História escrita em parceria com o @Aaraujo, espero que gostem e aproveitem a leitura:
Você já parou pra pensar onde as coisas deram errado? Digamos que você esteja passando por um momento ruim, um momento difícil, como um pneu furado no meio da estrada e que quanto mais você lembra e reflete sobre as coisas que você fez e que te levaram a esse momento você só consegue pensar "foi isso. Era isso que eu deveria ter feito diferente, eu não devia ter ido por essa estrada esburacada" Bem, isso aconteceu comigo, mas infelizmente não foi um pneu do meu carro que furou, mas sim um feliz e amoroso casamento que foi destruído, e o pior de tudo é saber que essa nem foi a pior coisa que me aconteceu.
De qualquer forma estou me adiantando um pouco, para entender melhor o quão trágica foi a minha história eu devo voltar ao início de tudo.
O dia era 2 de março de 2018, eu estava sentado na mesa da sala do meu apartamento, escrevendo alguns papéis para o trabalho. Me chamo Thiago e sou um cara comum de 26 anos, sou magro e de altura mediana, com um cabelo castanho escuro curto e um rosto nem tão bonito mas também nem tão feio. Trabalho como designer em uma empresa e com muito esforço e trabalho duro consegui financiar um apartamento para morar. As coisas estavam ótimas na minha vida, eu tinha um bom emprego, um apartamento legal, certa estabilidade financeira, mas o melhor de tudo sem dúvidas era a pessoa que estava chegando em casa naquele momento.
Eu ouvi a porta da sala abrir e quando me virei para ela tive a visão mais bela e que sempre me enchia de alegria. Lá, chegando em casa depois de um longo dia de trabalho estava ela, a mulher da minha vida, Fernanda.
Ela abriu a porta, com sua pele clarinha brilhando na luz da sala e com seus longos cabelos ruivos ao vento. Suas roupas de enfermeira pareciam abarrotadas, de um dia exaustivo no trabalho, mas apesar disso nada tirava o brilho daquele corpão de violão que ela tinha e quando seus belos olhos verdes me viram, Nanda ainda sim abriu um enorme e brilhante sorriso. Ela veio em minha direção e me deu um carinhoso beijo, me deixando sentir a maciez daqueles lábios doces.
Os beijos de Nanda sempre foram um prazer à parte, mas apesar disso eu podia ver em seu rosto uma expressão um tanto abatida demais para uma mulher de apenas 20 aninhos.
— Dia difícil no trabalho? — Perguntei, preocupado.
Nanda por outro lado me olhou com ternura.
— Não, amor. Foi tudo bem. — Ela me respondeu com um sorriso carinhoso. Mas apesar disso eu pude ver um certo pesar em seus olhos.
Não entenda mal, Nanda amava o que fazia. Cursar enfermagem sempre foi seu maior sonho e ela amava ser enfermeira, mas apesar dessa paixão pelo trabalho o dia a dia de uma enfermeira iniciante não é nada fácil. Nanda havia acabado de se formar e ainda estava se acostumando em ter oito horas constantes de trabalho, às vezes até mais quando ocorriam plantões, um ambiente estressante com muita pressão, logo em sua primeira semana como enfermeira. Isso sem falar dos pacientes, na maioria homens de 70 a 80 anos, decrépitos se é que se pode definir assim, e você pode ter certeza que trocar as fraldas sujas de um homem adulto é uma coisa que consegue deixar qualquer um deprimido.
Os dias dela não eram nem um pouco fáceis, mas por incrível que pareça Nanda sempre conseguia chegar em casa com um sorriso no rosto e era isso que eu amava nela. E pelo visto não só eu, já que ela sempre me contava o quanto seus colegas de trabalho a admiravam e o quão elogiada era por seu chefe, ela tinha orgulho de fazer um bom trabalho.
Enfim, os dias continuaram assim, com essa nossa rotina trabalhosa mas confortante. Nós ralamos a semana toda, mas em compensação nós passamos o final de semana inteiro só nos pegando. O sexo era ótimo, Nanda e eu fomos os primeiros namorados um do outro e casamos cedo então o que nós faltava em experiência nós compensavamos com amor. Nossa vida seguiu assim por muitos e muitos dias, uma rotina agradável que eu sinceramente poderia passar o resto dos meus dias vivendo. No entanto, tem um velho ditado que diz "Tudo que é bom dura pouco" e infelizmente pra mim a minha doce vida estava prestes a mudar para sempre, e tudo isso começou nesse dia.
Nanda havia chegado do trabalho e, logo depois de me beijar, foi logo para o banheiro tomar um banho. Ela parecia ter tido um dia cheio, mas havia algo mais. Conhecendo minha esposa como eu conhecia, já adivinhei na hora que ela tinha alguma novidade para me contar, então já é de se imaginar que eu fiquei bastante curioso.
Sendo assim eu logo me adiantei e preparei um lanche pra gente comer vendo um filme, afinal era nossa rotina diária toda sexta feira. Eu me sentei no sofá, com um balde de pipoca no meu colo e apoiei meus pés na mesa da sala e então ouvi minha esposa chegando.
Quando me virei para ela senti meu corpo imediatamente se aquecer. E não era para menos. Nanda havia acabado de sair do banho, sua pele clarinha estava agora toda arrependida com o vento da sala, ela estava se cobrindo com uma toalha branca que realçava ainda mais suas curvas. Mesmo depois de anos eu não me cansava de ver aqueles seios naturais fartos apertados pelo laço da toalha, mas com certeza ver aquelas pernas nuas dela vindo em minha direção era o melhor de tudo.
Nanda então sentou-se no sofá ao meu lado, cruzando aquelas pernas que roubavam minha atenção, mas quando pude finalmente encara-la em seus belos olhos verdes de novo eu podia ver a expressão de alegria em seu rosto.
— Amor, eu tenho novidades incríveis! — Ela falou animada.
Eu percebi que algo muito bom havia acontecido no trabalho dela, então ouvi ansiosamente para saber o que tinha de novidade.
Nanda então continuou. — Você não vai acreditar, depois desses primeiros dias tão trabalhosos o meu chefe parece ter finalmente reconhecido o meu esforço. Ele me chamou na sala dele e me disse que eu tenho feito um ótimo trabalho, que mesmo eu sendo iniciante os pacientes já gostavam de mim mais do que as enfermeiras que estavam lá a alguns anos e que eu só recebia elogios, mas esse nem é o melhor. Como eu era uma das melhores enfermeiras do hospital ele iria me recomendar para um serviço de uma empresa privada.
— Nossa amor, isso é incrível. Mas o que vai mudar?
— Bom, basicamente eu vou ganhar bem mais e não vou mais precisar passar o dia no hospital cuidando de vários idosos e pessoas debilitadas, na verdade agora eu trabalharia como enfermeira privada por um mês para um único paciente, na casa dele.
— Isso parece ótimo. — Respondi, muito animado com essa notícia.
— É sim, e você nem sabe o melhor. Por uma incrível coincidência o meu novo paciente mora bem aqui no nosso prédio!
Ao ouvir isso eu fiquei bem surpreso, mas feliz em saber que a minha esposa iria passar o dia aqui. Porém, a curiosidade bateu sobre quem seria esse paciente, mas Nanda logo respondeu.
— Você não vai acreditar quem é, sabe aquele senhorzinho simpático que a gente vê as vezes no elevador, o senhor "Jaime". Então, é ele quem vai ser o meu novo paciente.
Ao ouvir falar o nome do Jaime eu fiquei imediatamente incomodado. As poucas vezes que esbarrei com ele não tive uma boa impressão.
Jaime era um velho baixinho, magro e um pouco barrigudo, bastante desagradável, aquele tipo de barba rala e calvo que gosta de ir a um boteco de vez em quando. Ele nunca me olhava nos olhos quando nos encontrávamos, mas em compensação passava um bom tempo secando minha esposa Nanda, e o pior era que ela nem percebia isso, já que ele era sempre muito educado e agradável com ela, sempre a encarando nos olhos com um sorriso. Mas o que me incomodava mesmo eram os boatos dos outros vizinhos dizendo que Jaime era, e ainda é, muito mulherengo, o típico velho bagageiro que adora fazer piadas chulas sobre as vizinhas. Eu não conseguia acreditar que alguma mulher iria se sujeitar a sair com aquele velho, mas pelo visto havia gosto pra tudo.
Nanda então me contou mais sobre o seu trabalho.
— Pelo que parece o senhor Jaime teve uma queda séria e teve que ser levado ao hospital, ele não quebrou nenhum osso, mas teve algum problema nas juntas e nos músculos que precisam de um cuidado adicional, isso e ele também sente dores constantes então eu fui contratada por um mês para fazer esses cuidados.
— Você tem certeza que quer trabalhar para aquele velho pervertido? — Perguntei, sem esconder o meu desgosto.
Nanda no entanto me encarou, irritada, tirando seu cabelo ruivo molhado da testa. — Aí amor, para de falar assim dele. O Senhor Jaime já tem mais de 60 anos, e além disso eu tenho idade pra ser a neta dele. É desrespeitoso você falar assim de mim quando sabe que eu vou lá pra trabalhar.
Ela cruzou os braços e virou o rosto, com a cara emburrada. Nesse momento eu senti um pouco de culpa, Nanda sempre foi uma ótima profissional e realmente não parecia ter nenhum perigo, afinal um velho daqueles não iria ter forças pra fazer mais nada.
Eu então me aproximei de Nanda e passei meu braço por seus ombros, a abraçando.
— Desculpa, amor. Eu sei que você é uma ótima enfermeira e tenho certeza que você vai dar o melhor cuidado para ele. Eu confio em você. — Falei do jeito mais carinhoso que consegui.
Felizmente meu pedido de desculpas parece ter dado certo, eu sabia que Nanda adorava ouvir um papinho doce, então quando ela se virou sorrindo pra mim eu logo dei um beijo nela.
— Não se preocupa, amor. — Nanda falou, enquanto nos beijávamos — Esse trabalho é só o começo, tenho certeza que nossas vidas vão mudar.
Eu nem respondi, agora já no talo de tesão, estendi a mão e arranquei a toalha dela. Nem preciso dizer que não prestamos atenção no filme que estava passando pelo resto da noite.
De qualquer forma eu estava animado por ela, essa era uma ótima notícia e uma oportunidade de Nanda evoluir em sua carreira profissional. Infelizmente o que eu não sabia era que isso seria o começo da ruína de nosso casamento, mas eu comecei a notar algumas coisas e a primeira delas foi justamente no dia seguinte.
Nanda havia acordado cedo para se preparar para o trabalho, ela passaria praticamente o dia todo no apartamento de Jaime, preparando a casa e indo buscar ele para trazê-lo, para só aí poder fazer os cuidados.
Eu também tive um dia cheio, fui até a minha empresa e apresentei alguns projetos, que olhando agora parecem irrelevantes. De qualquer forma, já no fim da tarde eu voltei pra casa.
Mas, o fato de Nanda estar cuidando de Jaime ainda pesava em minha cabeça, então, buscando me tranquilizar um pouco fui conversar com o porteiro do prédio, um velho amigo meu. Porém, para mim essa conversa só serviu para me deixar ainda mais nervoso, especialmente com a reação dele quando contei que minha esposa estava cuidando do Jaime.
— Tá de sacanagem, aquele Jaime nasceu com a bunda virada pra lua mesmo Hahahahaha — Ele comentou, não conseguindo se conter em suas risadas. — Depois de tudo que aconteceu ainda ganha de presente uma enfermeira como sua esposa pra ficar cuidando dele.
— Como assim "o que aconteceu"? Do que você tá falando? — Perguntei já ficando nervoso.
Ele se virou para mim, como se estivesse surpreso por eu não saber. — Ué, achei que você já tava ligado. Como você acha que o Jaime se machucou?
— Eu não sei, vai ver ele caiu no banheiro ou algo do tipo. Gente velha faz essas coisas.
— Hahaha, cara você não sabe mesmo né. — Ele falou, com desdém. — O Jaime se machucou foi na putaria mesmo. Eu soube que ele tava comendo uma mulher aí e quando o marido chegou ele tentou correr mas acabou caindo da escada, esse cara aí não é brincadeira quando se trata de mulher. Se eu fosse você abriria o olho, o pessoal diz que ele é bem dotado e não é de inteligência, se é que me entende.
Ouvir aquilo me deixou inquieto. Enquanto eu subia no elevador tudo que eu pensava era em bater lá na casa de Jaime para ver como minha esposa estava. Mas eu respirei fundo e me acalmei, eu confiava em Nanda, não seria certo atrapalhar seu trabalho por causa de ciúmes. E além do mais não tinha o que um velho decrépito e machucado que nem ele fazer nada. Para meu azar eu iria descobrir muito em breve o quão errado eu estava.
Eu então fui até o meu apartamento, tomei um banho e fiquei esperando Nanda chegar. Nesse ponto eu já estava ansioso, andando de um lado para o outro na sala, olhando toda hora para o relógio esperando dar a hora dela chegar.
Foi então que finalmente eu ouvi a porta abrir e minha esposa entrar. Ela estava vestindo o uniforme de enfermeira de sempre. Não aquela fantasia de enfermeira com mini saia e decote, mas sim roupas brancas, com uma camisa e calças normais, mas apesar disso com aquele corpo cheio de curvas dela, tudo que vestia a tornava sensual.
De qualquer forma, Nanda entrou, com seu típico sorriso no rosto, não parecia ter nada estranho, ela não demonstrou o menor nervosismo ou incômodo de ter estado com Jaime, o que me tranquilizou.
No entanto, teve uma coisa estranha. Quando ela foi me beijar, em vez do selinho clássico que ela sempre me dá, dessa vez ela me segurou para um beijo de língua, bem intenso. Eu a puxei pra mim, massageando seus lábios com os meus e enrolando nossas línguas até ela finalmente me soltar e encarar com aqueles olhos profundos e apaixonantes.
Nanda então se virou e caminhou em direção ao banheiro e, por um breve momento, eu quase me esqueci de perguntar o que havia acontecido, mas isso durou pouco, já que a dúvida rapidamente voltou a minha mente.
— E então, amor. Como foi hoje o trabalho privado? — Perguntei, tentando soar despretensioso, mas na realidade eu estava bem nervoso.
Nanda também reagiu de uma maneira inesperada. Ela estava andando para o banheiro mas imediatamente ao me ouvir perguntando isso ela parou do nada.
— É...foi, legal...— Ela falou, se virando pra mim e tentando desconversar um pouco.
Isso já serviu praticamente como confirmação pra mim de que algo fora do comum havia acontecido, mas eu precisava saber mais.
— Aconteceu alguma coisa. O Jaime agiu estranho com você? — Questionei, em um tom bem mais sério.
Nanda se virou para mim e depois olhou para o chão, claramente escondendo alguma coisa. Ela então deixou as coisas dela na mesa e se sentou no sofá da sala. — Olha…aconteceu uma coisa, mas você tem que me prometer que não vai ficar nervoso.
Quando ela falou isso eu na hora senti meu coração palpitar, mas decidi respirar fundo e não fazer nada até ouvir a história toda. — Tudo bem, amor. Eu prometo, agora me conta.
Nanda suspirou e me olhou nos olhos, já me deixando apreensivo, e começou a contar o que tinha acontecido.
— Bom, eu fui até o apartamento do senhor Jaime para fazer o meu primeiro trabalho na casa de um paciente. Eu estava nervosa e com medo de fazer alguma coisa errada, mas o senhor Jaime foi um doce comigo. Ele abriu a porta com um sorriso gentil e me deu um abraço, mesmo estando debilitado. Ele foi educado e me recebeu super bem, o que já me deixou mais tranquila. Eu então comecei a fazer o trabalho, no geral foi tudo normal, arrumei algumas coisas, fiz comida pra ele, limpei alguns móveis que estavam sujos de poeira e dei alguns remédios, tava tudo indo bem mas eu comecei a notar algumas coisas estranhas.
— Coisas estranhas? — Repeti, já sentindo minha garganta seca de apreensão. — Como assim?
— Bem…Olha amor não fica com raiva, mas eu notei que sempre que eu me abaixava para pegar algo, ou limpar alguma coisa o senhor Jaime ficava me encarando, especialmente pra minha bunda. Também teve uma vez que eu fui me abaixar para dar os remédios dele e eu tive a impressão de que o senhor Jaime tentou ver por dentro do meu decote pela camisa.
Eu senti meu sangue ferver ao ouvir isso, esse velho tarado estava se aproveitando da minha esposa que só estava fazendo o trabalho dela. Esse arrombado, eu já deveria ter imaginado.
Enquanto eu sentia a raiva crescer dentro de mim, Nanda, vendo a minha expressão irritada, tratou logo de me acalmar.
— Espera amor, não fica assim. Olha eu sei que falando assim parece ruim, mas tem uma explicação para tudo isso, quando eu contar você vai entender.
“Explicação?” Eu repeti em minha mente ao ouvir ela falar, “Como poderia haver uma explicação para um velho tarado ficar secando a minha esposa?” Agora além da raiva um sentimento de curiosidade crescia dentro de mim,eu queria entender sobre o que Nanda estava falando, então a deixei continuar. Só o que eu não esperava era que as coisas tivessem ficado tão ruins logo no primeiro dia, mas eu estava prestes a saber.
— Então amor, eu estava fazendo as coisas quando algo mais aconteceu, mas antes de contar eu quero que você me escute tudo que eu tenho a falar antes de dizer qualquer coisa, por favor amor. — Ela falou com um rosto manhoso, eu apenas concordei com a cabeça, estava realmente apreensivo mas com uma curiosidade gigante para saber. — Bom, o senhor Jaime estava sentado na cadeira assistindo televisão quando eu estava varrendo a casa. Eu vi ele me olhando pelo canto de olho mas resolvi ignorar, isso até que eu ouvi ele gritar.
“Ai, ai ai! Nanda, por favor me ajude aqui! “ Ele berrou.
— Eu então corri pra perto dele e quando cheguei o senhor Jaime estava fazendo uma cara e dor com o braço torto. “Nanda, minha querida, acho que dei um jeito no braço de novo, está doendo muito. Você poderia fazer uma massagem?” Ele perguntou. Eu disse que seria melhor uma compressa de gelo para as juntas, mas ele disse que estava com um problema muscular e que uma massagem seria melhor para as fibras dos músculos.
Minha esposa contava tudo aquilo e eu ouvia silenciosamente, mas meu coração batia mais forte a cada palavra, sentindo que algo de muito ruim estava se aproximando e infelizmente eu estava certo.
— Fiquei com muita dó do senhor Jaime sentir tanta dor então resolvi ajudar. Eu peguei uma cadeira, me sentei ao lado dele e segurei seu braço, esfregando de leve do cotovelo até o ombro em uma massagem suave. No começo parecia estar funcionando, o senhor Jaime disse que a dor estava diminuindo, mas então aconteceu algo que eu não esperava. Do nada eu senti algo bater no meu peito. Eu olhei para baixo e vi a mão do senhor Jaime perto de mim, mas achei que foi um acidente e continuei a massagem, só que então e senti outra vez, e dessa vez não parecia ter batido por acidente, parecia que ele tinha encostado a mão inteira no meu peito. Mas eu achei que pudesse ser coisa da minha cabeça, afinal eu estava mexendo no braço dele e isso podia acontecer, só que aí do nada eu senti uma apalpada forte no meu peito e quando olhei pra baixo vi agora a mão inteira do senhor Jaime segurando com força o meu peito e balançando ele!
— Filho da Puta! — Eu berrei, irritado ao ouvir aquilo, levantando da cadeira com os punhos cerrados, pronto para ir até o apartamento daquele velho pervertido e dar um soco na cara dele, mas Nanda se levantou e me segurou.
— Espera amor! Você prometeu me deixar terminar, por favor. Deixa eu terminar que você vai entender tudo. — Nanda falou, aos berros, me segurando.
Eu sentia como se tivesse levado um choque no corpo todo, era uma sensação esquisita e eu não sabia bem o que fazer. Mas, convencido por Nanda, decidi sentar e me acalmar, deixando ela terminar de contar e esperando que não ficasse pior do que já estava, o que obviamente ficou.
— Nessa hora eu fiz como você fez agora, eu empurrei a mão do senhor Jaime e briguei com ele. — Nanda falou, sentando-se no sofá — Eu disse: “Senhor Jaime isso é assédio, eu sou a sua enfermeira e você tem que me tratar com respeito! “E o senhor Jaime me respondeu: “Oh, desculpe minha querida, é força do hábito, eu não percebi o que estava fazendo, por favor me perdoe.” Nessa hora eu me acalmei um pouco. Quer dizer, o senhor Jaime estava sendo tão educado até agora, então eu achei que ele realmente não tinha feito isso de propósito. Ele obviamente não pensaria coisas erradas estando com dor, não é?
Era quase inacreditável pra mim ouvir Nanda falando aquilo. Ela era um pouco inocente e sempre tentou ajudar os outros e ver o melhor nas pessoas, mas pra mim isso estava bem claro. O velho tarado estava se aproveitando dela, só que minha esposa falava com tanta certeza que eu comecei a pensar que isso podia ser um acidente mesmo, bem, pelo menos até ela me contar o resto da história.
— Então eu falei: “Tudo bem, mas por favor deixe a sua mão abaixada enquanto eu faço a massagem.” Ele concordou ao ouvir isso. Nós dois então voltamos a massagem, comigo esfregando o braço dele e parecia que ia ficar tudo bem dessa vez. Mas eu senti um frio na espinha quando olhei pra baixo e vi que a mão dele estava se esfregando em mim de novo, mas dessa vez nas pernas. Ele encostou a mão na minha coxa, obviamente em cima da calça, e começou a apertar e deslizar a mão por ela. Eu tentei ignorar, mas a mão dele foi subindo cada vez mais na minha coxa e chegou bem perto da minha virilha.
O meu coração agora estava batendo que nem um tambor de tanto ciúmes e raiva que eu estava. Minhas preocupações estavam certas, eu não devia ter deixado minha esposa cuidar desse velho fdp. Mas, apesar de tudo que eu tinha ouvido o que mais me assustava era que Nanda ainda não havia terminado de contar a história e que o pior ainda viria agora.
— Nessa hora eu empurrei o braço dele e me levantei da cadeira. Eu estava muito irritada, então olhei séria para o senhor Jaime e falei: “Senhor Jaime, já chega! Isso está passando dos limites. O senhor está me assediando e eu não vou tolerar mais isso!” Eu berrei com raiva, mas quando eu olhei pra ele vi algo que não esperava. O senhor Jaime estava esfregando os olhos marejados com uma tristeza profunda no olhar. “Oh minha filha, me desculpe. É que por um momento você me lembrou a minha falecida esposa Lúcia. Ela era o amor da minha vida, tão linda e formosa que nem você, mas eu a perdi muito cedo e essa dor ainda vive comigo no meu coração. Nós éramos muito felizes e queríamos ter muitos filhos, mas ela se foi antes de conseguirmos realizar esse sonho. Por favor, não me abandone como ela” Ele então se curvou e começou a chorar. Nesse momento eu senti um aperto tão forte no coração, o coitadinho não estava fazendo isso por mal, ele só estava com saudades da esposa. Nessa hora eu esqueci toda a minha raiva e dei um abraço apertado nele.
Eu estava incrédulo ouvindo aquilo. Não era possível que tudo isso fosse verdade, a minha esposa deixou um velho apalpar ela descaradamente e depois ainda deu um abraço nele? Isso não podia ser possível.
— Mas o que aconteceu depois? Você continuou a massagem? — Perguntei, já bem nervoso.
Nanda pareceu um pouco envergonhada e demorou um pouco para responder. — Bom..sim, ele ainda estava com dor.
— E ele te apalpou de novo?
Nanda olhou para os lados, como se pensasse em uma forma de responder que não me deixasse nervoso. — Olha amor, depois que tudo foi esclarecido eu não diria que ele me “apalpou” entende, era só uma forma dele matar a saudade da esposa, era algo bem inocente, nem em mim ele estava pensando na hora, eu não chamaria isso de apalpar.
— Mas ele passou a mão em você de novo? — Questionei, apreensivo.
— Bem…sim. Mas foi só um pouco, e como foi por cima da roupa tudo bem. Quer dizer, ele apertou e balançou um pouco meus peitos e passou a mão nas minhas pernas, só isso. Ah, e quando a gente foi se despedir ele me abraçou e desceu a mão pela minha cintura e segurou a minha bunda, mas foi bem de leve e rápido. Inclusive, para provar que ele não tinha nenhuma maldade, ele até falou de você.
— Como assim?
— Então, enquanto eu tava fazendo a massagem nele ele segurou os meus seios com uma mão, mas aí, parecendo perceber alguma coisa ele se virou e segurou com as duas, balançando um pouco meus peitos e dizendo: “Nossa, seu marido é um homem de sorte por ter uma esposa tão saudável. Olha esse peitos, eles são tão grandes, aposto que quando ficar grávida eles vão ficar ainda maiores quando estiverem cheios de leite.” Você viu como ele é fofo? Mesmo não tendo podido ter os próprios filhos ele já estava imaginando e parabenizando a gente quando tivermos os nossos, o senhor Jaime é um amor de pessoa. — Ela disse sorrindo.
Nessa hora eu não sabia bem o que fazer. Minha esposa havia me confessado, aos sorrisos, que havia deixado um velho nojento passar a mão no corpo dela e segurar os peitos dela, e ela ainda abraçou ele e o chamou de fofo. Nesse momento eu devia ter feito alguma coisa, mas o jeito que Nanda me contou me fez pensar que realmente não havia nenhuma maldade. Quer dizer uma situação tão maluca quanto essa não podia existir não é? Nenhum idoso seria tão cara de pau pra fazer isso na cara dura.
Dessa forma eu conversei com Nanda e falei que entendia e que estava tudo bem. isso ela saltou alegre do sofá e me abraçou, parecendo muito feliz com a minha compreensão.
— Ai amor, eu sabia que você ia entender. Você é o melhor marido de todos. — Ela falou, alegre, me dando beijo na bochecha e se virando para o banheiro, para finalmente ir tomar seu banho. Mas antes de ir ela parou novamente e se virou pra mim — Ah sim, amor. Eu quase me esqueci, amanhã de manhã tem como você comprar um creme corporal pra mim?
— Pra quê? — Perguntei, ficando apreensivo de novo — Você nunca usou um desses, pra que preciso agora?
— Não é pra mim, seu bobo. É pro senhor Jaime, ele me falou que usar um creme corporal iria facilitar bem mais as massagens, inclusive iria precisar disso porque ele estava com muita dor nas pernas e eu prometi uma massagem especial pra aliviar as dores nas pernas dele amanhã. Enfim, é isso, não esquece porque isso é muito importante, vou tomar meu banho agora. — Ela falou, virando as costas e indo até o banheiro.
Nisso eu fiquei lá, sentado no sofá da sala, tentando digerir o que havia acontecido. Isso era realmente demais pra mim e só de ouvir a história me senti exausto, meu corpo estava rígido quente e minha cabeça estava confusa, especialmente por ter que comprar um creme para a minha esposa esfregar o corpo de outro homem, e ela disse que ia massagear as pernas dele? Não, melhor não pensar nisso, é o trabalho dela e como ela disse o Jaime é só um velho que estava triste por que perdeu a esposa.
Mas, por um momento eu acabei me lembrando de uma conversa que tive com um vizinho antes dele se mudar. Eu lembro que esse vizinho tinha falado de um velho que morava no prédio e que tinha perdido a esposa, mas diferente da história do Jaime esse velho tinha tido 7 filhos e ainda mais fora do casamento e que a esposa dele tinha morrido de ataque cardíaco 5 anos depois de ter se separado dele, separação essa que aconteceu porque ela havia descoberto as traições dele quando outra mulher apareceu cobrando pensão. Mas não, esse devia ser outro velho, não tinha como essa ser a história do Jaime.Eu respirei fundo para me acalmar, já estava pensando demais e começando a imaginar besteiras.
De qualquer forma eu tinha que descansar, tive um dia longo e teria que acordar cedo amanhã para comprar o creme que Nanda pediu, eu só espero não ter mais nenhuma surpresa desagradável no dia seguinte. Mas por algum motivo eu não tinha muita confiança nisso.