Quase não consegui pregar o olho, estou ansioso com a viagem e também em como vai ser caso Guigo fique com alguém lá, não sei se como reagir, no fim arrumei um problema muito grande pra mim com minhas ideias idiotas, deveria deixar de ser orgulhoso e dizer a ele que sou capaz de capar ele se ficar com alguém nessa viagem.
Foda, mas espero que as coisas não cheguei a esse ponto, ele pelo menos vai ter a consideração de não pegar ninguém na minha frente espero, estou sem fome, depois do banho tudo que quero é ir embora logo, minha mãe está como se nada tivesse acontecido e isso me irrita mais ainda, ela está limpando a calçada e fofocando com as vizinnhas.
Vejo no meu telefone uma mensagem avisando que estão chegando, então pego minhas coisas e vou para calçada, aproveito para avisar ao Guigo, ele me responde que já está na rodoviária e que seu ônibus está perto de sair, preferia está viajando de ônibus com ele, mas infelizmente não se pode ter tudo, pelo menos vou vê-lo quando chegarmos.
Não demora muito para que o pessoal chegue, Ciço, Dan e outro cara que deve ser o Ceser, o amigo que o Ciço comentou que iria conosco, Daniel está todo sorridente e até comprimenta minha mãe, esse palhaça fingido de merda, mas não posso falar nada afinal prometi para o meu amigo que iria ficar na minha.
— Daniel, quanto tempo, você já está um homem feito — minha mãe é inacreditável.
— Como a senhora está? Dona Marta?
— Estou bem, pelo menos agora estou menos preocupada de que o Raylan vai estar com você nessa viagem — reviro os olhos, ela consegue me tirar do sério às vezes.
Me despeço dela com um abraço depois de por minha mochila no porta malas, por ela não faria essa viagem, mas caso resolva ficar, vou ser obrigado a sair com meu pai e o Paulo e sendo sincero prefiro ter que me dar bem com Daniel o feriado inteiro do que bancar a família feliz de comercial de manteiga.
Agora só falta passarmos no mercado e comprar as coisas que ficamos de levar, bebidas comidas e essas coisas, o que me preocupa, pois o dinheiro tá pouco, mas quero acreditar que vai dar tudo certo, isso até o Daniel falar que está com fome e o pessoal resolver parar para comer algo na padaria do supermercado, esse moleque só me fode velho.
Pra piorar ver todo mundo pedindo lanche me deixou com fome, agora estou me arrependendo de não ter comido nada em casa, ainda não sei exatamente quanto vamos gastar nas compras e ainda tem a possibilidade do Ciço pedir algo para gasolina, então não posso fazer nenhum gasto, vou ficar com fome mesmo, não vai ser a primeira vez mesmo.
— Tem certeza de que não vai querer comer nada, o Ciço falou que são pouco mais de duas horas de viagem, melhor comer alguma coisa logo — Daniel fala me tirando do transe.
— É que só tenho o dinheiro da inteira do mercado agora, mas até o almoço minha mãe já tem me dado o dinheiro aí vai dar certo — minto pois já é muito humilhante admitir que não tenho dinheiro agora, ainda mais para o Daniel.
— Esquenta com isso não, pede aí o que você quiser e aí no almoço a gente se acerta — ele diz me pegando de surpresa, não esperava esse tipo de coisa vinda dele.
— Pode deixar que até o almoço já tem dado certo — depois de comprar as coisas vou saber quando que vai sobrar, daí me acerto com ele.
— Tranquilo, cara, esquenta com isso não — ele está mesmo estranho, acho que o Ciço realmente deve ter conversado com ele como disse que faria, pelo menos nesse ponto ele se difere do Rick, não importava o que o Daniel fizesse, Rick sempre passa a mão na cabeça dele.
Depois de comer fomos comprar as coisas que foram combinadas, comida, bebida essas coisas, Bia nos garantiu a estadia e que sua vó cozinharia para gente, desde que levássemos as cosias pra almoçar e lanchar, o que é bem justo considerando tudo, quando finalmente pegamos a estrada César se prontifica para criar uma playlist de músicas para a viagem de forma compartilhada, tipo cada pessoa pode por músicas da sua preferência, Daniel que não perde uma chance de reclamar começa logo a falar que não usa esse aplicativo por ser uma coisa meio cara, sendo que até eu uso e tipo sou o mais pobre dentro desse cara claramente.
Ciço como sempre mimando o Daniel diz para que ele use o aplicativo do seu celular para escolher as suas músicas, não duvido nada se o Ciço incluir ele em seu plano para que o pobre coitado do Daniel possa começar a usar o aplicativo também, não entendo esse cara, tudo é motivo de crítica, não sei como o Ciço suporta ele, sinceramente, ele reclama até do valor do aplicativo, sendo que nem é tão caro.
— Eu não tenho dinheiro para gastar com isso, vinte reais já são minha semana de passagens para a faculdade.
Depois de uns quarenta minutos, Ciço para em um posto de gasolina para irmos ao banheiro e para ele comprar energético, César parece ser um cara legal, acho que ele é gay, sei que isso não vem a causo, só reparei que ele me olha de uma forma estranha, é estranho pensar que até um tempo atrás isso me incomodava profundamente, mas agora não consigo pensar em nada, tipo a única coisa em minha cabeça é que quero ver o Guigo logo.
César é um palhaço, ele está contando suas dores de cabeça como personal, mas sua maior qualidade é que ele parece imune aos encantos do Daniel, não precisa ser nenhuma detetive para reparar que ele tem um problema com o cara, consigo entender um pouco o César, afinal passei por isso, de ser o melhor amigo de um cara que mima o Daniel, isso é um pouco complicado para lidar, ainda mais se eu estiver correto e César for realmente gay.
Vai que ele gosta do Ciço e o Daniel está atrapalhando o rolo dele, não que eu ache que Ciço curta essas coisas, ele parece bem hetero para mim, porém não posso julgar afinal tem quem diga que eu também sou cem por cento hetero e o Guigo então nem se fala, o cara dar menos pinta do que eu — ótimo agora estou completamente perdido, estou mesmo me chamando de gay?
— O que vocês compraram? — Pergunto, a fim de afastar essas ideias tortas da minha cabeça.
— Um Red Bull, uma Coca e chocolate — diz Daniel.
— Coca normal, sério? — César faz uma cara de desdém. — Você poderia ter escolhido a zero, que é muito melhor, Dan.
— Cada um com suas preferências, né? — Daniel responde.
Guigo me manda uma mensagem e por um momento me desligo da conversa que está rolando no carro agora para conversarmos, ele diz que já está a caminho e que está no mesmo ônibus que André e Mário, ele parece animado com a viagem, mas também imagino que seja uma alívio para ele, Guigo tem passado por muito estresse assim como eu, nossas famílias tem isso um desejo de nos infernizar em comum.
— Ah,Ah, coloca seu email aqui — Ciço me entrega o celular para Daniel — preencha aí com seus dados.
— O que é isso? — Ele pergunta.
— Estou te colocando no meu plano para você poder usar o aplicativo — se eu tivesse apostado teria ganhado uma grana.
— Não sabia que esse aplicativo era que nem streaming que tem mais uma tela — Daniel está se passando só pode, César teve que explicar para ele como funciona.
— Não, é o duo um plano para duas pessoas e é mais caro.
— Espera, você não vai gastar com isso, Ciço — Daniel já começou com suas reclamações sem sentido.
— A diferença nem é grande e eu sei que você gosta de ouvir música tanto quanto eu, deixa de ser orgulhoso — e para variar Ciço está adulando ele.
— Se quiser pagar para mim também, eu aceito — digo só para provocar o Daniel.
— Só nos teus sonhos, Raylan — Ciço responde, rindo da minha audácia.
— Só paga para o Dan — contínuo só para pentelhar com o Daniel.
— Claro, ele é meu boy — não consigo ficar sério e caio na gargalhada..
— Olha, não precisa ficar assim, Dan — Ciço diz — É só uma assinatura, não é nada demais.
— Eu sei, mas... — se ele não tem problema não é ele — Não quero que você gaste o que não precisa só por causa de mim.
— Ah, para com isso! — Ciço está insistindo para pagar uma coisa para ele, porra essa Daniel é inacreditavel — Eu quero que você tenha o que gosta, e se isso significa pagar um pouquinho a mais, então que seja. Além disso, você vai me ajudar a descobrir novas músicas, e isso é um investimento que vale a pena.
— Certo, certo — finalmente ele aceitou, assim essa conversa pode acabar — mas só se você prometer que não vai me deixar de fora das suas playlists.
— Prometido! — ele diz.
— Então, Dan, o que você acha do carnaval? — César pergunta mudando o assunto também — É a sua primeira vez, certo?
— É, sim — Daniel responde sem muita empolgação— nunca fui muito fã de festas grandes, mas... quem sabe não me divirta?
— Você vai se divertir, sim! — digo só para provocar mesmo, pois sei que ele odeia essas coisas — com esse grupo, é impossível não se divertir. E se você não gostar, sempre pode ficar no canto e observar.
— Ou pode dançar com a gente! — Ciço sugere — vamos fazer você entrar no clima, Danny boy.
— Não sei dançar, sou mais do tipo que fica na linha de frente da festa, longe da pista.
— Então você vai aprender — Ciço afirma — vou te ensinar alguns passos, e você vai ver como é divertido.
— Isso vai ser interessante, espero que você não se decepcione com meu talento ou falta dele — Daniel rebate.
— Deixa disso! O que importa é se divertir, e eu vou estar lá para te apoiar — Ciço me lembra cada vez mais do meu amigo Rick.
Depois de uma tempo finalmente chegamos, já é quase hora do almoço e estou com fome e um pouco cansado da viagem, quero esticar as pernas e de preferência ficar longe do Daniel por um tempo, Bia veio nos receber assim que saímos do carro, ela está em uma animação só, pulando de alegria, primeiro ela nos apresenta seu namorado Caio e depois seus avós, seu José e dona Aninha. Eles também estão muito felizes só por causa da neta favorita deles que está visitando.
A casa é um duplex com uma varanda ampla, bem maior do que estávamos esperando. Após descarregarmos a Hilux, vamos conhecer a casa. Bianca aproveita para nos dizer como vamos ficar acomodados, tem um quarto no andar de cima, ela disse que as meninas vão ficar no quarto e a gente dormi nas redes na varando, bem meu plano é ficar bêbado todos os dias, então onde vou dormir não vai ser problema para mim.
Tem um banheiro no quintal que dona Aninha separou pra gente, comparado às outras viagens que já fiz com minha turma essa casa aqui parece uma mansão, tudo me parece ótimo e levando em conta o valor que cada um contribuiu saiu até barato, mas to doido mesmo é pra ver a reação do Guigo quando ele chegar, tenho certeza que ele vai adorar essa varanda.
Ciço e Bianca vão buscar o pessoal na rodoviária, Mari está estranha, ela já vem puxando assunto comigo, no começo do semestre tentei passar uma ideia nela, mas fui dispensado, agora ela está me dando bola, é foda quando eu tava solterio isso não acontecia — espera eu estou solteiro, ou não? Nem sei mais, estou ficando maluco já — e pior é que agora ela nem parece mais tão gata assim para mim.
Mari não é a única, a Ká está praticamente tirando a roupa do César e ele está confirmando minhas suspeitas sobre ser gay, o cara está se saindo de uma gostosa como a Ka, ou é gay ou muito cabaço, o que não acho que seja, até porque ele tem um jeitão todo marrento, então a chance maior é dele ser gay mesmo, pensar nisso me faz rir, tipo até eu que sou muito lesado percebi que o cara é gay e ela não, tipo Ka deve está muito desesperada, estou começando a achar que rolou uma aposta entre ela e a Mari para ver quem transa primeiro nesse carnaval.
Bia já ligou o som e está pirando com as meninas, estou mais leve, não paro de pensar em como teria sido ruim ficar em casa, aqui me sinto protegido, não corro risco de encontrar com meu pai na rua ou que ele apareça do nada trazendo o Paulo com ele, enfim, preciso parar de pensar nisso, pelo menos durante a viagem, vai ser melhor, já tenho muitos problemas, se Mari e Ka está no cio desse jeito nem quero pensar em como Tati vai ficar quando ver o Guigo.
— Olha quem chegou! — grita Bia, envolvendo a todos em um abraço coletivo. — Vamos aproveitar que a vovó está preparando um lanche, a família aqui é só amor e comida boa.
Ela parece até que está cheirada, Bia naturalmente é animada, mas agora parece que está eletrica, acho que ela era a pessoa mais anciosa por essa viagem, diferente do Caio seu namroado, o cara parece até que chupou um limão, maluco mau encarado da porra, Guilherme fica muito lindo de roupas casuais, ele está usando uma bermuda tacteu que valoriza muito sua mala e sua bunda linda, me arrepio só de lembrar dele cavalgando em mim — puta que pariu — ele está usando uma das suas tradicionais blusas de botão, mas essa pelo menos é florida.
— Oi — ele diz ao me ver.
— Oi — digo me sentindo uma adolecente desses livros bobos de romance.
— Gui, que saudades — Tati pula em cima dele, minha vontade é de arrancar ela de cima dele, a piranha ainda vai na intenção de dar um selinho nele, mas Guigo tem medo da morte o suficiente para virar a cara na hora.
Depois que todo mundo se acomoda nos juntamos todos no mesão do quintal para almoçar, Guigo sentou do meu lado e Mari do outro, Tati está praticamente no colo dele, respiro fundo para não arrancar ela pelos cabelos de perto dele, preciso controlar meu ciumes, agora mais do que nunca, pois estamos só no primeiro dia, se não vai ser uma semana muito longa para mim, vou ficar maluco certeza.
Bia nos chama para ir no bar do primo dela depois do almoço, tipo o bar só vai abrir a noite, mas o primo dela disse que podemos ficar curtindo lá a tarde toda, só vamos precisar limpar a piscina, o que é até que justo, bebida a gente já tem mesmo, a noite vai ter um rolê na praça então vai ser um esquenta para gente.
Nos dividimos em dois grupos, as meninas vão com Bia e o namorado dela e a gente via com Ciço, no caminho já vamos naquela farra, Guigo colocou uns forrós antigos para tocar na sua caixa de som gigante, O primo da Bia abre o portão para a gente e entrega as chaves a ela, já tem um pessoal na cozinha trabalhando para deixar tudo pronto para a noite, mas ele diz que podemos usar o que quisermos, desde que ninguém consuma nada do bar até ele voltar. Bia o tranquiliza, informando que já temos tudo que vamos precisar.
Ela e a Mari vão para a cozinha preparar uns tira-gostos com as coisas que a gente comprou, enquanto Ciço e eu vamos limpar a piscina, Guigo vai para o balcão preparar uns drinks, Caio coloca sua playlist de músicas carnavalescas na enorme JBL e pronto, está feita a festa, as meninas começam a dançar. É o tchan junto dos caras que estão se arriscando nas coreografias.As músicas vão de É o tchan no Egito para uma do João Gomes o cara tem um gosto diferenciado.
Guigo se garante demais fazendo os drinks, essa caipirinha é uma das melhores que já tomei, o pessoal está se servindo, Ka viu as latinhas de coca cola que o Ciço trouxe, mas antes que ela possa pegar Ciço diz que as cocas são do Daniel, pois ele não bebe, acho justo, o cara não bebe deixa o refrigerante para ele.
— São do Dan — Ciço responde.
— Ah, pois vou pegar uma aqui, Dan, porque só gosto de tomar uísque misturado com refrigerante — ela diz cheia de simpatia.
— Beleza, mas só uma mesmo porque ele não bebe, então a coca é para ele — Ciço precisa dizer, já que o Daniel é incapaz de abrir a boca.
— Tá certo — ela fala, pegando a coca e fechando o cooler.
— Qualquer coisa, a gente sai para comprar mais refri — diz Mário, mas Ka não lhe dá muita atenção e volta a se aproximar do César..
— César, você dança tão bem, esse gingado aí é de quem sabe fazer coisas — Tati o provoca.
— Os caras nunca reclamaram — bem na hora em que estou tomando minha bebida me fazendo engasgar, ele mandou na lata dela sem pensar.
— Até parece que um boy desse não é hétero — solta Ka, bem o não ela já tinha só faltava a humilhação mesmo.
— Mas ele realmente não curte mulher, o César é gay assumido desde novo — Ciço confirma e ela fica de cara.
Só depois do Ciço falar é que ela caiu na real, porra queria poder dizer o mesmo para Tati, ela está simplesmente bebendo do copo do meu namo…amigo colorido, a gente não namorado, tenho que me lembrar disso, mesmo assim eu sei que ele já falou que só gosta dela como amiga, mas precisa ser assim tão intimo?
Viro meu copo, pego outro e vou para piscina, escolho um local estratégico de onde não consigo ver nem o Guigo e nem a Tati, se ele quiser pegar ela pelo menos não vou ser obrigado a ver e também não vou ficar me incomodando com as investidas dela para cima dele, estou bebendo e tentando não pensar que o Guigo pode ir para cama com Tati nessa viagem, mas aí Daniel acaba se mostrando uma ótima fonte de distração e divertimento.
Rick era o único que não percebia — ou fingia não perceber — que Daniel era totalmente afim dele, e agora vendo a história se repetir com Ciço é de alguma forma engraçado, as caras e bocas que ele faz só porque Já está dançando com Ciço são hilárias, mas o olhos dele quase pulam para fora quando Ciço começa a dançar com César, parece que o ciúmes dele fica ainda maior que o meu, pelo menos não sou o único sofrendo nesta viagem.
Rick sempre disse que Daniel e eu somos parecidos e acho que minha raiva maior é que ele pode está certo, foi só o Ciço começar a dançar com o pessoal que o Daniel fez a mesma coisa que eu e veio para piscina a fim de se distanciar, foda que agora preociso parar de rir, para ele não se ligar que estou rindo dele.
— Cê está legal? — Ele me pergunta assim que chega perto de mim.
— Estou tranquilo.
— Tudo bem, então — ele responde de forma indiferente, não sei o que aconteceu, mas ele tem sido legal desde que entrei no carro, estou me perguntando se pela primeira vez na vida alguém ficou mesmo do meu lado.
Está claro para mim que Ciço realmente conversou com ele e pelo jeito deve ter repreendido ele por falar bestiera comigo, já que claramente ele está se esforçando para ser legal, afinal nosso ódio sempre foi mútuo, acho que Ciço não é tão parecido assim com Rick quando achei, não que Rick seja menos foda por isso, ele ainda é meu melhor amigo, alias mais que isso Rick é meu irmão, mas Ciço está se mostrando um forte candidado a irmão também, me pergunto se posso contar para ele sobre Guigo, afinal ele é super amigo do Cesar que é gay, talvez ele não se importe.
Depois de dançar ele veio para perto da gente, isso alegrou o Daniel acabando com meu divertimento de ver ele tentando disfarçar o incómodo, mas de boas, deu para me distrair um pouco, mais agora que ele não está mais fazendo careta volto a pensar no que pode rolar entre Guigo e Tati, então o melhor agora é ficar completamente chapado, começo a virar um copo atrás do outro, parece até que Ciço e eu estamos competindo para ver quem bebe mais, a diferença é que ele é muito mais resistente do que eu, que já estou começando a sentir a bebida me pegar.
O tempo vai passando e percebo que Guigo está tentando se aproximar de mim, mas colei no Ciço e no Daniel para que ele não tenha abertura para conversar comigo, tenho medo dele vim me dizer que vai ficar com ela, ou algo do tipo, pode ser a bebido ou não, só sei que esse pensamento se fixou com força na minha cabeça.
Pelo menos Daniel me proporcionou outra sessão de divertimento quando aceitou dançar com Ciço, o cara é mais duro que ferro, tinha esquecido como é engraçado ver ele tentar mexer o corpo, esse cara é muito desengonçado puta merda, antigamente era muito fácil zoar ele, porque além de ser bom nos estudos ele não era bom em mais nada, bem ele sabia ensinar a galera, mas isso meio que faz parte da nerdice dele, então fora as coisas de nerd ele não dominava mais nenhuma tarefa.
Já perto do fim do rolê Ciço do nada pula na piscina motivando os outros a fazerem o mesmo, menos o Daniel, Bia e Caio, Mari pulou bem perto de mim mas meus olhos estão cravados nos braços da Tati envolta do pescoço do Guigo, vou afogar essa menina velho, nem consigo entender o que a Mari está falando, estou bêbado e meio cego de ciúmes, Mari até tentou me abraça mas César veio para perto da gente fazendo com que ela não tivesse como avançar.
Depois que o bar abriu passamos a consumir as bebidas do primo da Bia, Ciço pegou duas cervejas, até achei estranho porque Daniel não bebe, mas ele do nada esticou a cerveja para mim, sem dizer nada, ele só me deu, esse moleque é muito foda, pego a cerveja brindo com ele e continuo a beber, por mais dificil que seja estou me esforçando para não prestar atenção no Guigo, e Cesar até que está me ajudando puxando assunto comigo.
Nem sei mais que horas são quando o pessoal começa a pagar a conta para ir embora, Ciço pagou pelas cervejas que tomei e não reclamo, parece que rolou umas confusão do Ciço com César sobre quem vai dirigir, mas no fim foi o Daniel quem pegou a chave, menos mau, já que ele é o único sóbrio do rolê.
Tati ficou muito bêbada e claro que Guigo está ajudando ela junto com a Ka, Mari finalmente deu uma desencanada de mim, André se arrumou com uma mina lá do bar, Mario está com César e o Caio na cozinha comendo alguma coisa, Ciço está tão louco que Daniel está com ele lá em baixo o ajudando a tomar banho, pelo menos isso, já que Ciço faz tanto por ele, estou na varando esperando Ciço terminar seu banho para tomar o meu, meu mundo está começando a girar, então me deito para poder esperar, porém quando menos espero apago, simples assim, nem lembro a última vez em que bebi tanto.
— Ray — escuto uma voz me chamando bem longe — Ray.
— Oi, o que foi — abro os olhos com dificuldade, ainda é noite, não sei por quanto tempo dormi.
— O pessoal vai sair para tomar açaí, acho bom você vir com a gente e comer algo — Guigo diz com um olhar preocupado.
— Tá bom — digo, me sentindo bem por ele se preocupar, mas chateado por só agora poder falar com ele, já que Tati não desgrudou dele nenhum minuto o dia inteiro.
Bastou sairmos para o açai e a Tati já grudou nele de novo, na minha cabeça isso seria meio que um rolê meu e dele, mas estou tão louco de cachaça que acho que não estou pensando direito, afinal todo mundo veio, como não posso confiar em mim prefiro ficar longe dele, assim depois de pegar meu açaí vou para mesa, acho que Daniel pagou o meu, não tenho certeza, quando tentei pagar a moça disse que estava certo e como Ciço não saiu do lugar só pode ter sido ele, vou tentar lembrar amanhã de por isso na lista do que estou devendo a ele.
— Como você sabia o que o Ciço queria comer no açaí dele? — Pergunto quando me dou conta de que foi Daniel quem pegou o do Ciço.
— Ele sempre pede a mesma coisa, os gostos do meu amigo nunca mudam — César solta uma provocação, mas Ciço apenas ri.
— O Dan sabe do que eu gosto, por isso ele sempre acerta e me deixa satisfeito — não entendi nada do que eles estão falando, sentei de costas para o Guigo, mas isso não faz com que meu pensamento esteja nele, estou na mesa, mas minha cabeça está em outro lugar.
De volta em casa, agora me sentindo melhor, já que consumir uma dose generosa de doce, tomo meu banho, na saída do banheiro vejo Guigo com sua toalha me esperando, ele está lindo com o rosto meio corado, o resto do pessoal ja banho e já estão nos seus cantos para dormir, ele é o último na fila do banho, como estava ajudando a Tati acabou não tendo tempo de banhar também.
— Guigo — digo com a voz embolada — estou puto com você.
— Percebi, você me evitou o dia todo — ele diz também chateado.
— Claro, sua namorada não dava espaço — o álcool me deixou perigosamente sincero.
— Ela não é minha namorada, é só minha amiga, você é meu namorado — ele diz olhando nos meus olhos, não consigo resistir mais e dou dois passos em sua direção para poder beijá-lo.
Ele retribui o beijo envolvendo seus braços em mim, mas quando tenho um segundo de lucidez e lembro onde estamos me afasto, ele nem parece se chatear, posso pensar que ele até já estava esperando por isso, pensei que podia lidar com isso e que seria melhor assim, mas a verdade é que cometi um grande erro em deixá-lo solto nesse carnaval.
— Não fica com ninguém por favor — digo com uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, me sinto muito vulnerável agora, mas não posso evitar.
— A única pessoa que eu quero é você Ray, quando vai entender isso — ele diz enxugando minha lágrima — passei o dia tentando ficar perto de você, mas você só me afastou.
— A Tati gosta de você — digo.
— Mas só gosto dela como amiga, e se for assim você acha que estou gostando da Mari em cima de você direto — não tinha parado para pensar que ele também poderia estar com ciúmes.
— Não tive nada com ela, eu juro — me apresso em dizer.
— Eu sei, eu sei, mas Ray por favor, me deixa curtir essa viagem com você — ele está com uma cara que não tenho como negar, mas não posso me expor dessa forma, não estou pronto.
— Vou me afastar mais da Mari — é minha forma de dizer que vou tentar ficar mais próximo dele.
— Tá, vou me afastar um pouco da Tati — ele diz e assim temos um novo acordo sendo construído entre nós.
Guigo me dá um selinho antes de me deixar passar por ele para ir em direção minha rede, estou caindo de sono, tenho a impressão de que Ciço está na rede do Daniel, mas do jeito que estou chapado posso está vendo coisas, assim que me deito não consigo mais fazer nada além de apagar novamente, só que agora com meu coração quentinho de saber que Guigo não vai beijar outra boca que não seja a minha.