Depois da noite que tive ontem não teve como acordar tão cedo, ainda sim acordei antes do Ciço, o relógio está marcando nove da manhã, o que para mim é recorde, não sou de acordar tão tarde assim, pensando bem as vezes em que acordei mais tarde, foram por causa do meu namorado.
Levanto e vou ao banheiro, um banho frio é tudo que preciso agora para despertar totalmente, depois vou para a cozinha, Claudia ainda não voltou, mas meio que já me sinto mais à vontade a ponto de passar um café, Ciço ama meu café e preciso acordá-lo para que me leve para casa.
— Bom dia Daniel — seu Cícero me cumprimenta ao entrar na cozinha.
— Bom dia, seu Cícero.
— Cadê o Cicinho?
— Dormindo, mas vou já acorda-lo — digo.
— Se deixar ele dormir até amanhã, não sei a quem ele puxou de ser tão preguiçoso — Cícero diz fazendo uma crítica ao filho.
— Durante a viagem até que ele estava acordando cedo — digo.
— A mãe dele tem razão, você tem sido uma boa influência para ele, melhor do que o César, aquele alí só leva o Cicinho para onde não deve.
— Pensei que o senhor gostasse do César — digo.
— Nunca gostei, mas não sou eu quem deve escolher as amizades do Cicinho e a Pamela gosta desse moleque.
— Entendi — pelo menos meu sogro compartilhar minha antipatia, pelo amigo do meu namorado.
— Cicinho é um bom garoto, deixamos ele crescer solto fazendo o que quer, mas mesmo assim ele tem sido um bom garoto, de vez em quando faz merda, mas nada que não possa ser reparado.
— Ele é um pouco mimado — digo sem pensar e fico vermelho com o olhar que meu sogro me dá.
— Você tem razão, o avô dele faz tudo que ele quer, por ele o Cicinho já estava morando com ele desde muito novo, ele que nunca quis morar lá, só vai para passar férias.
— Ciço é um cara muito inteligente, seu filho é o cara mais generoso e de bom coração que eu conheço — falei em defesa do meu namorado.
— Por isso que eu gosto de você na vida dele Daniel, porque você ver bondade nele, e já percebi o quanto ele já mudou desde que te conheceu, só em ter voltado dessa viagem antes do tempo, antigamente seria preciso mandar ele vir para casa — estou mais envergonhado agora.
— Bem, agora que eu voltei posso fazer o trabalho pro senhor.
— Sim, vai almoçar no restaurante hoje, que eu te passo os livros lá.
— Sim senhor.
— Agora deixa eu ir, vim só pegar meu carregador que esqueci.
Ele toma uma dose do meu café e vai embora, estou muito feliz por saber que faço bem para o Ciço, até porque ele tem me feito o cara mais feliz do mundo desde que nos conhecemos, aproveito essa animação no meu peito para preparar dois mistos para ele, coloco tudo numa bandeja e levo pro quarto.
— Amor, acorda — digo beijando seu pescoço.
— Bom dia, meu lindo — Ciço está usando só uma cueca preta e seu volume matinal está bem marcado.
— Você já acorda assim seu safado.
— Você acorda com um cheiro bem no cangote e quer que eu esteja como? — Ele responde com seu sorriso de malícia.
— E o que podemos fazer a respeito disso? — Faça a pergunta enquanto minha mão desliza para dentro de sua cueca.
— Olha, acho que você está indo muito bem.
Tiro o membro duro dele de dentro da cueca e inicio movimentos lentos, Ciço fecha os olhos e morde o lábio inferior, com a outra mão bilisco seu mamilo, no mesmo momento sinto seu membro pulsar na minha mão, quero sentir isso de novo, então começo a chupar seu outro mamilo, ele não consegue segurar seus gemidos, pouco a pouco acelero meu movimento, estou masturbando ele ao mesmo tempo em que chupo seu mamilo.
Ele não segura por muito tempo, seu gozo é tão intenso que atinge meu rosto, ofegante e satisfeito sorri para mim, vamos nos limpar para depois comermos o lanche que preparei para gente, Ciço está mais feliz que pinto no lixo, tanto por conta de refeição, quanto pelo agrado que recebeu mais cedo.
— Sabia que adoro quando você fica safado assim — ele diz.
— Só faço isso com você, não sei o que me dá.
— Meu corpo é seu, pode ser safado comigo sempre que quiser.
— Para, vou ficar com vergonha — digo, já ficando vermelho.
— Relaxa Danny boy.
Ele me convenceu a ir para academia com ele, esse é um programa que não tenho como me acostumar, enquanto ele pega os pesos mais pesados, pareço que estou na fisioterapia, mas estou indo bem, até porque não quero me lesionar. Quando acho que vamos ter uma manhã de boas na academia vejo César chegar com alguns dos amigos deles que estavam no karaokê outro dia.
Todos me comprimentam, Ciço aproveita para dar a notícia aos amigos que estamos namorando, alguns demoram um pouco para acreditar, mas ninguém pareceu contra ou incomodado com a novidade, César entrou numa de me ignorar de novo, não sei mais o que faço para ficar de boas com esse cara, ele definitivamente é uma incógnita para mim, suas ações fazem pouquíssimo sentido.
Se o que Ciço diz for verdade e César realmente não gostar dele, então a única explicação é que ele realmente me odeia, tipo quando você pega ranço de uma pessoa do nada, vai ver fomos inimigos mortais em outra vida e o ódio foi tão grande que veio junto nessa reencarnação, não sei, ele seu comportamento em si é um grande mistério.
— César, posso conversar com você — digo disposto a pôr um fim em nossa relação de uma vez por todas, tipo se ele realmente me odeio não posso fazer nada, já que não vou sair da vida do Ciço, então ou ele me aceita e aprende a conviver comigo, ou ele saia da vida do meu namorado, posso está sendo egoísta, mas não vou abrir mão do Ciço, nem por ele e nem por mais ninguém.
— Claro, pode falar — sua ironia me irrita profundamente.
— Em particular — digo.
Ele me segue até a recepção da academia, estamos no campo de visão dos outros, mas longe o suficiente para que nem deles nos escute, César está mantendo sua pose de indiferença, o que me dá ainda mais coragem para enfrentá-lo, quero pôr um fim nessa história, já mais do que paciente deixando que Ciço conversasse com ele.
— César, é o seguinte, não sei que tipo de relação você tem com Ciço, mas acontece que eu sou namorado dele.
— Eu sei disso — ele me interrompe com seu sorriso falso.
— É, mas acontece que você só me trata mal desde que comecei a namorar com ele, suas piadas não tem graça e pior ainda suas tentativas de deixar a gente mal um com o outro não vão funcionar, primeiro eu tentei ser paciente e entender seu lado, só que cada vez mais estou certo de que seu problema comigo é pessoal.
— Você está brincando comigo? — É a primeira vez que ele parece bravo.
— Não, você é quem está brincando com minha cara, se você é apaixonado pelo Ciço, de verdade eu entendo você, mas infelizmente não posso fazer nada César, a gente está junto e por mais duro que seja, você precisa aceitar isso e seguir em frente — falei cada palavra de forma firme e o encarando nos olhos.
— Você deve ser muito trouxa mesmo, ou melhor o trouxa dessa história sou eu.
— Do que você está falando, César?
— O Ciço só está com você porque ele é um carente do caralho, o cara é tão carente que fica em cima das pessoas até que elas não aguentam e passam chifre nele ou simplesmente, terminam, ele quase não namorou na vida por causa disso.
— Não fale assim dele, Ciço não é carente, muito longe disso, ele é uma das pessoas mais fortes que já conheci.
— Ele é emocionado e uma hora você vai cansar disso.
— Ai você vai ser a pessoal que vai está lá por ele não é mesmo — digo fazendo questão de deixar minha ironia transparente.
— Não, porra, cara o que mais eu tenho que fazer para você entender que eu sou o cara certo para você e não ele — fico sem palavras, até porque ele aumentou o tom de voz agora a ponto do proprio Ciço ouvir — eu fiquei de olho em você desde o dia em que a gente se conheceu, Ciço nem é gay de verdade, ele só está com você porque precisa de atenção, uma hora ele vai se cansar disso e procurar uma mulher.
— Você, você quer me dizer, que esse tempo todo era de mim que estava sentindo ciúmes?
— Por que acha que fiz tanta questão de ir nessa droga de viagem e até sai de perto de vocês quando vi que você tinha sido burro de aceitar namorar com ele, Dan o Cícero que eu conheço não é esse principe que você vê, ele não liga para nada além dele mesmo.
— O que está acontecendo aqui — CIço chega na conversa.
— Você tem que parar de usar o Daniel para satisfazer sua carência Ciço é isso que está acontecendo aqui — César diz com escárnio na voz.
— Você ficou louco porra — Ciço irrigesse o corpo, mas o seguro.
— César, não importa o que você acha, eu estou com Ciço, você não sabe nada sobre nossa relação e se essa é a visão que tem do seu melhor amigo, só prova que não o conhece de verdade, não como eu pelo menos.
— Você está cego — ele insiste.
— Sinto muito César, mas mesmo que ele não fosse meu namorado, mesmo que eu nunca tivesse conhecido o Ciço, ainda sim, não ficaria com você, você não me atrai em nada, você não faz meu tipo, acho que nem amigos nós seríamos se não fosse por ele — minhas palavras são calmas e sinceras, não estou falando para machucá-lo, estou falando apenas a minha verdade, César é bonito, mas não é o cara para quem olharia ou até pensaria em ter qualquer envolvimento.
César fica em silêncio, Ciço ainda quer avançar em cima dele, mas não permito, vou puxando ele para fora da academia, para longe do César que nos ver ir embora estático, só depois que saímos é que os amigos deles se aproximam dele, Ciço está furioso, mas consigo leva-lo até sua moto que está no estacionamento.
— Calma Ciço — digo.
— Eu quero que ele repita isso que ele falou na minha cara.
— Ciço, fica aqui, fica comigo, esquece esse cara, ele não vale a pena — digo com firmeza.
— Amor, você não é.
— Eu sei, eu te amo Ciço e tenho certeza que você me ama também — o interrompi, pois nem quero que ele duvide do meu sentimento nem por um momento.
Ciço me beija, tem lágrimas em seus olhos, imagino que deve ter sido um golpe para ele ouvir aquilo de seu melhor amigo, no fim Ciço nunca teve alguém que desce amor e carinho para ele da forma que ele merece, ele cresceu tendo tudo que poderia imaginar, menos o afeto das pessoas que o cercaram.
— Você é meu mundo — ele diz olhando em meus olhos.
— E você é minha praia — digo enxugando seus olhos, Ciço sabe o quando a praia significa em minha vida e por isso um sorriso bobo e muito lindo se abre eu seu rosto triste.
Nos abraçamos de novo, nada pode mudar o que sinto por ele, sei que todo esse sentimento é recíproco, ele se entregou para mim assim como me entreguei a ele, Ciço me deu a coisa que mais quis na vida, ele me deu paz, com ele sou suficiente, sou capaz de tudo, a melhor versão minha que posso ser.
— Vamos pra casa, a gente toma um banho e depois vai para o restaurante, seu pai nos convidou para almoçar — digo mudando de assunto.
Ele ficou mais calmo e assim fizemos o que eu sugeri, fomos para casa banhar e depois para o restaurante almoçar, Ciço melhorou o humor e bloqueou César em suas redes, a traição do melhor amigo foi muito para ele, meu namorado deu todas as chances para que o amigo se abrisse sobre seus sentimentos e mesmo assim César preferiu mentir.
Seu Cícero me entregou o que preciso para por a contabilidade do seu restaurante em ordem, ele está confiando muito em mim me colocando para fazer esse serviço, então preciso dar meu melhor para não ter erros e assim poder retribuir a confiança e o apoio que ele tem dado para o meu relacionamento com o filho dele.
— Quem fazia isso ai era o ex marido da minha tia — Ciço fala me observando conferir os documentos.
— Pois é, seu pai me disse, mas parece que desde o divorcio as coisas não andam muito bem né?
— Pois é, é muito complicado e você entende mesmo dessas coisas?
— Sim, seu namorado tem muitas facetas, se eu não fosse cursar matemática teria cursado contabilidade, na real até acho que vou fazer algo nessa área um dia.
— Fico cada dia mais impressionado com você, Dan.
— Você também me surpreende bastante Ciço, você é um cara incrível — ele sorri com meu elogio.
— Sou uma pessoa melhor só por está com você Daniel — estou rindo porque pensei a mesma coisa agora a pouco.
— Você me faz ser uma pessoal melhor Ciço.
— Que bom, pelo jeito nós fazemos muito bem — ele me beija rapidamente, pois sabe que tenho problemas com beijos em público e principalmente na frente do meu sogro.
— Mudando de assunto, tenho uma notícia que não vai te animar muito.
— Não, você não vai dormir em casa hoje.
— Como você sabia? — Pergunto.
— Porque para mim não tem notícia pior do que ficar longe de você — pronto estou morrendo de vergonha de novo por causa dele.
— Você me deixa sem jeito falando isso — digo batendo de leve no braço dele — mas é sério Ciço, preciso ir para casa, não vou conseguir me concentrar em mais nada se você estiver por perto e preciso muito fazer isso aqui pro seu pai.
— E se eu for te buscar quando você acabar? — É tentador, mas sei que minha mãe vai me encher o saco, por já ter viajado e não querer mais voltar para casa.
— Não torna isso pior do que já está Ciço, eu também não estou animado em dormir sem você, mas é preciso, você vai poder aproveitar sua cama enorme sem mim — digo na tentativa de animá-lo.
— Sem você ela é só um espaço vazio, mas tudo bem, eu aceito dormir sem meu namorado, desde que você fique comigo amanhã.
— Certo, amanhã podemos fazer o que você quiser — digo.
— Podemos vir almoçar aqui e daqui ir para algum lugar — ele sugere todo animado.
— Me surpreenda — digo mesmo, está meio receoso do que pode passar em sua cabeça.
— Vou te deixar.
— Ciço, já conversamos sobre isso, vou de carro de aplicativo, é mais seguro.
— Certo, então vou pedir aqui seu carro — ele se apressa em pedir o carro pelo seu celular.
— Por que você não me deixa pagar?
— Porque assim tenho eu quem está te deixando em casa.
— Isso não faz sentido — digo sorrindo.
— Tudo bem, ou peço seu carro no meu celular ou vou lhe deixar, você escolhe — ele me coloca em uma situação onde não posso vencer, então escolho a opção que vai me deixar menos preocupado com ele.
Depois de uma despedida cheia de beijos e um pouco de drama, volto para minha casa, minha mãe está em casa no sofá fazendo suas unhas, minha irmã saiu com umas amigas, já tinha avisado minha mãe que voltaria para casa hoje, não gosto de mentir, mas foi só uma mentirinha boba e sem importância, sou maior de idade posso dormir com meu namorado sempre que quiser, porém ainda deve respeito a minha mãe e a suas regras, por morar debaixo do seu teto.
— Oi meu amor, como foi a viagem?
— Foi boa mãe, muito boa na verdade — digo.
— Filho senta aqui, quero conversar com você — ela diz em um tom mais sério.
— Oi mãe? — digo me sentando de frente para ela.
— Sua irmã foi demitida — sou pego de surpresa com essa notícia.
— O que aconteceu, ela já está com eles a um tempo — perguntei sem entender o que pode ter acontecido, minha irmã é uma mala, mas ela trabalha direito.
— Ela disse que foi por causa do Cícero, ele pediu a tia dele para demitir sua irmã — a convicção de suas palavras me assusta, como ela pode acreditar tão cegamente na minha irmã assim.
— Mãe isso é um absurdo.
— Ela disse que ele ficou puto por causa da proibição de dormir aqui e fez isso para atingila.
— Mãe, o Ciço estava comigo na viagem, como ele pode ter feito isso?
— Ele pode muito bem ter ligado para você dele, sem você ver e outra porque sua irmã iria mentir sobre uma dessas coisas?
— Não sei mãe, mas ela está mentindo sim, Ciço nem se importa com a falsa da Isabel — estou ficando alterado, não gosto que falem do Ciço.
— Porque você defende tanto esse rapaz e faz esse julgamento negativo de sua irmã? — Meu coração está batendo forte, me pergunto se esse é o momento de revelar meu segredo, mas tenho medo, um medo forte que me paralisa, não posso fazer isso.
— Ele é meu amigo mãe, e Isabel não é santa, só vocês que não enxergam isso — digo.
— Admito que sua irmã pode ser difícil sim, mas esse rapaz já namorou com ela e as coisas que Isabel fala fazem muito sentido.
— Não mãe, não fazem — a verdade está lutando em meu peito para se libertar.
— Como você pode ter tanta certeza disso Daniel? — Minha mãe está me levando ao limite, mas quando estou prestes a contar, Isabel entra em casa chorando.
— O que aconteceu, filha? — Minha mãe desvia sua atenção completamente para sua filha.
Isabel vai para seu quarto seguida por minha mãe, a curiosidade em mim quer saber porque Isabel está chorando, mas melhor deixa que elas conversem primeiro e só depois tento descobrir o que rolou, agora preciso mesmo é do meu quarto, quase contei meu segredo, poderia ser eu chorando no quarto agora, enfim tenho muito trabalho a fazer, não posso perder tempo.
Depois de três xícaras de café e um redbull para aguentar madrugada a dentro de trabalho finalmente consigo entender os número do restaurante, meu sogro é um cara muito mais rico do que imaginei, tipo seu negócio é muito rentável, porém algo não bate, passei a madrugada inteira acordado calculando e recalculando, segui o dinheiro como dizem e acho que descobri algo que não deveria.
— Amor, preciso te ver agora — digo assim que meu namorado atende ao telefone com a voz sonolenta.
— Eu vou te buscar — ele diz.
— Não, desculpa te acordar, não dormi, estou meio perdido da hora.
— Sim problemas Danny boy, você sumiu ontem estou com saudades.
— Sumi nada, nós falamos por mensagem, exagerado, mas também estou com saudades, de qualquer forma estou indo ai, preciso muito de sua opinião.
— Claro, você quer que te busque? — Sua voz de sono é sexy.
— Vou pegar um cara de aplicativo, só queria ter certeza que você estaria em casa — digo.
Já estou tão acostumado a dormir e acordar com Ciço, que mesmo tendo passado apenas um dia longe dele me sinto muito mais animado em poder reencontrá-lo e ele parece tão animado quanto eu, assim que chego mau consigo comprimentar a Claudia que já está de volta ao trabalho, pois meu namorado me puxa para seu quarto e me enche de beijos.
— Que saudades que eu tava de tu — ele diz todo dengoso.
— Também estava, mas temos que nos acostumar a dormir separados algumas noites — digo.
— Eu sei, mesmo assim não gosto da ideia — Ciço me mudou muito mais do que pude perceber, pois nunca pensei que um dia seria o cara do “desliga você primeiro”.
— Sobre o que você quer minha opinião?
— Melhor você sentar — digo o deixando com uma cara de preocupado — amor seu pai estava sendo roubado pelo seu tio.
— O que? — Ciço questiona levantando a voz.
— Calma, eu não sou expert, mas é que tem uma falta no caixa do seu pai, é muito sutil e já vem acontecendo a muito tempo, por isso posso dizer que gerou uma valor significativo.
— Como meu pai não deu falta disso?
— Pois é, acontece que ele foi fazendo retiradas de valores baixos e tem algumas informações que não bate, porém não tenho recursos para ir muito além e existe uma chance de ter me enganado.
— Você deve está certo — Ciço acredita mais em mim, do que eu mesmo.
— Mesmo assim, estou receoso de fazer a acusação e está enganado, tipo ele não está mais fazendo a contabilidade do seu pai, posso só fechar tudo e deixar como está, ou conto para o seu pai e corro o risco de destruir mais ainda a relação da sua família.
— Conheço meu pai, ele vai querer saber — Ele diz pensativo.
— Mas se eu estiver enganado? — Estou muito receoso.
— Vamos fazer o seguinte, vamos contar para ele juntos, daí meu pai pode colocar outro profissional para verificar e constatar sua suspeita antes de acusar meu tio formalmente.
— Você tem razão, bem se for dessa forma me sinto mais seguro de contar — digo feliz por saber que Ciço está comigo nessa.
Ciço achou melhor esperar o pai chegar em casa, até porque se ele ficar bravo é melhor que não seja na restaurante, porém não vou poder ficar para dormir, então ele liga para o pai e pede para que ele venha em casa assim que puder, o que acontece no fim da tarde apenas, pelo menos passei a tarde com Ciço.
— Então Daniel tem algum problema com minha contabilidade? — Ele pergunta ao me ver com os documentos na mesa da cozinha.
— Bem, quero dizer de ante mão que posso está enganado e que não é uma certeza seu Cícero, mas acredito que o senhor estava sendo roubado.
— Como é que é? — Ele tem uma reação muito parecida com a que seu filho teve.
— Tem um dinheiro faltando e não é de hoje — mostro a ele todos os cálculos e caminhos que tomei para chegar em minha suspeita — dá para fechar tudo e entregar para receita, não vai ter problema, porém teve esses pequenos desvios durante o tempo em que seu cunhado passou como seu contador.
— Ele fazia a contabilidade da minha mãe também, será que ele fez o mesmo com ela? — Diz Ciço.
— Isso é muito grave, se esse filho da mãe estiver nos roubando ele vai se ver comigo.
— Calma pai, agora temos que procurar entender melhor tudo isso, Dan sugeriu ao senhor contratar um contador mais experiente e de confiança para confirmar sua teoria.
— Pois é seu Cícero, um contador vai ter ferramentas que não tenho para fazer uma investigação mais detalhada.
— Eu acredito em você Daniel, mas vou fazer o que me disse, até porque se ele alegar que o infeliz me roubou mesmo eu pego ele.
Estou preocupado com o que vai acontecer, porém não está mais sob meu controle, mesmo achando que não mereço receber, meu sogro me paga do mesmo jeito, acabei recebendo mais do que estava esperando, o que foi bom já que consegui pagar minha divida no cartão do Ciço — mesmo ele insistindo para que não fizesse isso.
— Não vou depender de você Ciço, somos um casal e tenho minhas responsabilidades com você também — digo.
— Mas amor, eu quero cuidar de você — ele argumenta.
— Eu sei, mas também quero poder cuidar de você Ciço, quer você goste ou não, vamos dividir nossas despesas, eu sei que não tenho a mesma condição que você, mas não se trata disso, mesmo que me diga que esse dinheiro não vai lhe fazer falta, irei lhe devolver o justo.
— Tudo bem, entenda sua posição e saiba que isso só me faz te admirar ainda mais — Ciço se declara para mim, em seguida ganhei um beijo quente.