Me leve para a praia 21

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 4093 palavras
Data: 14/10/2024 20:04:29
Assuntos: Amigo, Beijo, Gay, nerd

Minha vontade era de ficar com Ciço, dormir e acordar com ele, aproveitar nosso último dia de feriado juntos, mas minha mãe está de folga e isso é muito raro, já tem um tempo que não fazemos nada juntos e ela já está com marcação com o Ciço, tudo que menos preciso agora é ela reclamando que passo mais tempo com ele do que com ela e tem Isabel que está envenenando sua cabeça contra meu namorado.

Peguei um carro de aplicativo para voltar para casa, desde que comecei a sair com Ciço percebi que tenho andado muito pouco de ônibus, já que ele insiste para me levar para os lugares ou para que eu pegue carro de aplicativo, não estou reclamando, porém é um pouco estranho.

— Oi Daniel, pensei que você fosse dormir fora hoje de novo — diz minha mãe.

— Não mãe, é sua folga, vim passar um tempo com a senhora — digo.

— Ah que bom, que você lembrou que tem mãe — diz ela fazendo drama.

— Desculpa mãe, eu sei que tenho sido um pouco chato com a senhora ultimamente, mas é que o Ciço é meu amigo e não gosto da forma como a senhora está tratando ele — digo.

— Esse garoto não é boa influência para você meu filho, olha tudo que ele já fez com sua irmã — meu primeiro instinto é brigar, mas respiro fundo e me sento ao lado dela.

— Podemos não falar sobre isso hoje? Quero aproveitar sua folga sem brigar.

— Tudo bem, vou fazer nosso jantar, o que você quer comer?

— Na verdade estava pensando em levar a senhora para comer pizza, a senhora adora — ela sorri.

— Pode ser.

— Ótimo, e dessa vez eu quem vou pagar a conta — digo animado por poder levá-la para jantar pela primeira vez e ainda pagar a conta.

— Daniel, não precisa gastar seu dinheiro com isso filho, recebi o dinheiro das coisas que vendi lá no trabalho — minha mãe além de ter dois empregos ainda vende coisas de revista no trabalho.

— Nada disso, seu filho que está lhe convidando, vou só tomar um banho e a gente vai.

— Tudo bem, vou me arrumar também — diz minha mãe dando pulinhos de animação.

No meu quarto aviso ao meu namorado que estou saindo para jantar com minha mãe, queria poder chamá-lo, ver ele se dando bem com minha mãe e meu pai assim como me dou bem com os seus pais, porém as coisas são diferentes aqui em casa, minha mãe convive com gays em seu trabalho e ainda sim tem a mente um pouco fechada para isso, fora que meu pai prefere morrer a ter um filho gay.

— Filha aconteceu alguma coisa? — Escuto minha mãe falando com Isabel que acabou de chegar.

— Nada não mãe, só estou cansada — tem algo rolando, conheço Isabel o suficiente para perceber suas alterações de humor.

— O que você tem, criatura? — Pergunto quando chego na sala e constato que algo realmente aconteceu, pois dá para perceber só de olhar para ela.

— Estou bem, só chateado por ter sido demitida.

— Olha, você sabe que o Ciço não teve nada haver com isso, né — digo sem conseguir me conter.

— Claro que não, você nunca pode ficar do meu lado né Daniel — odeio quando ela começa com seu drama e seu sarcasmo.

— Ficaria do seu lado, se você não estivesse mentindo — solto.

— Olha ai mãe como seu filho me trata.

— Parem com isso, Daniel, combinamos não falar desse garoto hoje não foi? — Como sempre ela apoia minha irmã, então aceito minha derrota e me desculpo — filha seu irmão vai pagar uma pizza, você quer vir com a gente? — ela completa.

— Estou sem fome — ela responde indo para o quarto.

Algo realmente aconteceu, Isabel não é de recusar convites, ainda mais os que ela não irá precisar gastar, minha irmã está chateada com algo e agora minha curiosidade vai me consumir até descobrir a causa, ela pode até dizer que é por ter perdido o emprego, entretanto minha intuição me diz que tem algo mais rolando nessa história.

Conheço esse olhar sem brilho, Isabel está de coração partido, digo isso pois sei bem como é está assim, mas não sabia que ela estava saindo com alguém, agora a vontade de saber da fofoca toda cresce dentro de mim, mas tenho que sair com minha mãe, infelizmente vou ter que esperar um tempo até conseguir arrancar a verdade dela. Minha mãe e eu então seguimos apenas os dois para a pizzaria, chegando no local, tive que explicar para ela de onde vinha esse dinheiro.

— O pai do Ciço me pediu para fazer o imposto de renda dele.

— Ele não tem mais ninguém que possa fazer isso? — Minha mãe pegou ranço da família do meu namorado e é que ela nem sabe ainda sobre minha relação com Ciço.

— O antigo contador foi dispensado — digo, evitando entrar em detalhes.

— Não gosto dessa gente — ela expõe sua opinião a respeito de Ciço.

— Mãe, a senhora precisa dar uma chance para o Ciço — meu coração está apertado, a ansiedade está me corroendo, quero contar a ela, mas o medo que tenho de sua reação é assustador.

— Daniel, entendo que você tem poucos amigos, mas filho olha as coisas que esse garoto fez para sua irmã.

— É mentira dela mãe, por que a senhora não acredita em mim — as lágrimas estão lutando para escorrer em meu rosto, porém me esforço para segurá-las.

— Daniel.

— Mãe, o Ciço não se aproximou de mim por causa dela, ele nem sabia que ela era minha irmã quando viramos amigos.

— Isso pode ser verdade, mesmo assim sua irmã diz que quando ele descobriu o parentesco de vocês ele começou a atormentá-la de novo.

— Ela só está dizendo isso porque ela gosta de infernizar minha vida, Isabel não gosta de me ver feliz mãe — um turbilhão de sentimentos estão explodindo dentro de mim.

— Não diga isso da sua irmã, ela sempre te amou Daniel.

— Ela tem um jeito muito estranho de demonstrar os sentimentos — falei.

— Daniel, foi sua irmã quem te encontrou, ela foi quem mais ficou feliz com sua chegada — isso não sabia.

— Isso pode ser verdade mãe, mas em algum momento isso mudou, Isabel tem feito da minha vida um inferno a muito tempo e mesmo assim não reclamei de nada, sempre aguentei tudo calado, porque não queria decepcionar a senhora e nem meu pai.

— Filho você jamais nos decepcionaria — as lágrimas começam a escorrer, pois sei que se ela descobrir a verdade sobre mim sua opinião vai mudar — por que você está chorando filho?

— Mãe, eu me esforcei muito para ser um bom filho, mas não consigo mais fazer isso, Ciço foi a melhor coisa que já me aconteceu e não posso fingir mais.

— Do que você está falando Daniel? — Sua voz demonstra preocupação.

— Mãe, Ciço não se aproximou de mim por causa da Isabel, ele se aproximou de mim por minha causa — ela me encara sem entender — nunca quis contrariar a senhora, mas não posso deixar que nem a senhora e nem a Isabel afastem ele de mim, eu o amo mãe, eu amo o Ciço de uma forma que nunca amei ninguém na minha vida antes.

Falar isso em voz alta para ela foi a coisa mais difícil que já fiz, ao mesmo tempo foi libertador, um peso enorme saiu das minhas costas, a reação dela ainda é de choque, porém não posso voltar atrás, Ciço enfrentou os pais e os amigos pela gente, então vou retribuir seu gesto.

— Ciço e eu estamos juntos mãe, começamos a namorar oficialmente na viagem — ela continua em silêncio, então continuou antes que a coragem em suma — ele me ama, os pais dele já sabem e nos apoiam, agora a senhora sabe também.

— Esse rapaz, eu não gosto dele Daniel — seu rosto começa a ficar em uma coloração avermelhada de raiva.

— Ele não tem culpa, por eu ser assim mãe, sempre fui assim, só que tive medo de dizer a verdade, mas agora com ele me sinto corajoso, com Ciço posso enfrentar qualquer coisa.

— Olha o que você está dizendo, você não é assim Daniel, você é meu filho, eu conheço você.

— Sinto muito — as lágrimas me escapam sem controle.

— Você não é assim — ela levanta e vai embora me deixando sozinho.

Meu instinto é de segui-la, voltamos juntos para casa sem termos comido nossa pizza, mas fome é a última coisa que estou sentindo agora, minha ansiedade faz meu corpo inteiro tremer, não sei o que ela fará, minha mãe segue em completo silêncio, não sei o que fazer, quero muito o Ciço aqui comigo, mas não posso chamá-lo, ele ficará muito preocupado e eu sei que sua presença só vai deixar minha mãe ainda mais irritada.

— Mãe — digo, mas ela me ignora — mãe.

Em casa ela simplesmente vai para seu quarto e se tranca lá dentro, minha irmã também está no dela, assim não me resta muita opção a não ser ir para o meu quarto, Ciço me enviou uma mensagem perguntando como está o jantar, quero muito falar o que aconteceu, porém meus dedos não se movem, só depois de uns segundo consigo enviar uma mensagem falando que está tudo bem e que depois falo com ele.

Estou me sentindo péssimo por mentir para ele, mas não tem nada que ele possa fazer por mim agora, também quero poupá-lo do que pode está por vir, meu coração está acelerado, meu corpo treme e as lágrimas escorrem em meu rosto sem cessar, sinto falta do Rick, ele saberia o que fazer agora, sinto falta do meu melhor amigo é uma merda que minha vida se resuma a passagem de pessoas por ela, já perdi meu melhor amigo, não quero perder meus pais.

Ciço é minha praia, mesmo em pânico, não me arrependo de ter contado, eu amo o Ciço, amo tudo nele, a forma como cuida de mim, seus diversos sorrisos, sua coragem, foi graças a ele que consegui me ver de verdade, passei tantos anos fingindo ser alguém que não sou e mesmo assim ele me viu, Ciço me viu de verdade e se apaixonou pelo que viu.

Não sei quanto tempo se passou desde que entrei no quarto, me perdi em pensamentos, porém o silêncio da casa é´quebrado com os gritos do meu pai, meu coração se aperta mais uma vez, antes que eu posso ir até a sala a porta do meu quarto de rompe com violência, meu pai está furiosos e bebado.

— O que você disse para sua mãe, Daniel? — Ela falou com ele sobre nossa conversa, mesmo sabendo que sua reação seria essa, me sinto traído, meu coração se despedaçou, sabia que teria que enfrentar meu pai, mas pensei que teria mais tempo para lidar com isso.

— Eu sou gay pai — não faço ideia de onde arranjei coragem, mas vou seguir em frente até o fim, não vou voltar para o armário frio e triste que foi minha vida todos esses anos.

— Gay, isso é coisa daquele tão de Cícero?

— O Ciço não tem nada haver com isso, eu sou gay pai, sempre fui, eu amo ele, seu filho ama um cara — o enfrentou pela primeira vez e é assustador.

— E você ainda tem coragem de dizer isso na minha cara seu moleque, eu não te criei para isso.

— O que eu deveria ser pai, um homem infiel, que gasta tudo que tem com bebida? — Derrepente anos de silêncio se quebram e as palavras fluem de mim sem qualquer filtro.

— Seu filho da puta — meu pai, meu heroi, o cara que mais admirei na vida avança para cima de mim erguendo sua mão, por mais que eu possa me defender, revidar e machucá-lo, não consigo fazer isso, minhas mãos baixam no momento em que a dele se ergue contra mim e me preparo para receber sua agressão.

Toda a minha vida se passa diante de meus olhos, todas as mentiras que levei anos para construir se desfizeram como um castelo de cartas, é irônico como a vida pode te surpreender, a vida é como um rio, que flui, não posso barra-la, ela simplesmente segue seu fluxo.

O mundo gira e numa dessas voltas vejo minha irmã que foi meu algoz nessa casa por tantos anos se meter no meio do tapa que meu pai iria desferir contra mim, Isabel avança para cima do meu pai como uma leoa, desferindo gritos e empurrões, meu pai grita de volta, mas sem ter coragem de levantar sua mão para ela, estou sem reação, levou meio segundo para entender que Isabel é a pessoa que está me defendendo, não sei mais o que pensar, nem escuto o que eles tão gritando um para o outro, a adrenalina no meu corpo está no máximo.

Ela consegue tirá-lo do meu quarto, mesmo assim sinto sua presença aqui dentro, seus gritos e acusações ainda ecoam dentro de mim, meu quarto está pequeno para mim, então faço a única coisa que consigo pensar que sair dessa casa e correr para a praia, não pego nada, apenas corro para o mais longe dali, nem um calçado consegui calçar, corro descalço e aos prantos rumo a praia, em busca de lucidez e paz, só aí posso tentar entender tudo que aconteceu.

Assim que meus pés tocam a areia me sinto mais forte de novo, minha respiração mesmo ofegante começa a normalizar, o efeito que a praia tem sob meu corpo é quase analgesico, me sento proximo ao mar, a água fria toca meus pés e sinto que posso respirar de novo, estou arrependido de não ter trago meu celular, pois quero muito ouvir a voz do Ciço agora.

Ainda não acredito que minha mãe contou para o pai e mais ainda que Isabel se meteu na frente dele para me defender, sempre pensei que se esse dia chegasse ela assistiria tudo com satisfação, o universo sempre encontrando formas de me surpreender, primeiro César ter ficado afim de mim a ponto de trair seu melhor amigo, Raylan e Guigo então ainda não faço ideia de como começou ou do que eles realmente tem um com o outro.

Fico apenas observando as ondas quebrando na praia, a brisa da noite me dá um pouco de frio, porém a sensação é agradável, não sei exatamente que horas são, mas ainda tem algumas pessoas no calçadão, então ainda não deve ser muito tarde, estou pensando em como vou voltar para casa, será que meu pai ainda vai está lá? Não sei o que fazer caso ele esteja.

— Aqui sua chinela e seu celular — Isabel diz se sentando ao meu lado.

— Como você sabia que eu estava aqui? — Pergunto.

— Porque você parece aquela garota do desenho que quer sempre ir para o mar, desde pequeno você tinha essa mania de fugir para a praia — ela diz com um meio sorriso.

— Veio aqui cantar vitória, você finalmente vai ser a filha favorita agora — digo.

— Não tem graça se você mesmo quem atirou no pé.

— Eu não podia mais esconder isso deles.

— Eu sei, mas você bem que poderia ter esperado outra hora para isso.

— Você fala como se fosse fácil — falei.

— Você já faz isso a anos, o que custava esperar um pouco mais, ou vai me dizer que o Cícero forçou você? — Isabel fala com muita naturalidade.

— Espera, você sabia? — Digo surpreso.

— Eu sempre soube Daniel e quando vi você beijando o Rick eu tive certeza — sempre me perguntei se ela havia visto.

— Porque não contou para eles, você sempre me odiou? — Pergunto.

— Eu sabia o que eles fariam se soubessem, foi por isso que eu fiz o que fiz.

— O que você fez Isabel? — Sinto um aperto no peito.

— Daniel você é meu irmão, mas eu te odiei por muito tempo.

— Que você me odeia eu sempre soube — digo com tristeza, porque no fundo eu amo minha irmã e me incomoda o ódio que ela sente por mim.

— Você não sabia, mas eu perdi minha virgindade com o Rick, nós dois na verdade, foi um dia em que ele foi lá em casa atrás de você, mas você tinha saído com nossos pais, ele ficou um pouco e rolou.

— Ele disse que tinha perdido com uma amiga — digo surpreso.

— Eu fui a amiga, sempre achei ele bonito do jeito dele, posso dizer que fui afim dele por muito tempo e foi mágico perder com ele se é o que você quer saber.

— Não acredito em você — digo me recusando a aceitar que ela já se deitou com os dois homens por quem me apaixonei.

— Transamos algumas vezes, mas ele quis parar por ter medo do que você faria se descobrisse, acho que ele sempre soube que você era apaixonado por ele, fiquei muito puta por ele terminar comigo por sua causa, mas aí vi vocês dois se beijando.

— Eu o amava muito — digo com pesar na voz.

— Você não sabe o ódio que me deu ver você beijando ele, então contei aos pais dele o que vi, soube depois que o pai dele deu uma surra nele e o obrigou a morar no interior — meu sangue ferve de raiva, mas sinto arrependimento em sua voz.

— Por que? — É tudo que consigo dizer.

— Por que você me roubou ele, pelo menos foi que eu achei na época, quando ele foi embora me senti muito culpada, mas não quis admitir que a culpa foi minha, então culpei você — Isabel se mostra vulnerável pela primeira vez, até a vejo enxugar suas lágrimas — fui muito injusta com você Daniel hoje vejo isso.

— Porque você contou para o pai dele mais não para o nosso? — Não conseguia entender.

— Eu posso te maltratar, mas não posso deixar que outra pessoa faça isso — ela diz com uma risada fraca.

— Você é uma psicopata.

— Nunca subestime uma mulher apaixonada de coração partido irmão, mas falando sério eu sabia que o pai jamais entenderia, então guardei seu segredo.

— É, mas fez questão de infernizar minha vida — falei a encarando.

— Verdade, não vou negar, só o que você esperava, meus pais falando que você é o filho perfeito o tempo todo e pra variar você aparece na minha frente com outro ex meu.

— Não sabia que você tinha namorado o Ciço, quando descobri ele me garantiu que não sentia mais nada por você — falei em minha defesa.

— Embora transar com Cícero fosse uma coisa fora do normal eu não o amava, mesmo assim foi um golpe pro meu ego ver vocês juntos.

— Não consigo entender suas motivações Isabel, nunca te fiz mal diretamente e nem tenho culpa que as coisas aconteceram do jeito que aconteceram.

— Isso é, seu único pecado foi ter um gosto para macho igual o meu, me senti mau e com inveja quando percebi que você estava conseguindo dele o que eu não consegui, admito não sou a melhor pessoa do mundo — ela não parece se importar com sua falta de caráter.

— Você é inacreditável, Isabel.

— O mundo não é um conto de fadas Daniel, tive que aprender bem cedo que pessoas ruins existem, encontrei você no lixo irmão, você era tão lindo.

— Ainda não sei como agir a respeito disso — confesso.

— Daniel eu nunca me arrependi de ter encontrado você, já senti muita raiva de você, inveja até, mas você é meu irmão.

— Não sei se consigo acreditar em você.

— Não quero que acredite e nem muito menos quero perdão pelas coisas que fiz, mas sou sua irmã, quer você queira ou não.

— Eu sei — falei entendo que mesmo do jeito dela, ela gosta de mim — eu amo o Ciço irmã, mas do que já amei qualquer pessoa.

— Mais do que o Rick? — Ela é a segunda pessoa a me fazer uma pergunta assim e da mesma forma da primeira vez não me resta dúvidas.

— Mais, Ciço é minha praia, é para ele que tenho vontade de fugir quando as coisas ficam complicadas.

— Então vai, vai atrás dele, eu conheço ele o suficiente para saber que vai te acolher.

— Mas meus pais — comecei a falar, porém fui interrompido.

— Daniel, eles ainda vão está com raiva pela manhã nem se preocupe, mas agora acho melhor que você fique com seu namoradinho mesmo.

— Não estou acostumado com você sendo tão boazinha — digo com desconfiança.

— Você acha que eu quero gritaria na minha casa, já tive um dia de merda, quero paz agora e meu pai está bêbado, não tem como dialogar com ele agora.

— Você tem razão.

— Claro que tenho, sou perfeita.

— Não força Isabel — ela ri.

— Não acho que você fez certo em contar para eles, mas agora não faz mais diferença.

— O que aconteceu com você porque chegou tão mal em casa — ela me encara e ponderá por um tempo.

— Nada de mais, fui dispensada, mas acontece — Isabel é forte, mas isso a pegou de jeito, eu sei que ela não está de boa com isso.

— Tá, melhor eu ir.

— Melhor, amanhã de manhã te mando mensagem e digo como está o terreno.

— Certo — ainda é muito estranho ver Isabel sendo minha irmã, mas acredito nela, mesmo que isso me faça parecer um bobo ingênuo.

Antes do Ciço tenho certeza que nunca iria perdoar Isabel pelo que fez, foi por causa dela que Rick foi embora, no fundo nunca seremos amigos, ela é minha irmã e esse vai ser nosso único vínculo, porém mesmo com toda a dor que isso me causou e com entendimento dos meus sentimentos que adquiri com Ciço percebo que ela deve desculpas ao Rick e não para mim, agora penso no tanto que ele deve ter sofrido por minha causa e por causa de Isabel.

Talvez por isso ele nunca me procurou, ele deve me culpar pelo que aconteceu, não consigo pensar no que me doi mais, ver meu pai levantar a mão para mim ou pensar no sofrimento que causei no Rick, agora mais do que nunca preciso do meu namorado, do seu afago, de sua voz grossa me dizendo que vai ficar tudo bem, sem pensar peço um carro de aplicativo e coloco seu endereço, entrei em um modo automático e apenas sigo para sua casa.

Desço do carro e me dou conta de que não avisei que estava vindo, embora esteja mais calmo, minha cabeça ainda está a mil, tiro o celular do bolso e liguei para o meu namorado torcendo para que ele esteja em casa, já que não avisei ele pode ter saído, mas para minha sorte ele atende no segundo toque.

— Oi amor, já está em casa? — Pelo silêncio acho que ele deve está no quarto.

— Ciço, preciso de você — só de ouvir sua voz desabo a chorar.

— Amor, o que aconteceu, onde você está, estou indo agora — Ciço começa a ficar nervoso do outro lado da linha.

— Estou na sua porta — digo aos soluços.

Em menos de um minuto Ciço abre a porta e assim me ver sou puxado para seus braços, ficamos um tempo ali mesmo na porta, meus braços o envolvem com tanta força, estou me sentindo seguro pela primeira vez desde que meu mundo começou a ruir, Ciço afaga meu cabelo e também me abraça com força, depois de um tempo me recompondo ele me leva para o quarto.

— Dan estou preocupado, o que aconteceu?

— Eles sabem, contei tudo para eles, não aguento mais mentir Ciço, eu te amo e contei isso para eles — Ciço me observa em choque, mas aos poucos vejo seu sorriso bobo surgindo.

Cimo me abraça com toda a força, repete varias e varias vezes que me ama também, o calor de seu corpo me conforta e ouvi-lo com juras de amor faz minha confissão ter valido a pena, mesmo que a conclusão tenha sido desastrosa, por fim conto a ele tudo o que rolou, incluindo o comportamento enigmático da minha irmã.

— Quem ele pensa que é para te tratar assim? — Meu namorado ficou uma fera ao saber que meu pai tentou me bater.

— Isabel não deixou — digo.

— Mesmo assim, ele pode ser seu pai, mas se ele encostar um dedo em você eu acabo com ele Danny boy.

— Você não vai bater no meu pai, agora eu só preciso do colo do meu namorado — digo para tentar acalmar seus ânimos.

— Vem aqui, claro que estou aqui por você, mas porque não me falou o que estava rolando, eu teria ido te buscar, ficar do seu lado e enfrentá-lo — Ciço tem o coração apertado por me ver tão fragilizado.

— Não seria bom envolver você nisso — digo.

— Mas estou envolvido nisso, sou seu namorado, estou com você Dan.

— Eu te amo — digo dando um selinho nele.

— Eu te amo — ele retribuiu a declaração e o beijo.

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Comentários

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Rafa,você tá fazendo os leitores ficarem caídos por esse casal! Haha

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Que capítulo sensacional!! Chorei horrores pq me lembrou tbm quando, no final da minha adolescência, contei para minha mãe, e ela não me aceitou. Despertou tudo em mim o que senti quando contei a ela e minha avó! 😢😭

Não quero que ninguém passe por isso! Por conta de não aceitação de sexualidade. Mas enfim…. Já se passaram muitos anos. Hj, minha mãe aceita e minha avó, antes de falecer, aceitou e lutou bravamente com outros parentes que desdenhavam de mim…

Aguardando próximos episódios. ❤️❤️❤️

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Aí, não consegui resistir, chorei muito, por que a pior coisa pra um LGBT é não ser aceito pela família, sendo aceito estamos preparados para encarar o mundo lá fora, é como se uma faca perfurasse nosso peito, é muito doloroso, forças pra Dan, e que de tudo certo!!

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cada capítulo me leva a um novo estado emocional. que saga!!!!!!!!

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Caramba! Não sei como reagiria se não fosse aceito pelos meus familiares...dureza! Que os meninos fiquem bem logo.

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Chorei... Como isso é triste 😞

Espero que ele fique bem ❤️‍🩹

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