Após o banho, Sofie se vestiu cuidadosamente, com as mãos tremendo levemente. Cada peça de roupa parecia um fardo. Primeiro, a calcinha de renda que se ajustava ao corpo sensível, moldando-se ao pequeno órgão que mal respondia aos estímulos. O sutiã apertado pressionava seus seios, fazendo os mamilos sensíveis latejarem com a lembrança dos toques de Bárbara. Por cima, um vestido floral leve, que caía até os joelhos, delicado e feminino, mas que para Sofie era mais uma máscara que escondia uma identidade em frangalhos.
Com maquiagem discreta e o cabelo penteado em ondas suaves, Sofie olhou-se no espelho pela última vez. O reflexo que encarava não era mais Gabriel, mas tampouco era alguém que ela reconhecia. Era apenas Sofie, uma criação de Jeniffer. A antiga pessoa que ela havia sido parecia enterrada sob meses de submissão e controle. Engolindo a ansiedade, desceu para a sala.
Lá embaixo, Jeniffer estava à espera, impecável em um vestido preto justo, a imagem do controle absoluto. Amanda, como sempre, estava ao lado dela, com o jaleco branco cobrindo a roupa de látex que se ajustava ao corpo como uma segunda pele. Ela permanecia em silêncio, os olhos distantes, pronta para obedecer a qualquer comando.
Jeniffer olhou para Sofie e sorriu, satisfeita com o resultado.
— Está perfeita, querida — murmurou, como se elogiando uma boneca bem vestida. — Agora vamos.
Sem protestar, Sofie seguiu Jeniffer e Amanda até o carro. A viagem até o shopping foi silenciosa, mas o peso do medo crescia dentro de Sofie a cada quilômetro. Fazia meses que não saía de casa, e agora a ideia de estar em público, cercada por desconhecidos e rostos familiares, fazia seu estômago se revirar. E se alguém a reconhecesse? E se encontrasse alguém do seu passado?
Mas Jeniffer não deixava espaço para hesitação. Ao chegar ao shopping, ela segurou o braço de Sofie com firmeza, guiando-a pelos corredores movimentados. Amanda seguia logo atrás, sempre quieta, como uma sombra constante.
Jeniffer levou-as a um café charmoso no meio do shopping. As luzes suaves e a música ambiente davam ao lugar uma sensação acolhedora, mas para Sofie, cada olhar furtivo de estranhos parecia um julgamento silencioso. Ela se sentou, tentando evitar os olhares, as mãos trêmulas sobre o colo. Jeniffer e Amanda sentaram-se com naturalidade, como se nada fosse anormal.
Enquanto Sofie tentava se controlar, uma garçonete se aproximou. Assim que a viu, o mundo de Sofie pareceu parar. Era Kamila.
Kamila era uma lembrança viva do passado — uma antiga paixão de Gabriel e uma amiga próxima. Seus cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo solto, e o uniforme do café, uma camisa branca justa e uma saia preta, destacava suas curvas naturais. Seu sorriso amigável morreu por um instante assim que seus olhos pousaram em Sofie.
Kamila franziu a testa, claramente surpresa. Ela inclinou ligeiramente a cabeça, como se estivesse tentando encaixar a imagem diante dela em alguma lembrança distante.
— Com licença... — disse Kamila, hesitante. — Eu... conheço você?
Sofie sentiu o coração disparar no peito. Seu estômago se apertou, e as mãos ficaram frias de suor. Ela tentou abaixar a cabeça, deixando os cabelos caírem sobre o rosto como uma cortina, na esperança de evitar o reconhecimento.
Kamila estreitou os olhos, como se uma lembrança antiga estivesse se formando. E então, a pergunta que Sofie tanto temia veio como uma lâmina fria.
— Gabriel...? — perguntou Kamila, baixando a voz, como se tentasse manter a conversa privada. — É você? Está... transvestido?
Sofie prendeu a respiração, o sangue sumindo do rosto. Era como se o chão tivesse se aberto sob seus pés. A vergonha queimava em seu peito, e tudo que ela queria era desaparecer.
Antes que pudesse balbuciar uma resposta ou implorar por perdão, Jeniffer interveio. Seu sorriso era calmo, mas o olhar nos olhos dela era afiado como uma faca.
— Ah, querida... Acho que você está enganada — murmurou Jeniffer, sua voz doce, mas carregada de autoridade. — Esta é Sofie. Não é quem você pensa.
Kamila piscou, confusa, ainda estudando o rosto de Sofie. Algo na expressão dela parecia reconhecer traços familiares, mas a confiança de Jeniffer fez com que ela hesitasse.
— Eu... sinto muito. Deve ter sido um engano — disse Kamila, tentando disfarçar a confusão com um sorriso educado.
— Sem problema algum — respondeu Jeniffer, com a mesma suavidade implacável. — Agora, querida, poderia nos trazer três chás? Tenho certeza de que um chá vai nos ajudar a relaxar.
Kamila assentiu, lançando um último olhar curioso para Sofie antes de se afastar.
A Advertência de Jeniffer
Assim que Kamila desapareceu entre as mesas, Sofie soltou a respiração que estava segurando, o peito subindo e descendo rapidamente com a ansiedade. Seu corpo estava tenso, como se cada músculo esperasse que a situação piorasse. Jeniffer, ao lado dela, não perdeu a compostura nem por um segundo.
— Veja só como o destino pode ser traiçoeiro... — sussurrou Jeniffer, abaixando-se levemente em direção a Sofie. — Um antigo amigo... tão perto de descobrir a verdade.
Sofie sentiu um arrepio percorrer sua espinha, o medo apertando o peito como uma mão invisível.
— E vou deixar algo bem claro, Sofie — continuou Jeniffer, sua voz baixa e fria, mas carregada de ameaça. — Você se saiu bem... desta vez. Mas se não se comportar, da próxima vez, prometo que será muito, muito pior.
Ela deixou a promessa pairar no ar como uma sombra ameaçadora, e então, com um sorriso satisfeito, se recostou na cadeira.
— Agora, seja uma boa menina e respire. Ainda temos muito a fazer hoje.
Sofie baixou a cabeça, o rosto queimando de vergonha e medo. O passado e o presente haviam se encontrado por um breve momento, e a humilhação de quase ser reconhecida a deixara abalada. Mas pior que a vergonha era a certeza de que, sob o controle de Jeniffer, essa era apenas uma de muitas provações que ainda estavam por vir.
Sofie permanecia encolhida na cadeira, tentando controlar a respiração e se recompor. A breve interação com Kamila havia sido como uma lâmina atravessando seu peito — o passado e o presente colidindo, expondo-a mais do que poderia suportar. Jeniffer, ao seu lado, exalava confiança, como se tudo estivesse perfeitamente sob controle. E, claro, estava.
Amanda permanecia imóvel, em silêncio, mas não ausente. Ela era uma sombra constante na vida de Sofie, alguém que não precisava de palavras para demonstrar o quanto estava afundada na dominação absoluta de Jeniffer. Cada gesto dela — a postura relaxada, o olhar distante, os movimentos econômicos e obedientes — eram prova viva de que Amanda não era mais uma pessoa completa, mas uma extensão dos desejos de Jeniffer.
Jeniffer se inclinou na cadeira, o sorriso satisfeito ainda nos lábios, enquanto observava Amanda com um olhar de posse.
— Amanda, querida, aproxime-se — murmurou Jeniffer, sem nunca precisar elevar a voz. Amanda obedeceu instantaneamente, seus movimentos precisos e suaves, como uma boneca bem treinada. A jovem posicionou-se ao lado de Jeniffer, as mãos juntas na frente do corpo, aguardando como alguém que não tem vontade própria. Jeniffer ergueu a mão e acariciou o rosto de Amanda, traçando levemente a linha da mandíbula até o queixo com a ponta dos dedos enluvados. — Você tem sido uma menina tão perfeita para mim... — murmurou Jeniffer, o tom de voz suave como veludo, mas carregado de poder. Amanda fechou os olhos por um instante ao toque, como se aquilo fosse uma recompensa que ela anelava desesperadamente. Seu corpo inteiro parecia relaxar sob a mão de Jeniffer, como se aquele simples gesto fosse a única âncora que mantinha sua existência válida. — E você sabe que meninas perfeitas precisam ser cuidadas, não é? — continuou Jeniffer, inclinando-se mais perto e deixando os lábios quase roçarem o ouvido de Amanda — Sim, senhora... — sussurrou Amanda, sua voz baixa e suave, como se cada palavra fosse uma oração de devoção. — Você faria qualquer coisa por mim, não faria? — perguntou Jeniffer, com um sorriso que era tanto afeto quanto controle absoluto.
— Qualquer coisa, senhora — respondeu Amanda, sem hesitação, seus olhos vidrados de adoração. Jeniffer deixou escapar uma risada baixa e satisfeita. Ela ergueu o rosto de Amanda pelo queixo, obrigando-a a encará-la. Amanda estava completamente afundada — não havia resistência, não havia pensamento independente. Seus olhos eram espelhos vazios, refletindo apenas a vontade de Jeniffer. Sofie, que observava tudo em silêncio, sentiu um nó se formar no estômago. Era aterrorizante ver o quanto Amanda havia desaparecido dentro daquela submissão. E o mais assustador era saber que Jeniffer esperava o mesmo dela. Cada dia, cada ordem, cada punição a empurrava mais para aquele mesmo destino. Jeniffer lançou um breve olhar para Sofie, percebendo o desconforto estampado em seu rosto. O sorriso dela se alargou levemente, como se já tivesse decidido que era hora de ensinar a Sofie uma nova lição.
— Amanda, querida — disse Jeniffer, ainda segurando o rosto da jovem. — Que tal você mostrar à Sofie o que é realmente se entregar? Amanda apenas sorriu docemente, sem precisar de mais instruções. Havia um brilho quase perturbador em seus olhos — não de malícia, mas de completa devoção. Ela se abaixou de joelhos ao lado da cadeira de Jeniffer, colocando as mãos sobre os joelhos dela, como uma adoradora que reverencia sua deusa. Jeniffer acariciou o cabelo de Amanda, como se estivesse recompensando um animal bem treinado. - Está vendo, Sofie? — disse Jeniffer, sua voz baixa, mas clara. — Isso é o que acontece quando se abandona toda resistência. É libertador. E logo... você também será assim.
Sofie estremeceu, mas não respondeu. Não havia palavras que pudessem expressar o horror que sentia ao imaginar-se no lugar de Amanda, reduzida a uma sombra obediente, vivendo apenas para satisfazer outra pessoa. E, no fundo, ela sabia que esse era o destino que a aguardava, mais cedo ou mais tarde.
Jeniffer se recostou na cadeira com um suspiro satisfeito, enquanto Amanda permanecia ajoelhada aos seus pés, em perfeita adoração silenciosa. — Agora... vamos ao próximo passo, querida Sofie — disse Jeniffer, cruzando as pernas.
Antes que Sofie pudesse perguntar ou protestar, Jeniffer lançou-lhe um olhar cortante, cheio de autoridade. — Você teve sorte hoje com Kamila. Mas não quero contar com a sorte da próxima vez. Precisamos garantir que você aprenda o que significa se comportar... sem erros. Jeniffer sorriu com doçura, mas o brilho em seus olhos era frio e impiedoso. — Então, depois do café... você vai sair por este shopping usando algo um pouco mais... revelador — anunciou Jeniffer, casualmente.
O coração de Sofie congelou.— Não... Por favor, não... — murmurou Sofie, a voz saindo fraca e desesperada. — Ah, não precisa se preocupar tanto, querida — respondeu Jeniffer, como se falasse com uma criança teimosa. — Vai ser uma lição valiosa. E, se você não fizer exatamente como eu mandar... Bem, eu garanto que a próxima vez será bem mais humilhante. O pânico tomou conta de Sofie, e ela quase não conseguiu respirar. Não havia escapatória, apenas a certeza de que, seja qual fosse o "próximo passo", ele a quebraria um pouco mais. E Jeniffer, com Amanda ao seu lado, estava pronta para guiá-la até o fim desse caminho sombrio — não importava o que fosse necessário. Sofie tentou resistir à ordem de Jeniffer, mas não havia espaço para questionamentos. Com a mesma calma fria de sempre, Jeniffer fez com que Sofie se levantasse e a levou até o banheiro do café, onde a punição começaria. Ela abriu uma bolsa que havia trazido e tirou um conjunto de roupas que fez o estômago de Sofie revirar: uma saia extremamente curta, meias arrastão e um top que mal cobria seus seios.— Coloque isso, querida — ordenou Jeniffer. Seu tom era doce, mas havia uma ameaça implícita. — Por favor, não... — implorou Sofie, com a voz embargada, o rosto queimando de vergonha. Jeniffer apenas sorriu levemente, sem demonstrar um traço de compaixão. — Você sabe que não tem escolha. Se fizer o que eu mando, essa experiência pode ser rápida e indolor. Se não fizer... prometo que tornarei sua vida um espetáculo para todos neste shopping. E farei questão de convidar Kamila para assistir. Sofie sentiu-se derrotada. Sabia que Jeniffer sempre cumpria suas ameaças. Com mãos trêmulas, vestiu as peças reveladoras, cada uma mais humilhante que a anterior. Quando terminou, sentia-se exposta como nunca antes. O pequeno pênis encolhido mal era perceptível sob a calcinha apertada, mas isso apenas tornava a situação mais degradante. Assim que saíram do banheiro, Jeniffer não fez questão de esconder sua satisfação. Ela olhou para Sofie como um artesão que admira uma obra recém-finalizada.
— Perfeita — murmurou Jeniffer, pegando Sofie pelo braço e conduzindo-a de volta ao salão principal do shopping. Elas passaram por vários corredores, e cada passo parecia durar uma eternidade. Sofie sentia os olhares das pessoas sobre ela, algumas risadinhas abafadas, outras expressões de surpresa e julgamento. Sua pele queimava de vergonha, mas ela não podia fazer nada além de seguir ao lado de Jeniffer e Amanda. Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, Jeniffer decidiu que a lição estava completa. Voltaram ao estacionamento e entraram no carro, onde Sofie desabou no banco de trás, exausta e humilhada O Barulho no Porta-Malas
Jeniffer ligou o motor com um sorriso satisfeito nos lábios, como se o passeio pelo shopping tivesse sido apenas mais uma tarefa bem-sucedida. Amanda, sentada no banco da frente, permanecia em silêncio, seus olhos fixos no horizonte, pronta para obedecer ao próximo comando.
Enquanto o carro acelerava e deixava o estacionamento, um som abafado e estranho ecoou pelo veículo. Um barulho vindo do porta-malas. Sofie ergueu a cabeça, o coração disparado. Era como se algo, ou alguém, estivesse se mexendo lá dentro — leves batidas e gemidos abafados.
— O que... o que é isso? — perguntou Sofie, sentindo o pânico subir pela garganta.
Jeniffer lançou um olhar breve pelo retrovisor e sorriu com a mesma calma perturbadora de sempre.
— Não se preocupe, querida. É só uma surpresa que guardei para mais tarde.
Sofie ficou rígida no banco, o estômago afundando de medo.
— Vamos fazer uma pequena viagem fora da cidade antes de voltarmos — continuou Jeniffer, como se estivesse anunciando uma simples mudança de planos. — Há um lugar especial que quero mostrar a você.
Amanda, ao lado de Jeniffer, não fez qualquer pergunta ou comentário. Apenas manteve seu olhar fixo e seu comportamento submisso, como uma boneca perfeitamente treinada, pronta para qualquer situação.
O carro avançava por estradas sinuosas e, a cada minuto, o ambiente urbano dava lugar a campos abertos e árvores dispersas. O barulho no porta-malas continuava de tempos em tempos — um som abafado e inquietante que mantinha Sofie em um estado constante de alerta e medo.
Após quase uma hora de viagem, o carro entrou em uma estrada de terra estreita, ladeada por cercas de arame e árvores antigas. Jeniffer dirigiu com tranquilidade, como se conhecesse o caminho de cor. Finalmente, o veículo parou diante de uma fazenda isolada, cercada por campos vastos e cercas enferrujadas. A casa principal parecia antiga, com janelas estreitas e um telhado inclinado que dava ao lugar um ar sombrio. — Chegamos — anunciou Jeniffer, desligando o motor.Sofie olhou ao redor, o coração acelerado. O silêncio da fazenda era perturbador, e a ansiedade que sentia parecia aumentar a cada segundo. Jeniffer e Amanda saíram do carro com naturalidade, como se estivessem chegando em casa. Jeniffer abriu a porta do banco traseiro e fez um gesto para que Sofie saísse também. Tremendo de nervosismo, Sofie obedeceu e colocou os pés na terra fria da fazenda. — Agora, querida — disse Jeniffer, caminhando até a traseira do carro com um sorriso leve. — É hora de ver o que guardamos para você. Com um clique metálico, Jeniffer abriu o porta-malas. Sofie prendeu a respiração, esperando o pior. Sofie ficou parada ao lado do carro, o vento frio da noite acariciando sua pele exposta. Seu coração batia acelerado, a mente ainda presa na humilhação que havia vivido no shopping. O silêncio da fazenda parecia amplificar cada batida do seu coração, e o barulho inquietante vindo do porta-malas fazia a ansiedade crescer a cada segundo.
Jeniffer, com um sorriso satisfeito e um brilho perigoso nos olhos, caminhou até a traseira do carro e girou a chave na fechadura do porta-malas. Amanda permanecia ao lado dela, imóvel e pronta para obedecer, como sempre. Com um clique suave, o porta-malas se abriu, revelando uma visão que fez o estômago de Sofie despencar. Lá estava Kamila — completamente nua e amarrada. Seu corpo estava dobrado de forma desconfortável dentro do espaço apertado, com cordas amarrando seus pulsos e tornozelos. A pele bronzeada de Kamila brilhava sob a luz fraca da fazenda, e seus seios nus subiam e desciam rapidamente enquanto ela respirava ofegante, o corpo tremendo de exaustão e medo. Uma mordaça de tecido branco estava apertada em sua boca, abafando os sons desesperados que ela tentava emitir.
Os olhos de Kamila estavam arregalados de horror. Quando ela viu Sofie parada ali, seus olhos se encheram de incredulidade e confusão — como se não pudesse acreditar que a pessoa que agora a encarava era Gabriel, ou o que restava dele.
— Surpresa, querida? — perguntou Jeniffer com um sorriso sereno, virando-se para Sofie. — Achei que seria interessante trazê-la para... nos acompanhar por um tempo.
Sofie sentiu o mundo girar, e uma mistura de choque e horror se apoderou dela. Ver Kamila naquele estado, completamente vulnerável e fora de contexto, era um golpe devastador. A pessoa que uma vez fora uma paixão e amiga estava ali, nua e amarrada, jogada como se fosse nada mais que um objeto. E agora ela também fazia parte desse jogo macabro de Jeniffer.
— Ela parece tão indefesa, não é? — continuou Jeniffer, passando a mão pelo rosto de Kamila com um gesto perturbadoramente carinhoso. — Você sabe, eu sempre gostei de pessoas que acham que têm controle... até perceberem que não têm nenhum. Kamila tentou se mexer e balbuciou algo incompreensível através da mordaça, mas Jeniffer apenas deu uma risada suave.
— Shhh, querida. Você vai ter bastante tempo para entender a nova realidade.
Jeniffer então se virou para Sofie, seu olhar se estreitando levemente.
— E você, Sofie... — murmurou. — Espero que entenda o que isso significa para você.
Sofie sentiu um nó se formar na garganta, mas sabia que não havia para onde correr. Kamila era agora uma peça no jogo de Jeniffer, assim como ela própria. E pior, Jeniffer parecia ansiosa para aprofundar ainda mais a humilhação de ambas.
— Agora... — disse Jeniffer, com um sorriso frio e implacável. — Vamos levá-la para dentro. Temos uma longa noite pela frente.
Amanda, sem hesitar, aproximou-se do porta-malas e começou a levantar o corpo frágil e trêmulo de Kamila. E Sofie, impotente, sabia que a partir daquele momento tudo só iria piorar. Jeniffer, Amanda e Sofie adentraram a casa com Kamila nos braços de Amanda, ainda amarrada e nua, gemendo baixinho contra a mordaça. A porta de madeira rangeu ao se fechar, isolando-as no silêncio sombrio da fazenda. O interior da casa era simples, com móveis de madeira escura e paredes cobertas por quadros antigos e fotografias emolduradas. A iluminação fraca dava ao lugar um ar acolhedor — mas havia algo profundamente errado, como uma serenidade falsa e inquietante. No centro da sala de estar, em uma cadeira de balanço, estava sentada uma mulher que parecia deslocada naquele ambiente perturbador. Ela era branca, com cabelos grisalhos cortados em um chanel curto e bem cuidado. Seu rosto era cheio de rugas, mas suas bochechas rosadas e olhos azuis claros transmitiam a aparência de uma avó gentil, alguém que faria chá quente e biscoitos para uma tarde tranquila. Vestia um vestido floral azul claro, simples e limpo, e um suéter bege delicadamente jogado Ela segurava uma caneca de porcelana nas mãos e sorria com doçura ao ver Jeniffer entrar. — Ah, minha querida — murmurou a mulher, sua voz suave como seda velha. — Vejo que trouxe mais uma... mercadoria. — Sim, Denise. — Jeniffer sorriu e fez um gesto casual para Amanda colocar Kamila no chão, ao lado da cadeira da velha senhora. — Trouxe algo especial desta vez. Amanda abaixou Kamila delicadamente, mas com a mesma obediência automática de sempre. Kamila se contorcia contra as cordas, tentando soltar-se, mas era inútil. Seus olhos arregalados e os gemidos abafados transmitiam puro desespero, mas Denise nem sequer piscou. Ao invés disso, ela observava a cena com o mesmo sorriso gentil, como se tudo aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Jeniffer virou-se para Sofie, que permanecia petrificada, paralisada pela mistura de medo e confusão. — Denise é uma das minhas... colaboradoras mais experientes — explicou Jeniffer com um tom leve, como se estivesse apresentando uma velha amiga. — Ela sabe exatamente o que fazer com... produtos que não se adaptam facilmente. Denise balançou a cabeça de leve, ainda sorrindo. Seus dedos enrugados acariciaram a borda da caneca de porcelana enquanto seus olhos se voltaram para Sofie. — Oh, querida — disse Denise, em um tom doce, mas frio. — Parece que você está confusa. Mas não se preocupe... Eu vou explicar tudo para você. Jeniffer deu um passo para trás, permitindo que Denise tomasse o controle da situação. A velha senhora colocou a caneca sobre uma mesinha próxima e olhou para Kamila com o mesmo sorriso gentil, como se observasse uma criança travessa. — O que faremos com sua amiga, querida Sofie, é algo... necessário — disse Denise, cruzando as mãos no colo. — Ela precisa ser ensinada a esquecer quem foi. Assim como você está aprendendo. Sofie sentiu um arrepio percorrer sua espinha. As palavras de Denise soavam tão suaves, mas o significado por trás delas era gelado e assustador. — Jeniffer me trouxe muitos... produtos ao longo dos anos — continuou Denise, seus olhos azuis penetrando o olhar de Sofie. — Alguns são mais difíceis de treinar do que outros. Mas todos, no final, aprendem. E sua amiguinha aqui... — Ela apontou para Kamila, que se contorcia no chão. — Bem, ela terá um destino especial. Denise inclinou-se um pouco para frente, aproximando-se de Sofie como se estivesse prestes a contar um segredo. — Ela será esvaziada, querida — sussurrou a velha, com um brilho quase alegre nos olhos. — Esvaziada de vontades, de memórias, de identidade. Até que não reste mais nada além de obediência. Sofie recuou um passo, sentindo o estômago afundar com as palavras de Denise. A calma gentil da velha senhora era mais assustadora do que qualquer ameaça explícita. — E você sabe o que é mais bonito nisso? — murmurou Denise, enquanto voltava a se recostar na cadeira de balanço. — Ela nem vai perceber o que está perdendo... até que já tenha se tornado exatamente o que precisamos que ela seja. Jeniffer observava a interação com satisfação, como se assistisse a uma obra-prima sendo desenhada diante de seus olhos. — É um processo fascinante, Sofie. Você vai ver de perto — disse Jeniffer suavemente, colocando uma mão no ombro de Sofie. — E quem sabe... pode até aprender uma ou duas lições. Sofie queria gritar, fugir, fazer qualquer coisa para impedir o que estava prestes a acontecer com Kamila. Mas o peso do controle de Jeniffer e o sorriso doce e perturbador de Denise a mantinham enraizada no lugar, impotente para mudar seu destino — ou o de sua antiga amiga.
Com o ar pesado de antecipação, Denise se levantou lentamente da cadeira de balanço. Seu sorriso doce permanecia intacto, mas havia algo de sombrio por trás daquele rosto de avó gentil. Jeniffer deu um leve aceno de cabeça, e Amanda, sempre em silêncio, ergueu Kamila do chão com facilidade, mesmo com ela se debatendo inutilmente nas cordas. Sofie observava tudo, paralisada pelo medo, o coração batendo descompassado. — Venham, queridas — murmurou Denise, gesticulando com delicadeza, como se estivesse conduzindo uma excursão escolar. — Vou mostrar o que fazemos aqui na fazenda. Vocês precisam entender que cada "produto" encontra seu lugar perfeito.
Jeniffer lançou um olhar afiado para Sofie, como um lembrete silencioso de que ela deveria obedecer sem questionar. Sem alternativa, Sofie a seguiu em silêncio, o estômago revirando enquanto Amanda arrastava Kamila com firmeza. Os gemidos abafados da antiga amiga ecoavam no ar, e cada passo em direção ao desconhecido aumentava o desespero de Sofie.
A primeira parada foi em uma estrutura que parecia um grande celeiro. Denise empurrou as portas e revelou o interior: uma linha organizada de camas pequenas, cada uma com uma figura feminina deitada ou ajoelhada. As garotas usavam uniformes de empregadas domésticas — saias curtas, aventais rendados e faixas na cabeça. Seus rostos estavam calmos, mas havia um vazio absoluto em seus olhos. Moviam-se lentamente, mecanicamente, como se seus corpos fossem apenas máquinas bem treinadas. — Essas são nossas maids — explicou Denise com a mesma doçura, enquanto acariciava a cabeça de uma garota que polia o chão. — Elas foram esvaziadas de toda identidade e reprogramadas para servir. Elas limpam, organizam e obedecem sem nunca questionar. Tudo o que resta nelas é a vontade de agradar. Sofie sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao ver a completa submissão daquelas garotas. O vazio em seus olhos era perturbador, uma visão do que a própria Sofie poderia se tornar se continuasse seguindo o caminho que Jeniffer havia traçado para ela. Denise levou o grupo para fora do celeiro e conduziu-as por uma trilha de terra até uma outra área cercada. Lá, Sofie viu garotas de quatro, vestidas com roupas de couro e pelúcia, algumas com orelhas e caudas falsas. Algumas rastejavam como gatos, enquanto outras balançavam a cabeça e latiam como cães. As garotas tinham coleiras apertadas em volta do pescoço e eram conduzidas por cordas ou guias. Seus olhos, assim como os das maids, estavam vazios de qualquer traço de humanidade.
— Estes são nossos animais de estimação — explicou Denise com um sorriso leve. — Aqui, os produtos se tornam completamente dóceis. Elas perdem a capacidade de falar e pensar como pessoas. Tudo o que resta é o comportamento instintivo de cães e gatos, obedientes e felizes apenas por pertencer a alguém. Amanda lançou um olhar breve para Jeniffer, mas sua expressão não mostrava nenhuma surpresa. Ela estava tão imersa em seu próprio estado de submissão que aquilo parecia completamente normal para ela. Sofie, por outro lado, sentiu o estômago revirar. A visão das garotas se comportando como animais a deixou nauseada, mas ela sabia que não poderia fazer nada para impedir o que acontecia ali. A próxima parada foi em um grande curral. Assim que Denise abriu o portão, Sofie viu uma cena que nunca esqueceria. Garotas estavam debruçadas sobre suportes de metal, com grandes ventosas de ordenha presas aos seus seios. O som suave e ritmado das máquinas enchia o ar enquanto sugavam leite continuamente de seus corpos. As garotas usavam roupas de látex apertadas que destacavam seus corpos, e seus olhos estavam tão vazios quanto os das maids e dos animais. — E aqui temos nossas vacas leiteiras — disse Denise, com um ar quase orgulhoso. — Elas foram esvaziadas completamente. Não há mais pensamentos ou desejos humanos nelas. Tudo o que sabem é produzir. Seus corpos foram treinados para fornecer leite, e suas mentes estão mergulhadas em uma paz silenciosa. Kamila soltou um gemido abafado de terror, contorcendo-se nas cordas enquanto Amanda a mantinha firmemente sob controle. Sofie mal conseguia respirar. A visão das garotas sendo tratadas como gado a encheu de pavor — e o fato de que tudo aquilo era feito de forma tão organizada e meticulosa tornava a situação ainda mais aterrorizante. A última parada foi em um pavilhão separado, cercado por cercas altas. Denise abriu as portas e revelou uma sala decorada com cores pastéis e cheia de berços enormes, brinquedos infantis e fraldas gigantes. Lá dentro, várias garotas rastejavam pelo chão ou balançavam em cadeiras de bebê. Usavam macacões fofos, chupetas presas na boca e fraldas grossas que as faziam andar de forma desajeitada.
— E finalmente, temos a ala das bebês adultas — disse Denise, com um sorriso particularmente afetuoso. — Aqui, os produtos são infantilizados ao extremo. Elas esquecem completamente qualquer traço de maturidade ou autonomia e se tornam bebês em corpo de adultos. Ela olhou para Kamila com um brilho satisfeito nos olhos. — É aqui que sua amiga será treinada. Sofie sentiu uma onda de desespero atravessar seu corpo ao ouvir aquelas palavras. Kamila, sua antiga paixão, seria reduzida a nada mais que um bebê adulto, incapaz de pensar ou agir por si mesma. Os gemidos abafados de Kamila se intensificaram, mas Denise apenas balançou a cabeça com doçura. — Não se preocupe, querida. — Denise disse a Sofie, quase como se a consolasse. — No final, ela vai adorar. Jeniffer olhou para Sofie com um sorriso leve, mas seus olhos brilhavam de malícia. — E quem sabe, querida Sofie... Se você não se comportar, pode acabar em um desses berços também. Aquelas palavras eram mais que uma ameaça — eram uma promessa. E Sofie sabia que Jeniffer cumpria cada promessa. Sofie mal conseguia manter-se de pé enquanto observava a última fase da degradação de Kamila. A antiga amiga estava sendo conduzida para dentro do pavilhão pelas mãos firmes de duas mulheres vestidas inteiramente em couro branco, da cabeça aos pés. Seus trajes brilhantes ocultavam completamente seus corpos e rostos, deixando apenas pequenos respiradouros nos capacetes lisos e impessoais. Moviam-se em silêncio absoluto, como fantasmas programados para obedecer sem questionar. Kamila, ainda nua e amarrada, debatia-se inutilmente, os olhos arregalados de puro terror. Seus gemidos abafados pela mordaça ecoavam pelo espaço decorado como um quarto infantil, mas não havia ali nenhum conforto. Cada objeto era um símbolo perverso de rendição e controle. Fraldas gigantescas e mamadeiras enfileiradas ao longo da parede, brinquedos infantis de proporções bizarras e cadeirinhas feitas para manter corpos adultos presos e inofensivos. As mulheres de couro branco levaram Kamila até um dos berços maiores. Com uma facilidade que demonstrava prática, ergueram-na e a deitaram sobre o colchão macio, mas não confortável. Logo, algemas de metal surgiram de compartimentos ocultos nas laterais do berço, prendendo seus pulsos e tornozelos de forma segura. Kamila se contorceu desesperadamente, mas seus movimentos eram fúteis. — Pronto, querida. Está quase começando — murmurou Denise, com um sorriso doce e perturbador. Ela observava tudo com uma satisfação tranquila, como se Kamila fosse apenas mais um "produto" a ser preparado.
Sofie, horrorizada, mal conseguia desviar o olhar.— Essas mulheres que você vê — explicou Denise, apontando para as figuras de couro branco que continuavam a trabalhar em silêncio —, são produtos que falharam. Ineficientes demais para se tornarem maids, animais ou leiteiras, mas ainda úteis o suficiente para servirem como trabalhadoras da fazenda. O tom de Denise era quase carinhoso, como se falasse sobre uma questão banal e inevitável. — Não são mais pessoas, claro. Só ferramentas. Servem bem... porque não há mais nada dentro delas. Sofie sentiu o estômago revirar. O destino de Kamila já estava traçado, e o processo havia começado naquele exato momento. As trabalhadoras apertaram as algemas e prepararam uma chupeta de silicone gigantesca que forçaram na boca de Kamila, abafando seus gritos com eficácia. Cada movimento era calculado, preciso, como se estivessem acostumadas a reduzir adultos a uma condição infantil sem o menor remorso.
Kamila se debatia, mas a força das algemas e o vazio no olhar das trabalhadoras tornavam claro que não havia escapatória. Ela seria esvaziada. Cada traço de quem um dia foi, apagado até que não restasse nada além de um bebê adulto, vivendo apenas para ser controlado e atendido.Enquanto Sofie ainda digeria o horror que acabara de testemunhar, Jeniffer se aproximou de Denise com um sorriso calmo e cúmplice. Amanda permaneceu imóvel ao lado, como uma boneca obediente à espera de novas ordens. Jeniffer acariciou suavemente o ombro de Denise e disse em um tom quase afetuoso: — Denise, você sempre sabe cuidar tão bem dos produtos... Mas você sabe que há um lugar aqui que eu adoro especialmente. Aquele local secreto que você mantém para fins mais... criativos. Os olhos de Denise brilharam por um breve instante, como se tivesse acabado de receber um presente inesperado. — Ah, claro — respondeu Denise, com uma voz tão doce quanto venenosa. — Sabia que você iria pedir por isso. Sofie sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Não sabia exatamente do que estavam falando, mas o modo como as duas trocavam sorrisos a fazia entender que o que quer que acontecesse nesse lugar secreto seria muito pior do que tudo que havia visto até agora. — Amanda, querida — disse Jeniffer com um tom gentil. — Prepare Sofie. Denise e eu vamos levá-la para uma pequena visita... Acredito que será educativo. Amanda assentiu sem dizer uma palavra. Seus olhos vidrados e comportamento submisso demonstravam que ela não se importava com o que quer que fosse acontecer. Era apenas mais uma ordem a ser cumprida. Denise se aproximou novamente, segurando a mão de Sofie com uma suavidade enganadora. — Não se preocupe, querida — sussurrou Denise. — Tenho certeza de que você vai achar o passeio... inesquecível. Sofie engoliu em seco, o coração acelerado e a mente girando em pânico. Não havia como escapar. Tudo que podia fazer era seguir em frente e descobrir qual era o destino perturbador que aguardava naquele lugar sombrio que tanto fascinava Jeniffer. As portas do local secreto estavam prestes a se abrir, e Sofie sabia que o que quer que estivesse por trás delas destruiria mais uma parte dela — e talvez também de Kamila.