Foi quase um ano daquele jeito até que a fissura no Roger começasse finalmente a diminuir e o desejo fosse arrefecendo, e o episódio no banheiro acabou que se transformou em uma lembrança distante. O que aconteceu no quarto naquele outro dia ainda me assombrou por um tempo, ainda usei o ocorrido como material de punheta por muitas vezes, até que a lembrança foi perdendo a graça, e o passar dos dias e dos meses foi operando o trabalho de fazer as coisas parecerem meio borradas, fruto de um delírio, um sonho, imaginação…
De qualquer maneira, comecei a cuidar melhor de mim mesmo, controlando alimentação e exercícios, fui ficando grande, definido. Não tão grande quanto ele, é óbvio, ele tinha a genética do lado dele, mas estava ficando largo dos ombros, as coxas estavam ficando grossas e meus braços estavam cheio de veias, meus bíceps antes tímidos agora estavam mais evidentes, vascularizados. Eu estava naturalmente chamando mais atenção por conta do porte físico, gostava muito dos exercícios para as pernas, então quando dei por mim, minha bunda e minhas coxas já estavam enormes. Mais um pouco e eu já não seria mais o menino esguio e “aerodinâmico” que eu fora anos atrás. Estava ganhando peito também, e com o crescimento das mamas, veio uma sensibilidade nos mamilos que antes eu não tinha. Quando me relacionava sexualmente, fazia questão de guiar as mulheres naquele mundo totalmente novo. Mulher hétero não tem o costume, mas as mulheres bissexuais sabem o que fazer e como fazer. Quando era esse o caso, eu não tinha muito o que ensinar, eram toques, olhares e sugestões que guiavam e elas mesmas faziam todo o trabalho. Incluindo o pegging, que eu adorava.
Não me relacionei sexualmente com nenhum outro homem desde a situação com o Roger, porque não via graça na maioria e eles não me satisfaziam do jeito que eu queria, então toda semana eu tava com uma menina nova debaixo do braço. Não tinha frescura com mulher, pra mim mulher era mulher e pronto, estive com meninas altas, baixas, gordas, magras, roqueiras, pagodeiras, otakus esquisitas do Discord, saí até com uma mãezona de 40 que era gente fina, os meninos gêmeos dela eram gente boníssima, jogava Valorant com eles aos finais de semana depois do trampo que arrumei no T.I. de uma imobiliária. Gostava da experiência de conhecer gente nova, estar com gente nova, ouvir suas histórias, seus pensamentos e opiniões. Visões de mundo diferentes das minhas. Tinha acabado de entrar pro curso de Engenharia Da Computação e o Roger estava na metade do curso dele de Mecânica quando surgiu o negócio do intercâmbio pra ele. Nossos pais incentivaram e pagaram tudo, é lógico, ele foi embora pra Espanha e a gente ficou sem se ver e se falar todo aquele tempo, salvo raras ocasiões em que me telefonava ou mandava mensagem perguntando por onde andava a mãe e o pai, que não o respondiam ou não atendiam suas ligações. Ou mesmo para me perguntar qualquer bobagem que ele não soubesse. Tudo superficial, nada cordial. Até que algo finalmente aconteceu.
Ele estava no exterior já tinha uns nove meses quando ouvi meu telefone vibrar debaixo do travesseiro de madrugada. Era um final de semana qualquer e eu estava de folga, sentado à mesa do computador jogando Valorant com os caras do curso na hora, então não dei atenção, acabei esquecendo de verificar por estar no meio da partida e muito longe do alcance do meu braço. Entrei numa partida atrás da outra e quando vi já eram quatro da manhã, desliguei o computador, tomei um banho, fiz um sanduíche e fui deitar. A mensagem deve ter chegado pra mim umas duas da manhã, então achei que fosse a menina com quem eu estava saindo na época, Natália, uma garota baixa, de peitos pequenos e quadris largos, cabeça raspada, cheia de tatuagens, muito gostosa. Natália era mais do que sexo pra mim, ela era também a minha melhor amiga, a gente ria muito juntos, e só conversava besteira, era impossível não sorrir do lado dela, então quando eu peguei o telefone eu já tava rindo imaginando qual que era o meme da vez, o vídeo engraçado que ela tinha me mandado… e qual foi o tamanho da minha surpresa quando eu vi na notificação do WhatsApp o nome e a foto de perfil do Roger? O choque foi imediato. Meu coração parou por um segundo. Fiquei preocupado. O cara quase nunca falava comigo, ele sabia as diferenças do fuso de cor, então quando precisava de alguma coisa e não tava conseguindo falar com os velhos, ele me dava um toque pedindo pra chamar eles. Nada demais. Então eu estranhei aquela mensagem tarde da noite, eu gelei na verdade porque fiquei com receio de algo grave ter acontecido.
Quando abri a notificação, havia uma mensagem temporária na conversa, daquelas fotos que você manda e que a outra pessoa só pode visualizar uma vez, que precisa abrir para poder ver. Engoli em seco com o coração na goela e pressionei a ponta do dedo indicador em cima daquilo. Era um vídeo curto, filmado de baixo pra cima, mostrando o freio do pau do Roger quase roxo de tão duro enquanto ele puxava muito devagar a pele da pica pra baixo, desencapando lentamente o cacete. O rosto dele estava oculto pelo cabeçote da pica, pulsando violentamente para a câmera, de modo que os peitos dele, ainda mais pesados e inchados do que da última vez que os vira, com os mamilos rosados salientes e suculentos, jaziam um de cada lado do caule do pau. Eu quase podia ver o fluxo sanguíneo percorrendo toda a extensão daquilo debaixo pra cima, fazendo as veias incharem por sob a pele fina. Ele havia posicionado a câmera estrategicamente de maneira que o pinto dele aparecesse exatamente entre seus peitos, e ocultasse seu rosto. Roger respirava pesada e profundamente no vídeo, que desapareceu assim que terminei de assistir.
O choque inicial de ver a rola do Roger latejando pra mim na tela do celular me tirou completamente do eixo, fiquei ainda estático um tempo processando o que eu tinha acabado ver, perdi o sono na hora, eu nem me dei conta de que o pau tinha respondido ao estímulo visual de imediato, quando prestei atenção ele já tava batendo no umbigo, pulsando de tão duro e chorando pré-gozo fino e grudento. Tentei abrir a mensagem de novo, no desespero, quando me recuperei do choque, mas não dava, não havia mais nada lá, o vídeo temporário havia expirado. Aquela visão me assombraria por dias. O peito inchado brilhando de suor, as auréolas rosadas dos mamilos, os bicos endurecidos me convidando, chamando pela minha língua enquanto o pau gigantesco pulsava entre eles. Será que ele tinha mandado sem querer? Será que ele tinha mandado errado? Será que estava bêbado tentando mandar nudes pra outra pessoa? Todo o tipo de questionamento passou pela minha cabeça naquela hora enquanto eu massageava as bolas, de olhos fechados, rebolando debaixo das cobertas.
Eu não tinha mais nada do Roger por ali, nenhuma blusa usada, nenhuma meia, nenhuma cueca, tava louco, queria gozar sentindo o cheiro dele, toda a fissura que eu achava que tinha ficado pra trás, todo aquele tesão voltou e me derrubou que nem um acidente de carro, e sem encontrar outra alternativa, catei uma cueca suja minha mesmo do cesto de roupa pra me masturbar. Cheirei minhas axilas enquanto tocava a punheta, lambendo meus bíceps, lambendo meus próprios pêlos, meu próprio suor imaginado o Roger debaixo de mim, entre as minhas pernas, chupando minha virilha, minhas bolas, enfiando a língua no meu cuzinho. Eu tava chorando de tesão, deixei as lágrimas virem enquanto enfiava um, dois, três dedos dentro de mim, rebolando em cima do meu punho. O primeiro jato de porra saiu da minha pica com tanta força que atingiu a parede atrás de mim, voou por cima da minha cabeça e atingiu um dos pôsteres na parede, fez maior bagunça.
Terminei arfando, suado, e dormi daquele jeito mesmo.
Quando acordei no dia seguinte, demorei um tempo pra processar o ocorrido da noite passada. Nos primeiros minutos despertos, ainda na cama, de olhos fechados, o pensamento não me ocorreu. Mas então, conforme eu fui despertando, a lembrança daquilo foi voltando e meu coração acelerou na hora. Meu pau ficou duro imediatamente, e a descrença no que tinha rolado começou a bater. Passei a achar que tinha sonhado tudo aquilo, mas quando abri o celular e fui procurar a conversa, a mensagem expirada ainda estava lá. Fiquei um tempo deitado com o pau pulsando dentro da cueca pensando no que faria com relação àquilo. Primeiro que eu não tava entendendo porque o Roger faria algo do tipo depois de todo o showzinho que ele deu, aquele tempo todo com a cara fechada pro meu lado, me ignorando, me tratando mal pra caramba e tudo o mais. Parecia muito improvável, até impossível, então a princípio cogitei que talvez ele estivesse bêbado e tivesse mandado a mensagem para a pessoa errada.
Eu estava tentando ser racional, tava tentando descartar toda e qualquer outra possibilidade antes de cogitar a ideia absurda de que o Roger havia me enviado um vídeo dele desencapando a pica na frente da câmera. Pra mim. Eu. Que sou irmão dele. E com quem ele mal fala. A quem ele parece odiar depois da experiência que tivemos no banheiro quando ele tava todo quebrado. Só tinha um jeito de saber.
Pensei muito antes de fazer aquilo, mas no final, cheguei a conclusão de que pior do que estava o clima entre a gente, nunca ia ficar, e que apesar de tudo ele jamais abriria a boca pro pai ou pra mãe sobre o que aconteceu entre nós dois porque, além da confusão que ia dar, sentia que o que houve era humilhante de alguma forma pra ele. Porque o modo como ele se entregou tão facilmente pra mim naquela tarde não foi natural… na verdade… foi muito natural, e foi isso que pegou no ego dele: foi fluido, foi espontâneo, como se ele tivesse nascido para aquilo, como se tivesse nele o dom de servir de putinha, o chamado pra ser penetrado por uma rola bem grossa e pulsante. O cu dele já tava largo, ele recebeu pica com muita facilidade, não foi a primeira nem a segunda vez que ele fez aquilo, e acho que ele pretendia manter isso como um segredo. Até o dia em que ele resolveu fazer uma brincadeira errada, numa hora muito errada, e deu no que deu. De qualquer maneira, eu fiz o que fiz: apoiei o celular num tripé na mesa do computador, abri minhas pernas para a câmera, coloquei os pés atrás da cabeça e fiz questão de estufar bem meus peitos e deixar os bíceps e as axilas bem à mostra. Revirei os olhos para o alto, coloquei a língua pra fora e comecei a babar enquanto botava o cu pra piscar, gravei uns 30 segundos naquela posição e mandei pra ele. Como mensagem temporária. Agora era esperar.
Passou uma semana, então passaram duas, vi o cara online várias vezes depois daquilo, ele custou um bocado a abrir a mensagem temporária, mas abriu por fim. Abriu quando eu já nem tava mais pensando sobre o assunto, e a vida tinha seguido o curso dela, e minha cabeça tava muito ocupada com o curso, o trampo, a academia, e os finais de semana que passava na companhia gostosa da Natália. Eu costumava dar uma olhada na conversa de vez em quando, meu coração ia parar na garganta, eu me tremia todo, ficava gelado, e nada, ele não havia aberto o vídeo. Até que um dia, estava aberto, estava visto, e ele não respondeu. Não era nenhuma surpresa pra mim, eu já esperava por aquilo, tinha tido tempo o suficiente para pensar e cogitar todas as variáveis da situação. Eu imaginava que, se ele porventura houvesse aberto a mensagem, não responderia, porque é covarde e sente culpa, então deixei estar.
As semanas logo viraram meses, a vida atribulada acabou me afastando da Natália, e logo os nossos finais de semana juntos viraram também lembranças gostosas. Conversávamos muito esporadicamente por mensagem, mas nada demais, eu senti que ela tava precisando de espaço e ela também meio que sentiu que eu tava em outra vibe e me deixou quieto no meu canto. Nada demais, coisa que acontece em qualquer amizade, de vez em quando nos afastamos dos amigos da gente, mas quando voltamos a nos ver é como se nunca tivéssemos saído um do lado do outro, imaginava que com a Natália não seria diferente. Ela brincava demais, gostava de falar que eu era o “melhor amigo gay, mas que gosta de buceta”, porque nossos gostos e opiniões eram muito parecidos, e eu não tinha o mesmo comportamento e mentalidade dos caras héteros, que costumavam ser quadrados e posar de machão. Eu não tinha disso, era desencanado com essas merdas, sabia que era tudo teatro mesmo, a maioria dos caras bota banca, mas chora numa rola no sigilo, quando não tem ninguém olhando. Isso não era do meu feitio. Talvez por isso eu pegasse muito mais mulher do que a maioria deles, porque eu era desencanado, porque eu era desprendido, não me importava muito com nada e só seguia o fluxo, o pessoal ainda vive naquela mentalidade de que mulher busca virilidade, macho tradicional, quê nada… elas gostam mesmo é de um homem meio bicha. Ou pelo menos era o que a Natália me falava.
Estava em call com ela um dia quando minha mãe nos interrompeu batendo na porta, pedi licença, removi o headset e mandei ela abrir. A mãe veio enxugando as mãos e ajeitando os óculos, esteve na cozinha, tava toda suada, avental todo sujo, cabelo emaranhado que nem ninho de passarinho, “Roger tá vindo pra passar o Natal, bem”, ela disse. Demorei um pouquinho pra raciocinar, mas quando o negócio bateu, desceu na minha cabeça que nem um raio, fiquei paralisado por um instante olhando para ela boquiaberto, com as sobrancelhas levantadas. “Quê isso menino? Pisca” ela riu, “tem um bocado de tempo que vocês não se veem, o Roger parece que tá mudado, tá falando até diferente, o vocabulário do menino mudou… espero que mude mesmo e seja pra melhor. Quem sabe assim vocês não começam a se dar bem!”
Ela saiu do quarto e eu engoli em seco. Voltou tudo só de uma vez, a mensagem, aquele dia ele suado em cima de mim na cama, eu ardendo de tesão com o cabeçote rosado dele pedindo passagem, o suor dele pingando na minha barriga, a tarde no banheiro, os peitões dele pulando na minha cara enquanto o fodia sem dó, o suvacão ruivo molhado do Roger, os bíceps carnudos flexionados enquanto ele punha os braços pra trás. Meu coração tava disparado no peito. Voltei pro computador meio sem jeito, me despedi da Natália gaguejando, ela estranhou mas não perguntou nada porque era muito respeitosa e preferia manter uma distância emocional segura entre nós dois, porque era mais saudável pra mim e para ela que fosse dessa maneira. Aprofundar muito essas relações sempre terminava em merda. Tudo bem. Desliguei e fui me acalmar. Que porra! Natal? Procurei o calendário no celular, tava perdido no tempo, achava que ainda era outubro mas era final de Novembro. Eu nem vi o ano passar, de tão corrido que o segundo semestre foi. Caralho. E agora? Abri o aplicativo de conversas, fui no Roger, tava lá a mensagem aberta, dois meses atrás, ele não estava online.
Eu tava muito nervoso, meu irmão era o meu calcanhar de Aquiles, nada me tirava do meu sossego, B.O. no trampo não me deixava assim, trabalho em grupo na faculdade não acabava com a minha paz, nunca na vida senti tensão antes de fazer qualquer tipo de prova ou exame. Tirar carta de motorista foi moleza, molezinha, eu era uma criança que nem chorar pra vacina, chorava. Lidar com mulher então, era um negócio super tranquilo, nunca senti nenhum tipo de tensão antes de encontrar uma garota, ou ir pra cama com elas, mesmo quando eu realmente tinha interesse nelas. Sempre fui sussa, sempre fui um cara tranquilo, e nem era questão de controle mental ou emocional, é que as coisas não batiam em mim da mesma maneira que afetam os outros, e eu gostava disso porque eu via como era difícil pra caramba para as outras pessoas raciocinarem sob pressão, em situações complicadas, quando estavam na berlinda, muito fodidos mesmo. O mundo podia tá acabando que nada me afetava, minha tranquilidade ante as adversidades da vida era invejável.
Mas o Roger, ah, caralho, o Roger me fazia tremer, e tremer feio. Fiquei suando frio e nem sabia o porquê, meu estômago tava dando cambalhotas, eu senti vontade de vomitar. Bom, algo me dizia que a hora da verdade tava chegando, e era agora ou nunca. Eu só tinha um pensamento em mente: a boca carnuda do Roger, o cu bicudo do Roger, a rola pesada do Roger e aquelas bolas inchadas cheias de leitinho quente me esperando pra tomar. Ele ia me comer, de uma maneira ou de outra. Meus pensamentos estavam acelerados, eu entrei em estado de mania nas semanas que se seguiram. Precisava me preparar para as próximas semanas, e foi o que fiz.
***
Eu sumi da Natália nos dias que se seguiram e ela também não me procurou. Eu corria toda manhã antes do sol nascer até minhas pernas doerem e meus pulmões falharem, sumi da galera do Discord e também das redes sociais, eu precisava clarear a mente, acalmar a cabeça, tanto a de cima quanto a de baixo, se não eu ia ficar fissurado e ia ser pior, já tava me sentindo meio louco das ideias, comecei a puxar ferro com mais intensidade e mais obstinação, precisava de qualquer coisa, qualquer atividade que exigisse o suficiente (e além) da mente e do corpo para que eu deitasse exausto na cama e não precisasse pensar em mais nada. Ou fazer nenhuma besteira. O pump tava monstruoso, meus peitos estavam inchados, minha dorsal estava larga, meus antebraços puta vascularizados, cada centímetro do meu corpo doía pra porra no final do treino. Mas só assim pra aliviar o que eu tava sentindo naquele momento. Natália me mandou duas nudes depois de um longo período de silêncio, chamei ela pra vir em casa no meio daquela noite, na mesma hora que o celular apitou, correndo sério risco de ser pego, mas foda-se.
Ela veio do mesmo jeito de sempre, toda descontraída, toda sorridente, sem papo furado, chegou tirando a roupa. Rasguei a calcinha dela na renda, abri um buraco no tecido com as unhas e coloquei o grelo dela pra fora, alarguei o buraco usando dois dedos e então comecei o trabalho com a língua, virei ela de quatro e mordi toda a bundona dela. Natália enfiou a cara no travesseiro e o mordeu enquanto eu fazia o trabalho. Fodi ela em todas as posições naquela madrugada, fumamos um com a janela aberta no final, rindo à toa igual a dois retardados, e logo mais ela partiu, pulando a mureta baixa do batente onde estávamos para o jardim da minha mãe. Reparei que não nos beijamos. Já tinha um tempo que não nos beijávamos, não fora do contexto do sexo. Sorri, limpei o suor da testa e amarrei a cabeleira ruiva num coque frouxo, fui dormir sujo mesmo. Ia tomar banho só na manhã seguinte.
A semana do Natal não custou a chegar, senti que aquele mês passou voando, e honestamente, eu já tinha comido tanto o rabo e a buceta da Natália até ali que já tinha perdido toda a fissura, o momento tinha passado, tava até mais tranquilo com relação ao gasto de energia pra manter a mente ocupada, preferia passar a tarde lendo livros e a noite vendo algum filme sozinho ou no Discord com a galera, tava tranquilo, era recesso, nada pra fazer e a faculdade também tinha entrado de férias junto com o trampo. Tava sossegado que era uma beleza. Acordei com a casa limpa que nem um brinco na manhã do dia 24, a mãe não era muito chegada aos cuidados domésticos, e muito menos o pai que não sabia lavar nem as próprias cuecas, então eles pagavam uma moça para fazer a limpeza uma vez por semana. Para aquele Natal, eles não somente contrataram a mulher para dar uma geral como investiram uma bela duma grana (e esforço) na decoração, levantei para uma casa ricamente enfeitada de verde, vermelho e branco, com guirlandas, renas, Papai Noel e bonecos de neve para todo lado — mesmo fazendo um calor de 32 graus lá fora. Soltei uma risadinha e esfreguei as palmas das mãos uma na outra, cheiro gostoso de comida exalava da cozinha pelo corredor, conversas animadas no ar, vozes femininas, e em nenhum momento ouvi a voz do Roger, de modo que quando deixei o banho, de toalha na cintura, enxugando os cabelos, e trombei com ele no corredor (nós literalmente trombamos, foi um encontrão forte, eu senti uma cotovelada no meu diafragma e perdi o ar por um instante), eu tomei um susto do caralho e reprimi um grito. Fiquei sem ar.
Roger usava uma blusa social branca desabotoada no peito e calças cáqui, estava descalço e muito suado, o cabelo todo colado na testa. Havia ganhado um pouco de peso, estava na fase de bulking como a gente que treina costuma chamar, tinha manchas enormes de suor sob as axilas e o tecido da camisa — transparente de tão molhada — estava colado ao peito. Ele me olhou de cima com as sobrancelhas levantadas, tão surpreso quanto eu, ficamos daquele jeito por um instante desconfortável, encarando um ao outro paralisados como dois cachorros de rua que se encontram em território estranho, esperando alguém dar o primeiro passo, dizer alguma coisa, fazer alguma coisa… aí ele abriu um sorriso enorme e cheio de dentes brancos. E me abraçou. Com muita força. Eu quase desmaiei.
“E aí mano, tá bem?”, ele perguntou, cheio de confiança, estufando o peito e colocando os punhos fechados na cintura.
“Tá joia…”, respondi, meio sem jeito, não esperava por aquilo. Definitivamente não esperava por aquilo. O Roger me desmontou. A parede que havia entre nós quando ele foi embora não estava mais lá, havia sumido, e todos os planos que tracei nas últimas semanas, as investidas que planejei, as artimanhas para me aproximar, para abri-lo como a um coco ou uma concha teimosa, foram por água abaixo.
Ele tava mudado mesmo, parecia mais à vontade, postura mais relaxada, os olhos pareciam distantes e um pouco cansados, eu até diria… carinhosos, se isso fosse algum adjetivo capaz de se atrelar à figura do irmão implicante e insuportável que eu conhecia. Ou pensava que conhecia. Me analisou de cima a baixo, sem nenhum tipo de malícia no olhar, do jeito que um tio ou um pai olha rapidamente pro teu corpo pra ver como que tu cresceu. Ainda sorrindo, ele emendou:
“Ficou bom o shape, cara, gostei de ver”, ele apertou de leve meu bícep esquerdo e baixou o braço, meio sem jeito.
“Ah, valeu…” gaguejei pra ele, ainda enxugando meu cabelo. Precisava sair dali logo porque meu pau tava começando a ganhar vida, porque eu tava reparando pra valer nele, secando mesmo, meio que hipnotizado, e não conseguia tirar os olhos nos mamilos duros marcando sob o tecido transparente da camisa. Minha boca enchia d'água e eu engolindo saliva, quase babando ali mesmo. Ao que ele suspira e me solta uma espreguiçada longa, manhosa, estufando bem o peitoral, pondo as mãos fechadas atrás da cabeça e flexionando bem os braços, fazendo volume com os bíceps inchados, quase estourando nas mangas subitamente apertadas da camisa.
Eu gelei.
“E esse negócio de Natal, hein?”, ele puxou assunto, “a mãe nunca celebrou essas datas, eles nem são religiosos, de onde veio isso?” os olhos dele passearam pela decoração do corredor.
“Pois é, nem eu entendi”, eu disse, rindo de nervoso, usando todo o autocontrole que eu tinha pra não enfiar a cara no suvaco suado do Roger.
“Ow, eu vou me vestir e daqui a pouco a gente se fala, beleza?”, disse, apontando a porta do meu quarto com a cabeça, visivelmente nervoso, porque exprimia uma postura forçosamente descontraída e o movimento que fazia com a toalha enxugando os cabelos estava ficando repetitivo
“Beleza, vai lá!”
Passei pelo Roger de cabeça baixa, entrei para o quarto e fechei a porta atrás de mim com uma força exagerada, a pancada ecoou pela casa, o que me deixou com um leve peso na consciência, esperava que a mãe não fosse achar que estávamos brigando, caso contrário ela ia encher o ouvido da gente à toa, porque pela primeira vez desde que eu era uma criança, Roger e eu estávamos de boa. Realmente de boa. Não era uma trégua de guerra fria como das outras vezes. Ele estava receptivo e amistoso, e pior, estava agindo como se aquelas coisas que aconteceram entre a gente fossem nada. Sacudi a cabeça com força, precisava colocar a mente no lugar pra não estragar tudo e agir feito um pateta naquela noite. E pra começar, precisava baixar o meu pau urgentemente, do contrário, ele passaria o jantar de Natal inteiro levantando desesperado.
Toquei uma punheta rápida ali mesmo, coloquei um dedo, dois dedos no cu e comecei a rebolar enquanto tocava uma, o movimento de entra e sai de dentro de mim fez com que a porra jorrasse pra fora muito fácil, limpei tudo com papel toalha e me vesti. Inseguro, passei o restante daquela tarde no quarto, criando coragem pra sair e encarar todo mundo, porque a sensação que eu tinha era a de que tava explícito no meu rosto tudo o que se passava comigo, e qualquer pessoa era capaz de ler os meus pensamentos com um simples olhar. Um diálogo que tive com a Natália ficava indo e voltando na minha memória em ondas, fazendo voltas dentro da minha cabeça. Estávamos nus, debruçados sobre o parapeito da janela depois de uma foda muito doida, fumando um beck que ela tinha bolado mais cedo e guardado pra depois. Ela tinha dado um trago profundo, soltado toda a fumaça na minha cara e sorrido pra mim de um jeito estranho, que nunca tinha sorrido antes. Como se compartilhássemos de um segredo juntos ou como se ela houvesse sacado algo de muito curioso, disse então:
“tu gosta de alguém né?”
A princípio não soube como reagir, e em seguida fiquei confuso.
“Do que cê tá falando?” Perguntei.
“Nada não, é só a minha intuição falando um pouquinho alto”, ela deu outro trago, “eu não vou mentir pra ti, já fui apaixonada por ti, falando de maneira romântica, mas desencanei disso depois que a gente se afastou da primeira vez. Não sou mulher de romance e você é uma ótima foda amiga, não vou estragar isso.”
Eu ri de nervoso.
“Tô entendendo é nada”.
“É só que eu te manjei um bocado de uns tempos pra cá e acho que te saquei, é só isso. Você é legal e tudo o mais, mas é fechadão… não sei de onde isso veio na verdade, mas algo me diz que tu gosta de alguém”.
“Tá doida, mulher, eu hein, sai fora”, dei uma risada, puxei ela pra perto pela cintura, me curvei sobre o corpo dela, porque Natália era muito pequena comparada a mim, e lhe abocanhei o seio esquerdo. Mamei com vontade enquanto meu cacete pulsava sedento procurando o encaixe da buceta dela, e quando encontrou, fodemos mais uma vez ali, de pé frente à janela aberta, enquanto revezávamos o cigarro de maconha.
Vesti a roupa com a qual passaria o resto do dia: uma calça preta desbotada rasgada nos joelhos, coturnos, um cropped masculino com estampa de banda já meio surrado e saí. Sabia que a mãe ia encher por eu não estar arrumado, como ela encheu realmente, mas não liguei muito. Queria mesmo era beber e comer um tanto. O resto da tarde correu normalmente, o Roger passou a maior parte do dia dormindo, imagino que por causa do jet lag, de modo que só voltei a vê-lo pela parte da noite. Passei o dia na cozinha beliscando um pernil daqui, um doce dali, pentelhando as minhas tias, irmãs (gêmeas) da minha mãe que eram perpetuamente solteiras e pareciam ter, sei lá, uns oitenta anos de tão velhas, e trocando uma ideia com o tio, que era irmão de criação do meu pai. A casa tava relativamente cheia, fedendo a cigarro puro porque todo mundo ali quase era fumante. A mulher do tio apareceu com as filhas pequenas dela um tempo depois, e por volta das oito da noite a velharada já tava meio alta. A mãe ficava meio de banda com cigarro mas como era a primeira vez que ela estava celebrando Natal desde que era criança (imagino que por causa do Roger, é claro, família reunida e tudo o mais, coisa melosa de quem já tá ficando de idade), ela abriu uma exceção, e ao abrir uma exceção abriu também todas as janelas da casa, do contrário iríamos morrer sufocados ali dentro.
Roger apareceu por volta das 21h com a cara amassada de sono e banho tomado, cabelo cor de cobre ainda molhado, penteado pra trás, a linha da mandíbula marcada perfeita, os olhos cristalinos de diamante e os peitos, é claro, estourando de suculentos como dois pesados frutos debaixo do pano grosso de uma camisa branca oversized de gola alta. A calça cáqui com a qual estivera vestido quando chegou de viagem compunha o visual, não estava calçado, estava descalço, pés vermelhos de tão brancos perfeitamente vascularizados e enormes como as suas mãos. O Roger era um tesão, isso era inegável, e o tempo que passamos separados vivendo vidas em países distintos sem ver um ao outro, raramente se falando, só aumentou ainda mais aquele distanciamento fraterno que já existia entre nós dois. Eu sabia que ele era meu irmão e tinha carinho e respeito por ele, mas não conseguia deixar de vê-lo como homem. Não depois de tudo o que rolou entre nós dois, mesmo que agora naquela conjuntura das coisas os dois momentos que tivemos parecessem um delírio total, fruto da minha imaginação pervertida. Dei uma disfarçada pra não dar bandeira, fui me servir de vinho na cozinha, brinquei com a minha mãe e fui sentar no sofá do lado do pai enquanto ele assistia algum tipo de especial de Natal na TV. Sem som, é claro, porque a música que tocava na Alexa só não era mais alta que a conversa.
Roger cumprimentou todo mundo, carregou as meninas do tio nos braços, brincou com elas, e deixou pra falar comigo por último. Eu tava entretido com um joguinho no celular quando ele encostou, sentou do meu lado no sofá e passou um braço por cima dos meus ombros, meu coração disparou com a proximidade súbita e eu inspirei profundamente em meio ao susto, sorvendo o odor masculino forte que exalava da axila do Roger quase engolindo minha cara, centímetros de distância do meu rosto. Ele sentou colado comigo, parece que fez de propósito, fiz contato visual e constatei que, aparentemente, não existia ali malícia ou segundas intenções, apenas uma leve curiosidade contida num olhar cansado e afetuoso. Ele me puxou pra perto dele e me sacudiu de leve.
“E aí? Como é que estão as coisas?”
Dei de ombros, nervoso.
“Ah, sei lá, mais do mesmo, acho que de boas”.
“E o curso? Tudo tranquilo?”
“Normal, nada demais”, eu ri, sem jeito.
“Quando tu forma?”
“Daqui um ano e meio”, levantei os olhos pra ele e, confuso, sustentei seu olhar, tentando entender do que se tratava aquilo, o que se passava, o que ele queria, o que estava acontecendo. Ninguém muda daquele jeito e agora parecia que eu estava sentado ao lado de um completo estranho, aquela situação toda meio que me causava calafrios, porque a insegurança dele aliada à falta de tato e à personalidade provocadora escrota me davam a sensação de estar no controle, de ser superior a ele de alguma forma. Essa nova atitude do Roger me fazia sentir fraco, intimidado. Eu não sabia como reagir.
“Bacana”. Ele balançou o queixo e sustentou meu olhar por alguns instantes, ainda sorrindo. “Eu curti pra caramba o vídeo que tu mandou daquela vez”.
Senti minhas mãos geladas, um arrepio me escalou a espinha, eu engasguei no seco. Olhei em volta com medo de alguém ter escutado aquilo, receando estarmos no foco da atenção de alguém, mas geral tava distraído com tantas outras coisas acontecendo, as velhas estavam jogando carteado, as crianças corriam pela casa e os dois outros homens bebiam tranquilamente na cozinha conversando entusiasmados.
Roger fez os olhos com força, fez um bico e esticou o queixo pra frente, sugando o ar por entre os lábios apertados com força.
“Nuh, como eu toquei punheta pra aquele vídeo”, ele riu baixinho.
“Cê só pode tá me zuando”. Fiz que ia me levantar e ele me puxou mais pra perto ainda, me espremeu de encontro ao peito e pôs uma mão sobre a minha coxa direita.
“Não tô te zuando cara, fica tranquilo, fica de boa…”
“Qualé Roger, tu não é assim, tu só pode tá me tirando, isso é alguma brincadeira tua, alguma coisa…” eu gaguejei.
“Ei, mano, tá de boa, fica tranquilo, tá tudo bem”, o rosto dele estava perigosamente próximo do meu agora. “Eu tive tempo o suficiente pra pensar em tudo o que rolou, passei por algumas coisas também que não vem ao caso agora e concluí que tá de boa, sabe? Não tem nada demais”.
Ele me liberou do aperto, se afastou e jogou a cabeça pra trás no encosto do sofá.
“É uma necessidade biológica do corpo da gente, saca? Acho que sexo, não importa com quem seja, não significa nada, não é tão complexo se tu não tem envolvimento romântico ou afetivo com a pessoa. Tipo, eu não faria isso com o pai ou com a mãe por exemplo, é nojento pra caralho pensar nisso, porque né, tem um laço ali pra além do genético e sanguíneo. E também se fosse alguma mina que eu tô gostando seria algo diferenciado, ia ter outra conotação… agora tu, mano…” ele voltou a me encarar fundo nos olhos, com um sorriso de canto de boca. Ainda assim, não vi sinal nenhum de malícia naquele olhar. Ele tinha uma sobrancelha levantada e um olhar cansado, e só, como se estivesse debatendo comigo algum assunto trivial como o clima ou, sei lá, opinião política. Aquilo tava me assustando muito, quem era aquele cara e o que ele tinha feito com o Roger? Desde quando ele era um ser humano normal e não um completo animal que mal conseguia formular uma frase direito? O Roger, aquele mesmo Roger, que nunca conversava a sério com ninguém, que tava sempre puxando alguma brincadeira sem graça fora de hora, que vivia pra zuação, tava ali na minha frente com um porte e uma postura que eu nunca tinha visto antes.
“Eu sou teu irmão, Roger”. Me surpreendi comigo mesmo naquele momento. Não pensei que isso fosse sair da minha boca, mas foi a única coisa que consegui falar.
“Isso não foi problema nenhum pra ti quando tu tava fissurado nisso tudo aqui”. Ele sorriu e flexionou os peitos, fazendo-os subir e descer numa dança hipnotizante, vi que mesmo debaixo do tecido grosso da camisa as biquetas marcavam duras. Meu pau veio bater na testa de tesão, comecei a salivar, minha boca encheu d'água. Ele gargalhou e passou o braço em torno do meu pescoço, me fechando numa gravata, espremeu meu rosto entre seu braço e antebraço musculosos, e beijou o topo da minha cabeça, depois esfregou o punho fechado com força no meu cocuruto. E me soltou. Meu pau começou a babar dentro da cueca, senti uma gota generosa de pré-sêmen subir a uretra e vazar pelo biquinho. Me arrepiei inteiro.
“Tô brincando contigo, maninho. Vamo lá, vamo pro quarto, vamo sair daqui”.
Fiquei incrédulo enquanto ele levantava e saía em direção ao corredor. Não podia acreditar. Olhei em volta pra ver se alguém tinha visto ou ouvido aquela conversa, mas ninguém deu sinal de ter notado nada. Meus pais e todos os convivados estavam muito entretidos com o que quer que fosse que estivessem fazendo, então dei um tempinho sentado e me levantei também. Fui na cozinha, meu intuito era tomar um copo de água, mas achei melhor verter um copinho da cachaça que o tio trouxera de presente pros meus pais. Desceu rasgando. Fiz uma careta e estalei a língua. Mais uma vez, ninguém parecia ter notado nada de estranho, nem no meu comportamento e nem no do Roger, o que eu achei meio maluquice porque, meus pais conheciam muito bem a natureza da nossa relação e não estranharam, sequer notaram, o momento de proximidade descontraída que tivemos no sofá. Me retirei de mansinho pra que ninguém reparasse, e passei direto pro quarto do Roger com o coração na garganta, acelerado, só não martelava mais forte que o pau.
A porta estava entreaberta e eu a empurrei bem devagarinho, não sei porquê fiz isso, não entendi o porquê daquela cerimônia, eu sabia o que queria e como queria, e tinha carta branca pra querer agora... não me entendia mais, não entendia toda aquela insegurança, algo pelo qual eu esperei, ansiei quase que desesperadamente por muito tempo, finalmente tava rolando de verdade, e eu tava agindo que nem moleque virgem. Eu ri de mim mesmo.
“Tá rindo do quê?” Ele perguntou quando me viu abafar o riso e sacudir a cabeça. Estava sentado na beira da cama dele agora, voltado para a porta, joelhos bem afastados um do outro, sorrindo pra mim. Abriu os braços e me disse: “vem, vem cá, senta aqui”, ele bateu com as mãos nas coxas, calmamente. Eu engoli em seco e fechei a porta às minhas costas com cuidado pra não fazer barulho. Tava tremendo.
“É pra eu sentar de frente ou de costas?” Perguntei, me aproximando.
Ele balançou a cabeça e riu.
“Do jeito que tu quiser, mano”.
Ele tirou então a camisa, bem devagar, propositalmente, e jogou ela pra trás por cima do ombro. O corpo do Roger tava mais do que perfeito, os quilos a mais que havia ganhado tinham deixado a pança dele levemente protuberante, mal dava pra ver os contornos dos músculos do abdômen. Seu torso estava coberto agora por pêlos esparsos bem fininhos, de um dourado que brilhava quase translúcido, algo que você só percebia quando a luz incidia. Ele tinha parado de se depilar! Caralho. Meu pau pulsou com força dentro da calça. Seus peitos, como eu imaginava, estavam massivamente inchados e pesados, cobertos de pintas e levemente vermelhos, queimados de sol, com os bicos rosados enormes apontando para baixo. Apesar do ganho de peso, seus bíceps apareciam perfeitamente vascularizados. Eu conseguia ver as veias principais dos braços saltadas sob a pele. Comecei a massagear o pau por cima da roupa, porque ele doía de tão duro que tava.
“Curtiu?” Ele flexionou os braços pra mim, e eu fui à loucura, quase revirei os olhos ali mesmo, sentia os próprios bicos dos meus peitos enrijecidos. A postura calma dele me deixava nervoso, era isso o que tava me pegando, ele tava tranquilo e falando manso do jeito que um cara fica depois de fumar um, e me perguntei se ele não andou usando nada escondido por dentro de casa. Duvido muito, a mãe teria sentido o cheiro a quilômetros de distância, ela era rata pra essas coisas.
“Anda, vem sentar aqui”, ele bateu com as mãos nas coxas de novo. Sem cerimônia, encaixei no Roger de frente, envolvi sua cintura com as pernas, fazendo contato visual direto com ele, e uma vez sentado ali, passei a alisar e apertar seus braços, seus ombros, suas costas, seus peitos e sua barriga, massageando cada centímetro daquela massa branca de carne, minha boca encheu d'água, eu tava no paraíso, aquilo ali parecia um sonho. Dei uma lambida no pescoço dele, no tórax, fiz com que ele flexionasse o braço esquerdo e lambi lentamente, mordi e chupei seus bíceps, sentindo o gosto salgado do suor dele ao beijar de língua sua axila ruiva suada, sorvendo seus odores, seus sabores, fiz uma verdadeira lambança no sovaco dele, tava morrendo de saudades daquele gosto, daquele cheiro, sugava a carne com a força de um desentupidor enquanto ele arfava. Tudo acontecia agora exatamente como me imaginei fazendo todo esse tempo.
Roger sorria para mim um sorriso tranquilo, abriu a barguilha da minha calça, botou meu cacete pra fora e começou a me masturbar bem devagar. Sem perder o contato visual, ele baixava um pouco o rosto e cuspia no cabeçote do meu pau, e então voltava a me masturbar num ritmo lento e constante, subindo e descendo o punho fechado em volta da minha caceta pulsante, massageando que nem um profissional. Minhas mãos passeavam pelos peitos inchados dele, corri meus dedos até as biquetas e comecei primeiro estimulando as pontinhas com polegar e indicador, para então passar a ordenhá-los como as tetas de uma vaca, eu puxava, empurrava, apertava, torcia. Dava petelecos fortes nelas e então puxava. Comecei então a cuspir neles, nos peitos do Roger, bem em cima dos mamilos, e usar a lubrificação para massageá-los, como se estivesse os masturbando. Cuspi no espaço entre os peitos dele, usei as mãos para apertá-los um de encontro ao outro e os esfreguei, teta com teta. Roger gemeu, fechou os olhos e colocou a língua rosada enorme para fora. Eu cuspi nela. Uma, duas, três vezes, até a saliva começar a escorrer pelo queixo dele em direção ao peito, e quando acho que fosse o suficiente, Roger fechou a boca, fez um bico, jogou o pescoço para trás e engoliu todo o meu cuspe com um “glup” sonoro. Eu quase gozei ali mesmo, com ele me masturbando. Não custou e ele largou meu pau, passou a fazer o mesmo com os meus peitos, meteu as mãos por debaixo da minha blusa e começou a massagear meus bicos. Repeti o lance do cuspe várias vezes, segurando o queixo dele, fazendo ele abrir a boca para mim e colocar a língua pra fora. Fiz isso até cansar de alimentar ele com a minha saliva.
“Deixa eu mamar seu peitinho, mano, deixa?” Ele gemeu pra mim, baixinho, com vozinha manhosa fina, um jato grosso de pré-gozo esguichou da cabeça do meu pau e melou de leve a barriga dele, o movimento de vai e vem da esfregação deixou um fio grosso de liga da baba branca esticado entre a minha cabecinha e a barriga dele. “Deixa, maninho? Deixa o mano chupar o seu peitinho, deixa? Deixa o mano mamar um pouquinho, vai?”, ele chupava o meu pescoço com força agora, fazendo barulho de sucção, ia do lóbulo da minha orelha até a clavícula, passeando com aquela língua comprida e quente pela minha pele. Sentia meu rosto queimando.
“Chupa, mano”. Eu levantei os braços e ele mesmo tirou minha blusa, jogou ela na direção da porta e começou a sugar nos meus bicos com vontade, gemendo e bufando, me puxou para mais perto, colou meu corpo no dele e encheu as mãos nas bandas da minha bunda, me erguendo do colo dele somente o suficiente para que meu cacete ficasse na altura dos seus peitos e eu pudesse começar a foder o espaço entre eles, apertando minha caceta quase roxa de tão dura entre os dois montes de carne e gordura massivos do peitoral daquele macho, que mais lembrava um gorila albino do que um ser humano. Ele já não conseguia mais alcançar meus mamilos naquela altura então passou a mamar no meu cabeçote enquanto eu o fodia no peitoral. Roger segurava minha bunda enquanto eu apertava-lhe as tetas suculentas em volta do meu cacete, fazendo um delicioso sanduíche de pica com seus peitos macios. Rios de saliva escorriam da boca dele, meu pau expelia esguichos tímidos de pré-gozo que aos poucos foram se misturando à saliva dele e formando um fluido branco viscoso, grudento que servia de lubrificante para que meu pau deslizasse no espaço entre seus peitos, a glande rosada indo e voltando de dentro da boca dele.
“Tira a calça, maninho”, ele sussurrou pra mim, fazendo biquinho, com aqueles olhos de cachorro pidão que me deixavam doido, olhar de quem não se aguenta de tesão, olhar de quem o tesão dói, unindo as sobrancelhas no alto, implorando. “Tira essa calça maninho, quero te encher de leitinho, tu deixa?” ele gemia aquelas palavras como quem implora, o hálito quente, carregado com um leve cheiro do álcool que havia ingerido durante a noite mais cedo me inebriava, subia até o meu nariz e me fazia arrepiar.
“Deixo” gemi, rolando os olhos para o alto.
“Tu deixa eu lotar teu rabo de leite? Tu deixa eu te lotar com os meus filhos, tu deixa?” perguntava, todo cheio de marra. Ele chupava meus peitos, meu queixo, a cabeça do meu pau, e então finalmente, me puxou pra um beijo longo e molhado enquanto eu saltava para o chão e me livrava da calça, sem me separar daquele enlace de línguas, explorando a boca um do outro. Quando finalmente nu, voltei pro encaixe do colo dele, encerrei o beijo mesmo contra a minha vontade, e passei a chupar os dedos dele. Abri a boca, pus o indicador e o médio sobre a minha língua e fechei os lábios em torno deles, suguei com força, simulando um boquete, olhando dentro dos seus olhos enquanto chupava. Roger me puxou para perto e lambeu meu rosto de baixo para cima, com vontade, puxando os dedos (agora encharcados de saliva) de dentro da minha boca e levando para o espaço entre as bandas abertas da minha bunda. Eu gemi um pouco alto demais quando senti que me penetravam, forçando passagem gentilmente entre as minhas pregas, massageando a entrada do meu cuzinho em movimentos circulares. Comecei a rebolar em cima da mão dele, movendo os quadris ao redor, podia sentir o cacete imenso dele pulsando dentro da calça, onde eu estava sentado. Do jeito como estávamos encaixados, eu podia senti-lo friccionando o espaço entre as minhas bolas, dividindo-as.
Roger passou a me foder com os dedos enquanto sugava meu peito direito com força, ensaiando pra meter, pelo modo como empurrava o quadril contra mim. Abri meus olhos e vi a nós dois, nossa imagem refletida no espelho da porta do guarda roupa, naquela posição devassa, num ato de putaria extrema entre irmãos, dois corpos torneados de músculos, o meu esguio e comprido, o dele robusto e pesado, formas enormes perfeitamente arredondadas, veias saltadas no braço e nas mãos espalmadas, quase me fez urrar de tesão. Roger se pôs de pé comigo ainda no colo, passei os braços em torno do pescoço dele para dar sustento enquanto, com uma única mão, ele arriava as calças somente o suficiente para que sua caceta e bolas pudessem vir para fora. Foi me levando no rumo da parede, sem tirar a boca do meu peito nem por um único segundo, apoiou minhas costas ali e com a mão livre foi guiando o cabeçote na minha portinha de entrada. Eu já estava largo e lubrificado o suficiente então o bichão deslizou pra dentro com uma facilidade que foi uma beleza. A sensação do Roger me preenchendo ia além do que me proporcionou qualquer dildo, qualquer consolo; seu pau era tão grande e grosso que a sensação que tive era a de que ia explodir, ia estourar. Não estava sentindo dor, muito pelo contrário, só me sentia muito, muito cheio, como se não existisse espaço pra mais nada dentro de mim, a pressão que fazia de dentro para fora era insana, e quando ele pulsava podia sentir cada centímetro da caceta do meu irmão enfiada até o talo dentro de mim. Roger me fodeu ali mesmo, de pé, caminhando em círculos pelo quarto segurando minha bunda aberta com as duas mãos enquanto metia, a princípio bem devagar e com força moderada, para então passar para um ritmo frenético e alucinado, macetando a caceta no meu cu igual a uma marreta, o barulho das pancadas do quadril dele contra a minha pélvis ecoavam pelas paredes do quarto num ritmo constante. Eu me controlava pra não urrar, porque eu podia sentir o pau do Roger empurrando minha bexiga agora, e isso me causava uma sensação mista de dor e prazer indescrítiveis. As expressões faciais dele me deixavam doido, além de estar vermelho que nem um tomate e lacrimejando, com os olhos cheios d'água, ele tinha a boca entreaberta exibindo os dentes, soprando o ar por entre eles, às vezes revirando os olhos para o alto e às vezes ficando completamente vesgo. Vi o Roger bater os dentes de tesão, como quando nós ficamos com frio e perdemos o controle do maxilar e ele começa a bater contra os dentes de cima muito rapidamente. Ele se babava inteiro, igual a um cachorrão bobo branco e imenso.
“Vou te engravidar, putinho” ele gemia enquanto me fodia, “vou encher esse cu com os meus filhinhos, você vai ter todos os meus filhinhos na sua barriga, tu quer mano? meus filhos na tua barriga? Fala pra mim, pede meus filhos, vai”.
“Eu quero mano. Me dá teus filhos, me estufa com teus filhos, mano, enche essa buceta de leite”.
“Teu cu virou buceta foi mano?”, ele franziu o cenho e fez um bico para mim, mirando minha boca com os olhos. “Nossa, que tesão, eu fodi tanto o cuzinho dele que virou uma buceta! Olha só pra ele, que putinho delícia, vou te engravidar então, segura!”
E ele foi dando estocadas longas e profundas, e eu abafava os gritos. Tirava o pau de dentro de mim quase todo, e então enterrava fundo com a força de um bate-estaca. Me levou para cama, nos deitamos, ficou por cima de mim, e enquanto me fodia, levou uma das tetas na minha boca, e eu me fartei vendo aqueles peitos de macho pulando para cima e para baixo no meu rosto enquanto ele metia, fiquei hipnotizado assistindo seus mamilos subirem e descerem a milímetros de distância do meu rosto. Imaginei seus peitos jorrando leite para mim e rolei os olhos para o alto. Gozei sem nem me tocar, gozei o suficiente por mim e por ele, o primeiro jato acertou o queixo dele em cheio com um barulho de estalo alto, o segundo jato, tão farto quanto o primeiro, me acertou na boca e no nariz, virei um chafariz de porra, o modo como saía era quase constante de um jeito que mais parecia mijo. Estávamos encharcados.
Ele gargalhou de novo.
“Que delícia o suquinho de cacete da minha putinha”, o Roger gemeu, lambendo meu rosto onde a porra se espalhava, não deixou nada pra trás.
Senti perfeitamente quando o pau dele inchou dentro da minha cavidade anal antes de jorrar, me lotando inteiro de leite, e não parava, pulsou uma seis vezes até que parasse. Roger estava arfando, arriou em cima de mim, exaurido, de braços abertos, vermelho que nem um pimentão, arfando e bufando, relinchando que nem um cavalo. Eu, também exausto, me limitei a sorrir e abraçá-lo enquanto ele se recuperava. “Tá tudo preto, eu tô vendo tudo preto” ele ria de si mesmo, “meus ouvidos estão zumbindo! Uh, mano, isso foi foda”.
Quando seus batimentos cardíacos e sua respiração voltaram ao normal, ele se apoiou nos cotovelos sobre o colchão e me beijou mais uma vez, um beijo longo cheio de língua e de saliva que quase evoluiu para um segundo round. Nos levantamos, nos limpamos e nos vestimos, e voltamos para a festa como se nada houvesse acontecido. Passamos a noite inteira no sofá conversando, amenidades e trivialidades. Jogamos carteado com as velhas, trocamos ideia com o tio e o pai, corremos com as meninas da tia na rua… trocamos raros olhares furtivos entre uma interação e outra com os convidados, o jeito que o Roger me olhava agora me fazia sentir diferente de tudo o que já havia sentido até então. Tudo passou a fazer sentido pra mim depois daquele Natal, foi como se as peças faltantes houvessem encaixado, e as coisas mudaram pra sempre.
Fim.