Assim que secou umas lágrimas e vendo que eu a encarava surpresa, mas sem criticá-la, passou a contar um resumo de sua vida. Começou contando como conheceu o Rubens, quando ainda trabalhava numa empresa de eventos e de como ele a havia ajudado com boas indicações para bons trabalhos. Depois passou a explicar como ele havia ajudado ela a alugar um imóvel, praticamente pagando o aluguel, por sua companhia até que ela conheceu o marido, Paulo, cessando aos poucos com as investidas dele. Disse que vivia um relacionamento feliz com o marido, com quem havia descoberto a felicidade de um relacionamento cúmplice e liberal, inclusive que ele havia se tornado sócio dela e da mãe numa loja. Entretanto, num momento de fraqueza e de dificuldades financeiras, se deixou ser envolvida novamente pelos galanteios e pelas promessas de ajuda do Rubens:
- Pior é que tenho certeza que foi aquele filho da puta que me denunciou para o fisco. Eu tenho certeza disso.
- E ainda assim você ficou com ele?
- Ele tem dinheiro, Anne, e a minha lojinha era um sonho antigo que eu havia realizado com a minha mãe. Não era justo a gente perder tudo, não era. - Disse, enxugando algumas lágrimas: - Poxa, eu batalhei tanto. Eu só queria ser feliz, ter uma vidinha feliz com meu marido.
- Nossa, Renata, eu não sei o que dizer…
- O Paulo é uma ótima pessoa, Anne. Eu adoraria que você o conhecesse. Ele é gentil, trabalhador, honesto, bondoso, me satisfaz na cama e nunca me limitou em nada. A gente tem uma cumplicidade única, já realizamos cada fantasia que se eu te contasse, você ficaria com o cabelo em pé. - Disse e sorriu pela primeira vez, se divertindo com alguma lembrança: - Eu é que não o mereço.
- Poxa, Renata, para com essa vida. Vai viver com o teu marido e esquece o Rubens. A vida é tão curta pra gente desperdiçar com alguém que não presta.
- Eu sei! Eu já tentei isso, mas sempre que eu falo para o Rubens, ele me ameaça, dizendo que irá contar tudo para o Paulo, além de enviar uns vídeos que eu tenho certeza que ele já fez da gente, eu e ele, e eles, e… Ah, melhor nem contar.
- Olha, eu não sei se o que ele faz com você chega a configurar o crime de ameaça, mas que é uma puta canalhice, eu não tenho dúvidas. - Falei e tomei um longo gole de meu suco antes de continuar: - Ainda assim, você está presa a uma mentira que está te fazendo um mal imenso. Eu, no seu lugar, contaria para o Paulo e pediria o seu perdão. A honestidade é a única coisa que te resta. Eu… Eu sei lá. É difícil. Não gostaria de estar na sua pele…
- O pior é que agora ele está me pressionando a abandonar o Paulo, porque quer ter exclusividade para ele, o Guto e os amigos sobre mim.
- Amigos! Que amigos!?
Ela colocou as duas mãos no rosto, escondendo sua vergonha nelas e os cotovelos na mesa. Começou, então, a chorar e, dessa vez, não dava mostras de que iria parar tão cedo. Sem ter muito o que fazer, a abracei e daí ela desmoronou de vez, chorando tudo o que estava represado em meus ombros. Suas lágrimas eram sinceras e não uma tentativa de me enganar, eu senti isso na alma e, apesar de não saber ainda como, eu precisava ajudá-la.
[...]
Capítulo 49 - Arrependimento
No hospital, um silêncio aterrorizante havia tomado conta do meu quarto. Todos me encaravam surpresos e boquiabertos, aliás, seus rostos demonstravam uma incredulidade quanto a minha declaração. Preferi deixá-los absorverem a primeira parte da minha confissão e torcer que, com o restante das explicações, eu tivesse alguma chance de ser absolvida por eles futuramente:
- Má… Má… Márcia, explica isso direitinho, por favor. - Pediu minha mãe, chamando brevemente a atenção de todos.
Brevemente mesmo, porque logo voltaram suas atenções para mim. Eu precisava ser a mais sincera possível. Só com o apoio e ajuda deles é que eu teria alguma chance de sair daquela situação com vida e talvez com alguma dignidade:
- Por favor, ouçam tudo o que tenho a dizer e já saibam que estou muito, mas muito arrependida mesmo, de ter concordado em ajudá-lo. - Disse e respirei fundo, completando: - Mas não vou deixar aquele canalha prejudicar o Marcos, de forma alguma, não mais do que já prejudicou.
Dona Eugênia, mais branca do que de costume, trocou de lugar com o marido, ficando próxima a minha cabeça, onde se sentou numa cadeira e pegou na minha mão:
- Márcia, pelo amor de Deus, explica direito essa história. Por que você acha que o Lelinho tem alguma coisa a ver com isso?
Respirei fundo, mas agora não havia mais volta:
- Minha gravidez… - Falei e não consegui conter uma lágrima pelo bebê que havia perdido: - Não era do Marcos. A gente já não fazia amor há um bom tempo…
Todos me olhavam, mas agora ninguém ousava me interromper. Continuei:
- Seu Balthazar… o senhor estava para se aposentar… e disse que colocaria um dos filhos na administração do grupo, se lembra?
Ele apenas balançou a cabeça afirmativamente:
- Quem tinha as maiores chances de ser escolhido? - Perguntei, mas ninguém respondeu: - O Marcos, é óbvio! Ele é administrador, capacitado, trabalhador, extremamente inteligente… O Aurélio sabia que não tinha chances. Bem, não sem antes queimá-lo…
- Queimá-lo, matá-lo? - Dona Eugênia me perguntou.
- Agora eu já não duvido de mais nada, dona Gegê, mas no início, a ideia era somente desequilibrá-lo psicologicamente para que ele não desse conta de suas obrigações e o Aurélio pudesse ir assumindo cada vez mais atribuições nas empresas.
Eles seguiam me encarando em silêncio:
- O Marcos se apaixonou por aquelazinha da… da Annemarye. Poxa, eu nunca vi ele ficar daquele jeito por ninguém, nem por mim ele ficou caído assim. Então, o Aurélio imaginou que se conseguisse afastá-los, quem sabe até ele ficar com ela, o Marcos ficaria literalmente perdido e ele teria uma chance maior de vencer a disputa.
- Márcia, quem era o pai do seu bebê? - Perguntou a minha mãe.
Suspirei fundo, mas não neguei a resposta:
- O Aurélio, mãe. Nós transamos algumas vezes, várias aliás. Tomei algumas vitaminas, hormônios que peguei no hospital escola, fiz de tudo para engravidar e engravidei. A ideia era usar a gravidez para obrigar o Marcos a ficar comigo ou, pelo menos, afastar a Annemarye dele para que o Aurélio conseguisse conquistá-la.
- Meus Deus! - Ela falou, colocando as mãos na cabeça, desesperada e sendo amparada por meu pai.
- No início, até parecia que estava dando certo. A caipira quis se afastar e o Marcos ficou perdido, mas só no início, pois, pouco depois, ele decidiu ir atrás dela, mesmo eu estando grávida.
- Márcia, você só pode estar brincando. - Disse o seu Balthazar, surpreso com tudo, sendo ainda contido por um olhar da dona Eugênia.
- Não! Infelizmente, essa é a verdade. Eu fui uma idiota, me deixei levar pela minha paixão pelo Marcos e pela astúcia do Aurélio. Errei, muito mesmo, e perdi meu bebê…
Não consegui conter algumas lágrimas, mas dessa vez ninguém me socorreu. Todos pareciam anestesiados e sem saber como reagir. Ainda assim eu tinha que continuar:
- Se duvidarem de mim, façam um teste de DNA no meu bebê e verão quem é o pai? - Falei e logo tive uma ideia: - Cadê meu celular, mãe?
- É… Acho que está no armário, junto das suas coisas.
- Pega pra mim. Vê se ele tá carregado.
Ela foi e depois de fuçar numas sacolas, voltou com o aparelho em mãos, naturalmente sem carga:
- Preciso de um carregador. Tenho várias mensagens trocadas com o Aurélio, além de áudios que podem comprovar tudo o que falei…
- Imagina, querida, isso não será necessá…
- Será sim, Gegê! - Balthazar a interrompeu, sério e bravo: - Se o que ela está dizendo for verdade, vou afastar o Lelinho das empresas imediatamente.
- É verdade, eu juro! - Insisti com ele e pedi novamente: - Arruma um carregador pra mim, mãe!
Minha mãe saiu pelo corredor e continuei a falar:
- Eu não tenho porque inventar isso. Que lucro eu teria? E eu tenho certeza que, se alguém mandou me matar, foi ele, porque eu cheguei a ameaçá-lo de contar tudo por achar que ele não estava fazendo nada para me ajudar a ficar com o Marcos.
- Querida, você precisa contar isso para a polícia. - Meu pai me disse.
- Eu vou, pai, mas tinha que contar para vocês primeiro.
Minha mãe voltou com dois carregadores e um deles funcionou. Liguei meu celular, acessei o WhatsApp e mostrei para o seu Balthazar que conforme ia lendo, mais vermelho ficava. Sua expressão agora era de raiva:
- Posso exportar essa conversa para mim, Márcia? - Ele me pediu e eu assenti.
Ele fez todo o procedimento e voltou a me encarar:
- Onde estão os áudios?
- Alguns estão naquela conversa. Outros são de ligações e tem até mesmo uma gravação, da segunda vez que a gente se reuniu para traçar os planos.
Estiquei minha mão e ele me entregou o celular. Ativei a gravação e todos ficaram estupefatos ao ouvirem a voz do Aurélio conversando comigo sobre sua ideia para o plano. Assim que o áudio terminou, compartilhei com o seu Balthazar, enviando ainda os outros, referente às ligações que eu tinha. Por fim, falei:
- Isso é tudo o que eu tenho.
- É o suficiente para mim. - Ele falou.
- Desculpa, gente, eu… eu juro que não queria causar mal a ninguém. Só queria ficar com o Marcos. - Disse e não consegui evitar novamente as lágrimas: - Por favor, gente, me perdoem.
Dona Eugênia se aproximou de mim e me beijou a testa, falando:
- A gente tenta ensinar o melhor para nossos filhos, Márcia. Às vezes, eles dão uma escapadinha e precisam aprender com a vida, foi o que aconteceu com você, mas, graças a Deus, você voltou pro caminho do bem e fez o que era certo. - Disse e encarou seu marido: - Não é Balthazar?
- É! - Concordou de maneira bastante seca: - Errou feio, mas pelo menos confessou a tempo de evitar o pior. Você ainda precisa contar tudo isso para a polícia, ok?
- Eu vou. - Disse e pedi para meu pai: - Pai, liga para a polícia? Peça para alguém vir aqui que eu quero falar.
- Também vou providenciar uma proteção para você. Se o Lelinho tentou te matar, ele tentará novamente. - Disse seu Balthazar, já sacando seu celular e ligando para alguém: - Leite? É Balthazar quem fala. Vá para meu escritório agora, mas antes organize uma equipe de segurança e a envie para o hospital escola. Quero proteção total no quarto 515 para uma paciente chamada Márcia
[...]
Eu não sabia mais o que fazer ou o que falar para a Annemarye. Ela me olhava surpresa e com uma mão na frente da própria boca, talvez tentando minorar o efeito das minhas recentes revelações. Ainda assim ela conseguiu encontrar um pouco de humanidade dentro de toda aquela imundice e me deu um abraço que só me fez chorar ainda mais. Foram minutos úmidos, mas que, depois, me deram uma sensação de alívio como há muito tempo eu não sentia. Quando enfim parei de chorar, olhei em seus olhos e vi um sorriso calmo:
- Não sou ninguém para te culpar dos caminhos que traçou para a sua vida, Renata, mas… - Ela tomou um gole de seu refrigerante e disse: - Isso não está fazendo bem para você. Está na sua cara que essa situação está te consumindo aos poucos.
- Eu só… Eu só queria ser feliz.
- Eu acredito! Mas a que custo? Diz para mim. - Ela fez um biquinho estranho e continuou: - Vale a pena viver enganando o seu marido, o homem que você diz amar por um aproveitador como o Rubens? Eu acho que não…
- Mas… Eu não sei o que fazer.
- Tá! Eu… - Calou-se por um instante, medindo as palavras: - Eu vou pensar em alguma coisa para te ajudar. Não sei bem o que ainda, mas eu vou bolar algo. Eu acredito que para tudo há solução, menos para a morte.
Suspirei fundo e ficamos em silêncio enquanto o garçom servia os nossos pedidos. Assim que ele se afastou, conclui o óbvio:
- Você não vai ao jantar, né?
- Óbvio que não! Quero distância do Rubens e da família dele, inclusive o Erick ainda estou avaliando se vale a pena continuarmos amigos após aquela história do vídeo.
- Vou ter que inventar uma desculpa para ele…
- Diga que eu já tinha um compromisso para hoje, que estou… Melhor! Diga que eu estou fazendo um curso e não posso me ausentar no período noturno. Assim, fica mais fácil recusar.
[...]
Alheio a tudo e todos, Aurélio seguia trabalhando seus “projetos pessoais”, enquanto aguardava seus comparsas darem um jeito no “problema Márcia”. Facínora dissimulado, mas dono de uma inteligência fora da curva, ele já via a água entrar em seu barquinho e concluiu que precisaria abusar do poder e da influência conquistados há pouco tempo com os problemas causados ao seu irmão, Marcos.
Olhando por uma imensa parede de vidro, viu ao longe o mar num lindo dia ensolarado e balbuciou para si mesmo:
- Será que a Suíça é um bom lugar nessa época do ano?
Pegou o seu celular e fez uma ligação, sendo atendido no segundo toque:
- Morais, vamos começar a executar o plano B.
- Certeza, doutor?
- Sim. Não posso correr mais nenhum risco.
[...]
A expressão que a Annemarye fez para mim quando eu falei que podia ter ficado excitado ao vê-la com outro me deixou confuso: ela sorriu num primeiro momento, depois fechou a cara para mim, demonstrou surpresa, incredulidade, enfim, se eu estava confuso, eu havia acabado de deixá-la confusa também:- Que porra de história é essa, Marcos!?
- Eu não sei.
- Como não sabe, cara? Você acabou de me dizer que acha que ficou excitado por ter me visto com o Erick e olha que a gente não estava fazendo nada demais, só passeando e conversando.
- Pois é…
- “Nossinhora”! Eu não sei o que dizer.
- Eu devo estar ficando louco mesmo.
Ela tocou o meu rosto com sua mão e me olhou com um carinho imenso. Depois me deu um delicioso selinho e disse:
- Você não está louco, só está sob muito estresse. Acho que a ideia do psicólogo será ótima para você colocar tudo isso para fora. Ele vai te ajudar a entender tudo isso, tenho certeza. - Ela falou e depois sorriu, divertindo-se de si mesma: - Só pode ser a má influência da Duda.
Acabei rindo de sua colocação e ainda emendei:
- É genético, acho.
- Nóóóóóóó! Então a culpa é da dona Gegê!? - Perguntou, surpresa, mas com um imenso sorriso nos lábios: - Mal posso esperar para culpá-la um pouquinho…
- Não! Nem de brincadeira. Só contei isso para você, nem sei se deveria ter feito.
- Deveria, sim, senhor! Se vamos ficar juntos, eu devo ser a primeira pessoa com quem você deve se abrir sobre qualquer assunto, até mesmo suas fantasias mais secretas. Ou será que eu não devo esperar isso de você?
- Claro que sim! - Falei e quase que imediatamente, surpreso, perguntou: - Por quê? Você tem alguma?
Ela apenas deu uma gostosa risada e nada respondeu. Voltamos a caminhar e pouco depois ela se lembrou de seu compromisso. Não havia mais o que fazer e nos despedimos com um beijo mais que apaixonado. Apesar de eu ainda estar em dívida com ela depois de tê-la decepcionado, ela parecia ter decidido me dar uma chance de me redimir e eu faria de tudo para aproveitá-la:
- Você vai embora hoje? - Ela me perguntou.
- Você quer que eu vá?
- Ah, é que se você ficar aqui, como vou me encontrar com o Erick?
- Você marcou de se encontrar com ele? - Perguntei, surpreso.
Ela me olhou séria, mas seu semblante foi mudando lentamente para um delicioso sorriso de quem havia feito uma traquinagem comigo. Devo ter feito cara de paspalho, porque ela ria alto, chamando a atenção de quem estava ao nosso redor. Quando ela se controlou, secou uma lágrima de tanto rir e me encarou maliciosamente:
- Estou brincando, seu bobo. Se bem que acho que você era bem capaz de gostar, né não?
- Anne, eu não sei. É estranho. Eu…
- Relaxa, eu só estava brincando. Agora falando sério, você vai embora hoje ou não?
- Eu até preciso, mas posso ver com o meu pai, por quê?
- Uai, cê podia ficar em casa. A gente come uma pizza, assiste um filme, dorme de conchinha.
- Dorme?
- Dorme! Por bem ou dorme por mal, mas só depois de da gente quase se esfolar vivo. Cê decide.
- Vou resolver algumas coisas aqui em São Paulo, depois ligo para o meu pai e te aviso, ok?
- Tem que pedir permissão para o papai, Quiquinho lindo?
- Não, caipirinha, é que estou com o helicóptero dele e não sei se ele vai precisar. Ah, inclusive, ele te mandou um beijo.
- Então tá então, uai! Se é assim, cê que sabe. - Ela disse e olhou para seu relógio: - Nu! Olha a hora! Eu tenho que ir, Marcos. A gente se fala depois.
Despedimo-nos e ela saiu correndo, estranhamente meio desengonçada em cima do salto. Dali fui para o escritório cuidar de meus afazeres e depois liguei para meu pai que ficou feliz da vida de saber que a gente estava se acertando. Expliquei que a Anne queria que eu ficasse, mas, com isso, não teria como “levar o relatório” para ele:
- Relatório!? Que relatório? - Disse e ficou em silêncio por uns segundos: - Ah, o relatório… Tem problema não, já recebi uma cópia no meu e-mail.
- Mas por que você me mandou pra cá então?
- Preciso explicar, Marcos? Porra, moleque, para você não deixar sua mulher se afastar de você. Às vezes, a gente tem que colocar o rabinho no vão das pernas, mesmo se estivermos na razão, e correr atrás das nossas mulheres, filho, aliás, quase sempre.
Acabamos caindo na risada e ele ainda permitiu que eu ficasse com o helicóptero, desde que levasse a Annemarye para um churrasco no final de semana. Liguei para ela contando da novidade e perguntei se ela não queria ir para o apartamento de meus pais:
- Pra quê? Pra tua mãe me pegar pelada de novo? Nã-na-ni-na-não! Tô muito bem em casa. Se você quiser, vai ser lá, senão pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque…
- Eu vou! Eu vou, claro… Só vou passar lá em casa para pegar umas roupas, depois passo aí e vou com você.
- Combinado! Te espero aqui. Saio às seis, ok?
- Antes disso estarei aí.
Eram quinze para as seis quando um motorista de Uber me deixava na porta de seu escritório. Entrei no saguão e antes que eu perguntasse por ela, fui informado de que poderia entrar porque ela já me aguardava. O escritório já estava praticamente vazio, mas fui direto para sua sala que estava fechada e com as cortinas descerradas. Bati duas vezes e ela abriu a porta. Aliás, ela abriu, me puxou, trancou novamente e nos jogou no sofá de canto que havia em sua sala, sentando-se sobre o meu colo:
- Nossa, tudo isso é saudade de mim?
- Saudade porra nenhuma! É tesão mesmo. - Disse desabotoando minha calça: - Sempre quis transar aqui e nunca consegui, mas de hoje não passa.
- Não tem perigo?
- Perigo!? Só de eu gostar e querer repetir. Daí ou você dá conta de mim ou ligo pro Erick.
- Por que eu fui te falar aquilo?
- Pois é, falou e agora vai ter que se virar nos trinta, neguinho. Dá aqui esse pau gostoso para a mamãe, dá? - Falou, enquanto puxava minha calça para baixo: - Ó só!? Já tá durinho! Tudo isso é saudade da mamãe, neném?
Não tive tempo de responder e ela o enfiou com tudo em sua boceta, tremendo ao senti-lo todo dentro de si. Não teve preliminar, oral, carinho, nem nada, ela queria trepar e pronto! Ela estava tão tesuda e selvagem que após três ou quatro reboladas começou a gemer:
- Ahhhhhiiiii, caramba! Ah, ah, ah, ai, Marcos. - Disse cravando suas unhas em minhas costas: - Ai, Jesuis, que pau gostoso.
- Porra, Anne, assim eu vou gozar.
- Não goza agora, seu filho da puta! Eu ainda não gozei! “Guenta” aí. - Disse e começou a cavalgar agora sem a menor piedade.
Aliás, ela não cavalgava, pulava feito uma louca, dando bundadas caprichadas que ecoavam pela sala. Eu estava preocupado, mas ela parecia não estar nem aí para o caso de alguém nos flagrar. Aumentou ainda mais a velocidade e pressão, sempre gemendo e até mesmo mordendo os lábios com o tesão que a dominava. Nós já havíamos transado algumas vezes, mas nunca a vi tão selvagem e louca como naquele dia. Eu já estava me dando por vencido quando ela gozou, tremendo, gemendo e arfando sobre mim, enquanto amolecia toda. Consegui respirar um pouco aliviado, mas ela logo começou a rebolar de mansinho, talvez querendo me compensar, mas foi o que ela cochichou no meu ouvido a seguir que me tirou o chão:
- Imagina eu gozando assim no pau do Erick para você assistir…
Fiquei chocado! Tentei tirá-la do meu colo, mas ela como uma amazona treinada a duras pampas não saiu. Eu estava bravo, mas ao mesmo tempo excitado. Meu pau que já estava duro, parecia latejar ainda mais:
- Sabia que ele já me fez gozar como uma louca? Então, mostra pra mim quem é meu homem de verdade, mostra que você é mais do que ele, Marcos, me fode gostoso. - Ela insultou, cochichando com aquela voz rouca no meu ouvido.
Meu sangue ferveu e me levantei com ela no meu colo. Então, a deitei no sofá e passei a estocá-la sem dó ou piedade. Se ela queria sexo selvagem, ela iria ter sexo selvagem. Eu a encarei e seu olhar me desafiava a ser melhor. Dei-lhe um tapa de leve na cara e ela me sorriu, surpresa, arregalando os seus olhos. Aumentei ainda mais a velocidade e intensidade das penetrações e ela os arregalou ainda mais, porém mordendo os dentes como se estivesse com raiva. Logo, ela passou a gemer e tremer novamente:
- Não acredito que você está gozando outra vez! - Falei.
- Eu… não… tô… Aiiiiii! Porra, Marcos… Ai, caralho, você vai me matar. - Gemia, entrecortando as palavras e por fim deu um longo gemido, jogando a cabeça para trás: - Aaaaaaaaiiiiii! Mas mata de tanto gozar. Vai!
O que já era forte da minha parte, passou a ser ainda mais. Estávamos livres de qualquer amarra e decidi extrapolar de vez, mesmo que por pouco tempo, pois eu já estava na prorrogação, pronto para marcar o gol. Assim, por uns minutos não diminui o ritmo e ela delirou, até que explodi na maior gozada da minha vida, desabando sobre ela. Por segundos ou minutos ficamos ali calados, respirando pesado, até que ela falou:
- Erick… perdeu… feio! Que trepada… foi essa, Marcos? Aaaaiii… Apaixonei…
Ri e sai de cima dela. Ela estava descabelada, amassada, descompensada e vazando uma quantidade de porra como eu nunca havia visto uma mulher vazar antes. Cheguei a ficar orgulhoso de mim mesmo. A safada ainda esfregou dois dedos na boceta, colhendo um pouco daquela porra e os levou até a própria boca:
- Por mim, hoje, eu já estou de boa. Quero só dormir. - Ela resmungou, sorrindo: - Bosta! Eu não tenho papel aqui.
Comecei a rir e ela continuou:
- Tá rindo de quê? Foi você que fez essa lambança! Eu devia fazer você me lamber para limpar a bagunça que fez. - Depois me apontou sua bolsa: - Pega pra mim. Deve ter um absorvente ali.
Peguei sua bolsa e comecei a vasculhar. Tinha de tudo, menos absorvente. Entreguei para ela que, num segundo, achou, balançando na minha frente enquanto me olhava inconformada:
- Ah, devia estar atrás da pia da cozinha. Eu só consegui chegar até a copa. - Brinquei sobre a bagunça que estava a sua bolsa, fazendo-a rir, enquanto ela se arrumava com o absorvente.
Ela se aprumou enquanto eu fazia o mesmo comigo. Depois, ela desligou o seu computador e saímos de mãos dadas de seu escritório. Um silêncio dominava o corredor. No saguão da recepção, a secretária a encarou com um sorriso malicioso no rosto, mas não disse nada. Entretanto, quanto já estávamos na porta, ela chamou a Annemarye que voltou até a sua mesa, onde conversaram alguma coisa:
- Cê tá brincando!? - Falou a Annemarye, surpresa e com as mãos estateladas na sua mesa.
Via que a secretária balançou negativamente a cabeça e sorriu, dizendo alguma coisa. A Annemarye coçou violentamente a cabeça, disse alguma coisa e ambas riram. Ela então voltou até onde eu estava e me pegou pela mão, puxando-me para o estacionamento. Já dentro de seu carro, perguntei o que havia acontecido e ela explicou:
- Eco! Aquela bosta de escritório dá eco! A secretária ouviu em som estéreo toda a nossa trepada. Por sorte não havia mais ninguém ali, mas tive que suborná-la para não espalhar o que ouviu.
- Sério que ela te ameaçou?
- Claro que não! Somos amigas, mas eu prometi trazer uma caixa de bombom para ela se não contar nada para ninguém. Promessa é dívida!
[...]
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO TOTALMENTE FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL É MERA COINCIDÊNCIA.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.