ENTRE CAMINHOS E SEGREDOS [01] ~ INTRODUÇÃO

Um conto erótico de Rafael
Categoria: Gay
Contém 1985 palavras
Data: 01/10/2024 11:03:54

12 de fevereiro de 2014

Meu nome é Carlos Rafael, mas nunca me dei bem com o nome “Carlos”. Sempre fui chamado de Rafael ou Rafinha por todos ao meu redor. Minha história começa quando estou me mudando de cidade. Minha mãe trabalhava em uma fazenda, onde fui criado, longe de todos os meus familiares por parte de mãe. Nunca conheci meu pai, nem soube nada sobre ele. Minha mãe apenas disse que ele não me aceitou, e que foi expulsa de casa pelo meu avô. Me criou sozinha, e eu nunca me interessei em saber sobre o meu pai.

Na fazenda, os patrões me criaram como um filho, o que me deu certas regalias, como poder estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Sempre tive o sonho de ser médico, mas era um sonho que eu achava impossível de realizar. No final do ano passado, o dono da fazenda faleceu, e seus filhos decidiram vendê-la. Foi uma grande dor para mim e minha mãe, pois crescemos ali. Ao mesmo tempo, uma esperança nasceu em mim: quem sabe essa mudança não seria a oportunidade que eu precisava para tornar meu sonho realidade?

Consegui terminar o ensino médio durante o tempo que morei na fazenda, e sempre que podia, estudava. Eu era diferente dos outros garotos com quem convivia. Perdi minha virgindade com um homem na adolescência, mas nunca me vi como gay. Para mim, sexo era sexo, algo que simplesmente acontecia, e isso não me incomodava. Sempre gostei de estudar, e, apesar de ser um pouco tímido, nunca me senti deslocado por ser criado apenas pela minha mãe. Na adolescência, tive alguns relacionamentos com meninas, mas nada muito sério. Porém, não quero me aprofundar nisso agora. Minha história começa de verdade com a mudança de cidade.

A fazenda onde trabalhávamos foi vendida, e minha mãe decidiu voltar para sua cidade natal, O Alto. Iríamos morar inicialmente com minha tia, Sônia, com quem nunca tive contato. Minha mãe mal falava com ela, pois, quando ficou grávida de mim, foi expulsa de casa pelo meu avô, o que cortou os laços familiares. Estávamos na estrada, rumo a O Alto, e uma sensação boa tomou conta de mim. Senti que esse novo começo mudaria a minha vida por completo.

A viagem foi longa, três dias e quatro noites de ônibus. Durante o percurso, pensei muito sobre as coisas e as pessoas que deixávamos para trás. Esse novo capítulo da minha vida seria desafiador, mas eu sabia que O Alto traria mudanças importantes.

O Alto era uma cidade relativamente desenvolvida, com cerca de 80 mil habitantes. Finalmente, após horas de viagem, chegamos ao nosso destino.

– Mãe, essa cidade é bem maior que Jardim! – comentei, impressionado.

– É, filho... espero que a gente se acostume – ela respondeu, visivelmente cansada.

– Eu vou me acostumar sim. Quero estudar e ir morar na capital.

– Filho, não pense tão grande. Essas coisas são difíceis – ela disse com uma voz que misturava preocupação e descrença.

– Mãe, eu vou conseguir. Vou me esforçar. Um dia ainda vou te dar muito orgulho! – declarei, determinado.

Minha mãe sempre escolheu o caminho mais seguro. Eu, por outro lado, sempre pensei em ir além. Mas meu desejo de crescer não era algo que eu queria mostrar abertamente. Sabia que pessoas ambiciosas às vezes tomam caminhos errados, passando por cima dos outros. Minha ambição era silenciosa, guardada dentro de mim. Conversava com minha mãe de forma superficial, sem entrar em muitos detalhes. Eu era tímido, de poucas palavras, e sempre guardei meus sentimentos para mim mesmo. Explico isso agora para que, no futuro, vocês possam entender melhor o que me motivou a agir como agi.

Chegamos à casa da minha tia Sônia. Nunca a conheci pessoalmente, e minha mãe só falava com ela a cada cinco anos, ou menos, por telefone. Desde que minha mãe foi expulsa de casa, os laços familiares foram cortados. Minha tia nos recebeu bem, preparou um quarto para mim. Descobri que tinha um primo, mas ele não morava mais no interior. Estava na capital, estudando, e aquilo acendeu algo em mim. Talvez minha tia pudesse me apoiar de alguma forma, já que minha mãe nunca acreditou muito nos meus sonhos.

Chegar ao Alto foi como um presságio de que minha vida iria mudar. Eu não seria apenas mais um peão de fazenda. Uma sensação boa me invadiu, como se tudo o que eu tivesse vivido até ali me preparasse para as mudanças que estavam por vir. Ali, naquela cidade, eu iria sentir e viver coisas que jamais imaginei. A vida estava prestes a me proporcionar um recomeço, e eu estava pronto. Isso não era apenas um novo capítulo da minha história, mas sim o início de um novo livroEm menos de três meses, já estávamos mais que familiarizados com nossa nova cidade. Minha mãe tinha começado a trabalhar em um restaurante e eu, em uma fábrica de queijos. No meu tempo livre, eu estudava. Queria tentar o vestibular no final do ano, mesmo sabendo que minha mãe nunca iria me apoiar — mas, ainda assim, eu iria tentar. Nesse período, fiz algumas amizades: o Caio, que trabalhava comigo, e a Larissa, minha vizinha. Eles tinham praticamente a minha idade, e foi fácil me enturmar com eles.

A Larissa era visivelmente interessada em mim. Ela me dava muitas pistas, mas eu tentava ao máximo evitar qualquer envolvimento, até porque não curtia ficar com mulheres. Tinha ficado com poucas durante a vida e feito sexo algumas vezes, o que me tornava uma pessoa extremamente tímida e envergonhada.

Caio era alto, quase 1,84 m de altura, pele morena e olhos castanhos. Ele era o tipo de pessoa que todos gostavam de ter por perto. No trabalho, era uma figura popular: sempre tirando onda e brincando com todo mundo. Nossa amizade se construiu de forma natural, conversávamos sobre filmes, saíamos para festas, mas percebi que ele nunca ficava com ninguém — o que, com o tempo, comecei a achar um pouco estranho, já que ele era um cara bonito. Não era um "Deus grego", mas tinha um charme que chamava atenção. Quando a gente bebia, às vezes eu o observava de forma diferente — não era exatamente desejo ou tesão, era mais curiosidade. Mas, como já mencionei antes, eu era mestre em guardar meus sentimentos.

Minha rotina na fábrica era puxada, mas confesso que era muito mais pesada quando eu vivia na fazenda. Eu trabalhava para a família Carneiros, donos da fábrica de queijos. Foi minha tia quem conseguiu o emprego para mim, mas por algum motivo minha mãe foi contra. A fábrica era da família mais tradicional da cidade, dona de vários negócios. No trabalho, eu fazia de tudo: buscava leite na fazenda, entregava mercadorias e abastecia lojas. Era um trabalho dinâmico, e eu gostava, apesar do cansaço no fim do dia.

Eu e minha mãe já estávamos morando em uma casa própria, fora da casa da minha tia. Aos poucos, estávamos construindo nossa vida no Alto. Eu gostava da cidade; desde que chegamos, senti que aquele lugar tinha algo de especial. À noite, quando não estava exausto, eu estudava. Já tinha terminado o ensino médio na cidade anterior, então agora era só revisar matérias para o vestibular. Muitas vezes, recusava os convites do Caio para sair, preferindo ficar em casa. Não era muito de farra e não tinha paciência para fazer o tipo "pegador" só para conquistar alguém.

Em maio, aconteceu a festa da padroeira da cidade, um evento típico de interior que atrai muita gente de fora. A cidade estava em alvoroço com as atrações: duas bandas de forró e, no outro dia, um trio elétrico com uma cantora de axé. Pela primeira vez, me animei para ir, principalmente por causa da insistência do Caio. No trabalho, a produção aumentou por conta da chegada de turistas, e os dias ficaram ainda mais exaustivos. Num desses dias, precisei ir à fazenda dos Carneiros, e o Caio foi comigo, já que um dos ajudantes estava de atestado. No caminho, começamos a conversar sobre a festa:

— Ah, Rafinha, você vai curtir demais a festa da padroeira. Vamos beber todas e relaxar dessa semana puxada de trabalho.

— Nem me fala... Cê sabe que não sou muito de sair, mas essa semana tá me matando. Uma cerveja bem gelada vai cair bem.

— Demorou! Desde que você chegou, a gente nunca bebeu junto. Quero ver como você fica bêbado. Aposto que não aguenta muito.

— Pior que aguento sim! Lá na fazenda eu bebia bastante, só evitava por causa da ressaca... Não é pra mim.

— Tô pensando em fazer um esquenta lá em casa. Vou estar sozinho. Cê pode até dormir lá depois, pra não chegar bêbado em casa e sua mãe reclamar. Que acha?

— Fechado! Melhor ainda. Vai que a gente descola umas gatinhas e já tem pra onde levar.

Normalmente, eu não faria esse tipo de comentário, mas, naquela época, eu tentava não demonstrar fraqueza. Caio apenas deu um sorriso bobo, e eu me peguei pensando que talvez ele fosse como eu — ou, quem sabe, até estivesse interessado em mim. A ideia me arrancou um sorriso. O Caio era um cara atraente, e quem sabe eu finalmente pudesse me envolver com outro homem novamente.

— Tá rindo de quê, mané? Tá pensando nas "piranhas", né? — ele disse, num tom brincalhão, enquanto dava uma apertada no meu pau.

— Sai daí, rapaz! Se ficar duro, a culpa é tua! — tentei entrar na brincadeira, mas logo estávamos chegando à fazenda.

— Relaxa, brother, dessa fruta eu não gosto — ele respondeu, rindo.

Aquilo foi meio que um banho de água fria, mas ainda assim eu tinha minhas suspeitas. Ao chegarmos na fazenda, vi alguém se aproximando de longe: um garoto que devia ter a minha idade. Era o Bernardo, filho dos Carneiros. Eu nunca tinha ouvido falar dele, mas ele chamou minha atenção. Talvez fossem seus olhos esverdeados, os cabelos negros ou a pele branca. Havia algo nele que me deixou hipnotizado por alguns segundos, até o Caio me chamar de volta à realidade. Notei que ele fechou a cara ao ver o Bernardo se aproximando.

— E aí, Caio, beleza? — disse Bernardo, estendendo a mão para cumprimentar o Caio.

— E aí, Bê? Veio curtir a festa da padroeira?

— Sim. Cê sabe como meu pai é, gosta da família toda reunida. E esse aí com você, quem é?

— Esse é o Rafael, novo na cidade. Tá trabalhando pro seu pai.

— Prazer, Rafael — disse Bernardo, me cumprimentando com um sorriso.

— Prazer — respondi, encarando seus olhos verdes.

— Bom, vou voltar lá pra dentro. Foi bom te ver, Caio. Me manda mensagem depois, vamos marcar algo. Vou passar a semana aqui no Alto.

— Beleza, a gente se fala, Bê. Valeu.

Nos despedimos de Bernardo e voltamos para a fábrica. Percebi que o humor do Caio mudou depois desse encontro, e tentei puxar assunto.

— Não sabia que o Sr. Alyson tinha um filho da nossa idade. Ele mora na capital?

— Sim. A gente já foi bem amigo no passado, mas ele mudou muito.

— Mudou como? Achei ele simpático, até pareceu feliz em te ver.

— Acho que não. Ele tem outros amigos agora, esqueceu a gente aqui. Mas, enfim, vamos mudar de assunto.

— Beleza.

Fiquei quieto e não toquei mais no assunto, mas não conseguia parar de pensar no rosto do Bernardo. Foi como amor à primeira vista. Naquele momento, eu não sabia como descrever o que estava sentindo. Hoje, consigo identificar, e sim foi amor à primeira vista, algo que eu nunca tinha sentido durante minha adolescência, talvez se eu tivesse identificado esse sentimento, se eu tivesse tido inteligência emocional para poder me entender, talvez teria evitado um turbilhão de coisas ruins que aconteceram na minha vida,mas ainda iremos chegar nesse ponto, peço paciência a todos para que a história consiga se desenvolver. mas, naquela hora, estava confuso, com mil coisas passando pela cabeça. Só queria encontrar uma desculpa para ver o Bernardo de novo.

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Comentários

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Gostei muito desse capítulo, já criei várias teorias na cabeça, como por exemplo: Rafael trabalha na empresa da família paterna, Caio e Bernardo tiveram alguma coisa e ainda estou na dúvida se Rafael é realmente parente de Bernardo, tenho duas teorias sobre isso: na primeira eles são parentes, algo como irmãos ou primos, e na segunda Bernardo é adotado ou fruto de traição e o único herdeiro é Rafael, mas ainda não decidi qual teoria é mais forte.

Vou ler mais pra ver se limpo as ideias

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Encantado com esse primeiro capítulo, show de bola Lukas 😍😍, muito bom!!

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A sinopse e o título combinaram bem com o primeiro capítulo e ambos sugerem muitas tramas... Vamos ver como se desenrola... Abraços!

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Eita, senta que lá vem romance. Delicia de começo, Lucas.

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Muito bem escrito, espero que seja tão boa quanto as outras!

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bernado será seu irmão por parte de pai

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ou irmão ou alguma coisa da familia! pelo nome titulo do conto, acho que tem muitos segredos que vão ser revelado!

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Em uma pequena cidade do interior, Rafael, um jovem cheio de sonhos, tenta se adaptar à nova vida enquanto equilibra o trabalho árduo e a ambição de entrar na faculdade. Mas tudo muda quando ele se vê dividido entre a amizade com Caio, seu colega de trabalho, e uma atração inesperada por Bernardo, o filho da família mais influente da região. Em meio a segredos, sentimentos conflitantes e as complexidades de amadurecer, Rafael descobre que o amor e o destino são muito mais complicados do que ele jamais imaginou.

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