O Convite de Camila
A mensagem dela chegou quando eu estava distraído, matando tempo no sofá com uma cerveja morna. "Quer vir aqui assistir a um filme? Fiz brigadeiro." Era tão casual que parecia um tiro de misericórdia. Camila não era do tipo que convidava à toa. Não que eu soubesse com certeza, afinal, essa era a primeira vez que a ideia de "nós dois" parecia mais do que um delírio meu.
Camila, devo dizer, é a personificação de Câncer. Sabe aquela coisa de ser sensível, acolhedora e emocionalmente profunda? Pois é. Não caia nessa. É uma armadilha. Por trás do doce convite para comer brigadeiro e assistir a um filme, ela escondia um arsenal emocional capaz de desmontar qualquer pobre coitado. E adivinhem quem era o pobre coitado da vez?
Quando cheguei, o cheiro de chocolate derretido já era um ataque direto aos sentidos. Ela abriu a porta com um sorriso tímido, daqueles que prometem pouco, mas entregam tudo. Estava de moletom cinza e uma camiseta velha, os cabelos castanhos presos de qualquer jeito, com algumas mechas rebeldes soltas. Mesmo assim, parecia saída de um sonho.
— O filme é ruim, mas o brigadeiro compensa — ela disse, puxando-me para dentro.
Olha, vou ser honesto. Não vim pelo filme. Nem pelo brigadeiro. Vim porque era Camila. A mulher que passava a maior parte da vida amando caras que não a mereciam e ignorando quem a adorava. Eu.
No meio do filme, ela se inclinou para pegar mais brigadeiro. A camiseta deslizou levemente, revelando o contorno delicado de seus ombros. Típico de Câncer: parece distraída, mas sabe exatamente o que está fazendo.
— Você tá quieto, Miguel. — Ela virou o rosto para mim, os olhos grandes e expressivos.
— Tô tentando não fazer papel de idiota.
Ela riu, aquele riso leve e melodioso que sempre foi meu ponto fraco. Depois, ficou em silêncio. Havia algo diferente em seu olhar, um brilho curioso, como se estivesse estudando uma possibilidade pela primeira vez. Câncer é assim: carrega anos de mágoas, mas, de repente, resolve abrir uma brecha no escudo e deixar alguém entrar. E eu, claro, estava pronto para invadir.
— Você é diferente, sabia?
— Claro que sabia. Você sempre preferiu os idiotas. — O sarcasmo escapou antes que eu pudesse segurar.
Ela não rebateu. Em vez disso, inclinou-se mais perto, tão perto que senti o calor de sua respiração.
— Talvez eu esteja aprendendo.
E, então, ela me beijou.
Agora, uma pausa. Preciso falar do beijo de Camila. Como boa canceriana, ela beijava como se o mundo fosse acabar e, ao mesmo tempo, como se quisesse que durasse para sempre. Era suave e intenso, hesitante e faminto. Contraditório, como ela inteira.
— Isso é loucura — ela sussurrou, interrompendo o beijo, mas sem se afastar.
— Eu gosto de loucura.
Ela sorriu e me puxou pela mão para o quarto.
No quarto, sob a luz suave das velas (sim, ela acendeu velas, porque claro que uma canceriana ia criar o clima perfeito), Camila parecia algo além de humano. Divino, talvez.
A lingerie branca de renda abraçava cada curva de seu corpo com uma precisão quase cruel. Era tão delicada quanto ela, mas ao mesmo tempo reveladora, como se desafiasse a simplicidade que ela parecia encarnar. Seus seios médios, perfeitamente moldados, preenchiam o sutiã com elegância. O contraste entre a transparência do tecido e sua pele clara, macia e levemente corada pelo calor do momento, era hipnotizante.
E as curvas... Ah, as curvas. Quadris que pareciam feitos para encaixe perfeito, coxas suaves que eu poderia passar uma eternidade explorando. A renda da calcinha moldava-se ao corpo como se fosse uma extensão dela, insinuando mais do que escondendo.
— Tá me olhando assim por quê? — ela perguntou, com um meio sorriso.
— Porque você é... surreal.
— Surreal, Miguel? — Ela riu, encostando-se na parede ao lado da cama. A lingerie realçava ainda mais a curva da sua cintura fina. — Achei que você fosse mais criativo.
Olha só a ironia. Típica canceriana: te destrói com doçura e ainda espera que você seja grato por isso.
Eu ri também, um riso nervoso, antes de fechar a distância entre nós. Passei a mão pela sua cintura, sentindo a maciez da renda contra a pele dos meus dedos. Ela reagiu com um leve estremecer, um suspiro que escapou quase inaudível.
A leveza se transformou em intensidade quando a puxei para mim e a deitei na cama. Meu corpo cobriu o dela, e a proximidade fez o calor subir ainda mais. Camila era um mar de sensações: quente, suave, cheia de nuances.
Comecei devagar, explorando-a. Beijei seu pescoço, descendo para os ombros, seguindo o contorno delicado das alças da lingerie até encontrar o vale entre seus seios. Ela gemia baixo, como se cada som fosse um segredo compartilhado apenas entre nós.
E então, quando a lingerie desapareceu, tudo mudou. Camila não era só sensualidade, era emoção. Cada toque meu provocava um arrepio. Cada suspiro dela parecia uma confissão. Câncer, né? Intensa ao ponto de fazer o sexo parecer algo espiritual.
Quando ela chegou ao ápice, segurando firme nos meus ombros, o corpo tremendo levemente, percebi que havia algo ali além do físico. Camila não era só um sonho distante, uma paixão não correspondida. Ela estava ali. Entregue. Minha.
E naquele momento, eu soube que ela sempre seria um universo que eu jamais terminaria de explorar.
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