Quando a situação exige coragem, a adrenalina emerge como um sussurro tentador, como um amante que chama para dançar sob a luz da lua. Ela flui em suas veias, transformando cada batida do coração em um manifesto de vida. Os sentidos se aguçam; o aroma da terra molhada após a chuva se torna um convite à aventura.
Eu bati a porta do quarto quando vi aquelas duas pessoas na minha cama. Não estava acreditando que Guilherme poderia fazer isso comigo, sai correndo em direção a sala e topei com algo no caminho.
Guilherme: Amor? Bom dia, você dormiu aonde? Perdi meu celular, passei nos seus pais e você não estava.
Nicolly: Eu dormi na casa dos meus pais, fui para o bar que havíamos combinado, encontrei uma amiga e comemorei meu aniversário só. Quem está no nosso quarto? Pois se você está aqui, não tem como ser você lá.
Guilherme: Nossa seu aniversário, eu sabia que estava deixando algo passar ontem. E no nosso quarto estão os meus pais, chegaram de surpresa ontem e por ser maior deixei eles lá.
Nicolly: Bonito né Guilherme, esquece o meu aniversário, me deixa sozinha a noite toda, coloca seus pais na minha cama e nem se dá ao trabalho de saber se eu estou bem. E seus pais estão transando na nossa cama, espero que você goste de dormir nela depois disso.
Sai dali transtornada e entrei no quarto de hóspedes, não acreditava que ele me esqueceu e ainda colocou os pais dele na nossa cama. É melhor do que ele me trair, tomei banho e me recompus, mesmo achando as atitudes dele erradas eu ainda tinha beijado outra pessoa, e ele não tinha feito nada errado. Fiquei um tempo ali no quarto, até ouvir batidas na porta.
Guilherme: Amor, me perdoa, eu realmente não me lembrei de uma data tão importante, e eu sei que não deveria deixar meus pais ou qualquer outra pessoa na nossa cama.
Nicolly: Tudo bem Guilherme, eu entrei rápido no quarto e achei que era você, mas não tenho cara para ver seus pais.
Guilherme: Certo, eles vão ficar só mais hoje, na verdade eles só vão almoçar, pois estavam de passagem apenas.
Nicolly: Tudo bem.
O dia seguiu normal, e eu não estava preparada para ver Maya, mas eu tinha uma certeza, meu treinamento deveria continuar com ela, que é excelente no que faz. Decidi manter tudo profissional e seguir meus treinos. Na segunda cheguei no horário de sempre e fiz com Maya minha rotina de treinos, com ela explicando os novos treinos e movimentos e me auxiliando quando preciso. Senti que ela estava mais distante, porém ainda tinha muita faísca entre a gente, e mesmo eu não querendo sempre ficava olhando para ela.
Por dois meses o treino manteve e eu melhorava a cada dia, Maya era realmente perfeita, meu tempo na corrida diminuiu 30 segundos, e meus outros exercícios aumentaram intensidade. Faltando menos de 40 dias para as provas eu estava dedicada e satisfeita com os resultados alcançados. O maior problema era estar perto dela, cada vez mais eu tinha certeza que sentia atração por ela, sempre olhava seus lábios e seus olhos sempre desejando-os mais próximos.
E Guilherme nesses dois meses se mostrou mais disposto a me ouvir no relacionamento. Tudo parecia estar melhorando e eu deveria ter essa sensação, mas o sentimento era cada vez menos agradável. Mesmo me ouvindo, Guilherme continuava fazendo as mesmas coisas e isso me irritava, sexualmente continuava insatisfeita, em todo esse tempo apenas tivemos relação 3 vezes. Claramente nosso relacionamento tinha esfriado bastante. Resolvi que era hora de conversar com ele sobre tudo.
Nicolly: Guilherme, acho que precisamos conversar sério.
Guilherme: Ihh, o que eu fiz agora?
Nicolly: Na verdade é o que nós fizemos. Desde que viemos morar juntos tudo tem decaído no relacionamento. A gente só fica longe, não tem tanto contato físico, mal conversamos e nossa vida sexual é quase inexistente. Claramente algo deu errado.
Guilherme: Hum.
Nicolly: Você concorda?
Guilherme: Sim, eu havia observado isso quando esqueci seu aniversário, mas achei que era coisa da minha cabeça.
Nicolly: Eu acho que se a gente quer manter esse relacionamento temos que fazer algo. Ou damos um passo atrás e deixamos de morar juntos, ou sentamos e resolvemos o que está incomodando.
Guilherme: Então, na verdade eu acho que a gente precisa de um tempo separados, para pensar mesmo.
Nicolly: Guilherme, tempo separados é igual a término. Se for para terminarmos, é melhor ser agora e amigável. Eu amo você, isso é claro pra todo mundo, só que a gente se afastou. Se você preferir que terminemos aqui, eu vou entender, mas tem que ser algo mútuo.
Guilherme: O que você quer?
Nicolly: Tentar resolver com o mínimo de danos possível.
Guilherme: Certo, eu vou ser sincero. Eu esqueci seu aniversário pois ando conversando com outra pessoa. Eu realmente perdi o interesse pouco depois que viemos morar juntos, acho que não foi nem um mês. Começou com as cobranças, eu sempre chego extremamente cansado e você me cobrava para fazer as coisas em casa, eu fui me cansando e perdendo a vontade.
Nicolly: Caramba, tu é muito mimado. Você sabe que o que eu te pedia era algo básico de convivência né? Coisas que quando você me visitava fazia e parou de fazer.
Guilherme: Eu fui criado com a minha mãe fazendo tudo e meu pai só trabalhando fora. No meu conceito homem põe dinheiro em casa e mulher cuida dela.
Nicolly: E você falou algo assim comigo? Desde sempre ficou acordado que ambos fariam os dois.
Guilherme: Mas eu não quero isso. Quero algo como os meus pais tem.
Nicolly: Guilherme, seus pais são de outra geração, isso você não acha mais.
Guilherme: Eu acho então que terminamos aqui né?
Nicolly: Certo, eu vou voltar para a casa dos meus pais, vou organizar minhas coisas e hoje ainda saio. Mas saiba Guilherme que não guardo mágoas. Acredito que foi bom o que tivemos enquanto durou, mas estamos indo em direções diferentes.
Guilherme: Certo, eu vou para casa dos meus amigos, te deixarei organizar tudo em paz. Se precisar de carona me liga que te ajudo.
Nicolly: Certo, obrigada.
Guilherme saiu pela porta, e nesse momento eu desabei. Um misto de sentimento tomou conta de mim, alívio por ter saído de um relacionamento que estava sem futuro, triste pois o amo e o respeito, feliz por talvez poder perseguir algo com Maya. Eu comecei a arrumar minhas coisas e organizar aquilo que era presente dos meus pais e o que eu comprei com meu dinheiro, as coisas que compramos juntos depois falaria com ele sobre. Levei pouco mais de 3 horas para organizar tudo.
Com tudo pronto, pensei em ligar para Guilherme me ajudar, mas ao pegar o telefone percebi que haviam algumas ligações de um mesmo número desconhecido. Retornei à chamada.
Nicolly: Olá, me ligaram desse número, quem está falando?
Pessoa: Falo com a senhorita Nicolly?
Nicolly: Sim.
Pessoa: Aqui é do hospital Dr. Côrrea, você está como contato de emergência de Guilherme Ramos Assis, ele deu entrada duas horas atrás, após um acidente de carro. Preciso que você venha urgente aqui.
Naquele momento fiquei sem chão, confirmei o endereço com a pessoa que me ligou e em seguida liguei para os pais dele. Chamei um carro de aplicativo e fui para o hospital.
