Eu estou tão morto. Pensei. Mas, agora que sabia que o pior destino me aguardava naquela área de tanque, a única coisa em que pensei em seguida era em pelo menos preservar o que me restava de dignidade.
– Eu não tenho roupas para usar, mãe! Seu quarto está trancado! – Gritei de volta. Eu esperava que ela, mesmo que tivesse descoberto meu segredo, subiria para me dar o esporro que merecia, mas me trazendo algo para vestir pelo menos.
– Você vai vir aqui agora rapaz! Vestido ou não! – Ela gritou e sua raiva era quase palpável. Eu não nunca a vi agir de forma tão irracional, devia estar realmente cega de ira.
Eu obedeci cabisbaixo e fui andando seguindo a direção da voz estridente. Não era justo que eu sequer pudesse usar uma bermuda antes de receber a bronca. Aquilo tornaria tudo tão mais embaraçoso do que precisava ser. Pelo menos, eu pensava, na lavanderia eu encontraria algo para vestir e não ficaria exposto assim por tanto tempo. Meu coração estava acelerado como nunca e o suor frio escorria por minha pele. Eu passei pela sala de estar, cozinha e vi, ao final do corredor do primeiro andar, a porta que levava à área de tanque. Parecia a porta de um abatedouro que, impotentemente, tive de abrir para ver o que me esperava.
Eu nunca antes tinha visto nada tão aterrorizante. Na lavanderia, as 3 máquinas de lavar trabalhavam a todo o vapor. Aparentemente, tudo o que poderia utilizar para me cobrir estava ou em processo de limpeza rodando nos eletrodomésticos com água e sabão ou pendurado e encharcado nos varais do quintal. Em frente as máquinas, minha mãe estava em pé com a expressão mais séria possivel em seu rosto. Ela era alta e muito imponente. Em sua mão esquerda, o maço amassado de cigarros se encontrava. A direita e encostada na parede do cômodo, minha irmã me recebeu com um sorriso irônico. Foi difícil manter a compostura enquanto as duas me olharam de cima a baixo.
– Praticando um pouco de nudismo hoje, irmãozinho? – Minha irmã comentou mostrando os dentes. Céus, como eu odiava aquela vagabundinha.
– Cala a boca piranha. – Disse a ela. Aquilo era sério. Ela não deveria me provocar em uma situação assim. Seu tom jocoso só me deixava com mais raiva, além de eu já estar com o coração na boca.
– Rapaz, não se atreva a falar assim com sua irmã na minha frente! – Minha mãe ordenou bem alto. Ela estava uma fera. Aquilo não era certo. Geralmente, quando eu e Vitória brigávamos, dona Ana era mais compreensiva, analisava a situação com justiça e repreendia a nós dois e não só a mim. Minha irmã que tinha começado com aquele comentário sobre como eu estava vestido e parecia, devido ao calor do momento, ser um fato que passou totalmente despercebido por minha mãe. – Você pode me explicar o que é isso aqui? – Perguntou em seguida estendendo o braço. Era meu maço de cigarros, mas eu não podia responder aquilo.
– Mãe, vamos resolver isso depois que eu me vestir, por favor… – Falei em meio a travadas e gaguejando. Aquilo estava colocando muita pressão em mim, tanto que eu sequer conseguia pensar em uma desculpa. Eu, de preferência, preferia que conversássemos sem Vitória presente. Tomar a bronca que eu esperava estar por vir já tão velho e na frente de minha irmã era muito embaraçoso, ainda mais considerando que eu só usava minha roupa de baixo ainda.
– Você fuma Victor? – Minha irmã perguntou. Toda a atenção de meus protestos pareciam ter se voltado para ela, que parecia curtir muito aquela situação terrível em que me encontrava. – Não sabe o quanto isso faz mal para a saúde? – Ela questionou novamente. Era claro que eu sabia e não era de sua conta nada daquilo. Não era justo que minha irmã se metesse naquele assunto, mas ela o fazia mesmo assim, talvez só para demonstrar superioridade moral frente a minha mãe.
–Não te interessa! Sai logo daqui! – Briguei com ela, mas fui interrompido pelos berros de minha mãe.
– Victor! Eu estou cansada desse comportamento seu! – Ela gesticulava muito, ainda com meus cigarros nas mãos. – Você não ajuda em nada aqui em casa, trata mal sua irmã e agora isso? – Falou em seguida mostrando-me mais uma vez a evidência incontestável de meu crime. Sua voz estava até ofegante. A raiva parecia tamanha que provocava até dificuldades em sua respiração.
– Mas mãe! – Eu falei. Queria dizer o quanto eu estava incomodado por estar na frente das duas naquele estado, tentar acalmá-la mais, mas parecia que eu só piorava as coisas antes que fosse interrompido novamente.
– Mas nada rapaz! Sua irmã vai ficar aqui mesmo e você vai falar direito com ela daqui em diante, vai responder corretamente suas dúvidas sobre saúde e vai se desculpar agora com ela agora! – Exigiu minha mãe. – Afinal, foi você que começou trazendo essas droga aqui para casa! Você é mais velho e deveria ser mais responsável por confundir a cabeça da Vitória desse jeito! – Falou em seguida sem piedade.
Eu parei um tempo para pensar. Infelizmente, já havia começado o esporro ali mesmo na frente de minha irmã que não tiraria os pés dali pelo que minha mãe disse. Eu tremia e tinha vontade de chorar, mas não deveria dar a Vitória a satisfação de me ver desabar, então engoli o choro. Eu sabia e minha mãe deveria também saber, que Vitória não estava confusa, mas se aproveitando de minha situação e, com sucesso, tornando tudo mais desagradável. O pior, cogitei, devia estar só por vir. Minha mãe provavelmente me colocaria de castigo por muito tempo, tiraria meu celular, computador, videogame e não me deixaria sair de casa até que estivesse satisfeita. Eu, ao menos, tinha de tentar acalmá-la para levar uma punição mais leve.
– Desculpa. – Falei engolindo meu orgulho e olhando diretamente para minha irmã que tinha o mais insuportável sorriso de canto de boca. Minha mãe gostava que fosse assim, então obedeci esperando que ela tivesse piedade de mim.
– Ótimo. – Disse minha mãe. Ela parecia um pouco mais calma. Aquilo me desarmou por um instante. – Agora responda a dúvida de sua irmã. – Minha mãe pediu em seguida. Pelo menos, ela não mais gritava comigo.
Que merda! Praguejei em minha cabeça. Dona Ana estava mesmo me pedindo para admitir que eu fumava. Eu não tinha muito a perder e deveria andar na linha, então disse, com o coração apertado e frio na barriga:
– Sim Vitória… Eu fumava escondido… – Confessei. Minha voz falhava o tempo todo. Olhei imediatamente depois para minha mãe. – Eu sei que faz mal… Estou muito arrependido. Eu nunca mais vou fazer isso, prometo. – Falei em seguida e fui o mais sincero que conseguia. Eu devia ter parado com aquilo antes. Agora que via o quão enrascado estava por causa dos malditos cigarros, já prometia a mim mesmo mentalmente que jamais chegaria perto de um de novo.
– Você sabe mesmo o quão ruins os cigarros são? A mãe já nos falou que eles viciam e causam câncer no pulmão. – Minha irmã falou. Eu odiava aquele tom em sua voz. Ela se fazia de burra, o que fazia nossa mãe ter a percepção de que ela aparentava ser mais inocente do que era na realidade. Vitória provavelmente estava só tentando me provocar, fazer a situação demorar mais do que deveria para me fazer explodir com ela e piorar minha situação com minha mãe. Eu não cairia em sua armadilha e, portanto, após revirar os olhos, sorri para ela como se nem estivesse me incomodando e a respondi.
– Sim Vitória. – Senti os olhos de minha mãe sobre mim. Suas sobrancelhas estavam bem levantadas. Ela esperava uma resposta completa e educada. Eu percebi que dona Ana ainda queria que eu fosse gentil com Vitória e, portanto, prossegui. – Não só câncer de pulmão, mas outras doenças obstrutivas. Em outros órgãos, os cânceres podem se manifestar na garganta, laringe e boca. Além disso, o tabagismo aumenta o risco de infarto e outras várias doenças. – Concluí. Era insuportável ter de atender as provocações de Vitória, mas, com uma resposta assim, uma mulher inteligente como minha mãe provavelmente ficaria satisfeita. Eu lembrei de tudo isso por ler os rótulos dos cigarros que comprava e, certamente, omiti a parte que dizia que tais produtos podem causar impotência sexual. Falar sobre algo assim com minha mãe e irmã seria constrangedor e provavelmente não ajudaria em minha situação.
– Bem melhor. – Minha mãe disse satisfeita. Pelo menos, eu parecia começar a ganhar sua simpatia novamente. Com aquela expressão mais calma no rosto, parecia até que eu seria liberado de um castigo. – Olha Victor, eu não sei o que vou fazer com você. Mesmo sabendo o quão ruim é essa coisa, você ainda assim resolveu fumar. – Ela disse em seguida. Era ruim ver que minha mãe estava tão decepcionada, mas sua indecisão talvez fosse algo positivo. Se ela decidisse por não me punir agora, poderia ponderar depois sobre isso quando estivesse com a cabeça mais fria. Assim, eu poderia receber um castigo menos severo.
– Mãe, vamos conversar sobre isso depois. Será melhor assim. – Pedi a ela. Além de não querer enfrentar o castigo de minha mãe, que agora estava uma fera, também ainda sentia o desconforto por ainda estar na frente dela e de minha irmã com tão pouca roupa.
– Certo Victor. Eu e sua irmã temos muitas roupas para lavar ainda. – Ela respondeu, o que me fez, involuntariamente, deixar escapar um meio sorriso. Eu parecia ter escapado mesmo do pior e já me preparava para começar a mover minhas pernas para qualquer lugar que não fosse a lavanderia com os 4 olhos femininos me observando.
– Espera! Mas eu ainda tenho uma pergunta! – Minha irmã falou de supetão. Eu queria ignorá-la, mas seu tom irritantemente alto chamou tamanha atenção de minha mãe que dona Ana olhou imediatamente para mim.
– Tudo bem Vitória. Seja breve. – Minha mãe disse. Eu odiava aquela garota e seu sorriso sarcástico. Ela, com aquilo, só procurava estender meu sofrimento ainda mais. Ao menos, era notável que não só eu, mas minha mãe também estava impaciente com ela. Se nossa mãe ficasse brava com Vitória e não comigo, as coisas poderiam se desenrolar mais satisfatoriamente.
Assim, uma vez que eu já tinha concordado em responder gentilmente minha irmã, fiquei parado onde estava e esperei sua pergunta idiota vir. Com minha mãe também de saco cheio daquilo, imaginava que seria o último questionamento. Vitória parecia séria quando apontou o dedo indicador para mim e perguntou em alto e bom som:
– O que é isso na sua cueca, Victor?
Meus olhos seguiram a linha imaginária formada entre a ponta de seu dedo estendido e o local para onde minha irmã apontava. Em um primeiro momento, corei instantaneamente por achar que ela estava falando de minhas partes íntimas que poderiam estar mais marcadas do que gostaria no tecido, todavia, uma olhada para baixo foi o suficiente para eu perceber que não era disso que se tratava. Vitória apontava para a parte de minha coxa coberta pela cueca apertada. Na região para onde ela apontava, um objeto pequeno criava uma óbvia elevação. Era meu isqueiro!
Eu imediatamente olhei para minha mãe que até inclinava a cabeça para ver melhor aquilo, mantendo uma expressão de dúvida no rosto. Como que por instinto, só consegui levar a mão a região e cobri-la, mas era tarde demais.
– Não é nada! – Falei sem pensar. Eu estava tão perto de ser liberado daquele tormento todo e agora, graças a Vitória, havia ali mais uma oportunidade para minha mãe ficar mais brava ainda.
Ela já viu. Pensei quando percebi minha mãe ficar séria de novo. Nesse momento aterrorizante, eu percebi que eu não tinha mais para onde escapar. Eu tinha esquecido mesmo completamente que o isqueiro ainda estava em minha posse, não era justo se eu fosse punido como se tivesse tentado escondê-lo. Afinal, de que utilidade teria aquela ferramenta se minha mãe já tinha em mãos todos os meus cigarros? Fazia sentido e era a mais pura verdade para mim, todavia, dificilmente minha mãe veria as coisas daquele jeito.
A única coisa que eu podia fazer para tentar melhorar minha situação, pensei, era ser sincero. Relatar a ela os fatos como realmente se deram e esperar clemência. Sendo assim, enfiei minha mão no elástico de minha cueca e puxei o isqueiro que antes escondia. Eu tremi quando mostrei a minha mãe e irmã o que tinha ali.
– É um isqueiro. Eu esqueci que estava com ele. – Falei imediatamente. Minha voz ameaçava falhar e, com atenção, analisava cada mudança no rosto de minha mãe.
– Você ainda está escondendo esse tipo de coisa Victor! – Minha mãe gritou em fúria. Merda! Praguejei.
– Mãe, eu juro. Eu esqueci! – Falei desesperado enquanto ela vinha em minha direção e sua mão rapidamente tirou de mim aquele maldito objeto de plástico e metal.
Eu olhei para Vitória e seu sorriso só parecia crescer cada vez mais. Ela tinha conseguido o que queria. Eu estava mais ferrado do que nunca e só podia esperar pelo pior castigo possível.
– Já chega para mim. – Minha mãe falou enquanto tirava seu celular do bolso de sua calça. Tanto eu quanto minha irmã a olhamos com curiosidade, eu, certamente, mais aterrorizado do que querendo saber o que viria.
– O que você vai fazer, mãe? Por favor. Acredite em mim. – Eu perguntei e supliquei confuso e com medo.
– Acreditar? É óbvio que não dá pra confiar em você Victor. – Ela disse enquanto mexia no aparelho. – Sua avó tem razão. Eu sou muito boazinha com vocês. Eu estou ligando para ela agora. Você vai passar uns dias com minha mãe para melhorar esse seu comportamento. – Minha mãe respondeu em seguida. Eu devo ter ficado pálido instantaneamente.
Não! Minha mente exclamou. Minha irmã tinha um sorriso de orelha a orelha. Sim, a velha ainda estava viva e os anos não a fizeram menos severa. Dona Irene, como antes mencionado, criou minha mãe com mão de ferro e vivia a alguns poucos km de distância de nossa casa. Eu detestava ter de visitá-la. Seu jeito autoritário deixava um clima de terror no ar e, sempre que eu, minha irmã, e nossos primos passeavamos em sua casa que ficava perto da praia, tínhamos de ser extremamente comportados pois minha avó ainda acreditava naquela forma antiga e peculiar de disciplina.
Durante toda a vida, eu sabia, minha avó trabalhou como uma espécie de pedagoga, antes de sequer ser necessário ter um diploma para exercer tal função. Ela dava duro em um colégio internato antigo com fama de ter sido uma das melhores instituições da época. Naquele local que, para mim, quando ouvia sobre, parecia mais se tratar de um inferno na terra, tudo era muito estrito. Haviam dormitórios e classes separados por sexo, hora para comer, praticar esportes e acordar. De acordo com a velha rigorosa, naquela idade, os jovens não ouviam a nada e nem ninguém que não temessem. Em tempos tão antigos em que a palmatória tinha seu local em vez do diálogo nas escolas, os alunos obedeciam minha avó como se suas vidas dependessem disso.
Como é comum para idosos, minha avó só mudaria suas opiniões arcaicas quando a morte, cada dia mais próxima, viesse ao seu encontro. Eu sabia disso e, quando em sua presença, a tratava tal qual um jovem recruta tratava um oficial de patente elevada. Portanto, nunca deixei qualquer brecha para sentir a fúria de minha avó sobre mim. Eu, na realidade, era tão bom em fingir ser comportado na frente dela, que minha avó me considerava seu neto mais responsável e bem educado.
Certo dia, quando minha mãe viajou a trabalho, eu e minha irmã passamos alguns poucos dias sob cuidado de dona Irene. Conosco, mas em outro quarto, dois de nossos primos também estavam na casa dela naquele tempo. O nível de estresse causado em nós dois por termos de seguir uma rotina tão dura e diferente da habitual nos fez, em um momento, brigar por alguma besteira. A discussão, que sequer queríamos que fosse ouvida por nossa avó, tornou-se física e nós nos estapeamos até que empurrei Vitória com força e ela esbarrou em um prato em cima da mesa. O objeto de porcelana falsa se espatifou no chão em milhares de pedaços e nós, horrorizados, encerramos imediatamente o conflito ao ouvir seu barulho.
Quando minha avó apareceu subitamente e viu o resultado de nossa briga, eu não pestanejei e culpei minha irmã mais nova imediatamente. Eu era seu neto mais responsável e educado, afinal e a velha acreditou em mim sem sequer querer ouvir o outro lado da história. Eu fiquei ali observando o que foi, provavelmente, o pior momento da vida de minha irmã. Dona Irene a segurou firme e com os braços que pareciam ser muito fortes para sua idade avançada, arrancou a saia de minha irmã na minha frente. Por baixo, agora eu via tudo, aquela idiota usava uma calcinha estampada com vários desenhos de frutas. Tal roupa de baixo, tão constrangedora quanto infantil, só não devem ter envergonhado mais minha irmã que a cor vermelha de sua bunda depois que suas nádegas foram assim fortemente estapeadas na minha frente.
Ao final, minha irmã chorava copiosamente enquanto teve de passar o resto do dia inteiro na casa de nossa avó sem a saia para cobrir sua calcinha ou sua bunda quente. Eu apreciei seu constrangimento junto de nossos dois primos que não tiravam os olhos dela. Vitória foi demandada a fazer muito do trabalho doméstico do jeito que estava, sendo, é claro, constantemente zoada por nós quando minha avó não estava por perto. Essa foi a primeira vez que eu vi minha irmã com tão pouca roupa e, não pude deixar de notar que ela tinha se tornado bastante agradável a vista nesse aspecto. Eu teria tirado algumas fotos daquele momento, mas, infelizmente, minha avó confiscara todos os celulares da casa no dia em que chegamos por não acreditar que jovens devessem usar esse tipo de aparelho.
Em casa, eu não deixava que tal memória abandonasse Vitória. Sempre que ela se recusava a fazer algo que eu queria, ou que enchia muito meu saco, a ameaçava contar seu episódio de humilhação para todos os seus amigos. Eu não faria tal coisa, é claro, seria muito cruel, mas Vitória não precisava saber disso. Ela me obedecia sempre que trazia aquilo à tona e eu adorava ter aquela informação que me conferia o mais extremo poder de irmão mais velho sobre ela. As vezes, eu sentia até um pouco de pena por ela ter sido vista por mim e mais dois caras em um momento tão constrangedor e, em outras ocasiões, quando sozinho em meu quarto, sua imagem coberta só com a calcinha de frutas aparecia em minha cabeça em um estopim que me fazia gozar.
Talvez tivesse algo de errado comigo por fantasiar com esse tipo de situação. Se eu era estranho por isso, ao menos, sabia agora que não eu não era tão doido assim já que fiquei completamente amedrontado com a possibilidade de algo daquele tipo acontecer comigo. Minha mãe não estava brincando. Ela ia mesmo ligar para a minha avó. Se a velha soubesse que eu fumava, não conseguia imaginar o que seria feito comigo em retaliação. Minha única alternativa era implorar.
– Por favor mãe! Eu juro. Eu não estava escondendo o isqueiro! – Supliquei, mas a expressão séria no rosto de minha mãe não pareceu se alterar.
– Negativo Victor. Você já teve sua chance de ser honesto conosco. – Disse ela com o olhar frio e dedos teclando lentamente em seu celular. Minha irmã deixou escapar uma irritante risadinha abafada.
– Se você levar ele para a vovó, eu posso ir junto? – Minha irmã perguntou.
Não! Pensei em gritar para ela, mas aquilo não ajudaria em minha situação. Vitória aproveitava com sadismo aquele momento. Seria meu fim se, além de punido de forma humilhante por minha avó, minha irmã ainda estivesse lá como plateia.
– Claro! – Respondeu minha mãe com animação. – Pelo que soube, todos os seus primos estão lá hoje. Aposto que eles vão achar bastante educativo o que verão. – Ela concluiu. Isso era ainda pior. Eu provavelmente apanharia tal qual minha irmã ou coisa pior no meio daquela reunião familiar. Isso não era justo, mas era o que me aguardava. Eu precisava mudar a cabeça da minha mãe imediatamente. Eu morreria se tivesse de passar por algo assim.
– Mãe, eu prometo… Eu faço o que você quiser. Só não chama a vovó! – Disse e minha voz parecia falhar. Meus olhos já estavam ficando marejados. – Eu vou respeitar a Vitória, vou ajudar nos afazeres domésticos, vou passar mais tempo fora do quarto… Por favor! – Falei tão aceleradamente quanto assustado. Eu olhava para dona Ana diretamente em seus olhos e rezava para que ela tivesse pena de mim.
– Ótimo! – Minha mãe disse guardando o celular. Um peso colossal pareceu ter saído de meus ombros. – Eu vou aceitar seu acordo Victor, mas só dessa vez. E você vai parar de esconder qualquer outra coisa de mim a partir de agora, ouviu? – Ela disse em seguida e eu fiz que sim com a cabeça imediatamente. Aquilo era bom. Eu provavelmente só precisaria andar na linha por algumas semanas, talvez um mês e seria perdoado de qualquer punição doida que poderia me aguardar.
– Eu ouvi mãe. Não estou mais escondendo nada. Olhe! – Disse com nervosismo, mas tentando ser o mais enfático possível. Eu girei em meu próprio eixo para mostrar que não havia mais nenhum isqueiro em minha única peça de roupa. Só depois que realizei aquele gesto que senti minhas bochechas corarem. Eu tinha mesmo pedido para minha mãe e irmã me olharem só de cueca enquanto dava uma voltinha para elas me verificarem. Droga!
– Disso, ainda não estou tão certa assim. – Minha mãe falou com dúvida no olhar. – De qualquer forma, seria bom eu lavar isso também. Vamos, me dê. – Ela falou em seguida com calma enquanto estendia a mão em minha direção.
O que?
– Eu não estou escondendo mais nada. – Falei confuso. Minha mãe parecia, pelo que pensei, achar que eu estivesse com mais um isqueiro. Eu só podia negar.
– Prefiro verificar eu mesma. Você perdeu muito de minha confiança Victor. Anda, me entregue isso logo. – Ela falou parecendo impaciente.
– Mas mãe, eu não tenho nada mesmo. – Neguei de novo. Não tinha mais nada que pudesse fazer além disso. Eu tateava minha cueca como se nela tivessem bolsos de uma calça, batendo nas laterais de minha coxa.
Todavia, minha mãe ainda tinha a mão bem aberta, como se esperasse que eu a desse mais algo. Eu olhei para minha irmã e vi seus olhos se abrirem bem e um sorriso aparecer aos poucos na sua face. Era como se Vitória entendesse alguma coisa que eu ainda não tinha captado.
– Anda logo Victor! Eu quero terminar de lavar as roupas. Além disso, assim você não vai ter como me esconder nada. – Minha mãe falou mais alto. Ela estava mais brava agora e eu não enxergava mais como remediar aquilo.
– Mas mãe! – Disse, mas me interrompi. Eu ia mais uma vez começar a dizer para ela que não escondia nada, mas a risada de Vitória finalmente me fez entender. Por que ela disse que queria “lavar isso também”? Me perguntei e a resposta apareceu em minha mente. Eu olhei para minha irmã, irritantemente risonha como sempre, para minha mãe, aterrorizantemente séria como nunca e depois para baixo, onde só via minhas pernas nuas e minha cueca.
– Não! – Disse sem pensar e engoli o seco. – Mãe… Você quer que eu te entregue… – Comecei a perguntar com os olhos esbugalhados, mas não consegui terminar. Aquilo não podia ser verdade. Ela não podia estar falando sério.
– Me de logo essa cueca Victor. Eu vou lavar e verificar se você está escondendo algo a mais ai. – Minha mãe ordenou como se aquele pedido fosse a coisa mais natural do mundo.
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