Os primeiros raios de sol rompem as frestas das cortinas, iniciando uma lenta invasão no quarto de Amélia e Arnaldo. Ela se espreguiçou na cama, olhou para o lado e percebeu o esposo ainda dormindo. Pegou o celular, olha a hora e volta sua atenção a Arnaldo, lhe fazendo um cafuné enquanto sussurra em seu ouvido que já é hora de se levantar. Insistiu até ouvir um grunhido, indicando já ter acordado, e se virou para a borda da cama para tatear o piso ainda frio até encontrar seus chinelos. Se levantou, vestindo uma camisola curta, caminhou para o corredor, desceu a escada até a sala espaçosa de sua casa e, de lá, se dirigiu à cozinha.
Preparou o café enquanto o esposo se levantava para tomar seu banho. Já desperto, Arnaldo desceu apressado, reclamando de não ter sido acordado. Amélia apenas riu enquanto assistiu o marido fazer sua refeição às pressas. Da mesma forma que comeu, o marido sai correndo, dando um beijo na esposa antes de sair. Agora Amélia tinha a casa inteira para ela.
Voltou caminhando para o quarto e, ainda no corredor, tirou a camisola, ficando nua enquanto entrava no quarto. Sem roupas, arrumou a cama, guardando os lençóis e o pijama do marido, assim como sua camisola. Na gaveta, pegou a primeira calcinha que viu, um top e um short jeans velho. Antes de se vestir, olhou para o fundo do armário, pensando em tirar algo dali, mas desistiu, fechando as portas.
Vestiu a calcinha, o short e o top. Amélia tinha os cabelos loiros, ondulados e um tanto volumosos, mas compridos até os ombros. Tinha os olhos castanhos e os lábios carnudos. De frente para o espelho, olhava para o seu corpo. Tinha trinta e dois anos e um corpo curvilíneo, apesar de algumas gordurinhas que não cediam, não importava a dieta. O short jeans era curto a ponto de deixar as polpas da bunda expostas, fora alguns rasgos. Era a roupa preferida de Amélia para fazer faxina, mas só usava com o esposo ausente.
Sendo arquiteta de formação, teve sua carreira abreviada na última crise econômica. Perdeu o emprego e, enquanto o casal demitiu a empregada, Amélia assumiu todas as tarefas domésticas. No início, a perda do emprego e a dificuldade em se recolocar foram traumáticas e a ideia de permanecer como dona de casa parecia o fim de sua carreira. Com o tempo, porém, ela se acostumou. No fim das contas, Arnaldo era um engenheiro bem-sucedido, capaz de sustentar a casa, mesmo em momentos atribulados. A vida cuidando da casa era bem mais tranquila do que o dia a dia estressante de entregas de projeto de última hora. O único problema era o tédio.
Fazendo aquele trabalho diariamente, Amélia conseguia arrumar o andar de cima e parte do térreo ainda pela manhã. Preparava um almoço rápido e continuava a sua limpeza e, ainda no início da tarde, estava tudo arrumado. A partir daí, passava a tarde em frente à televisão. Não importava quantos canais de streaming Arnaldo assinasse, nenhum deles parecia oferecer entretenimento para manter Amélia minimamente distraída. A televisão ligada virou pretexto para dar som ambiente à casa, enquanto Amélia passava suas horas no celular. A pequena tela em sua mão oferecia uma mistura bem maior de emoções. Em menos de uma hora, ela podia passar raiva, rir ou mesmo ter momentos libidinosos. Nesses casos, ela se lembrava da caixa que deixava escondida em seu armário. Olhava para a escada que subia para os quartos, mas depois desistia.
Após horas entediadas, o momento da chegada de Arnaldo se aproximava. Amélia preparava o jantar que ficava pronto minutos antes do esposo chegar. Ele, como sempre, estava visivelmente esgotado, mas abriu um sorriso assim que entrou em casa e viu a esposa, já de vestido e sem as roupas de arrumação de casa. O casal jantou, passou algum tempo na sala assistindo alguma coisa que Amélia fingiu ter interesse e foram dormir.
Enquanto Arnaldo se preparava para dormir, Amélia foi ao banheiro e retornou vestindo apenas uma camisola, arrancando um sorriso malicioso do esposo. Ela engatinhava sobre a cama até chegar ao short dele e o tirar. Pegou o membro flácido e o lambeu inteiro várias vezes. A cada passeio da língua, o pau de Arnaldo endurecia ao mesmo tempo, em que a respiração dele ofegava. Amélia passou a engolir aquilo tudo quando o percebe já mais rígido, sentindo-o endurecer totalmente em sua boca. Um vai e vem lento fez o homem se contorcer em sua boca. Amélia engatinhou mais para frente, se pondo sobre o quadril do esposo, alinhou o pau em sua boceta e desceu, provocando gemidos mútuos. Quando ameaçou tirar a camisola, Arnaldo a interrompeu.
Com destreza, Arnaldo girou os corpos dos dois na cama, ficando sobre a esposa, sem sair de dentro dela. Seu corpo forte a engoliu em um abraço enquanto o quadril balançou, empurrando a rola em um vai e vem. Amélia sumiu sob o corpo do marido, que a fodeu lentamente. Ela abriu mais as pernas e depois envolveu o corpo dele com elas. Pela respiração dele, ela calculou quando o gozo viria, e assim sugeria aos sussurros “goza para mim, amor”. Não demorou muito para o seu corpo ser ainda mais apertado contra o dele e sentir os jatos dispararem em si. Os dois se beijaram, com Arnaldo relaxando e se virando em seguida para dormir. Amélia não o acompanhou.
Casada com ele há anos, conhecia bem o quão rápido seu esposo pegava no sono. Levantou-se da cama e foi até o armário e, de lá, tirou a mesma caixa que olhara mais cedo. De lá, tirou um brinquedo com a forma de um pênis. Tinha uma ventosa na base e era todo negro. A cor era bem escura, tornando quase inviável se perceber, apenas ao olhar, o relevo acidentado, cheio de veias salientes. Amélia caminhou para fora do quarto na ponta dos pés até a sala, no andar térreo. Tirou a camisola e a jogou em qualquer direção, e em seguida abriu as cortinas. Os muros altos em volta da casa e as árvores no jardim impediram qualquer olhar intruso, mas permitiam a luz da lua invadir aquele espaço. Fixou o brinquedo no chão com a ventosa e alinhou aquilo à sua boceta como fizera momentos antes com o esposo. Quando desceu o quadril, fechou os olhos e abriu um sorriso lascivo.
Ajoelhada no piso, Amélia rebolou, como se tentasse explorar ao máximo aquela rola sintética dentro de si. Brincou de sentar-se com uma certa violência, balançava o quadril para frente e para trás, enquanto massageava os seios. — aí, que delícia, mais forte! — sussurrava para si mesma. Amélia rebolava olhando na direção da lua e para ela gozou. Mordeu a mão para não fazer barulho enquanto seu corpo tremia. Ficou mais um tempo sentada com o consolo na boceta enquanto recuperava o fôlego. Se levantou, procurou a camisola, a vestiu e foi ao banheiro lavar o brinquedo. De volta ao quarto, guardou o pênis sintético cuidadosamente em sua caixa e foi dormir. Ou quase.
Apesar do prazer, Amélia se sentia culpada por fazer aquilo. Arnaldo era um homem muito conservador e cada comentário sobre outras mulheres a deprimia. O brinquedo erótico era algo que ela escondia dele, assim como o short que usava para faxinas e outras coisas. Não queria magoar o homem que sempre cuidou dela, mas tinha seus próprios desejos e não conseguir gozar enquanto transava com ele era uma questão que a incomodava. Passou então a se masturbar enquanto ele dormia, mas com o tempo isso não era suficiente. Sentia vontade de transar durante o dia também, e tinha medo de estar perdendo o interesse no marido. Precisava de algo para se distrair, pelo menos no tedioso período da tarde.
Foi assim que Amélia, na manhã seguinte, disse a Arnaldo que queria frequentar academia. Arnaldo não gostou da ideia. Disse que não gosta de mulheres que vão à academia apenas para serem paqueradas por outros homens. Amélia insistiu, dizendo que seus dias eram tediosos, o que irritou o esposo mais ainda. Arnaldo dizia não acreditar que a vida boa que ele dava a Amélia era reconhecida como “tédio”. Sem ter resposta para argumentos tão ridículos, restou a ela o silêncio. Os olhos se enchendo d’água, porém, de alguma forma, amoleceram o coração duro de Arnaldo.
— Faz o seguinte: se quer fazer exercícios, contrate uma personal para vir aqui treinar você. Te dou dinheiro para comprar roupas e os equipamentos que precisar.
Os olhos de Amélia brilharam e ela encheu o marido de beijos. Arnaldo saiu sorridente de casa, sentindo-se um marido benevolente com uma esposa que, apesar de confusa, era valorosa. Amélia repetiu o rito de arrumar a casa, mas desta vez procurando indicações de personal trainers. Conseguiu a indicação de Vitória, uma profissional de vinte e seis anos que fazia atendimento personalizado.
As duas se conheceram na casa de Amélia. Vitória era negra, tinha o cabelo crespo, volumoso, que no dia do encontro usava preso. Usava um top e uma legging que deixavam evidentes a sua boa forma, deixando Amélia impressionada e esperançosa se conseguiria ter um corpo semelhante ao dela. A personal tinha o quadril e pernas bem musculosas, assim como o abdômen sarado. Mesmo os braços, apesar de não serem desproporcionais, eram bem definidos. Tinha o nariz achatado, os olhos negros que quase se fechavam completamente em seu sorriso largo. Vitória era uma mulher animada e, mesmo na primeira conversa, transmitia bastante otimismo para Amélia melhorar a sua forma.
Com as orientações da Personal, Amélia listou para comprar elásticos, pesos, novas roupas e até mesmo alguns suplementos alimentares. Num primeiro momento, Vitória estranhou a nova cliente só se dispor a começar os exercícios quando o marido comprasse tudo que precisava, mesmo sem saber quando. Para a sorte de Amélia, Arnaldo tinha vontade em agradar à esposa, sendo rápido em suas compras. Ainda, sim, vetou shorts mais curtos, mesmo que a esposa só treinasse em casa.
Logo nos primeiros, havia um relacionamento ótimo entre as duas. Como não havia clientes após Amélia, era comum as duas conversarem bastante depois dos treinos. Foi assim que Vitória conheceu melhor a história de Amélia. Sua cliente lembrava as histórias das mulheres do tempo da sua mãe, que sonhavam em casar e ser dona de casa. Para ela, era uma surpresa ver que aquela realidade ainda existia. Já Amélia conheceu a vida difícil de Vitória, morando em um apartamento alugado, sem emprego fixo, vivendo apenas dos atendimentos aos seus clientes e alguns bicos que fazia. Na mesma hora, perdeu qualquer sentimento nostálgico do tempo em que trabalhava.
Vitória, apesar de trabalhadora, tinha dificuldades em se organizar. A dinâmica de trabalho, cheia de surpresas e sem previsibilidade, tirava qualquer possibilidade de ter uma rotina regular. Quando o proprietário do apartamento onde morava requisitou o imóvel, ela não conseguiu se organizar para encontrar outro lugar e se mudar. Um dia, enquanto treinava Amélia, ela parecia avoada e, quando perguntada sobre o problema, ela começou a chorar. Sua cliente prometeu ajudá-la, mas precisava da autorização de Arnaldo.
Ela esperou o esposo chegar em casa e pediu ao marido que hospedasse Vitória enquanto ela não encontrasse um apartamento novo. Ao ver a expressão séria do marido, insistiu, antes mesmo de ouvir a negativa. Apelou para o bom coração que dizia saber que ele tinha. Como havia prometido à Vitória, não podia dizer não a ela, então ela insistiu mais. Arnaldo, já cansado pelo dia exaustivo, aprovou que ela ficasse, desde que dormisse no quarto de empregada, no térreo, ao lado da área de serviço. Amélia não entendeu o porquê de deixar o pior quarto da casa se havia mais dois quartos livres, mas não quis questionar.
Assim, Vitória se mudou para o quarto de empregada de Amélia. A Personal tinha poucos móveis que ficaram amontoados na garagem durante a estadia. Era agradecida pela ajuda de Amélia, mas entendia que precisava ser discreta, evitando ao máximo interagir com o casal. Acordava cedo e saía de casa antes mesmo de Arnaldo, voltando apenas na hora do treinamento de Amélia. Jantava no próprio quarto, não importava o quanto sua cliente a convidasse. Tentava ao máximo ser invisível, deixando de falar raramente com Arnaldo e até mesmo o próprio esquecer da presença dela. Apesar das atribulações, Amélia conseguira seu objetivo: tinha dias menos tediosos, não tendo mais pensamentos libidinosos durante as tardes.
O mesmo não podia ser dito das noites.
A nova rotina de exercícios físicos não aplacou o desejo de Amélia, apenas o deixou mais intenso. A vontade da loira era de agarrar Arnaldo assim que chegasse em casa, mas se continha pela presença de Vitória no quarto da empregada. Ela segurou sua vontade durante todo o jantar, chamando-o para o quarto logo em seguida. Arnaldo concordou, mas não da forma como ela queria. Muito cansado, o esposo só queria dormir. A exaustão era tanta que o homem ignorou todas as investidas da esposa, deixando-a frustrada.
Com o marido apagando poucos minutos após se deitar, Amélia não fez muita questão de abrir o armário e pegar sua caixa silenciosamente. Olhou para a cama, viu o marido apagado e saiu do quarto com passos firmes e desceu até a sala. Pensou em tirar a camisola, mas olhou para o vão para cozinha e imaginou que poderia ser flagrada por Vitória a qualquer momento. Mais do que tesão, Amélia sentia uma pontada de raiva pela frustração com o marido e não queria pensar muito em uma solução. Abriu a porta e foi para o lado de fora.
Despreocupada com os vizinhos devido aos muros altos, se despiu ali. Encostando o corpo na parede enquanto massageava os seios e levava o brinquedo à boca. Todo o tempo preparando o jantar para o marido e tudo que ela pensava era em engolir a rola dele e deixá-la dura entre seus lábios. Finalmente podia se saciar, passeando a língua pelo membro sintético, com os olhos fechados. Com uma mão livre apalpando o seio, fechou os olhos, se imaginando com o pau do marido na boca. Brincou de engolir apenas a cabeça e levou a mão à boceta. Os dedos agitavam lentamente o clitóris, assim como aqueles objetos deslizavam na boca. Apesar do tamanho, Amélia conseguia engolir tudo e fazer o vai e vem com tranquilidade.
Tirou o brinquedo completamente babado da boca e o levou ao clitóris, pressionando-o suavemente com a cabeça. Abriu um sorriso sapeca no rosto com a facilidade de deslizar. Assim, começou a rebolar, escorada na parede e esfregando o grelo naquele pau de borracha. Emitiu gemidos sutis com os olhos fechados. Acelerou o ritmo com um sorriso ainda mais lascivo e depois diminuiu até parar.
Amélia abriu mais as pernas e levou o consolo para dentro de si. Deu um gemido longo e manhoso ao sentir os lábios serem afastados, dando passagem à rola sintética que lhe preenchia. Ao começar os movimentos, sussurrava para si mesma: “isso, me fode!”. Ela inseria e tirava aquela piroca enquanto a outra mão dançava com o clitóris. Seu quadril não se mantinha parado, pois rebolava como se quisesse achar os melhores ângulos para ser penetrada. Socou aquele brinquedo dentro de si mais rápido, sussurrando obscenidades para si mesma até seu corpo começar a tremer.
Com um sorriso mais largo no rosto, se permitiu um gemido mais alto, ainda que não fosse escandaloso. Deixou o brinquedo alojado na boceta enquanto se arrastava na parede até se sentar nua no chão. Amélia aproveitava ao máximo aquela sensação, passeando as mãos pelo corpo enquanto sua respiração voltava ao ritmo normal. Havia um sorriso de satisfação em seu rosto que se desmanchou ao olhar para o lado e ver Vitória olhando da quina da parede.