Conto escrito por Fênix Carioca: Se me trair, vai morrer, porra! Parte 1

Um conto erótico de Fênix Carioca
Categoria: Heterossexual
Contém 3894 palavras
Data: 05/10/2024 08:12:43

"Bom, eu não sou novo aqui. Já tive um cadastro nesse site e não faz tanto tempo que o excluí, mas o motivo não vem ao caso. Eu tinha outro pseudônimo e agora resolvi voltar. Este primeiro capítulo não tem sexo; acho importante desenvolver a história. A partir do segundo capítulo, terá sexo. Já aviso aqui para não encherem o saco depois. Enfim, vamos à história."

Tibério Bastos cresceu acreditando no valor da lealdade. Desde pequeno, seu pai, um homem forte e admirável, ensinou-lhe que a confiança era a base de tudo: nos negócios, nos relacionamentos e na vida. Mas, para Tibério, esse conceito de confiança seria destruído antes mesmo de ele completar a maior idade.

Década de 90.

Tibério estava no último ano do ensino médio, ele estava em uma lanchonete quando seu melhor amigo, Jorge, entrou. Jorge estava estranho. Tibério o conhecia desde a infância, então, quando Jorge o cumprimentou e se sentou, Tibério perguntou:

– O que foi, cara? O que aconteceu?

Jorge olhou para o amigo, pensando em como dar a notícia que faria Tibério mudar de humor. Como não respondeu, Tibério, preocupado, perguntou novamente:

– Jorge, o que foi, cara?

Ele colocou a mão no ombro do amigo, e Jorge decidiu falar de uma vez:

– Cara, tenho uma coisa para te dizer. Olha só... eu vi sua namorada, a Amanda, na casa do Rogério. Eles não me viram, mas eu passei por lá, já que é caminho aqui para a lanchonete, e, pela janela do quarto do Rogério, eu vi os dois se beijando.

Rapidamente, como já previa, Jorge viu que Tibério se irritou. Ele se levantou, batendo na mesa com as duas mãos, derrubando o suco que estava tomando.

– O quê? Como assim, Jorge? A Amanda estava beijando o Rogério? – Tibério gritava, incrédulo com o que acabara de ouvir.

Jorge pedia calma, também se levantou, tentando acalmar o amigo, mas foi em vão. Tibério sabia que seu melhor amigo não mentiria sobre algo assim. E então falou:

– Cara, eu vou lá agora! Vou acabar com aquele desgraçado!

Jorge, mais sensato e maduro, mesmo sendo jovem, falou:

– Cara, eu sei que isso é péssimo, mas agir de cabeça quente é a melhor maneira de fazer merda. Acalme-se!

Tibério empurrou o amigo. Jorge não podia detê-lo. As outras pessoas na lanchonete ficaram assustadas com o comportamento de Tibério. Ele saiu bufando de raiva. Jorge rapidamente pagou o que Tibério havia consumido e seguiu em direção à casa de Rogério.

Depois de alguns minutos, finalmente Tibério chegou à casa de Rogério. O portão estava aberto. Ele entrou. A porta da casa também estava. Tibério subiu as escadas rapidamente e foi em direção ao quarto do “amigo” talarico, Rogério. Ele deu um chute forte na porta e a cena que viu foi Rogério pegando Amanda de quatro. Tibério foi em direção ao talarico, filho da puta, pegou-o pelos cabelos longos e o puxou, começando a socá-lo com violência. Amanda gritava, pedindo para que ele parasse:

– Para, Tibério, para! Você... você vai matá-lo!

Mas Tibério não a ouvia, e falava:

– Seu filho da puta, traçando minha namorada! Vou te matar!

Rogério tentava se defender como podia, colocando as mãos no rosto. Jorge finalmente chegou para apartar a briga. Foi difícil, já que Tibério era forte, mas Jorge, com muito esforço, conseguiu tirá-lo de cima de Rogério. Amanda chorava muito, visivelmente assustada. Tibério então falou:

– Seu desgraçado, agradeça ao Jorge por eu não te matar. E você, sua vadia, vai tomar no cu. Nunca mais fale comigo, ordinária!

E saiu da casa de Rogério. Jorge então falou para Amanda:

– Viu a besteira que você fez?

Rogério, no chão, gemia de dor. Jorge o ajudou. Isso causou um problema para Tibério? Afinal, ele agrediu fisicamente Rogério. Bom, descobriremos daqui a pouco.

Tibério caminhava sem rumo pelas ruas, ainda fervendo de raiva, enquanto Jorge tentava colocar algum sentido naquela situação. O peso do que acabara de acontecer caía sobre os dois. Rogério, apesar de não estar em uma situação crítica, havia levado golpes fortes na barriga e nas costelas. Algumas porradas tinham acertado seu rosto, mas o verdadeiro dano estava no corpo, onde Tibério descarregou toda a sua fúria.

Jorge, por mais que quisesse ajudar o amigo, sabia que não podia deixar Rogério daquele jeito. Respirando fundo, ele decidiu que precisava chamar ajuda. Não havia celulares naquela época, e conseguir uma linha telefônica era algo caro e difícil. Muitos ainda estavam na lista de espera para conseguir uma linha residencial. Quem tinha telefone fixo em casa, como era o caso de Rogério, era visto como privilegiado, quase como se tivesse um bem de luxo. Ter uma linha telefônica custava caro, e havia até quem vendesse suas linhas por pequenas fortunas.

Jorge, ajudou Rogério a levantar-se. O rapaz estava visivelmente dolorido, com a mão nas costelas, gemendo a cada movimento. Amanda, ainda tensa, estava completamente nua, com o corpo de uma bela mulher: pele branca, cabelos loiros, e olhos verdes marcantes. Ela era uma gata, mas Jorge, por respeito, evitava olhá-la diretamente, especialmente naquela situação delicada.

— Amanda, vista-se. — Jorge falou, com a voz firme.

Enquanto Amanda tentava se recompor, Jorge colocou Rogério na cama, ajudando-o a se acomodar para que respirasse melhor. Só então, com muito esforço, ajudou o amigo machucado a descer as escadas e o sentou no sofá da sala.

Jorge foi até o telefone fixo, um aparelho grande, com um disco giratório para discar os números. Ele colocou o dedo no disco, girou lentamente cada número e, com paciência, aguardou os intermináveis segundos para completar a ligação. Cada toque do disco fazia um barulho característico, algo que todo mundo na época conhecia bem.

Finalmente, a ligação foi completada. Ele discou para o número da emergência e explicou a situação o mais calmamente possível:

— É um rapaz. Ele tomou algumas pancadas no corpo e está com dores. Não está inconsciente, mas precisa de atendimento.

Jorge passou o endereço e ficou aguardando a chegada da ambulância.

Assim que desligou o telefone, Jorge foi até o sofá. Sentou-se entre Rogério e Amanda, visivelmente indignado. Sem segurar a frustração, ele explodiu:

— O que vocês têm na cabeça, hein? — sua voz soava com um misto de desapontamento e raiva.

— Porra, Rogério, pegar a namorada de um amigo? — retrucou Jorge, irritado.

— Não deu, cara, não deu pra segurar — respondeu Rogério, envergonhado.

Rogério, com o rosto pálido e ainda gemendo de dor, soltou um suspiro dolorido:

— Ai... Tibério tem uma mão pesada da porra. O soco dele parece ferro. Ai... ai... ai...

Jorge, balançando a cabeça, olhou para ambos, visivelmente exasperado. Ele sabia que a situação poderia ter sido muito pior. A pancadaria não passou de algumas porradas bem dadas, e ainda assim, a tensão entre os três era quase insuportável. Com o dedo em riste, ele concluiu:

— Eu realmente espero que você, Rogério, e você também, Amanda, tenham aprendido a lição. Isso não foi brincadeira, vocês ferraram com tudo.

Amanda, ainda chorando e soluçando, estava claramente abalada. Seus olhos, vermelhos e inchados, mal conseguiam encarar Jorge. Entre soluços, ela perguntou:

— Jorge... você acha que ele me perdoará?

Jorge respirou fundo, com um semblante mais sério. Ele conhecia Tibério desde a infância e sabia o quão explosivo o amigo podia ser. Mas também sabia que, no fundo, Tibério era um cara bom, de coração leal.

— Eu... eu não sei, Amanda. O Tibério é explosivo, sim, mas ele é gente boa demais. Não merecia o que você fez com ele. Vamos dar tempo ao tempo, tá legal?

Jorge, embora jovem, mostrava uma maturidade que poucos naquela idade possuíam. Ele sempre foi o mediador, o cara que resolvia os conflitos da melhor forma possível, e mesmo naquela situação caótica, ele manteve a cabeça no lugar. Sabia que mais gritaria ou violência não resolveria nada. Precisava apenas acalmar os ânimos, dar tempo ao Tibério e, quem sabe, evitar mais estragos.

Enquanto conversavam, o som da sirene da ambulância finalmente chegou aos ouvidos de todos. Amanda e Rogério ficaram em silêncio, visivelmente apreensivos.

Os paramédicos rapidamente entraram na casa de Rogério, avaliando sua condição. Um deles, um homem experiente de cerca de 40 anos, com um semblante tranquilo, foi direto até Rogério, que ainda estava sentado no sofá. Ele começou a examiná-lo, passando as mãos cuidadosamente pela área das costelas.

— Você sentiu dor quando eu apertei aqui? — perguntou o paramédico, pressionando suavemente o lado direito de Rogério, que logo gemeu de dor.

— Ai... sim, dói muito.

O paramédico assentiu e virou-se para o outro colega da equipe médica.

— Parece que temos uma fratura nas costelas. Vamos precisar imobilizá-lo e levá-lo para o hospital para confirmar com exames de imagem.

Jorge, observando de perto, engoliu em seco ao ouvir a palavra "fratura". Sabia que o soco de Tibério tinha sido forte, mas uma fratura nas costelas tornava a situação ainda mais séria. Rogério, tentando manter o bom humor apesar da dor, olhou para Jorge e soltou:

— Porra, não falei? O Tibério tem soco de ferro! — disse ele, forçando um sorriso, mas logo depois gemeu novamente, apertando o local dolorido.

Jorge balançou a cabeça, meio em choque, mas ainda tentando lidar com tudo o que estava acontecendo. Enquanto isso, Amanda continuava em silêncio, ainda abalada com o que tinha acabado de acontecer. Ela estava vestida, mas com os olhos fixos no chão, soluçando levemente de vez em quando, sem conseguir dizer nada.

O paramédico, enquanto terminava de preparar Rogério para ser levado à ambulância, virou-se para Jorge e disse:

— Nós vamos levá-lo para o hospital mais próximo. Alguém precisa avisar os pais dele sobre o que aconteceu e para onde estamos indo.

Jorge assentiu, compreendendo a responsabilidade que agora recaía sobre ele. Ele sabia que não podia perder mais tempo, então, enquanto os paramédicos colocavam Rogério cuidadosamente na maca, ele pegou o telefone fixo e ligou para os pais de Rogério no trabalho, explicando rapidamente a situação e informando que seu filho estava a caminho do hospital com uma possível fratura nas costelas.

Após desligar, Jorge fez o mesmo com os pais de Tibério, avisando-os que Rogério estava sendo levado ao hospital e que seria melhor todos se encontrarem lá para lidar com o que viria a seguir.

O ambiente estava carregado, mas a postura profissional dos paramédicos e a atitude contida de Jorge mantinham as coisas sob controle por enquanto.

No hospital.

— Que merda é essa? Meu filho apanhando dentro de casa? — gritou a mãe, visivelmente irritada.

A mãe de Rogério, quis ir direto à delegacia fazer uma queixa contra Tibério.

— Vamos denunciar esse moleque! Ele não pode sair por aí batendo nas pessoas assim! — gritava a mãe, em defesa do filho.

Mas o pai de Rogério, sabendo o motivo da briga, não concordava com a esposa. Ele cruzou os braços e soltou um suspiro, entendendo a situação de outra maneira:

— Hum... olha só, querida, nosso filho pegou a namorada do amigo dele, o Rogério confirmou isso, você ouviu, assim como eu, certo? — Ele olhou para a esposa, que balançou a cabeça afirmando, mas com os olhos ainda cheios de irritação.

— Mulher de amigo não se pega, porra. Mesmo que ele tenha apanhado, mereceu. Ele errou feio. — Concluiu, ele estava decepcionado com a atitude do filho.

A mãe de Rogério tentou retrucar, mas o pai foi firme:

— Nada de queixa. Se ele fez merda, tem que aguentar o resultado. Homem que é homem assume os erros.

Os pais de Tibério não compareceram no hospital. Quando Jorge ligou para o Senhor Luís para falar sobre a briga, o Senhor Luís perguntou:

— Jorge, mas para onde o Tibério foi? Ele é meio esquentado, estou preocupado.

Foi então que Jorge respondeu:

— Não se preocupe, Senhor Luís. Eu sei onde ele foi. Sei aonde ele vai quando alguma coisa ruim acontece. Pode deixar, eu vou atrás dele.

O Senhor Luís ficou mais aliviado. Mais tarde, o pai de Tibério fez questão de ir até a casa dos pais de Rogério falar sobre o que aconteceu. A mãe de Rogério ainda estava brava, mas o pai dele apaziguou a situação e teve uma conversa amigável com o Senhor Luís, e tudo foi resolvido.

Já era 23:00 da noite, quando o pai de Tibério teve uma conversa séria com o filho no quarto dele. Ele não condenou a defesa de sua honra, mas explicou que a violência nunca seria a solução. Em meio à conversa, o pai concluiu:

— Você tem que ser mais esperto, Tibério. Sei que foi traído, e a traição dói. Mas resolver as coisas na pancada não vai apagar o que aconteceu. Não podemos fazer nada, absolutamente nada, de cabeça quente. Eu já te falei isso. Agir quando estamos nervosos é a forma mais fácil de fazermos uma merda.

O Senhor Luís passou a mão na cabeça do filho e, nesse momento, Tibério comentou:

— O Jorge me falou algo similar à tarde, pai. Depois que saí da casa daquele filho da... quero dizer, do Rogério, eu fui para o lugar onde me sinto à vontade, onde fico mais relaxado.

— E onde é esse lugar? — perguntou o pai.

— O Jorge sabe onde é. Ele sempre vai comigo para a pista de skate. É um lugar tranquilo, onde consigo pensar sem a pressão do mundo lá fora.

O pai de Tibério acenou, reconhecendo a importância daquele espaço para o filho, e continuou:

— Então, é lá mesmo que você deve ir quando se sentir assim. O silêncio e a solidão vão te ajudar a colocar a cabeça no lugar.

Depois disso, o Senhor Luís abraçou o filho, um abraço forte e caloroso que parecia conter todo o amor e a preocupação que ele sentia.

— Filho, eu te amo muito. Você e sua irmã são tudo para mim — disse o pai, com a voz embargada.

Tibério, emocionado, respondeu:

— Eu também te amo, pai.

O Senhor Luís sorriu, sentindo que a conversa havia trazido uma nova compreensão entre eles. Antes de sair, ele olhou nos olhos do filho e disse:

— Juízo, filhão. Boa noite.

— Boa noite, paizão.

Ao fechar a porta, Tibério ficou parado, sentindo o calor do abraço e as palavras do pai ecoando em sua mente. Ele percebeu que, apesar de todos os desafios que enfrentava, tinha do pai, um apoio incondicional. O amor do pai era um porto seguro, uma âncora em meio à tempestade de emoções que o abalava.

Enquanto olhava para as paredes do quarto, que sempre foram um refúgio para ele, uma onda de gratidão tomou conta de seu coração. Tibério se lembrou de como o Senhor Luís sempre esteve ao seu lado, desde as pequenas vitórias da infância até os momentos mais difíceis da adolescência. As lembranças o cercaram como um cobertor aconchegante, e ele se deu conta de que a vida é feita não apenas de momentos bons, mas também das lições que aprendemos ao longo do caminho.

Naquela noite, Tibério não conseguiu dormir imediatamente. Em vez disso, ele ficou refletindo sobretudo o que seu pai havia dito e o peso de suas palavras. Ele se lembrou de que, no calor do momento, muitas vezes agimos impulsivamente, mas a verdadeira força reside em saber quando se retirar e buscar a paz. Ele prometeu a si mesmo que, na próxima vez que a raiva ameaçasse dominá-lo, iria se lembrar daquele abraço, do amor de seu pai e da importância de agir com sabedoria.

Os olhos de Tibério se encheram de lágrimas, não de tristeza, mas de uma profunda compreensão de que o amor é a força mais poderosa que existe, e que, mesmo em meio às adversidades, ele nunca estava realmente sozinho.

Já a mãe de Tibério, diferente de todos, não demonstrava qualquer interesse no ocorrido. Para ela, aquilo era um problema entre garotos.

A traição que Tibério sofreu naquela tarde, embora tenha lhe causado uma dor profunda, não foi a única que enfrentaria em sua vida. Naquele momento, ele não sabia, mas outras decepções o aguardavam no futuro, em diferentes formas e situações. Com o tempo, essas traições acumuladas moldaram a pessoa que ele se tornou – alguém desconfiado, cuidadoso e, acima de tudo, reservado em seus relacionamentos, fossem eles amorosos, de amizade ou de negócios.

Tibério, depois de anos refletindo sobre o que havia passado, entendeu que a confiança, tão exaltada por seu pai quando era mais jovem, era algo raro e valioso. Aquela traição de Amanda e Rogério foi apenas o início de uma série de eventos que provaram que o mundo nem sempre retribuía a lealdade com a mesma moeda. As feridas abertas não se limitavam ao coração; elas influenciavam suas decisões, suas parcerias e até mesmo como ele via o mundo.

Apesar de tudo, Tibério sabia que, em meio àqueles que lhe viravam as costas, duas pessoas sempre permaneceram leais: seu pai, que desde a infância o ensinou a importância da honra e da palavra, e Jorge, seu melhor amigo, que mesmo testemunhando o caos daquela traição, nunca deixou de estar ao seu lado. Esses dois pilares – seu pai e Jorge – eram as únicas certezas que Tibério carregava em sua vida. Em um mundo onde a traição parecia ser a norma, eles eram suas âncoras, suas verdades.

O episódio com Rogério e Amanda foi um marco. A partir dali, Tibério passou a se proteger mais, a investir menos em relações que não lhe pareciam genuínas e a desconfiar de tudo e todos. Não era fácil para ele, mas, com o tempo, aprendeu a enxergar o que realmente valia a pena: aqueles poucos que eram sempre verdadeiros com ele.

A frase "Se me trair, vai morrer, porra!" passará a ser um mantra na vida de Tibério, algo que ele repetirá para si mesmo em momentos de desconfiança ou dor. Embora a frase carregue uma intensidade quase assustadora, o seu verdadeiro significado é muito mais complexo e profundo. Ela não deve ser interpretada literalmente – pelo menos, na maioria das vezes.

O que Tibério quer dizer com essa frase é que qualquer traição, seja ela amorosa, de amizade ou de negócios, não será tolerada. Ele se protege com uma muralha invisível, e essa frase é uma espécie de alerta para quem ousar cruzar seus limites. A traição, para ele, é uma das piores formas de desrespeito, e o "morrer" representa, acima de tudo, o fim definitivo de qualquer laço com a pessoa que o trai. Não há segunda chance, não há perdão. Para Tibério, uma vez quebrada a confiança, o relacionamento – seja qual for a natureza dele – está morto.

Entretanto, por trás dessa frase impactante, existe também um mistério que nunca é totalmente revelado. Aqueles que o conhecem ficam com a dúvida: ele estaria disposto a realmente matar alguém que o traísse? Ou será que suas palavras são apenas uma expressão de como a traição o destrói emocionalmente?

A verdade é que Tibério aprendeu a controlar suas ações, especialmente depois dos eventos turbulentos de sua juventude. Ele percebeu que a violência física nem sempre resolve as questões e, com o tempo, foi se tornando mais calculista e frio. No entanto, ninguém sabe ao certo até onde ele seria capaz de ir se fosse realmente traído por alguém que significasse muito para ele. Jorge, seu melhor amigo, acredita que Tibério jamais cometeria um crime. Já seu pai, conhecendo o filho profundamente, sabe que existe uma escuridão em Tibério que pode emergir nas circunstâncias certas.

Essa incerteza em torno da frase faz com que as pessoas ao redor de Tibério se questionem sobre o que realmente significa traí-lo. Será que ele está sendo literal quando diz que alguém "vai morrer"? Ou será que a morte de que fala é simbólica – o fim do vínculo, a morte da confiança? O mistério é o que mantém todos em alerta ao seu redor, nunca totalmente seguros sobre como ele reagiria em uma situação de traição.

No fundo, Tibério carrega essa frase como uma proteção. Ela é sua armadura emocional, mas o que torna tudo mais intrigante é que, mesmo em sua mente, a linha entre a proteção e a vingança pode se tornar tênue. O peso das traições passadas e a sombra do que poderá vir no futuro fazem com que a frase se torne um reflexo da complexidade de suas emoções – uma declaração de que ele nunca esquecerá, mas que também não deseja que se torne realidade.

No capítulo 2, a história de Tibério avança para uma nova fase: a faculdade. Essa transição do colegial para o ambiente universitário representa não apenas uma mudança de cenário, mas também uma verdadeira revolução na vida de qualquer jovem. No colegial, as dinâmicas sociais são frequentemente moldadas pela familiaridade – você conhece os rostos, compartilha as mesmas salas e, em muitos casos, as mesmas amizades desde a infância. As preocupações se limitam a provas e trabalhos, e a vida é uma sequência de rotinas bem definidas.

Mas ao entrar na faculdade, tudo muda. O universo se expande. Novas pessoas surgem, cada uma com suas histórias, culturas e experiências. É um verdadeiro caldeirão de diversidade, onde você encontra desde aqueles que parecem ter tudo em comum com você até aqueles que são absolutamente diferentes. As amizades se formam rapidamente, e o entendimento de que cada um possui um passado e uma visão de mundo única transforma as relações. Tibério começa a se conectar com pessoas que compartilham suas paixões e, ao mesmo tempo, o desafiam a enxergar a vida sob novas perspectivas. O ambiente universitário é um terreno fértil para a criação de laços que vão além da superficialidade.

Além das novas amizades, a faculdade também é um período de autodescoberta. Tibério, agora com mais liberdade e responsabilidade, começa a experimentar a vida de forma mais intensa. As festas se tornam uma parte fundamental dessa nova fase. O cenário é vibrante, repleto de música alta, risadas e uma energia contagiante que paira no ar. As noites são marcadas por baladas onde a bebida flui e a diversão parece não ter fim. É ali que ele descobre o que é ser realmente livre e como as festas podem ser tanto uma fuga quanto uma maneira de se conectar com novas pessoas.

E, claro, o sexo. A vida universitária não se limita apenas às aulas e festas; é uma época em que os relacionamentos se tornam mais intensos e experimentais. Tibério se vê cercado por oportunidades e tentações, onde a atração física e as conexões emocionais se entrelaçam. As noites que antes eram apenas para socializar agora também se transformam em momentos de paixão e descoberta. Ele percebe que, apesar das consequências emocionais que as relações sexuais podem trazer, elas fazem parte da experiência universitária, contribuindo para a formação de quem ele está se tornando.

Entretanto, essa nova vida vem acompanhada de desafios. A pressão dos estudos é intensa, e a liberdade pode, em certos momentos, se transformar em libertinagem. A linha entre aproveitar a vida e se perder nela pode ser tênue. É um tempo em que Tibério precisará aprender a equilibrar as responsabilidades acadêmicas com as novas experiências que a vida universitária oferece.

Em meio a tudo isso, a faculdade se revela um microcosmo da vida adulta, um espaço onde ele não apenas adquire conhecimento, mas também vivências que moldarão sua personalidade e caráter. As lições aprendidas nas festas, nas amizades e nas relações íntimas serão tão valiosas quanto qualquer conteúdo ministrado em sala de aula. Essa fase é um convite ao amadurecimento, onde Tibério não só descobre o mundo, mas também a si mesmo.

Continua...

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