CAPÍTULO 2 – Corram a Fera está solta!

Da série O desejo de Amar
Um conto erótico de Anji
Categoria: Gay
Contém 4055 palavras
Data: 10/10/2024 22:40:07
Assuntos: Gay

A mansão parece um castelo por dentro, mas resplandecente que nas fotos do instagram. Imensa, como alguém pode morar num lugar desse? Deve ter tanto espaço. Tem um jardim belíssimo, com uma vegetação rasteira e com algumas árvores erguidas e cuidadas devido a simetria que tem de uma para a outra. Sinto um aroma diferente algo que nunca senti antes, mas é um cheiro tão interessante.

Tem um caminho de velas estendidas pela lateral do jardim imenso mostrando o caminho que segue pela lateral das garagens, as garagens estão sem nenhum carro, suspeito e estranho. O caminho de velas contorna a piscina que por sinal é enorme. Até chegar num pequeno chalé. Agora estou indo em direção, quando chego a uma pequena escadaria feita em concreto com detalhes decorativos bem clássico quase vintage.

Quando olho para aquele céu, não encontro a lua, somente algumas estrelas, a noite está bastante silenciosa, nem os grilos se atrevem a soar sua orquestra. Caminho em direção ao chalé com prudência e cautela. Pesquiso com meus olhos discretamente por quaisquer movimentos que denote alguém ali à espreita, mas ainda é difícil de distinguir alguma presença, só vejo vultos pelas janelas passando para um lado e outro.

Quando chego a porta do chalé, consigo sentir um aroma de caça que parece sair das minhas têmporas. Uma vez li sobre um maníaco que sequestrava pessoas e as colocavam na floresta para servir de diversão e serem caçadas como animais na época de caçada.

Pensamentos dissonantes já começam a me fazer arrepender de ter vindo a este lugar. Mas quando me viro e olho para o caminho por onde tinha vindo. Escuto uma voz a me chamar: - Vamos, entre, não vai querer ficar aí fora.

Aquela voz gerou um frio no meu corpo, mas eu tenho impressão de ter já ter ouvido antes. Me vejo passando pela porta e alguém puxando meu casaco. Eu olho em volta, os buracos da máscara não me dão uma visão muito nítida, mas vejo dez pessoas, quatro estão preparando a mesa, dois estão na porta e três que começam a tocar uma música suave no momento em que entro. Não queria que isso ficasse parecendo um casamento ou também está parecendo um encontro de uma ceita secreta e vão me sacrificar em alguma cerimônia sangrenta, mas foi o que estava acontecendo.

Todos mascarados, com a mesma máscara, uma máscara branca sem o delinear da boca, meramente os olhos amostra. Sem nenhuma fala, nenhum regozijo, todos metricamente perfeitos em seus ternos preto e branco.

O nosso anfitrião estava no meio da sala, me olhando e analisando crivelmente meus gestos. Com uma máscara que lembrou bem o emblema do seu perfil no aplicativo. Um terno em azul marinho destacável e percebível o seu requinte mesmo a distância.

Vejo um dos empregados se aproximando com uma bandeja tendo uma taça de vinho que me é servida, aceito e desço os poucos degraus que levam ao centro da sala de estar. Agradeço a minha avó por pensamento pela sua delicadeza em me ensinar determinadas regrinhas de etiqueta social. Desci sem derramar uma gota sequer do vinho.

Olho fixamente e curiosamente para seus modos, contornos, os músculos que se sobressaem sobre sus vestimenta cara de forma discreta, mas ainda sim atraente. Sua boca, com aquela barba feita de forma impecável, já que parece ser uma das únicas partes humanas daquele homem, além dos olhos verdes musgo, tipo lodo do pântano que te puxa para dentro e não te solta mais. Tive uma sensação de breve reconhecimento, mas isso só paira pelos meus sentidos. Bebo um gole suave do vinho e o cumprimento: - Boa noite, mas confesso que estranhei, pela forma do convite achei que teriam mais convidados.

- Isso te incomoda? Minha companhia não é suficiente para você?

Essa voz me dar tremores, tento manter uma distância saudável e segura antes que me perca demais do meu autocontrole.

Mas é impossível não perceber a atmosfera densa que nos envolvia enquanto analisávamos um ao outro. Um silêncio tão sufocante que quase esqueço de suas últimas palavras e de súbito relapso volto ao diálogo.

- Não seria esse o problema. Falo um tanto receoso na tentativa de não desagradar o anfitrião.

- Gosta da música? Posso pedir para tocarem algo que goste.

- Está agradável.

Meu coração estava mais brando com aquele tom suave que o violinista dava a melodia. Ele não é qualquer um, tem muito requinte e sofisticação deve ser de uma família rica. E se soubesse que sou de uma classe econômica inferior será que ele me receberia do mesmo modo? Mas isso não vem ao caso. Saber quem sou importa um tanto menos de quem quer que seja ele.

- Então é assim que você sai com as pessoas? Mandando um convite e simplesmente ficar esperando sem saber se viria ou não.

As vezes meu senso de loucura extrapola os níveis da conversa e solto pérolas para mostrar que não uma criança indefesa e posso me defender, mesmo que isso seja apenas no sentido figurado, olha só o tamanho desse homem.

Tenho a sensação que ele poderia a qualquer momento me partir em dois lados e me erguer como um troféu de caça.

- Só mando quando tenho convicção que vai vale à pena.

Cada palavra sua, é repleta de uma tranquilidade e assertividade que desconcerta qualquer pessoa.

Ficamos nos olhando, em silêncio, não sei se ele estava sentido aquela atmosfera ardendo com um calor diferente do que sai pela lareira. Ele quebra o silêncio me convidando para jantar. Fomos a mesa que tinha um design marroquino bem interessante. E como assentos, almofadas bem acolchoadas, bem diferente a sensação, mas gostei.

A mesa estava farta, mas belisquei algumas coisinhas, meu estômago estava restrito devido a tensão que meu corpo estava passando. E também pela limpeza que sabemos ser algo apreciado, mas fingi comer algumas coisas para não ser desagradável.

O jantar foi praticamente em silêncio, mas o que conversar? Quando olhava para ele, só sentia sua atenção em mim. Bebo um gole do vinho para ajudar a desfazer o nó na minha garganta que seus olhos causavam em mim. Nem para nos alimentarmos tiramos as máscaras. Como verei seu rosto? Algo me diz que o restante da noite será fora do comum.

Assim que jantamos, percebi que alguns dos empregados começaram a se recolher. Ficamos somente ele, eu e os músicos. Percebo que algo esta para acontecer. O lobo me olha com mais intensidade, me deixa totalmente fora do meu próprio eixo. E ele vem até mim e pergunta: - Posso ver seu rosto?

Eu não esboço uma reação, então atrevidamente ela envolve suas mãos atrás de mim e tira o laço que amarrava a máscara ao meu rosto. Enquanto tira com cuidado, vai passando a suas mãos em meu rosto. Minha sorte foi maquiagem, tento perceber qualquer ato falho desse ser humano, mas não consigo.

Passa suas mãos acariciando o delineado no meu rosto, segura meus braços e me deita sobre a mesa que antes foi nosso jantar. Tão lentamente, mas eu não consigo ter uma reação oposta se quer.

- Anjo, você já esteve com outros caras?

- Sim.

Respondo suavemente. Já sinto qual será o resultado de nossas atividades penumbrais.

- Antes de mais nada colocarei essa faixa em seus olhos.

Fala isso me mostrando uma faixa vermelha. Não acredito no que meus ouvidos escutaram. Vamos Alex, faça alguma coisa. Mas não consigo me escutar. O meu silêncio segue sendo um consentimento. Ele coloca a faixa. Pega algumas algemas e amarra minhas mãos na mesa.

Eu não vejo nada, apenas sinto suas mãos visitarem cada parte do meu corpo. Ela vai descendo seu rosto com caricias e mordidas no meu corpo. Quase deixo os gemidos saírem, mas mesmo assim ele sente os choques involuntários que gera no meu corpo. Beija minhas pernas. Até falar: - Esse sinal é bem grande.

- Sim, tenho ele desde que nasci.

- Vejo que está de curativo, você se machucou?

- Foi hoje cedo, cai da bicicleta.

Que patética resposta, devia me sentir constrangido em lhe dizer que cair de bicicleta, mas estou tão estranho, as palavras escapam da minha boca sem nenhum filtro se quer.

Meu corpo continuava a responder ao seu toque como se já estivesse num estado de hipnose e submissão autorizada. Como não posso nem ver o rosto do homem que estar para me possuir.

Não sei se é essa sensação que está me dando ainda mais excitação. Mas há um queimor dentro do meu estomago como uma lareira que é atiçada com mais madeira. Sinto a pressão do seu corpo sobre mim, o seu rosto esta frente ao meu, posso sentir o aroma de madeira fresca do seu perfume.

Sua boca se encontra com a minha. Seu gosto morno foi como gasolina jogada no fogo. Aquela frieza que existia entre nós quando nos encontramos estava sendo descongelando com nosso beijo. Nossas línguas dançam num balé tenso e nostálgico. Ele vem ao meu ouvido e bem devagar diz: - Nunca esteve com alguém como eu.

- Nessa noite te mostrarei o seu real potencial.

Quando ele fala isso eu não consigo segurar o gemido, um gemido fino de uma fêmea no cio. Como será sua expressão facial ao me ver assim.

Um minuto quieto não sinto seu corpo por perto, mas seu cheiro é evidente no ar. Ele está aqui, mas aonde? Escuto ele se movimentando pela pequena sala. Rapidamente, ele chega bem perto e pergunta se podemos começar os jogos. Que ótimo, estou me entregando a um sadomasoquista, mas já deveria ter percebido desde o começo.

Não lhe dou direito a resposta. Minha rebeldia o instiga a tomar atitudes sem meu consentimento consciente. Sinto que isso o instiga, contudo, agora mais que ninguém, quero que ele o faça.

Sinto sua mão tocar meu rosto e mesmo amarrado consigo sentir a proximidade de seu quadril em mim. Escuto o barulho que seu cinto faz aberto. Nossa como queria sentir seu corpo com minhas mãos. Isso se torna um desejo proibido, um castigo. Quando ele coloca sua arma em meu rosto, me joga algum liquido no rosto, sei que pelo menos é água, pois, não tem gosto. Sinto no meu rosto o poder do seu falo. Minha boca permanece com sede, sede de ser preenchida por seu poder másculo.

O êxtase assume o controle quando sinto minha boca sendo aberta por mãos fortes, mas não de forma bruta, de um jeito que alimenta e reforça o meu desejo, me instiga a mais.

Sinto minha boca sendo invadida com volúpia e desejo com tamanha vontade de possessão. Em meus pensamentos, se isso for seu pênis, então hoje saio esfolado daqui. Enquanto sinto suas mãos em meu corpo, beliscões, mordidas leves. Só posso estar delirando. Este homem que nem sei o nome estar me levando a um estado de insanidade e loucura que nem tinha ideia. Meu corpo arrepia num simples toque seu.

Ele me trai com sua ausência, sinto o frio da sua falta, mas logo sinto algo gelado esquentando minha barriga, escorrega. Ele fala muito pouco, o seu silêncio é pernicioso. Até ele quebrá-lo: - O anjinho está muito travesso, só este gelinho lhe deixa assim? Ele pergunta ironizando meus espasmos de excitação pelo corpo.

Não me atrevo a lhe dizer uma só palavra. Até ele me mudar de posição. E eu ter de perguntar: - O que você vai fazer comigo?

- Até que fim, descobri que você sabe falar. Eu conseguia sentir um tom de maldade nas suas palavras e ações. Vou dizer que cheguei a sentir medo.

Ele percebeu meu esguio, me puxa e me fala baixinho na orelha, ainda roçando sua barba feita no meu rosto: - Não precisa ter medo, você vai gostar, até parece que nunca ficou com ninguém. Não tenho como resistir a isso.

Sua boca começa a viajar sobre minhas costas, beijando, cada beijo causando impulsos magnéticos no corpo todo, o safado tinha encontrado o caminho das pedras para me enlouquecer de vez.

Sinto que meu corpo não responde a minha consciência. Aos poucos meus braços roçam em seu corpo, meu quadril sente a pressão de um homem indissolúvel, quase idiossincrático nos movimentos que faz ao me tocar. Sinto sua mão encostar minha bunda, ainda com aquela fantasia. Outro choque percorre meu corpo inteiro, seu hálito forte no meu ouvido me deixando dormente de tanta excitação. Estou quase implorando para que ele me possua de uma vez.

Mas meu orgulho não me permitiria esse tipo de coisa. Em meio aos pensamentos sinto a ausência de seu rosto perto do meu. Agora seu rosto estar atolado em minha bunda inspirando e expirando ar ali. Não aguento aquilo, e soou um pequeno: - hummm.

Sua língua perece áspera na minha portinha e isso me deixa ao ponto de perder o pouco de sanidade que ainda me resta. Mas não dou o braço a torcer decido segurar minha dignidade aqui comigo um pouco mais. E quanto mais eu fazia-me de regrado ele avançava ainda mais.

Parece um animal, com tanta fome que não espera sua presa morrer, mas para lhe devorar viva, ali naquela sala cheirando a uma essência de carmim com baunilha, cintilando em minhas têmporas como a presença de uma droga afrodisíaca. Eu ali de caça que se levou para o cativeiro e ele o caçador feliz a provar da caçada.

De repente me veio um pensamento intruso, enquanto ele saboreava minhas nádegas com volúpia e ferocidade. Imaginei essa sala cheia de homens engravatados assistindo a esse filme pornô ao vivo, uma verdadeira festa para homens da grande família tradicional.

Mas meus pensamentos são interrompidos pela ausência de suas mordidas e beijos molhados entre minhas pernas. Sinto seu corpo subindo através do meu, como se desejasse encaixa-lo numa simetria quase que perfeita.

Neste momento, sinto uma excitação no meu corpo que nunca sentir antes, como pode esse ser que mal conheci em uma hora está fazendo meu corpo só responder aos seus comandos, numa espécie de simbiose parasitária, no qual a caça do parasita se deixa ser decomposta em vida. Que visão mais pragmática daquela cena, mas não consigo fugir da minha essência metafórica.

Seus beijos em minha coluna, com mordidas quase bruscas e acidentais, compassadas com seu corpo quente e de respiração continuada. Quase parece uma valsa erótica, pois parece que ele consegue não perder o foco no sexo. Normalmente, os machos com quem saio são feras, mas não racionais, perdem a capacidade de pensamento. Esse é frio, mas queima como o gelo, ele sabe o quer de mim.

Sinto então, algo mais sólido naquela região, Ele se aproxima do meu ouvido e pergunta: -Posso experimentar o sabor dos anjos?

Não conseguia reagir naquela situação, quase estava lhe implorando por dentro para ser possuído, queria esconder, contudo ele sabia disso. Não perdeu tempo e me penetrou com uma delicadeza inesperada, mas sua gentileza durou poucos segundos.

- Por favor vai devagar. Consigo falar algo entre a respiração forte e alguns gemidos. Que coisa é essa? Ele está me fodendo. Não é uma criatura humana.

- Você está com medo de mim? Estou fazendo tudo que seu corpo está pedindo de mim.

Aquele homem pega as algemas e me puxa até um sofá, acredito que seja, me vira de uma vez só e arque-a minhas pernas para si e me coloca de frente sentado.

Meu corpo só o obedece, sem nenhuma reação. Ele percebe minha ereção e a segura. Vem em meu ouvido e sussurra: - Parece que você não está com tanto medo assim? Não é mesmo.

Nesse momento, uma súbita perversidade se colapsa em minha mente. Falo em alto e em bom som: - Você não sabe nada de mim, não conhece nem 1% daquilo que gosto. Enquanto solto um sorriso entre os recantos dos meus lábios. Até minha cabeça procurar institivamente pelo seu corpo até minha língua achar e perpassar melindrosamente pelo seu peitoral.

Meu paladar é atiçado pelos tons cítricos que minhas papilas gustativas encontraram em seu primeiro rastro de suor que notei desde o momento que o vi. Isso deve ter feito algum efeito sobre ele, não pude vê-lo por conta da venda, mas senti dentro de mim a pressão que seu membro fez com força, aquilo ele não soube esconder. Isso me fez revirar os olhos e alucinar.

- Anjo, cansei de ser bonzinho com você, está na hora de você conhecer um pouco mais de mim. E ele começa a levantar o quadril dele tirando aquele membro de dentro bem devagar e logo depois entrando tudo de uma vez. Minha vontade é de gritar, mas seguro, não vou deixá-lo pensar que me domou ou que para me possuir será assim tão fácil.

Meu corpo entra no estado de combustão, de pura hecatombe, pareço uma represa que vai se romper a qualquer hora. Ele não para, e nem quero que pare. Agora, eu tinha acordado uma fera e precisaria lidar com isso. Ele tira mais uma vez, estou respirando de forma descompensada, ele me pega pelo colo sem nenhuma dificuldade.

Ainda estou de mãos amarradas e vendado. Ele vai me levando, e para. Me faz ficar de pé, quase sem força, mas me mantendo no salto e na pose. Ele começa amarrando a algema em algo.

- Você não tem medo de altura, tem?...Continuo calado.

Um ar frio e comprimido parece preencher meu estômago com um sabor amargo que borbulhava em ansiedade dentro de mim sob o fervor das minhas entranhas, uma loucura tão insana que se julgada estaria em maus lenções dentro fogueira santa.

Ele me ergue novamente e coloca minhas mãos presas atrás de sua nuca e solta minhas costas rapidamente, sinto que era proposital, senti um frio na barriga e por ato involuntário prendi meu corpo ao dele para não cai. Ele começou a amarrar alguma coisa nos meus calcanhares. E do nada me solta. Do susto, gritei: - Socorro, eu vou cair...

- Calma, você não sabia que os anjos sabem voar. Sua voz sempre entremeada a um sorriso perverso e maquiavélico.

- Anjo... Anjo... Essa noite será selada nossa relação, uma paixão entre a bela e a besta, você será sempre meu, não importa onde esteja, quando eu te chamar você virá.

Ao se aproximar mais de mim, alisa meu dorso, chegando em minha boca, a abrindo com seus dedos e lança um beijo quase sufocante. E por baixo prepara sua arma, e a coloca só de uma vez, quase perco os sentidos. Ali já estava em outra dimensão, estava empalado em sua lança, pois chegou bem no fundo. Ele ri e diz algumas coisas ainda inaudíveis.

Eu estava num estado deplorável de maior submissão possível, não conseguia questionar, negar qualquer proposta desumana que ele quisesse de mim. Naquele momento, só queria ser seu e nada mais. Meu orgulho foi abaixo com meu mundo, nada mais fazia sentido. Perdi a noção do tempo e do espaço, como se existisse somente nós ali, se alimentando um do outro.

- Eu quero mais!... Foi a única coisa que consegui dizer. Ele atendeu meu pedido e continuou sem nenhum obstáculo. Dai em diante não consegui reprimir minha fera, entre gritos e gemidos nossa cruza louca e alucinada de dois animais sem moralidade.

Tudo se passou como vultos rápidos atemporais em passos largos de nirvana induzido ao um coma quase... Abro os olhos, num lampejo de consciência levanto depressa a cabeça ainda tonta, percebo que estou deitado numa cama enorme e quase maior que meu próprio quarto. Tem um espelho fantasmagórico enorme em cima que me parece me julgar da cabeça aos pés, não bebi bebida forte a noite, não estava inconsciente, não posso colocar a culpa do que aconteceu em nenhuma droga.

Eu lembro de tudo e até nos mínimos detalhes, parte de mim parece me repreender veementemente e outra cheia de dúvidas e confusões. Continuo investigando o local que estou. Parece aqueles quartos de casas mal-assombradas com vestígios de arquitetura gótica. Agora percebo por bem não escuto nenhum barulho, nenhuma voz.

Ao lado da cama tem um cartão, com o símbolo do lobo prateado atrás, até tenho vontade de rir, que clichê. Quantos ele deve ter impresso desses cartões com essa marca? Quantas pessoas já não receberam? Eu sou uma puta mesmo, pelo menos de requinte. Vamos ler o bilhete então.

“Depois de ontem, achei que deveria descansar, então já terei ido quando ler esse bilhete. Quero te ver novamente, você pode ser aquilo que tenho procurado a tanto tempo...” Quem ele pensa que é? Como se eu fosse uma coisa que ele pode pegar e fazer o que quiser... “Se desejar comer algo antes de ir puxe a corda do sino, e te atenderão, não adianta perguntar sobre mim ou sobre a casa, ninguém poderá te responder nada, seu celular estará na mesa perto da porta, um carro irá te levar em sua casa.”

O bilhete tem o cheiro dele ainda, mas que besteira minha, como se isso fosse fazer alguma diferença, mas algo me faz guardar comigo esse cartão. Talvez será uma lembrança da noite passada. As memórias continuam vivas na minha cabeça e meu corpo ainda parece sentir o toque e a força dos músculos daquele animal.

Contudo, algo de estranho paira em meus pensamentos, como pode uma pessoa mudar de personalidade de forma tão repentina. Ontem à noite, ele agia como um bicho me devorando por inteiro e nesta carta seu tom muda parece até uma pessoa normal.

Em que situação fui me colocar? Mas já que estou aqui, vou aproveitar. Puxo aquela corda tão Idade Média. Em alguns minutos, escuto passos em frente ao quarto, em um abrir de portas entram três moças com máscaras na boca. Aquela imagem até me lembrou da Pandemia. Algumas frutas, pães e queijo, suco, café, leite e algumas outras coisas. Tento olhar nos olhos das meninas, mas elas desviam. Não continuo as fitando, é o seu trabalho, já basta todo esse desconforto.

Mas tenho certeza, elas sabem o que aconteceu aqui. Isso me deixa constrangido. Experimento, tudo é tão bom, tão fresco. Me sinto tonto, tento me levantar, começo a organizar minhas roupas. Me arrumo no banheiro, me cubro com aquele casaco enorme. E vou em busca da porta.

Passo pela mesma sala da noite passada, está tudo limpo, nenhum rastro do que fizemos ontem a noite. Uma cena de crime vilipendiada.

Perto da porta se encontra uma cômoda e meu celular estar sobre ela. Quando o pego. Sinto olhares sobre mim. Resolvo guarda-lo. Lá fora o sol não deixa de mostrar sua força, um sentimento estranho de que ainda voltarei a este lugar se passa dentro mim.

Tem um carro escuro a minha espera perto do portão, estou no caminho do jardim olho para trás e vejo aqueles funcionários fecharem a porta do chalé. Volto a andar e a porta do carro se abre, ao entrar, tem uma tela que me priva dos olhares ou contato com o motorista.

Ligo meu celular, meu whatsapp está lotado de mensagens, algumas inconveniências do grupo de família, minha mãe perguntando onde estava o casaco dela, isso eu dou um jeito depois, mas tinha uma pessoa louca querendo bugar meu celular.

A Luiza, “Onde você tá?”, “O boy é gostoso?”, “Me responde, sua puta nojenta”, “Morresse foi?” e muitos “oi’s” e emojis engraçados de raiva e berinjelas. Isso me deu muita vontade de rir. De supetão, a barreira que me distanciava entre mim e o motorista desce e com um sotaque amedrontador ele me pede que diga onde me deixar.

Penso um pouco, e dou o endereço de uma depois da casa da Luiza, lá vou eu deixar que aquele maníaco gostoso saiba aonde eu moro ou círculo. A viagem segue num silêncio, enquanto eu vejo através do vidro escuro as pessoas passando, algumas indo trabalhar, outras indo estudar e eu voltando da sacanagem, muito boa por sinal.

Ao chegar, bato uns toques na porta e o motorista abre a porta, estou me sentindo tão esnobe. Desço e vou andando, dou uma despistada no motorista que ficou com o carro parado esperando, o que, não sei.

Dou uma apressada e ligo para a Luiza: - Vem abrir a portar, pois estou subindo.

Ela tão suave como é, responde: - Vagaba.

Ao chegar na sua porta, ela olha para minha cara com um tom de raiva e depois muda com um sorriso descarado de nós dois.

- Entra logo, porque você vai me contar tudo bem direitinho.

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Comentários

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Você está escrevendo tão gostoso e tão profundo que parece um livro! Uau!

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