O conto a seguir foi baseado em uma experiência real. Optei por não colocar meu nome (mesmo fictício), para que cada leitor possa se sentir no meu lugar durante a leitura. O nome do entregador é fictício. A seguir deixo a parte 1. Em alguns dias, vem a parte 2. Feedbacks são mais que bem-vindos, pois este é meu primeiro conto.
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As terças-feiras costumam ser complicadas. Aula de manhã, psicólogo de tarde, trabalho logo na sequência. Entre as tarefas, um pequeno intervalo, entre as 13 e as 14h, usado geralmente para almoçar. Daquela vez, porém, troquei o almoço por uma das experiências mais excitantes da minha vida.
Nestes dias, como o tempo livre é curto, costumo pedir meu almoço pelo iFood. Os entregadores não costumam demorar mais que 20 minutos para chegar e, enquanto isso, aproveito para adiantar algumas tarefas do trabalho – faço home office. Mal escutei quando o motoqueiro buzinou.
Saí de pijama, como costumo ficar em casa, mesmo durante o horário de trabalho. Não sou um cara padrão, pelo contrário. Embora eu deteste rótulos, posso me enquadrar naquilo que chamam de urso: gordinho e peludo, com 27 anos e mais ou menos 1,80m de altura. Também tenho uma barba bem grande e volumosa, além do cabelo ondulado e cheio, que não corto há pouco mais de um mês.
Por estar de dentro de casa, tive dificuldade para abrir os olhos ao ver a luz do sol, quando o entregador imediatamente provocou:
- Estava dormindo?
Olhei para o chão e vi um rapaz que devia ter idade aproximada à minha. Ele estava agachado, retirando meu pedido da bolsa de entrega. Ele era moreno, tinha olhos claros e um cavanhaque bem cafajeste. Estava de camiseta de manga longa, mas consegui reparar uma tatuagem em seu braço direito que dava um charme especial. Seu nome era Renan.
- Não, eu estava trabalhando. Meu quarto fica nos fundos, estranhei a luz do sol apenas – respondi com simpatia enquanto abria o portão.
Até então, nada de diferente, com exceção de que Renan não tirava seus olhos de mim enquanto mexia em sua mochila. Ele parecia meio bobo, no melhor sentido da palavra. Custei a acreditar que ele tivesse segundas intenções, por mais que ele insistisse em puxar assunto.
- Você mora sozinho?
- Não, moro com minha mãe e irmãos – respondi.
A tensão entre nós aumentava cada vez mais, em questão de segundos. Eu precisava testar ele, as suas intenções. Até que completei, de maneira nada despretensiosa:
- Não moro só, mas agora estou sozinho e tranquilo.
Já diz o ditado: para bom entendedor...
Entretanto, Renan não falou mais nada. Seguiu me encarando, me entregou o almoço e pediu o código da entrega. “Fiz merda”, pensei. Àquela altura, me sentia aliviado por não ter sido mais direto, ou correria o risco de sofrer alguma agressão, ser xingado ou coisa do tipo.
Nos despedimos, virei as costas e fechei o portão. Enquanto adentrava minha casa, ouvi Renan murmurar algo. Estranhei. Será que esqueci algo? Voltei para ver se tinha acontecido algo.
- Opa! Perdão, mas você falou alguma coisa?
- Ah, não. Nada de mais – respondeu, com um risinho safado já indicando quais eram as suas reais intenções: Perguntei se você quer uma mamada – disse, bem direto.
- Quero! – respondi prontamente.
Por mais estranho que pareça, a resposta pegou de surpresa o rapaz que pouco segundos antes tinha me oferecido um boquete.
- Gostei de você desde o começo, mas não sabia se você curtia. Não quis correr o risco com você – afirmei, enquanto abria o portão.
- Ah, é? Eu gosto, mas no sigilão – respondeu enquanto tirava o capacete.
A esta altura, eu mal acreditava no que estava acontecendo. Meu corpo estava leve, eu não o sentia. A tensão – e o tesão – tinham tomado conta, por toda a situação. Também era possível sentir uma leve ereção que começava. Não resisti a apertar meu short, para provocar. Naquele momento, eu pouco me importava se estávamos na calçada de casa, de frente para toda a rua. Eu só me concentrava em Renan e em sua “proposta”, que ecoava na minha cabeça.
Tudo me parecia muito surreal. Até que veio o choque de realidade: uma ligação de minha mãe, que estava voltando mais cedo do trabalho. Ela pedia que eu fizesse algumas tarefas de casa para adiantar o jantar enquanto eu trabalhava durante a tarde/noite.
- Não vai dar. Tem gente chegando em casa daqui a pouco. Volta amanhã! – sugeri, quase implorando.
- Volto.
- Pega meu telefone e me chama. A gente desenrola isso pra amanhã.
Renan anotou meu número, prometeu que me chamaria e montou em sua moto. Aguardei uma mensagem durante todo o dia, mas ela não veio. Foi algo que fiz de errado ou ele se esqueceu? Ele se arrependeu de tentar uma aventura com alguém com o meu biotipo? Ou pior: será que ele voltaria?
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FIM DA PARTE 1