ENTRE CAMINHOS E SEGREDOS [66] ~ Feliz Aniversario!

Um conto erótico de Rafael
Categoria: Gay
Contém 4500 palavras
Data: 22/11/2024 16:46:21

A vida tem uma maneira curiosa de nos ensinar certas lições. Lucas, que sempre foi autoconfiante, seguro do controle que tinha sobre as situações e sobre as pessoas ao seu redor, se viu de repente sem chão. Ele não aceitou o término com Brenda, chorou, fez uma cena, mas a verdade é que muitas vezes só damos valor quando perdemos. É como se as coisas que vivemos ou temos à nossa disposição passassem despercebidas até que, de repente, elas nos fossem tiradas.

Seja um bom emprego, um amor verdadeiro, a presença de alguém querido... O ser humano tem essa estranha tendência de não enxergar o valor real das coisas enquanto as tem. Lucas estava aprendendo isso da forma mais dura. Sempre acostumado a ter Brenda a seus pés, ele não percebeu que, aos poucos, ela estava se transformando, se tornando alguém mais forte, mais dona de si. E quando ela finalmente tomou a decisão de ir embora, ele perdeu o controle.

Era irônico, quase poético: o homem que sempre se considerou no comando agora estava perdido, arrependido por tudo o que havia feito, por todas as vezes que a negligenciou ou traiu. Mas naquele momento, já era tarde demais. Brenda tinha acordado para a vida, e Lucas, pela primeira vez, estava provando o gosto amargo da perda.

Essa é uma das grandes verdades da vida: o que é realmente importante para nós, muitas vezes, só se revela quando já não podemos mais tocar, segurar ou recuperar. E assim como Lucas, muitos só percebem o quanto algo ou alguém era valioso quando tudo o que resta é chorar pelo que se foi.

Era final de tarde, e Lucas estava no meu apartamento. Ele chorava de forma descontrolada, os soluços interrompendo suas palavras. Entre um lamento e outro, repetia que aquilo não era justo, que ele merecia uma segunda chance, que estava arrependido de tudo o que tinha feito. Eu, por minha vez, não tinha muito o que fazer além de estar presente. Abracei-o enquanto ele desabava, tentando oferecer algum consolo, mas, no fundo, sabia que o que ele precisava ouvir não seriam palavras suaves.

Lucas continuava chorando, e sua dor era quase palpável. Ele estava devastado, mas também perdido em uma tentativa de justificar o injustificável. Foi quando percebi que, por mais difícil que fosse, precisava ser direto.

– Lucas, você traiu a Brenda várias vezes. O que você fez está feito, e não tem como voltar atrás. Se você não acordar para a vida, ela vai passar, e você vai continuar preso nesse ciclo de arrependimento sem fim – disse, com firmeza.

Ele me olhou, os olhos marejados e cheios de desespero.

– Eu sei, Rafa, mas eu estou arrependido de verdade! Não acho justo ela ter me trocado por um qualquer.

Suspirei profundamente, tentando manter a paciência.

– Lucas, ela não te trocou por ninguém. Ela simplesmente escolheu a si mesma, algo que você nunca fez por ela. E, sinceramente, você fez por merecer. Sei que posso estar sendo duro, mas é a verdade. A gente só dá valor quando perde. Infelizmente, agora não há nada que você possa fazer para mudar o passado ou a decisão da Brenda. Ela está decidida, Lucas. Ela resolveu seguir em frente sem você.

Ele abaixou a cabeça, o rosto ainda úmido de lágrimas.

– E agora? O que eu faço, Rafa?

– Isso depende de você – respondi, encarando-o. – Você pode escolher ficar aí, parado, chorando feito um pateta, ou pode começar a reconstruir a sua vida. Desculpa a franqueza, mas gosto de trabalhar com a realidade.

Lucas ficou em silêncio, as lágrimas ainda caindo, mas percebi que minhas palavras o atingiram. Às vezes, a verdade precisa ser dura para abrir os olhos. Ele continuava chorando, e eu sentia que, embora a dor fosse real, ele ainda estava preso em uma negação que não o deixava avançar. Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas para atingi-lo de forma direta, mas também acolhedora.

– Lucas, eu entendo que você está sofrendo agora, mas sabe o que mais dói? É que, até ontem, você não enxergava tudo o que a Brenda fazia por você. Enquanto ela te amava e se dedicava, você estava ocupado com outras coisas… ou outras pessoas.

Ele levantou o olhar, o rosto vermelho e inchado, as lágrimas caindo sem parar. Não respondeu, apenas ouviu.

– Você não percebeu que ela passou tanto tempo se sentindo insuficiente? Tentando ser a mulher perfeita pra você enquanto você estava lá fora buscando validação em outros lugares? Isso não é amor, Lucas. Isso é ego. E o ego destrói o que é mais valioso, sem a gente nem perceber.

Ele soluçou novamente, tentando dizer algo, mas eu levantei a mão para interrompê-lo de forma gentil.

– Olha, não é que você seja uma pessoa ruim. Todo mundo erra, todo mundo faz besteira. Mas, Lucas, a gente precisa aprender a assumir as consequências. O arrependimento não vai trazer a Brenda de volta. Não vai apagar o que aconteceu. O que você pode fazer agora é olhar pra dentro, entender por que você agiu assim e, a partir disso, mudar.

– Mas… Rafa… eu amava ela… ainda amo – disse ele, a voz embargada, o corpo tremendo.

– Eu sei que ama, Lucas. Mas amar não é só um sentimento. É uma escolha, uma ação. Amar alguém significa respeitar, cuidar, valorizar. Você entende isso agora, mas foi preciso perder a Brenda pra enxergar. Agora, cabe a você decidir o que vai fazer com essa lição.

Ele enxugou o rosto com as mãos, tentando conter as lágrimas, mas elas continuavam caindo.

– É tão difícil, Rafa. Eu sinto que não consigo me perdoar...

– E isso também faz parte, Lucas. Perdoar a si mesmo é o primeiro passo pra seguir em frente. Não adianta você ficar se afundando nessa culpa e não mudar nada. Se você realmente quer honrar o que a Brenda significou pra você, use essa dor pra se transformar em alguém melhor. Não pra ela, mas pra você.

Lucas abaixou a cabeça, os soluços ficando menos intensos, como se minhas palavras começassem a penetrar.

– Você acha que algum dia vou conseguir seguir em frente? – perguntou, quase num sussurro.

– Claro que vai. Mas vai levar tempo. E vai doer, como está doendo agora. Só que essa dor é necessária, Lucas. É o que vai te moldar. O que vai te fazer entender que, quando alguém te ama, não é algo pra ser tomado como garantido.

Ele assentiu lentamente, as lágrimas ainda escorrendo, mas agora com menos desespero.

– Obrigado, Rafa… eu não sei como você consegue ser tão direto e ao mesmo tempo tão… real.

– Eu só digo o que você precisa ouvir, Lucas. É isso que um amigo faz.

Nos abraçamos por um momento, e ele desabou novamente, mas dessa vez parecia mais disposto a ouvir, a processar. Era um começo. E, como sempre, um passo na direção certa era o mais importante.

Depois de muita conversa e lágrimas, dei um calmante para o Lucas. Ele estava exausto, tanto fisicamente quanto emocionalmente, e, em poucos minutos, adormeceu na minha cama. Permaneci ali, sentado na poltrona ao lado, observando enquanto sua respiração, antes descompassada pelo choro, agora se tornava mais tranquila. Era evidente que o corpo dele clamava por descanso depois de uma noite inteira de brigas e lágrimas com a Brenda.

Enquanto o observava, não pude deixar de refletir. Talvez eu tenha sido duro demais com as palavras, mas sabia que não podia simplesmente passar a mão na cabeça dele. Lucas precisava enfrentar essa realidade, encarar seus erros e aceitar as consequências de suas escolhas. Afinal, crescer dói, mas é necessário.

Olhei para ele deitado, o rosto ainda marcado pelas lágrimas, e me peguei torcendo para que, quando ele acordasse, algo tivesse mudado dentro dele. O processo de superar não é fácil, e cada pessoa enfrenta isso de forma diferente. Para alguns, pode ser questão de dias; para outros, meses ou até anos. Não importa o tempo que leve, desde que o Lucas consiga seguir em frente, não apenas tentando preencher o vazio com distrações, mas se tornando alguém melhor.

Suspirei, levantando-me para ajeitar a coberta sobre ele e me deitei junto com ele. Era estranho ver o Lucas, sempre tão confiante e cheio de si, tão vulnerável. Mas, ao mesmo tempo, isso mostrava que havia algo ali, uma oportunidade de mudança, um recomeço.

Enquanto eu alisava a cabeça do Lucas, sentindo o peso do momento e sua respiração calma após tanto choro, a porta do quarto se abriu de repente. Bernardo entrou sem avisar e, ao nos ver ali, sem camisa, com o Lucas deitado ao meu lado, arregalou os olhos como se tivesse visto algo completamente inesperado.

– Vocês ficaram?! – perguntou, visivelmente surpreso.

– Claro que não, né? – respondi baixinho, tentando não acordar o Lucas. Levantei-me e fui até ele, colocando a mão em seu braço. – Vamos pra sala, deixa ele dormir.

Bernardo me seguiu, ainda com uma expressão desconfiada. Sentamos no sofá, e eu aproveitei para lhe dar um beijo leve, tentando acalmá-lo.

– O Lucas tá péssimo, expliquei. – Chorou muito. Acabei dando um remédio pra ele dormir, e espero que as coisas que eu disse tenham ficado na cabeça dele e não saído pelo outro ouvido.

– Quando eu entrei, achei que vocês tivessem ficado, disse Bernardo com aquele tom sacana que ele adorava usar. – Já ia reclamar porque você não me chamou pra festa.

Eu ri, balançando a cabeça.

– Nem passou isso pela minha cabeça, sinceramente. O Lucas é meu amigo, Bernardo, só isso. Eu não sinto atração por ele.

Bernardo arqueou uma sobrancelha, desafiador.

– Acho que você é o único, então. Ou está negando muito bem, porque todo mundo acha o Lucas lindo, sexy e, bom... gostoso.

Dei de ombros, rindo.

– Não vejo ele assim, de verdade. Mas, enfim, podemos não passar a noite falando do Lucas?

Antes que ele respondesse, puxei-o para um beijo, envolvendo-o nos braços. O que começou como algo leve rapidamente se tornou mais intenso. Aos poucos, fomos nos deixando levar, nossos corpos respondendo ao momento e nossos beijos foram aumentando, logo estávamos ambos de pau duro em um sarro muito gostoso, e fui tirando minha roupa e o Bernardo as roupas dele, ele olhou para mim e para o meu pau e começou a chupa-lo como sempre fazia, e eu comecei a gemer baixinho, o sofá logo se tornou pequeno demais, e acabamos no chão da sala, onde coloquei o Bernardo de quatro, e comecei a pincelar meu pau em seu cú, dei uma cuspida de leve, e comecei a introduzir meu pau, o Bernardo gemia bem baixinho, enquanto eu metia lentamente, aos poucos ele foi rebolando, e eu fui aumentando meu ritmo das estocadas, coloquei ele de frango, apoiei sua perna no meu ombro e voltei a meter, agora olhando em seus olhos, e alisando seu rosto, peitoral, e tocando no seu pau que estava super duro, não demorou e gozamos quase que na mesma hora, gozei primeiro em seu rabo, e ele gozou logo em seguida. Ficamos deitados ali no chão da sala, era bom estar com Bernardo assim, sem pressa, deixando o mundo lá fora enquanto aproveitávamos nosso momento. Ele era especial para mim de uma forma que eu nem sempre conseguia colocar em palavras, mas cada beijo e cada transa eram a prova de que aquilo era verdadeiro. E mesmo ali, no chão da sala, ao invés de estarmos no meu quarto, tudo parecia perfeitamente certo.

Depois que terminamos e voltamos à realidade, eu e Bernardo fomos tomar um banho juntos. A água quente era um alívio para os corpos, e trocamos risadas e carinhos enquanto relaxávamos. Após o banho, Bernardo pediu uma pizza para o jantar. Quando a pizza chegou, nos acomodamos na sala, ligamos a TV e curtimos um pouco daquele clima tranquilo.

No meio disso, meu celular vibrou. Era a Brenda. Atendi com um sorriso, já esperando algum comentário animado dela.

– E aí, Rafinha? – disse ela com a voz leve e descontraída. – Notícias do outro?

– Ai, amiga, respondi, suspirando. – Ele tá aqui, passou a tarde chorando, aí deu um jeito de adormecer. Tá dormindo agora.

Ela riu, mas havia uma pontinha de surpresa na sua voz.

– Eu não esperava por essa reação dele. Achei que ele ia soltar fogos quando eu terminasse, mas me surpreendeu. Confesso que fiquei até balançada.

– Brenda, eu também não esperava. Mas, sendo sincero, se vocês voltassem, só iria inflar mais o ego dele, sabe? Acho que o Lucas não mudaria. Mas não sei... ele parece mesmo arrependido dessa vez.

Ela ficou em silêncio por um momento antes de responder.

– Ai, concordo com você, amigo. Eu amo o Lucas, foi meu primeiro namorado, mas sei lá... Acho que já deu. Hoje, eu não me sinto mais realizada com ele. Como eu te disse, agora eu tenho um homem de verdade, e não um moleque. Só espero que ele fique bem.

– Você tá certa, Brenda. Ele só precisa de tempo pra organizar os pensamentos e a vida dele. Forçar qualquer coisa agora só ia piorar as coisas. Deixa o tempo fazer o trabalho dele.

Ela suspirou, como se estivesse aliviada por ouvir isso.

– Verdade. Enfim, vou desligar que meu macho tá vindo me buscar. Qualquer coisa, me manda mensagem, tá?

– Pode deixar. Divirta-se, amiga.

Ela desligou, e eu deixei o celular de lado, voltando minha atenção para Bernardo, que observava tudo com um sorrisinho divertido no rosto.

– O que foi? – perguntei.

– Nada, só tô achando interessante como você tá no meio de toda essa novela, mediando tudo. – Ele riu, mordendo um pedaço da pizza. – Você realmente leva jeito pra resolver os dramas dos outros.

Ri junto, balançando a cabeça.

– Alguém tem que fazer esse papel, né?

Nos aconchegamos no sofá, e a noite continuou leve e descontraída, como se, por algumas horas, o mundo lá fora não existisse. O cansaço nos venceu, e eu e Bernardo acabamos adormecendo no sofá enquanto assistíamos a um filme. A luz fraca da TV piscava, e o silêncio da madrugada tomou conta do ambiente. Acordei com o braço de Bernardo sobre mim, pesado e confortável ao mesmo tempo. Olhei para o relógio: já era madrugada. Com cuidado, levantei e o chamei baixinho.

– Bernardo, vamos pro quarto.

Ele resmungou algo incompreensível, mas acabou me seguindo meio sonolento. Fomos para o quarto da minha mãe, e ali nos acomodamos para dormir de forma mais confortável. Em poucos minutos, ele já estava roncando suavemente, e eu adormeci ao som tranquilo da sua respiração.

Quando acordei, o sol já iluminava o apartamento. Bernardo ainda dormia profundamente, mas ouvi passos vindo da sala. Era o Lucas. Ele estava de pé, com os cabelos bagunçados e um olhar cansado, visivelmente abatido pela noite difícil.

– Bom dia, murmurei, esfregando os olhos enquanto ia até ele.

– Bom dia, respondeu baixinho.

Sentamos à mesa, e eu preparei uma xícara de café para ele. Lucas estava mais calmo, mas dava para ver o peso de tudo que ele estava sentindo. Ele tomou um gole do café antes de começar a falar.

– Rafa, obrigado por ontem. De verdade. Eu não sei o que teria feito se não tivesse vindo aqui.

– Não precisa agradecer, Lucas. Você precisava de um lugar para desabafar, e é para isso que servem os amigos.

Ele ficou em silêncio por um momento, olhando para a xícara em suas mãos.

– Eu acho que finalmente caiu a ficha... Perdi a Brenda. De verdade, dessa vez.

Suspirei, tocando seu ombro.

– É, cara. E isso dói. Mas, como eu te disse, você vai ter que aceitar isso e usar como um aprendizado. Leva o tempo que precisar, mas não se esqueça de seguir em frente.

Lucas assentiu lentamente, um traço de determinação começando a surgir em seu olhar. Ele se levantou, colocando a xícara na pia.

– Eu vou indo, Rafa. Obrigado mesmo. Você foi incrível.

Nos despedimos com um abraço firme.

– Qualquer coisa, me liga ou manda mensagem, tá bom? Não precisa passar por isso sozinho.

– Pode deixar.

Ele foi embora, e, enquanto eu fechava a porta, senti um misto de alívio e preocupação. Lucas precisava encontrar seu próprio caminho, e eu só podia torcer para que ele fizesse isso da melhor forma possível. Voltei ao quarto, onde Bernardo começava a acordar, e me joguei ao lado dele na cama, e fizemos aquele amor gostoso aproveitando a ereção matinal do Bernardo, acabei dando pra ele, de forma bem calma, mas com muito tesão, não havia maneira melhor de começar o dia.

Novembro chegou, trazendo consigo o mês do meu aniversário. Como já comentei, nunca fui fã de comemorar. Sempre preferi o anonimato da data, deixar passar despercebido, mas naquele ano, fui vencido pela insistência. Resolvi fazer uma pequena comemoração, nada extravagante, apenas um jantar simples no salão de festas do meu pai. Pelo menos, essa era a ideia inicial.

Convidei as pessoas mais próximas: meus amigos da faculdade, meu tio Alysson, minha tia Claudia, Sofia, meu pai e minha mãe, Letícia e Bruninho, além do Lucas e da Brenda. Essa última preferiu não trazer o novo namorado, ainda tentando evitar um clima desconfortável com o Lucas, que, embora mais contido, ainda carregava tristeza no olhar.

Minha irmã, Sofia, ficou encarregada de organizar o evento. No início, achei uma ótima ideia. Mas, ao chegar ao salão de festas no dia, percebi que havia subestimado sua definição de "simples".

O espaço estava impecável. Uma grande mesa com um buffet sofisticado dominava o centro do salão, repleta de salgados finos, canapés, tortas, quiches e dois réchauds fumegantes, servindo camarão ao molho e filé ao molho madeira. Ao lado, uma mesa de doces lindamente decorada exibia bombons, brigadeiros gourmet, e um bolo elegante. Um painel minimalista, mas muito chic, completava a decoração, junto com arranjos florais discretos.

Para dar um toque ainda mais especial, havia um cantor fazendo uma apresentação ao vivo com voz e violão, além de um barman montando drinks para os convidados. Era tudo muito sofisticado, e claro, Sofia não poupou o dinheiro do nosso pai para que tudo saísse perfeito.

Apesar do susto inicial ao ver que meu "jantar simples" havia se transformado em um evento digno de revista, não consegui deixar de sorrir. Era, afinal, minha primeira festa de aniversário comemorada em toda a vida.

À medida que a noite avançava, percebi que havia algo especial em reunir aquelas pessoas que realmente importavam. Olhei ao redor: meus amigos rindo e brindando, minha mãe brincando com Bruninho, meu pai conversando com Alysson, Claudia sendo sua habitual simpatia com todos. O Lucas estava mais reservado, mas era visível que se sentia acolhido, enquanto Brenda, mesmo sem o namorado, parecia feliz e relaxada.

Quando as luzes do salão se apagaram e o bolo foi trazido para o centro, senti meu coração acelerar. O cantor interrompeu a música suave que embalava a noite, e logo as vozes começaram a entoar o tradicional “Parabéns”. Era um momento simples, comum para muitos, mas para mim, parecia mágico.

Olhei ao redor, para cada rosto que cantava com sorrisos genuínos. Meu pai, ao lado da minha mãe, segurava Bruninho no colo, que batia palminhas animado, mesmo sem entender o que estava acontecendo. Sofia, com seu olhar de missão cumprida, parecia mais orgulhosa do que nunca. Claudia e Alysson cantavam alto, e meus amigos da faculdade faziam graça, bagunçando o ritmo da canção com aplausos fora de hora e gargalhadas.

Aquela cena me pegou de surpresa. Nunca imaginei que um bolo e algumas velas pudessem carregar tanto significado. Por tanto tempo, evitei aniversários, pensando que não fazia diferença. Mas ali, cercado por pessoas que realmente importavam, senti o oposto. Eu importava. Eu era amado.

Quando os aplausos começaram e todos gritaram “Faz um pedido!”, fechei os olhos por um instante. Não sabia exatamente o que desejar, porque naquele momento, eu já tinha tudo o que precisava: amor, amigos, família.

Apaguei as velas e fui tomado por uma onda de aplausos e assobios. Respirei fundo, peguei o microfone improvisado que alguém me entregou, e, mesmo hesitante, resolvi dizer algumas palavras.

– Bom... – comecei, meio sem jeito, enquanto todos me encaravam com expectativa. – Eu realmente não sei como começar, porque... isso tudo é novo pra mim.

Fiz uma pausa, respirando fundo para conter a emoção.

– Eu nunca comemorei um aniversário antes. Sempre achei que não era importante ou que talvez nem tivesse muita coisa pra comemorar. Mas hoje, aqui, olhando para cada um de vocês, percebo o quanto estava errado.

Olhei para minha mãe, com os olhos marejados, e para meu pai, que me devolvia um sorriso tímido.

– Eu sou grato por tudo isso, por cada pessoa que está aqui. Sofia, você organizou tudo com tanto carinho que nem tenho palavras pra agradecer. Mãe, pai, eu sei que às vezes a gente não diz o suficiente, mas eu amo vocês e sou grato por tudo o que fizeram e fazem por mim.

Fiz uma pausa, sentindo a emoção no ambiente.

– A verdade é que a vida não precisa de grandes momentos pra ser especial. São os pequenos gestos, as pessoas certas, os abraços apertados e as risadas sinceras que fazem a diferença. E hoje, vocês me deram o melhor presente de todos: me fizeram sentir amado.

As palmas começaram antes mesmo de eu terminar, e quando baixei o microfone, percebi que não era o único com os olhos brilhando. O salão parecia pequeno diante do calor humano que nos unia. E naquele instante, tive certeza de que as melhores coisas da vida são, de fato, as mais simples.

A voz da minha mãe cortou o burburinho do salão, e eu quase não acreditei quando a vi pegando o microfone. Ela era tímida, reservada, e raramente fazia qualquer coisa que colocasse os holofotes sobre si. Me ajeitei na cadeira, surpreso, enquanto ela respirava fundo, visivelmente nervosa.

– Bom... eu... – começou, com a voz hesitante, mas logo foi incentivada por um sorriso de Sofia, que estava ao seu lado. – Eu queria dizer umas palavras...

As pessoas ao redor ficaram em silêncio, respeitando o momento. Minha mãe olhou para mim, com os olhos brilhando, e sorriu daquele jeito carinhoso que só ela tem.

– Rafael, quando você era pequeno e a dois anos atrás, nossos aniversários eram só nós dois. Lembra? – disse ela, com a voz embargada. – Não tinha bolo, não tinha festa, mas tinha amor. Eu fazia o que podia, mesmo quando o que podia era muito pouco.

Ela deu uma pausa, segurando o choro.

– Eu era empregada na fazenda, e, por mais que fossem bons comigo, por mais que dissessem que você era como um filho pra eles... não era a mesma coisa. Eu sabia disso. E você também sabia, mesmo sem entender.

Ela olhou rapidamente para Silas, que estava ao lado de Sofia, e respirou fundo.

– Por isso, quero agradecer. Primeiro a Deus, por ter colocado o Silas na nossa vida, mesmo em meio a tanta turbulência. E agradecer a ele também, por tudo o que fez e faz por nós.

Silas abaixou a cabeça, visivelmente emocionado, enquanto ela continuava.

– Hoje, Rafael, eu estou realizada. Eu vejo você fazendo o que ama, cuidando do Bruninho com tanto carinho, e só consigo sentir orgulho. Não foi fácil, filho. Mas você chegou aqui. Você é o homem que eu sempre sonhei que fosse.

Ela fez uma pausa, respirando fundo, como se as palavras pesassem no peito.

– E agora, eu tenho o Juquinho, nosso caçula, que está sendo criado do jeito que eu sempre quis criar você, com tudo o que eu não pude dar. Mas quero que saiba, Rafa, que, mesmo sem bolo, sem festa, você sempre foi e será o maior presente da minha vida.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto antes mesmo que ela terminasse. Não consegui me conter. Me levantei, cruzei o salão e a puxei para um abraço apertado, sem dizer nada. Ela me envolveu nos braços, e senti todo o amor e o sacrifício dela naquele gesto.

O silêncio no salão foi quebrado por palmas emocionadas, mas, para mim, só existia aquele momento. Só existia minha mãe e eu, como sempre foi, e como sempre será.

Após enxugar as lágrimas e me recompor, eu estava na mesa com alguns colegas da minha sala, rindo de uma conversa animada enquanto saboreava mais um pedaço de bolo. A noite tinha sido emocionante de tantas formas, e meu coração ainda estava aquecido por tudo o que tinha vivido ali. Foi quando notei o Lucas se aproximando. Ele tinha aquele ar tranquilo, mas os olhos ainda carregavam um leve tom de cansaço, como alguém que estava aprendendo a carregar o peso da vida de forma mais consciente.

– Estou indo lá – disse ele, parando ao meu lado. – E obrigado... Depois me fala se gostou do presente, ele está numa caixa vermelha.

– Beleza – respondi, levantando para me despedir. Olhei para ele por um momento, tentando captar como ele realmente estava. – Tá tudo bem?

– Tá sim – ele respondeu, com um meio sorriso. – A Brenda falou comigo... Mas, sabe, realmente ela tá em outra. Só me resta aceitar e seguir em frente. A gente trocou umas palavras antes dos parabéns, mas nada que mudasse muito a situação.

Suspirei, colocando a mão em seu ombro.

– Lucas, relaxa. Dá tempo ao tempo. Essas coisas não se resolvem de um dia para o outro, mas tudo se ajeita. E, sério, obrigado por ter vindo. Apesar do pouco tempo, te considero um amigo incrível.

Ele sorriu de forma genuína, algo que não via há um tempo.

– Eu digo o mesmo, Rafa. De verdade. Você é daqueles que a gente não encontra todo dia.

Ele me puxou para um abraço apertado, e, por um instante, fiquei surpreso com o gesto. A intensidade do abraço parecia dizer muito mais do que as palavras que trocamos. Foi quando o perfume dele atingiu meus sentidos – um aroma que, sem eu saber ainda, ficaria guardado em minha memória.

– Valeu! – falei com um sorriso, tentando aliviar o momento com um piscar de olhos.

– Vai estender em algum canto depois daqui?

Soltei uma risada leve.

– Acho que vou aproveitar com o Bernardo, se é que você me entende. – Dei um sorriso brincalhão, tentando arrancar alguma leveza dele.

Ele riu baixo, balançando a cabeça.

– Certo você. Tá no caminho certo.

– E você também vai ficar bem, Lucas. Não esqueça disso, viu?

Ele me olhou por mais um momento, como se quisesse guardar minhas palavras, e assentiu.

– A gente se fala.

E então ele se foi, mas enquanto o via sair, senti uma mistura de sentimentos. Lucas estava aprendendo a lidar com os próprios desafios, e eu sabia que, de alguma forma, eu tinha contribuído para que ele não se sentisse tão sozinho nesse processo. Aquilo me encheu de uma leveza boa, a sensação de que, às vezes, pequenos gestos podem fazer toda a diferença. Foi uma noite cheia de carinho, foi melhor do que eu poderia ter planejado. Olhando para tudo aquilo, para as pessoas, os detalhes, a música, percebi que, no fundo, eu havia amado cada momento. Afinal, era uma celebração não só da minha vida, mas de todas aquelas conexões que tornavam minha vida tão especial.

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Comentários

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Ótima sequencia amigo. O falso do Lucas se vitimizando. Prejudicou, humilhou, enganou, abusou afetivamente da Brenda e agora se vitimiza. Essa cena me mostrou um ser nojento e escroto. É o que ele me passa. Tanto que Rafa pra Brenda não voltar porque ele tem uma índole canalha e iria repetir as mesmas coisas.

Rafael da a entender que apenas passa o tempo Bernardo. Mas, infelizmente Bernardo se submete, a ser seu cachorrinho adestrado, fazer tudo o que ele deseja.

Mal sabe Bernardo que vai sofrer rejeição e será desprezado.

Está cada vez melhor a história.

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amigo, porque usar de uma régua tão dura com a relação do Rafa com o Bernardo? Eles estão se acertando, construindo um modo próprio de se relacionar, adulto, aberto, sincero... desculpe mas não consegui ver onde e como ele é tratado como um cachorrinho... rrssrs nem quando tá sendo comigo e fica na posição doggie style

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