Quando acordei, o quarto ainda estava iluminado pela suave luz da manhã. O colchão confortável parecia me manter preso, mas eu sabia que tinha que levantar. Peguei meu celular para dar uma olhada nas mensagens. Três pessoas já tinham me escrito: minha mãe, Caio e o Sr. Alyson.
Mãe: — Filho, como estão as coisas aí? Está gostando? Não esquece de me contar as novidades! ❤️
Sorri ao ler a mensagem. Respondi rapidamente:
Eu: — Mãe, tá tudo ótimo! Fui ao cinema, conheci a praia e tô adorando. Um beijo, te amo! ❤️
Em seguida, vi a mensagem de Caio. Seu estilo brincalhão sempre me fazia rir.
Caio: — E aí, sumido, como tá a vida na capital? Já viu uns machos bonitos por aí ou só tá focado no filhinho de papai? 😏
Eu ri alto antes de responder.
Eu: — Cara, tu não faz ideia! A praia foi top, só macho gostoso! Queria você aqui comigo pra comentar. Tá tudo uma maravilha!
Depois, a mensagem do Sr. Alyson me chamou a atenção:
Sr. Alyson: — Quando você acordar, fale comigo. Precisamos conversar.
Fiquei um pouco curioso e talvez até ligeiramente preocupado com a seriedade da mensagem. Verifiquei as horas: 09h. Tinha sido uma noite e tanto, e eu tinha dormido como nunca. O quarto de hóspedes era incrivelmente confortável, perfeito para colocar meu sono em dia.
Resolvi tomar um banho rápido antes de ir falar com o Sr. Alyson, enquanto pensava no que poderia ser essa conversa. Talvez sobre o trabalho ou a fábrica? Apertei o passo, trocando mensagens com o Caio enquanto me arrumava.
Caio: — Só quero saber se tu já cansou de brincar com o filhinho do papai aí. Lembra que tem gente te esperando quando voltar, viu?
Eu: — Relaxa, Caio. Já comprei até um presentinho pra você no shopping ontem, mas essa vai ser surpresa! 😏
Desci as escadas, ainda com os pensamentos um pouco divididos entre a noite anterior, as mensagens e a conversa que teria com o Sr. Alyson.
Ao descer as escadas, ouvi o Sr. Alyson falando ao telefone. Ele dizia:
— Sim, ele está aqui.
Imediatamente após essa frase, nossos olhares se encontraram, e ele pareceu um pouco surpreso, talvez por não esperar que eu já estivesse acordado. Rapidamente, ele se despediu da pessoa do outro lado da linha e me lançou um sorriso.
— Bom dia, Rafael! Como foi a noite? Dormiu bem? — perguntou com um tom acolhedor, como se quisesse garantir que eu estava confortável.
— Bom dia, Sr. Alyson! Dormi super bem, o quarto é muito confortável, me fez recuperar o sono. O Bernardo e eu fomos ao cinema ontem, e ele acabou me convencendo a comprar umas coisas — respondi com um sorriso tímido, ainda lembrando da noite anterior.
Ele riu levemente, como se imaginasse perfeitamente a cena.
— Ah, o Bernardo… ele adora essas coisas. Gosto de ver vocês dois se dando bem.
Ficamos por alguns minutos conversando sobre assuntos triviais. Ele perguntou se eu já conhecia bem a capital, e eu expliquei que só tinha passado por aqui rapidamente em outras ocasiões. Falamos sobre o clima da cidade, sobre as lojas do shopping e como o tempo estava bom para aproveitar o final de semana. O Sr. Alyson, mesmo com a conversa leve, parecia observar tudo com atenção, quase como se estivesse avaliando algo em silêncio.
Após uma breve pausa, ele mudou o tom, e eu percebi que o assunto estava prestes a ficar mais sério.
— Rafael, eu te chamei aqui pra ver uma coisa — ele começou, apoiando os cotovelos na mesa, com um ar mais sério, mas ainda amigável. — Você se sente confiante pra desenrolar sozinho por aí? Digo, pela cidade?
Eu me endireitei na cadeira, já antecipando a resposta.
— Acho que sim, Sr. Alyson. Hoje em dia, com GPS, fica mais fácil se localizar. Dá pra ir tranquilo — respondi com confiança, percebendo que ele estava me testando.
Ele sorriu, orgulhoso, como se minha resposta tivesse sido exatamente o que ele esperava ouvir.
— Sabia que você iria dizer isso. Tenho certeza de que vai se sair bem. — Ele fez uma pausa, como quem escolhe bem as palavras. — Queria te pedir um favor. Preciso que você passe no apartamento do meu irmão pra deixar um envelope com uns documentos. E, depois, passar na fábrica e pegar outros documentos pra mim.
Eu assenti de imediato.
— Claro, posso fazer isso sim. Sem problema nenhum.
— Bom garoto — disse ele, com um olhar de satisfação. — Eu até poderia ir com você, mas acho importante você começar a se acostumar a andar sozinho pela capital. Quem sabe até dá uma volta depois, conhece mais da cidade? Hoje você tem o dia livre.
Fiquei animado com a ideia. A capital sempre me fascinou, e a chance de explorar um pouco mais, por conta própria, era muito bem-vinda.
— Sério? Que legal! Eu adoraria dar uma volta por aí depois de resolver essas coisas.
O Sr. Alyson sorriu, claramente contente com meu entusiasmo.
— Fico feliz que tenha gostado da ideia. É uma ótima oportunidade pra se familiarizar mais. Aproveite bastante. Mas antes disso, vá tomar seu café. A mesa já está posta.
— Obrigado, Sr. Alyson! — respondi com gratidão. — Vou comer e depois já saio pra resolver tudo.
Ele deu um leve aceno de cabeça, ainda com aquele sorriso paternal, enquanto eu me dirigia para a mesa de café, sentindo que, cada vez mais, ele estava depositando confiança em mim. Isso me enchia de uma mistura de orgulho e responsabilidade.
o chegar na mesa de café, encontrei Bernardo já sentado, com uma xícara de café nas mãos e um sorriso lindo que iluminava o ambiente. Assim que me viu, seus olhos brilharam e ele perguntou com um tom suave:
— Bom dia, dormiu bem?
Sentei ao lado dele, servindo-me de uma fatia de pão com queijo, e respondi sorrindo:
— Dormi muito bem. A cama era incrível, acho que nunca tinha dormido tão bem na minha vida. E você?
Ele assentiu com um sorriso no rosto, tentando disfarçar o que sentíamos um pelo outro, já que o Sr. Alyson estava por perto.
— Também dormi bem, teria sido melhor se estivéssemos dormindo juntos, né? — ele comentou com um olhar cheio de significado, mas mantendo o tom leve.
Ri de leve, tentando não deixar transparecer demais.
— Ah, verdade... Mas não podemos dar bandeira, ainda mais com seu pai por perto.
— Você tem razão — ele disse, abaixando um pouco o olhar, tentando se controlar. — Mas logo mais à noite, na balada, vai ser diferente.
— Nem me fala, tô ansioso pra essa balada. — Sorri animado, a perspectiva de uma noite com Bernardo numa balada prometia ser inesquecível.
Nós continuamos conversando sobre coisas simples da vida. Falamos da praia, da nossa tarde de ontem, e de como o cinema tinha sido divertido. Enquanto falávamos, o Sr. Alyson passava de vez em quando, e sempre que o assunto parecia esquentar um pouco, nós mudávamos de tema rapidamente, tentando manter a fachada de dois bons amigos.
Depois de terminar o café, lembrei Bernardo que eu teria que sair para resolver umas coisas para o seu pai.
— Vou dar uma saída pra resolver umas coisas pro Sr. Alyson, mas volto logo — comentei, me levantando da mesa.
Bernardo fez uma leve careta de desagrado, mas logo mudou para um sorriso.
— Ah, que pena. Eu tenho aula à tarde, então nos vemos só mais tarde, pra balada. E vou te adiantar uma coisa: se prepara, porque vai ser inesquecível — ele falou, piscando de um jeito que me deixou ainda mais animado.
— Pode deixar. Não vejo a hora — respondi, sorrindo com empolgação.
Após o café, subi para o quarto pra me trocar e, enquanto escolhia a roupa, senti uma vontade irresistível de ficar mais alguns minutos com Bernardo. Fui até o quarto dele e, quando o encontrei sozinho, puxei-o rapidamente para o meu quarto.
— Vem cá... — disse, com um tom mais baixo, e logo o puxei para um beijo quente, intenso e cheio de desejo.
Bernardo retribuiu com a mesma intensidade, me segurando pela cintura e me puxando mais perto. O momento foi rápido, mas cheio de paixão, aquele tipo de beijo que falava mais que palavras, carregado de saudade e expectativa.
— Eu vou ficar pensando nisso o dia todo — ele sussurrou contra meus lábios, com um sorriso malicioso.
— Eu também — respondi, meio ofegante. — Mas à noite a gente termina o que começou.
Ele riu baixo, mordendo o lábio de leve.
— Mal posso esperar.
Nos despedimos com um último beijo rápido e saímos do quarto, voltando ao clima casual que tínhamos que manter na frente dos outros.
Após tomar um banho refrescante, fui direto ao encontro do Sr. Alyson para pegar os documentos e os endereços que ele havia mencionado. Ele estava sentado no escritório, organizando algumas pastas quando me viu entrar. Com um sorriso simpático, ele me entregou um envelope.
— Aqui estão os documentos. Meu irmão não vai estar em casa, então você só precisa deixar tudo na portaria — explicou ele, com a tranquilidade habitual. — Depois, segue direto para a fábrica e procura a Alicia. Ela vai te entregar os outros documentos.
— Certo, e qual carro eu devo pegar? — perguntei, tentando parecer calmo, mas já sentindo a empolgação crescer. Afinal, o Sr. Alyson tinha uma coleção de carros de respeito.
Ele deu um sorriso, como se já soubesse o que eu estava esperando.
— Pode usar o meu — ele disse, casualmente.
Meus olhos brilharam de imediato. Não era todo dia que se tinha a chance de dirigir um dos carros dele, ainda mais um modelo tão impressionante quanto o que ele costumava usar.
— Sério? — perguntei, tentando disfarçar o entusiasmo.
— Sim, só peço que tenha cuidado — ele respondeu, com uma leve risada. — E, claro, qualquer coisa, me ligue.
— Pode deixar, vou dirigir com cuidado — falei, já imaginando a sensação de guiar aquele carro pelas ruas da cidade.
Saí da casa com o envelope em mãos e um sorriso no rosto, pronto para começar a minha missão. Coloquei o endereço do prédio do irmão dele no GPS, e enquanto dirigia, observava a cidade ao meu redor. Os prédios altos, o trânsito frenético, as pessoas correndo de um lado para o outro. Era diferente do que eu estava acostumado no interior, mas, de alguma forma, me senti bem ali no meio daquele caos organizado. Não tive medo. Na verdade, me senti confiante, como se estivesse me testando, e eu sabia que estava à altura do desafio.
Cheguei ao prédio do irmão do Sr. Alyson e fiquei impressionado. Era imponente, com uma vista deslumbrante para o mar. Não era a mesma praia que eu e Bernardo tínhamos ido, mas o cenário era igualmente encantador. Deixei o envelope na portaria, conforme instruído, e ao sair do prédio, decidi dar uma volta pela orla. Estacionei o carro, comprei uma água de coco e fiquei ali, por alguns minutos, observando o mar.
O mar, com suas ondas suaves quebrando na areia, tinha um poder quase hipnótico. O cheiro da maresia, o som relaxante da água e o calor do sol eram a combinação perfeita para me fazer esquecer qualquer preocupação. Sempre ouvi dizer que o mar acalma, e naquele momento, eu entendia plenamente o que isso significava. Era como se o mundo desacelerasse, e eu pudesse respirar profundamente, sentindo uma paz que só aquele cenário proporcionava.
Depois de um tempo ali, imerso no meu momento de tranquilidade, voltei ao carro e segui para a fábrica. Ela ficava mais afastada da cidade, mas o GPS foi um verdadeiro aliado, e cheguei sem qualquer problema. Peguei os documentos com a Alicia, que me recebeu com um sorriso simpático, e segui de volta pela cidade.
Antes de voltar para casa, dei mais uma volta pela capital, aproveitando o dia e o fato de estar dirigindo aquele carro incrível. O trânsito da cidade, apesar de caótico, me fazia sentir vivo, como se eu estivesse enfrentando tudo aquilo com uma coragem renovada. Finalmente, retornei à casa do Sr. Alyson por volta das 13h, sentindo uma satisfação enorme por ter cumprido minha missão com sucesso.
Depois de entregar os documentos, o Sr. Alyson me agradeceu com um aceno de cabeça e um sorriso satisfeito.
— Obrigado, garoto. Você fez um ótimo trabalho — disse ele, me chamando para almoçar. — Quer fazer alguma coisa de tarde? Conhecer mais a cidade, talvez?
Eu pensei por um segundo e, sem muitos planos, respondi:
— Na verdade, eu estava pensando em descansar um pouco, mas... — hesitei por um momento, mas logo acrescentei, com um sorriso — se tiver algo em mente, estou dentro.
Alyson pareceu gostar da resposta.
— Ótimo! Vamos almoçar, descansar um pouco, e saímos às 15h para dar uma volta.
O almoço foi tranquilo, conversamos sobre assuntos leves, e ele compartilhou algumas histórias de negócios, mas sem entrar em detalhes demais. Assim que terminamos, subimos para descansar. Me joguei na cama do quarto de hóspedes, ainda impressionado com o conforto daquela casa. Cochilei até ouvir a batida suave na porta às 15h. Era o Sr. Alyson, pronto para a nossa saída.
Entramos no carro, e ele me levou por alguns dos pontos turísticos mais famosos da cidade. Passamos por belas praias, mirantes que ofereciam vistas de tirar o fôlego, e ele até fez questão de parar para que eu pudesse observar e tirar algumas fotos.
— Essas paisagens são incríveis — comentei, enquanto admirava o pôr do sol.
— A cidade tem suas belezas, mas também tem seus desafios — ele respondeu, em tom reflexivo. — Mas é aqui que o trabalho acontece, e eu sempre digo, quem domina a cidade, domina os negócios.
Após visitarmos alguns locais, Alyson me surpreendeu quando disse que faríamos uma parada importante. Ele me levou até o escritório de uma grande rede de supermercados com a qual estava fechando contrato. Quando chegamos, ele foi buscar um envelope e, ao voltar para o carro, me olhou com seriedade.
— Decore esse caminho. Provavelmente, você vai ter que vir aqui outras vezes sozinho. Isso faz parte de aprender os negócios, saber para onde ir e como lidar com essas reuniões — ele explicou, com um sorriso confiante.
Assenti, prestando atenção ao percurso de volta. Já era quase 18h quando ele olhou para mim e falou:
— Bernardo está prestes a sair da escola. Vamos buscá-lo.
Seguimos até a escola de Bernardo e, ao vê-lo saindo, senti meu coração dar um pequeno salto. Ele sorriu ao me ver no carro, subiu no banco de trás e disse:
— Fala, Rafinha! Como foi seu dia?
Eu sorri de volta, tentando disfarçar o calor que subia ao meu rosto com o Sr. Alyson ali na frente.
— Foi bom. Seu pai me levou para ver uns lugares da cidade.
No meio do caminho, Alyson fez uma curva repentina e parou em frente a uma pizzaria.
— Claudia viajou, então não tem comida em casa. Vamos jantar aqui.
Sentamos em uma mesa e pedimos uma pizza grande, com vários sabores. A conversa fluiu leve, mas ainda com um toque de formalidade. A presença de Alyson sempre deixava o ambiente um pouco mais contido, mas ainda assim foi agradável. Depois de comer, voltamos para casa e me joguei na cama para descansar um pouco até as 22h.
Sabia que Bernardo estava animado para a balada às 23h, então me permiti descansar para aproveitar a noite ao máximo. Sabia que seria uma experiência diferente, e estava pronto para o que viesse.
Quando acordei, fui direto para o banho, deixando a água quente relaxar meus músculos. Estava empolgado para a noite que prometia ser inesquecível. Me vesti com uma das roupas novas que o Bernardo tinha me ajudado a escolher mais cedo. Olhei no espelho e me surpreendi com o que vi. A roupa realmente fazia a diferença; eu parecia outra pessoa, mais confiante, mais estiloso. "Uau, tô um gato", pensei, ajeitando os últimos detalhes no cabelo.
Ouvi uma batida leve na porta e, em seguida, Bernardo entrou no quarto. Ele me olhou dos pés à cabeça com um sorriso de aprovação, antes de me puxar para um beijo rápido e carinhoso.
— Você tá muito bonito — ele disse, com um olhar que misturava admiração e desejo. — Essa roupa ficou perfeita em você.
Sorri, meio sem jeito, e agradeci. Descemos as escadas juntos, ainda empolgados para a noite. Mal chegamos ao pé da escada, demos de cara com o Sr. Alyson, que nos olhou de cima a baixo. Ele sorriu e fez um sinal de aprovação com a cabeça.
— Estão prontos para a noitada? — ele perguntou, com um sorriso de canto. — Rafael, você tá elegante, rapaz. Vê se não bebe muito, hein?
Eu ri, um pouco tímido com o elogio, e respondi:
— Pode deixar, Sr. Alyson. Vou tomar cuidado.
Bernardo também sorriu, e então saímos da casa, animados. Ele já havia pedido um uber e o mesmo tinha acabado de chegar, entramos e demos boa noite ao motorista e seguimos em diração ao destino, conforme nos afastávamos da casa, senti o friozinho na barriga aumentar. A cidade à noite, cheia de luzes e vida, combinava perfeitamente com a nossa energia. O som da música no rádio preenchia o carro enquanto seguíamos em direção à balada.
Eu sabia que aquela noite seria especial, não só pela expectativa da diversão, mas pela companhia de Bernardo, que sempre tornava qualquer momento simples em algo único.