
Ela suspirou, e então a linha ficou em silêncio por alguns segundos.
— Obrigada... — Viviane murmurou, sua voz quebrada. — Só... por favor, me ajudem a sair dessa.
Leandro encerrou a ligação, e eu fiquei ali, segurando o telefone, tentando processar tudo o que havia acabado de acontecer. A vida de Viviane estava por um fio, e agora, de alguma forma, eu e Leandro estávamos profundamente envolvidos. Eu não sabia o que o futuro traria, mas sabia que as coisas estavam prestes a mudar para sempre.